Irresistível Presença escrita por M-Duda


Capítulo 22
Capítulo XXII - Cicatrizes




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Capítulo XXII

 

Com os olhos fechados, senti que meu coração aos poucos ia parando de bater dentro do peito. Percebi-me imóvel, mas sequer tentei mexer um dedo que fosse, pois tudo que exigia esforço físico se revelava uma luta para mim naquele momento. Até mesmo respirar parecia ser um ato de coragem.

- Você está me ouvindo? – Elizabeth indagou com voz preocupada.

Sim, estava ouvindo, mas tudo ao meu redor deixou de existir com a notícia do atropelamento de Bella. Bella...minha Bella...

- Para qual hospital estão levando-a? – perguntei saindo completamente do meu estado de catatonia. Ficar parado não ajudaria em nada. Eu precisava correr, sendo assim, enquanto Elizabeth me fornecia o endereço através do celular, peguei a chave do meu carro e segui apressadamente para o estacionamento da empresa. – Como ela está? – exigi saber, ignorando a todos que tentavam falar comigo pelo trajeto que percorria.

- Edward...nesse momento estamos dentro de uma ambulância, é difícil saber...Bella precisa ser avaliada por uma equipe médica e... – trinquei os dentes reprimindo um grito.

- Quero saber se ela está acordada. – me irritei com o tom persuasivo de Elizabeth, que pensava ser possível me enrolar com aquele tipo de conversa fiada. Bem ou mal, ela ia aprender um pouco mais sobre a personalidade do seu filhinho - Não gosto de embromação. Gosto de objetividade. Ou você conversa comigo nesses termos, ou será impossível mantermos um diálogo. – e se ela não entendesse o meu recado, abandonaria totalmente a gentileza de minha voz.

- Não. – respondeu com cautela – Ela não está acordada.

- E a minha filha?

- Realmente não dá para saber...mas Bella está perdendo muito sangue...

Interrompi a ligação e senti, pela primeira vez na vida, minhas pernas falsearem. Praticamente me arrastei até meu Volvo, e completamente cego, segui em direção ao hospital, para onde Bella estava sendo transportada.

 

A indesejável notícia de que Bella sofrera um acidente ainda ecoava em minha mente, exacerbando cada vez mais o meu desespero. Esmurrei o volante do carro frente a minha impotência. A culpa por não ter atendido ao seu pedido, de passarmos o dia juntos - trancafiados em casa -, era animalesca. Desmarcar os próximos compromissos da tarde não evitara que Bella pagasse pelo meu erro e quando, por fim, resolvi tomar a atitude de fazer o que ela tanto me implorara, já era tarde demais.

Sorri com sarcasmo ao recordar o desprezo que experimentei ao me dar conta de que não era Bella quem me ligava de seu próprio celular. A princípio tinha ficado furioso por ouvir Elizabeth se identificando, porém, a fúria rapidamente cedera lugar à preocupação, pois sabia que minha esposa jamais entregaria seu aparelho, de livre e espontânea vontade, para que aquela mulher – sem o meu consentimento – me ligasse. Algo de ruim teria acontecido e quando minha suspeita fora confirmada, nem me incomodei com o fato de ser Elizabeth do outro lado da linha. Tudo o que eu queria era estar junto de Bella.  

O caminho não era curto. O hospital para onde estavam levando-a era longe da minha empresa, mas ao menos, era o melhor da cidade.

 

Na recepção principal do amplo saguão de entrada, pedia informações sobre Bella quando senti uma mão em minhas costas. Não precisava ser muito inteligente para saber de quem se tratava. Respirei resignado, porém, antes de me virar para encarar o meu passado, me convenci de que aquele não era o momento para deixar emoções bloqueadas virem à tona. Meu ódio por Elizabeth não era nada comparado à preocupação que sentia por Bella e nossa filha, e somente por esse motivo, conversaria com a testemunha do que acontecera à minha esposa. 

Girei-me sobre os calcanhares, a fim de receber as notícias que me interessavam, contudo, o impacto em ver - pessoalmente - a mulher que trocara seu filho por uma vida de liberdade, fora maior do que o esperado.

Elizabeth continuava muito parecida com a jovem da foto que Anthony insistira em conservar, dentro de sua carteira, até seus últimos dias de vida, embora os traços estivessem acentuados pela idade. Essa - não muito boa - lembrança, automaticamente, recrutou outras de igual valor, que estavam trancadas a sete chaves em minha memória, e conforme as imagens iam reavivando minhas recordações, uma chama violenta de auto-piedade e ódio cresceu e revigorou dentro de mim. Num lampejo de descuido, quase vomitei sobre a culpada, todos os choros e pesadelos da minha infância, todos os aniversários sem ao menos um telefonema, todos os natais sem qualquer cartão de afeto, todos os novos anos sem esperança de receber um abraço. Num lampejo de descuido, quase agredi verbalmente a mulher por quem tanto me esforcei para agradar, pois com inocente ilusão, um dia acreditei que se ela me achasse digno de orgulho, então voltaria como uma boa mãe satisfeita, para beijar o seu menino. Mas nem o título de melhor aluno da escola a trouxe para mim.

Travei a mandíbula, recobrando a lucidez, e cerrando os punhos me controlei para não vacilar. Somente Bella importava.

- Edward... – murmurou com um suspiro, levando as duas mãos à própria boca.

- Onde Bella está? – perguntei apressadamente, sem me deixar levar pela encenação da mãe arrependida e emocionada.

Ela hesitou por um instante, mas logo se pronunciou:

- No centro-cirúrgico.

- No centro-cirúrgico? – a notícia aumentou o meu desespero.

- O médico da emergência disse que Bella teria que passar por uma cesariana de urgência... – a voz embargada denunciava o quão nervosa Elizabeth estava, embora tentasse dissimular.

- Mas por quê? – eu precisava de detalhes, caso contrário enlouqueceria. – O que aconteceu com Bella? – minha vontade era de sacudir a mulher estagnada à minha frente - Tenho que implorar para que não seja tão vaga, Elizabeth?

- É que eu também não sei muito. Na verdade, os médicos só informaram que Bella teve um descolamento de placenta e que por causa disso estava perdendo muito sangue...  – pausou para umedecer os lábios trêmulos – Precisavam retirar a criança para tentar controlar a hemorragia.

- Pelo amor de Deus, o que eles falaram sobre Isabella? – nem percebi quando minhas mãos agarraram os braços de Elizabeth, só sei que de repente eu estava chacoalhando-a.

- Apenas que o estado dela é grave – respondeu com ponderação – Acalma-se, por favor...

- Como posso me acalmar? – sentei-me em uma poltrona, sentindo o corpo pesar cada vez mais e a cabeça ser esmagada por uma força sobrenatural. Enterrei meu rosto entre as mãos, com os cotovelos apoiados nas pernas.

Como poderia? A sensação de inutilidade parecia debochar da minha cara. Estava tremendo diante a minha aflição e meu estômago se revirava, provocando-me uma vontade doida de quebrar tudo que visse pela frente. Apertei os olhos, garantindo a mim mesmo que nada de ruim aconteceria...que no final, tudo ficaria bem.

- Vamos para a sala de espera do centro-cirúrgico? – Elizabeth propôs em tom ameno.

Respirei duas vezes antes de erguer a cabeça e me levantar.

- Você sabe onde fica? – indaguei sem saber como conseguia articular as palavras.

- Sim. A recepcionista já havia me informado o caminho. Estava apenas te esperando para que não ficasse perdido quando chegasse...

- Obrigado por isso. – eu podia detestar Elizabeth, mas quando o assunto era Bella eu não podia ser injusto, e a atitude da mulher realmente merecera um agradecimento. Ela apenas abaixou os olhos e começou a andar na minha frente. – Você viu como tudo aconteceu? – perguntei enquanto seguíamos pelo corredor.

- Não. Nós já havíamos nos despedido e eu estava de costas, indo para o meu carro, quando escutei o barulho...

Apertei os lábios reprimindo a necessidade de rugir. Eu poderia ter evitado aquele acidente de duas maneiras. Uma: dando ouvido à preocupação de Bella; e outra: permitindo que Elizabeth almoçasse em nosso apartamento sem a minha presença. Qualquer que fosse a escolha, Bella não teria sido o alvo de um carro desgovernado.

- Me parece que o motorista do carro teve um ataque cardíaco, e que por isso perdeu o controle da direção. – Elizabeth continuou com a narrativa. – Fiquei o tempo todo ao lado de Isabella, mas só quando entrei na ambulância foi que recebi alguns dos seus pertences. Aqui está... – me estendeu uma bolsa, que logo reconheci sendo de Bella. Peguei sentindo uma pedra de gelo se instalar no lugar do meu coração – O policial disse que muito se espalhou durante o acidente, mas que os principais, como carteira, chaves e celular, já estavam aí dentro. Por isso liguei no teu número particular.

Falando em número particular, meu aparelho não parava de vibrar dentro do bolso da minha calça. Não queria falar com ninguém, mas resolvi checar quem tanto me procurava, e quando li o nome de Emmett no visor, não hesitei em atender.

- Oi, Emmett.

- Edward? O que aconteceu? – perguntou com voz alarmada. – Jessica disse que você saiu daqui feito um furacão. Estou tentando te ligar há um tempão e nada...

- Bella foi atropelada – o interrompi, escutando minha própria emoção. – E até agora não pude vê-la.

- Meu Deus! – ele murmurou entendo a gravidade do assunto – Mas você já está no hospital?

- Já.

- Estou indo para aí, cara. Me passe o endereço.

- Antes gostaria de lhe pedir um favor - eu não tinha cabeça para tomar certas atitudes necessárias.

- Qualquer coisa, Edward...pode falar.

- Peça para Alice avisar os pais de Bella sobre o ocorrido e providencie, por favor, vôos para que Charlie e Renée possam vir para Chicago assim que desejarem.

 

Quando desliguei o celular, já estava sentado em uma das poltronas da sala reservada para aqueles que aguardavam notícias vindas do centro-cirúrgico. Elizabeth estava fora do meu campo de visão e eu estava grato por esse fato; mas logo ela reapareceu, e sentando ao meu lado, me ofereceu um copo descartável contendo café. Aceitei e, agitado, bebi o líquido sem me preocupar com sua temperatura elevada.

Levantei-me do sofá e fiquei caminhando de um lado para o outro, ora de braços cruzados, ora com as mãos na nuca, por fim, voltei a me sentar, sentindo que posição alguma me ajudaria na interminável espera. Olhei para a porta fechada que poderia me levar até Bella, cogitando a idéia de atravessá-la mesmo sem permissão, porém, Elizabeth me garantira que aquela, só poderia ser aberta pelo lado de dentro.

- Eu sei que é difícil manter a calma, Edward, mas pense que em breve alguém virá falar conosco.

- Não, não é difícil, Elizabeth. É impossível. – asseverei friamente.

Vinte e cinco minutos mais tarde, finalmente, um médico - de aparentemente cinquenta e poucos anos - apareceu me fazendo pular em sua direção.

- Doutor, por favor...minha esposa? – indaguei antes mesmo que o homem terminasse de fechar a porta proibida.

- Sr. Cullen? – confirmei a pergunta com um sinal de cabeça – Meu nome é Adam Hudson, sou o médico pediatra que acompanhou o nascimento da tua filha.

- Ela nasceu? – perguntei embasbacado e ele assentiu, porém, eu não sabia se me rendia à emoção ou se me preocupava, pois via no semblante do médico que as notícias não acabavam por ali, e ao que tudo indicava, as próximas não seriam tão boas quanto a primeira. Franzi o cenho me deixando levar pela apreensão – O que foi? Algum problema por ela ser prematura?

- Não, não. - o pediatra se adiantou – Sem dúvida ela ainda é muito pequena e terá que ficar na incubadora por alguns dias, mas é uma menina forte e, graças a Deus, o acidente não a prejudicou em nada. O problema não é com a criança... – apertei os lábios percebendo a mensagem subliminar; um arrepio percorreu minha espinha, ao mesmo tempo em que um gelo se apoderou de minhas mãos. Não tive coragem de falar mais nada, sentindo o famoso nó na garganta.

- O problema é com Isabella, doutor? – Elizabeth quebrou o silêncio.

- Vou tentar ser claro. – o médico começou – Como vocês já sabem, o acidente foi muito grave. Isabella chegou a este hospital em estado crítico. Não estava consciente, e sua pressão arterial era zero devido a uma grande hemorragia uterina. Foi realizado um ultra-som abdominal na sala de emergência, no qual foi diagnosticado um descolamento de placenta com sofrimento da criança. – voltou-se novamente para mim e prosseguiu – Tua esposa veio para a sala de operação a fim de realizar uma cesariana de urgência com retirada do bebê e controle da hemorragia. Após o nascimento da criança os cirurgiões tentaram conter o sangramento no útero de Isabella, mas devido à gravidade da lesão, isso foi impossível. Sinto muito, Sr. Cullen, mas neste momento estão retirando o útero de sua esposa. – meu coração estava descompassado, parecia que ia parar a qualquer momento, ouvindo a explicação médica sobre a situação de Bella.

- E retirando o útero...fica tudo bem com ela? – quis saber hesitante.

O médico se silenciou por alguns instantes e me fitou de forma segura e honesta.

- Não podemos dizer se Isabella irá sobreviver...

- Como? – interrompi elevando a voz. Aquele médico era estúpido? O que ele estava dizendo?

- Até o momento, o quadro é ainda muito grave. – ele continuou ignorando minha reação - Estamos tentando controlar a pressão de Isabella com transfusões de sangue e outras drogas, mas seu organismo não está respondendo como o esperado. Precisamos aguardar... Além disso, não podemos dizer se ela possui alguma lesão em outro órgão, já que ainda não tivemos como realizar todos os exames necessários.

- Então realizem, Dr. Hudson... – eu estava desesperado, descontrolado – Façam qualquer coisa, mas salvem a minha mulher.

- Eu entendo a sua preocupação, mas no momento a prioridade é bloquear a hemorragia de Isabella...e não existirá mais nada a fazer se isso não funcionar.

- Isso não pode estar acontecendo...isso não pode estar acontecendo... – lamentei aflito, sem ter onde ou em quem me apoiar. Não podia ser verdade que eu estivesse perdendo a razão da minha existência. Preferia ter que viver novamente, mil vezes, todos os malditos dias da minha infância atormentada, a ter que passar um que fosse sem minha Bella.

- Estou apenas sendo honesto, Sr. Cullen. Ela corre risco, mas há esperança...Estamos fazendo o possível.

- Eu pago o que for para que façam o impossível, doutor. – o homem meneou a cabeça, e com compaixão nos olhos colocou uma mão em meu ombro e anunciou:

- Tudo o que você pode fazer agora, meu jovem, é rezar. Confie em seu Deus, seja lá qual ele for.

 

Marie Swan Cullen era linda. Um verdadeiro anjo em miniatura de gente. Minha filha era o único ponto de luz reconfortante em meio a toda aquela escuridão. Vi-me babando através do vidro da UTI neonatal, enquanto observava minha pequena menina de cabelos claros, remexendo as perninhas dentro da incubadora, que agora lhe fornecia condições adequadas de saúde.

- Os cabelos dela são iguais aos teus. – Elizabeth comentou ao meu lado.

- Os dela são mais clarinhos – corrigi, sorrindo para o serzinho formado pelo mais sincero amor que já habitou meu coração. A alegria era dolorida, incompleta. Precisava de Bella...

- Ah sim, você acredita que os teus cabelos sempre foram dessa cor? – ela brincou - Não, mesmo...a princípio eram clarinhos assim, como os de Marie. 

Só então me dei conta de que era Elizabeth quem compartilhava comigo aquele momento especial.

Por tantas vezes desejei que ela estivesse ao meu lado, feliz por algum dos meus feitos, e, no entanto, tarde ou não, bem-vinda ou não, ali estava ela, sorrindo para o maior e melhor acontecimento de minha vida. Sem conseguir mais controlar as emoções do dia, comecei a chorar. Apoiei a testa no vidro que estava à minha frente e com os olhos fechados, senti as grossas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Não fique assim, meu querido, vai ficar tudo bem. – ela sussurrou com uma voz que apenas as mães conseguiriam emitir e envolveu-me pela cintura, numa tentativa de reconforto, passando por cima de qualquer explosão que eu viesse a ter por aquela ousada atitude.

Porém, eu não queria explodir. Estava cansado demais para brigar e cansado demais para impedir que outras lembranças dançassem em minha mente. As de todas as quedas de bicicleta e de todos os machucados produzidos pelas minhas travessuras de infância, sem poder contar com aqueles mesmos braços ou com aquelas mesmas palavras de consolo e encorajamento.

De volta aos sentimentos inocentes e jamais superados, me vi na pele da criança abandonada, e ainda de olhos fechados, confrontei, pela primeira vez, a mulher que me causara toda essa dor:

- Por que Elizabeth? Por que você fez isso comigo? – exigi saber, sem me importar para os soluços produzidos pelo pranto que nunca antes permiti escapar.

Ela me virou e me abraçou, puxando minha cabeça para o seu ombro e acariciando os meus cabelos murmurou, também chorosa.

- Sei que eu errei, Edward, e só Deus sabe o quanto me arrependo por isso. Sei também que não mereço perdão, mas gostaria que soubesse que nunca deixei de te amar, meu filho. Acredite em mim, Edward...eu amo você.

Não consegui me afastar ou empurrar Elizabeth. Era irracional e doloroso tentar lutar contra o que sempre desejei receber. Sendo assim, me permiti desfrutar da sensação indescritível de estar sendo abraçado pela mãe que afirmava me amar. Era bom...O cheiro dela era de mãe. Sua pele macia e quente também devia ser característica fundamental de uma mãe. Talvez minha filha sentisse o mesmo quando Bella pudesse a embalar em seus braços...

Fiquei durante muito tempo envolvido por aquele inegável prazer de ser reconfortado pelo afago de Elizabeth. Em momento algum retribui o gesto, mas não tentei negar o quanto estava apreciando o momento. Bella como sempre, estivera certa ao afirmar que encarar o passado me faria bem, independente de como eu pudesse reagir a ele. Quando por fim resolvi me afastar, íris verdes de olhos vermelhos pelo choro, me fitaram em expectativa.

- Não vou lhe cobrar explicações, Elizabeth, porque elas não existem. – garanti com voz firme, porém tranquila - Nada justificaria o que você fez comigo. – afirmei – Todas as cicatrizes que trago do passado foram causadas por sua ausência. – ela fechou os olhos, ciente da sentença que receberia – Não se iluda acreditando que eu poderia perdoá-la...

- Eu sei. Você tem todo o direito... – Elizabeth começou, mas eu a interrompi calmamente.

- Ainda não terminei de falar. - ela pestanejou e se calou – Eu não esquecerei as dores que senti pela sua ausência...mas também não me esquecerei do quanto desejei ter você em minha vida. – a mulher me encarou confusa e eu lancei-lhe um fraco sorriso – Sempre achei que minha sina seria viver sem família – revelei – De repente, me vi marido e pai... – pausei – Se tenho mãe e avô...por que não ser filho e neto, também? – dei de ombros, assistindo o choque de Elizabeth ao acompanhar minhas palavras.

- Ah, meu filho! – ela não se conteve e me abraçou novamente, chorando copiosamente, e dessa vez retribui o abraço.

 

Noventa e cinco minutos depois, já não éramos apenas Elizabeth e eu aguardando por notícias de Bella. Juntos, estavam também, Alice, Jasper, Emmett e Rosalie. Todos muito calados. Angustiados pela demora.

Eu não conseguia mais definir o que sentia. Só sabia dizer que a cada segundo daquela espera, representava dez anos a mais de vida. Estava me sentindo velho, acabado, esgotado, fraco...

Sentado sozinho em um canto, alisando a bolsa de Bella, considerei as palavras do pediatra sobre rezar. Há muito deixara de confiar em Deus, mas depois de tantos milagres ocorridos em minha vida, não tinha mais porque acreditar que Ele houvesse me esquecido. Os esquecidos jamais poderiam ser agraciados por presentes como Bella e Marie. Realmente desconhecia o motivo, mas Deus confiara à mim, duas de suas mais valiosas jóias, e talvez, se eu o convencesse de que poderia cuidar bem delas, obteria uma segunda chance com Isabella. E assim, revelando tudo o que se passava em meu coração, implorei pela ajuda Divina.

Estava lá, absorto em pensamentos, quando um outro médico apareceu na sala. Nem tentei decodificar os mistérios que aquele rosto trazia. Eu já estava tão anestesiado pela inércia, que meu raciocínio não podia ser pior.

- E então, doutor? – perguntei com voz arrastada. – Por favor, só me diga que Bella está bem. – pedi sabendo ser incapaz de ouvir qualquer outra notícia.

- Ela está bem... – ele anuiu com prudência – Por enquanto.

- Por enquanto? – ecoei suas palavras com desânimo. Seria impossível ter dois segundos de alívio? Sempre após uma boa notícia eles jogariam outra nada agradável por cima?

- Sim, por enquanto. – tornou a dizer – Não tivemos problemas durante a cirurgia, e conseguimos controlar a hemorragia com a retirada do útero. Isabella finalmente está estabilizada, mas o risco de que este quadro mude ainda existe. Ela está sendo levada para a UTI, e dentro de alguns minutos o senhor poderá fazer uma rápida visita.

Finalmente, meus ânimos começavam a ser recobrados. Apesar dos pesares, aquela era sim uma boa notícia. Sabia que Bella não me abandonaria. E sentindo uma delicada mão me apoiar pelo braço, busquei com os olhos, o semblante sereno e confiante de Elizabeth...minha mãe.


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Notas finais do capítulo

Ohhh...gostaram do capítulo especial, narrado pelo Ed?
Sofrido o nosso galã, não?

Mas então, amores...como o capítulo anterior terminou de uma forma muito tensa e os comentários estavam muito desesperados...resolvi soltar este, antes da hora, para que ninguém fosse dormir triste!
Viram como sou do bem? ;)
Será que mereço recomendações? [:D] Ah, por favor...o próximo já será o último!![dudinhapedindo] rs

Ahhhh...sério que vocês acharam que eu mataria a Bella? Credoooo!!

Beijos e até logo!! ;)
Duda