Estava eu de joelhos no chão e resmungando,  tentando trocar o pneu do meu carro, um C3 preto, que é lindo e todo meu, quando alguém aparece e me faz a seguinte pergunta:

   - Precisa de ajuda Isabella??? – Com tom de risada na voz

         No momento que ouvi, reconheci a voz. Ela ainda me fazia ter reações que pensei que tinham passado depois de tanto tempo. Parei o que estava fazendo me virei pra ele e disse:

  - Não Edward, estou trocando o pneu sozinha porque quero provar uma teoria e quem sabe assim ganhar o Prêmio Nobel de Física. – disse com sarcasmo e sorrindo pra ele, tentando disfarçar o impacto que sua imagem teve sobre mim.

          Ele estava lindo demais, muito mais que as fotos que eu tinha dele, bem mais alto que eu, vestia um jeans Wrangler justo que marcava  bem suas coxas torneadas , a camisa com dois botões abertos onde eu podia ver um pedacinho de seu tórax que brilhava de suor, o chapéu Stentson que escondia seus cabelos cor de cobre que ainda deviam ser desalinhados como eu lembrava, e me olhava como se estivesse vendo minha alma, com seus olhos cor de Whisky, lindos demais. Quase desmaiei.

  - Pensei que estava fazendo pose erótica, pois com essa mini saia e nessa posição tá deixando tudo mundo excitado – disse ele com malícia – acredito que é por isso que ninguém veio te ajudar, é bem melhor ficar na observação. – piscou pra mim.

          Olhei minhas roupas e realmente eu estava com uma mini saia jeans, uma regata branca e tênis, mas em Tucson o calor era demais, pior que Los Angeles e eu não tinha por que me envergonhar do meu corpo, pelo contrário, acho que eu tinha tudo no devido lugar. Pernas torneadas, bumbum arrebitado, cintura fininha e seios na medida, meus cabelos eram castanhos dourados e estavam presos em um rabo (mas soltos chegavam quase a minha cintura), com a franja comprida que cobriria parte dos meus olhos (que são bem verdes e com cílios longos), se eu não estivesse de óculos escuros.

  - Bom, quem sabe não me candidato pra ser a próxima coelhinha da playboy, já que estou fazendo sucesso mesmo depois de dirigir horas de Los Angeles até aqui  – pisquei de volta pra ele, que sorriu ainda mais e veio enfim me ajudar, e começou a trocar o pneu pra mim, enquanto eu o observava, lembrando o passado.

          Conheço Edward desde que tinha 6 anos, ele tinha 8, mas quando completei 10 anos meus pais me mandaram estudar na Europa. Após terminar o colegial lá fui para Universidade da Califórnia (UCLA), onde cursei Medicina Veterinária e Literatura.  Meus pais têm uma fazenda nos arredores de Tucson (Arizona), próximo a fronteira com o México, o Rancho Toretto, e os Pais de Edward tem uma fazenda muito maior vizinha a nossa, Rancho Água Doce.

          Desde que fui embora, não voltei mais ao Rancho, meus pais iam me visitar, pois eu sempre estava fazendo cursos de férias, aproveitando ao máximo a oportunidade de estudar fora do país, e mesmo estando na Califórnia que é próxima ao Arizona, nunca fui passar um dia sequer no rancho, não queria ter que ver Edward, mas mantive a amizade com ele, sempre nos falávamos por correspondência e depois da informatização dos ranchos, nos comunicávamos por email e skype.

          Edward se formou na Arizona State University, em Medicina Veterinária também, e trabalhava cuidando dos animais da fazenda de seus pais e das fazendas nos arredores.

          Hoje eu estava retornando depois de 12 anos pra fazer o mesmo, trabalhar com meus pais (e abrir um consultório e pet shop no centro de Tucson e tratar de animais domésticos),  e a primeira pessoa que encontrei foi justamente quem eu mais temia ver, isso porque um dia antes de ir embora, ao me despedir de meu melhor amigo, ele me beijou, foi um beijo inocente, infantil, mas foi o suficiente pra me fazer apaixonar ali mesmo, o suficiente pra eu querer me manter afastada todos esse anos, e agora eu podia chorar, ainda estava completamente apaixonada.

   - Então moça bonita – disse Edward, me tirando completamente dos devaneios – já fiz o trabalho, o que vou ganhar em troca? - disse sorrindo maliciosamente.

   - Senti sua falta. – disse num ímpeto,  me arrependi logo em seguida – Humm, quer dizer, faz muito tempo né, e onde eu estava não tinha mais quem andasse a cavalo comigo. - será que consegui disfarçar? Pelo sorriso dele acho que não.

   -  Bom agora que está aqui não tem mais esse problema, estou disponível quando você me quiser –  peraí, ele disse você me quiser? O que isso quer dizer? E a namorada dele? É triste, mas eu sei que ele tem uma namorada, e que está grávida dele.

   - Legal – foi o que consegui dizer, idiota eu sei.

   - Então que tal como pagamento, eu te dar uma carona??? - Levantei uma sobrancelha pra ele e cruzei os braços.

   - Que tal eu te dar um abraço pois faz doze anos que não te vejo, e um beijo de boas vindas? E o pneu trocado fica como presente. – ele disse, e meu coração acelerou na hora, só estava torcendo pra ele não estar escutando.

   - Ok –  disse e abri os braços e ele veio, e quando nossos corpos se tocaram eu não sabia se o calor que estava sentido era do sol, ou do fogo que me queimava por dentro, ele tinha um perfume delicioso, que misturado ao seu próprio me enlouqueceu. Era másculo, excitante, e me dava uma vontade louca de beijá-lo. Eu não passei vontade, pois sem me soltar do abraço, ele virou o rosto na minha direção e me beijou e não foi igual ao beijo dos meus 10 anos.