Mrs. Potter

Capítulo 3

O outro dia amanheceu claro e ensolarado. Era hoje. A formatura de Harry e então ele iria embora de Hogwarts. Para sempre. E eu ficaria afundada na tristeza e no tédio por um ano inteiro.

-Bom dia Hermione – murmurei triste e entrei no banheiro.

-Bom dia Gin. Algum problema? – ela perguntou, mas eu já havia fechado a porta.

Tomei um banho rápido e saí, com uma toalha secando meus cabelos. Hermione entrou e tomou seu banho. Descemos juntas para a Sala Comunal, onde encontramos Harry e Rony, jogando xadrez bruxo.

-Bom dia, Gi – Harry se levantou e me beijou.

-Bom dia.

Tentei fazer a minha tristeza transparecer, o que foi quase impossível.

-Vamos tomar café – falou Ron. Me virei e o vi com o braço por cima do ombro de Mione.

Sorri para ela, que corou.

-Podem ir, já vamos – Harry disse e, quando os dois saíram, se virou para mim – Que foi?

Me fiz de confusa.

-Nada. Por quê?

-Está triste.

-Não estou não. – comentei, forçando um sorriso.

-Gi, você não consegue esconder isso de mim.

Corei.

-Tá tão na cara? – perguntei. Argh, devo ter escrito na testa, só pode!

Ele sorriu vencedor.

-Não, eu sou seu namorado e noto esse tipo de coisa.

Suspirei.

-Que tal um passeio? – sugeri, olhando o chão que parecia tão interessante agora.

-Vamos, então.

Saímos para os corredores, sem rumo. Ele não falou nada, esperando que eu começasse, foi fofo da parte dele, mas dava para ver a curiosidade estampada em sua face.

-Bem, acho que você já sabe.

Harry pousou o braço em meu ombro.

-Se soubesse, não tinha perguntado.

Corei um pouco e percebi que era tolice a minha ficar brava com isso.

-Você vai embora. Para sempre.

Ele ficou quieto, analisando. O que me deixou nervosa. Mas ele disse em seguida:

-Alguém tem que arranjar trabalho para receber uma ruiva no próximo ano, não acha?

Sorri. Só Harry me fazia sorrir deste jeito, principalmente quando estava triste.

-Acho. Mas vou sentir sua falta – fiz cara de ursinho pidão e ele beijou minha testa.

Abraçei-o e ficamos algum tempo assim. Não me incomodava, era uma ótima sensação.

-Não se esqueça que eu te amo. – ele sussurrou em meu ouvido, fazendo-me arrepiar.

-Também o amo, Harry.

Puxei-o para mim, beijando-lhe com amor.

-Hum-hum – pigarreou alguém e eu me soltei dele.

Revirei os olhos.

-Você sempre tem que se intrometer, Rony? – perguntou Harry, num tom falsamente irritado.

-Tenho sim. Vocês vão perder o café.

-Vá pastar Rony! – falei.

Harry riu.

-É Rony, de preferencia bem longe!

Meu irmãozinho Oun-Oun corou e se retirou.

-Onde estávamos? – Harry me perguntou.

-Acho que sei – sussurrei, puxando-o para mim novamente.

Ficamos nessa por algum tempo, até que tivemos que ir comer. Entramos no Salão de mãos dadas e nos sentamos a mesa, onde Hermione quase dormia em cima de seu prato com uma única torrada.

-Tá tudo bem, Mione?

-Hã? Ah, o baile acabou comigo.

Vi um sorriso malicioso surgir nos lábios de Harry e lhe dei uma cotovelada antes que ela percebesse.

Tomamos o café silenciosamente e fui para os jardins, sendo guiada por Harry. Deitamo-nos na grama e ficamos observando o céu azul.

-Está tudo tão calmo – ele murmurou – É até esquisito.

-Não está acostumado com a felicidade constante, não é? Voldemort sempre aparecia na hora H.

-Oh, não. Você é minha felicidade em pessoa, Gi.

Sorri, me levantando um pouquinho para beijá-lo.

-Você é minha vida, Harry – sussurrei em seu ouvido, fazendo com que meus cabelos caíssem por seu rosto.

Ele me deitou na grama e me beijou.

-Olha a minha irmãzinha! – exclamou Rony, fazendo com que Harry se separasse de mim e Rony se sentasse entre nós dois.

Nos sentamos abruptamente.

-Achei que tinha te mandado pastar, Rony – falei suspirando.

-É cara, quero um tempo com sua irmã, se é que me entende.

-Não, Harry, não te entendo – ele falou irritado.

-Recebeu um fora da Hermione ou brigaram?

Meu irmão abaixou a cabeça.

-Brigamos.

Revirei os olhos com tédio. Não queria servir de cupido para ele!

-Pelo que, desta vez?

Rony começou a falar coisas sem sentindo. Bem, acho que eram sem sentido, não estava prestando atenção nele e sim no Harry.

-Por que não vai procura-la e pedir desculpas? – sugeriu Harry.

-Não.

Revirei os olhos e Harry suspirou.

-Não podemos fazer nada por você, Rony – ele disse.

Concordei com a cabeça e meu irmão suspirou.

-Eu sei. Não se importam se eu ficar, não é?

NOS IMPORTAMOS SIM!, quis berrar para meu irmão jegue. Mas Harry me lançou um olhar, sentia o mesmo.

-Gina e eu já voltamos – Harry falou, se levantando.

Me levantei rapidamente e segui-o.

-Vamos trazer Hermione até Rony.

-Boa ideia.

Caminhamos pelos corredores, conversando e de mãos entrelaçadas. Até encontrarmos uma menina de cabelos castanhos, cacheados, sentada no chão, chorando.

Olhei para Harry como um alerta, que ele entendeu. Se retirou e eu me ajoelhei ao lado de Hermione.

-Mione, o que houve? – perguntei, depois de abraçá-la.

-Seu irmão é tão idiota!

-Você não faz ideia – falei e vi os olhos dela faiscarem de raiva – Ainda não me disse por que esta chorando.

-Briguei com Rony.

-É, ele foi se consolar em mim e em Harry.

Ela corou de raiva.

-Eu falei para ele não se meter entre vocês!

Suspirei.

-Isso é impossível para Ronald – comentei, arrancando-lhe um sorriso fraco – Mi, não deixe que ele lhe faça chorar. Vá até ele e esclareça tudo. Porque eu sei que você não gosta de ficar brava com ele, e não gosto de te ver triste. Aliás, hoje é sua formatura. Trate de acertar as coisas. Agora.

Ela assentiu, limpou a lágrima na bochecha e se levantou.

-Ele está nos jardins – eu disse, sorrindo.

E lá se vai minha amiga. Suspirei feliz e me levantei, encontrando Harry quando virei o corredor.

-Adorei as suas palavras.

-Obrigada.