Lua Vermelha escrita por Lauren Reynolds, Jéh Paixão


Capítulo 6
Capítulo 4 - Disputas




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Capítulo 04 – Disputas

 

“Quando o manto negro cai sobre a terra, cobrindo-lhe as faces, eles aparecem.

Ficam à espreita, procurando sua próxima vítima. O líquido viscoso, cor de rubi lhes dá vida ao corpo morto...

“Quando o manto negro cai sobre a terra, cobrindo-lhe as faces, eles aparecem...”

 

Alguns dias haviam se passado. Era uma noite em que a lua estava cheia em seu esplendor prateado, pincelando o céu negro com sua luz pálida. A brisa marinha, misturada ao orvalho das árvores, resultava num aroma incomum. Era uma noite quente, mais uma das inúmeras noites de calor do condado de Treesville. Jacob havia saído para resolver seus assuntos com o bando, enquanto Leah e Bella foram para a cidade. Haviam passado o dia inteiro lá.

 

- Lee... – Bella murmurou. – Acho que vou dar uma passada na livraria, quero ver os lançamentos.

- Ok, nos encontraremos aqui daqui a pouco. – Leah disse enquanto entrava numa loja de vestidos.

 

Bella colocou o casaco e foi em direção à rua que indicava o endereço da livraria. O homem de cabelos lisos compridos, meio índio, atendeu-a. Bella percorria os olhos pelos títulos estrangeiros da estante, à procura de algum novo romance. Ela adorava os romances e, como jamais tinha tido algum em sua vida, gostava mais ainda. O vendedor aproximou-se e então ela perguntou:

 

- Tem algum novo romance?

- Humm, lembro-me de você, vem sempre comprar romances, não é? - Ele sorriu gentilmente e correu os olhos pela estante. – Tenho Dear John...

- Já li. Gosto desse autor... Mas talvez você tenha algo diferente... – Ela sugeriu.

- Já leu algum da Stephenie Meyer? – O vendedor mostrou alguns livros de capas pretas, com desenhos variados.

- Ela é ótima, não é? – Bella riu.

- Muito boa. Eu gosto de Twilight. – O homem disse.

- Você?! – Ela arqueou uma sobrancelha.

- Sim, gosto de temas sobrenaturais...

- Hum, eu nunca li um livro com este tema. O que você tem?

- Chegou um esses dias, vendeu bastante... – Ele fuçava por entre alguns livros, até que seus dedos tocaram uma capa em relevo preta. – Este aqui... É um romance, o tema é vampiros, para variar, as pessoas escrevem muito sobre eles ultimamente. Enriquecem os que já são ricos... – Ele cochichou.

- Red Moon. – Ela leu, passando o dedo sobre o título.

 

Depois de alguns minutos, Bella comprou o tal livro. Colocou-o dentro de sua bolsa e então saiu da livraria. Olhou para o relógio e surpreendeu-se ao ver que era tão tarde. Droga, pensou ela, Leah vai me matar.

 

Bella passou pela rua escura e resolveu cortar caminho pelo beco estreito que havia entre uma quadra e outra. Quando estava no final dele, notou que se perdera e praguejou ter se separado de sua amiga. Alguns homens resolveram segui-la, sem saída, Bella continuou pela escada estreita, perto de um jardim.

 

- Merda. – Sussurrou para si mesma.

- Ei, beleza! – Um deles gritou. – Venha, para que a pressa?!

 

Quando estava em um estacionamento, um espaço amplo com somente alguns carros, próximo à um bar, mais alguns homens apareceram. Eles juntaram-se em torno dela e, cada vez mais, ela amaldiçoava-se por ter se separado de Leah. Bella estremeceu, um arrepio passou por sua espinha, percorrendo toda sua coluna.

 

- Ei, Carl! – Um deles gritou. – O que você tem aí?

- Uma coisa linda! – Debochou Carl, um dos homens grandes, altos, musculosos.  – Porque não se aproxima mais?

- Não. Me. Toque! – Bella exclamou.

- Hey!!! – Ele exclamou, quando Bella o chutou entre as pernas. – Ouch!!!

 

Perto dali, dentro do bar próximo ao estacionamento, estavam Edward, Jasper e Emmett, bebericando seus whiskys. Emmett e Jasper observavam algumas moças que trocavam a música do jukebox do bar antigo, quando Edward os interrompeu.

 

- Quietos! – Ele disse entre murmúrios baixos.

- O que foi Ed? Não gostou delas? – Emmett perguntou curioso.

- Não é isso. Alguém... Está com problemas. – Edward sibilou novamente. - Venham!

 

Os três levantaram-se da mesa afastada e deixaram uma nota em cima do balcão. O dono do bar os encarou, temeroso, porque sabiam o que eles eram. Ele nada disse quando os viu sair correndo do bar. Fora do estabelecimento, os três vampiros pararam em frente à porta e vislumbraram Bella, caída no chão, tentando se afastar dos cinco homens brutos.

 

Vai ajudar? É só uma humana, uma... Mera... Humana. Emmett ergueu uma sobrancelha para ele.

 

- Soltem-na! – O vampiro de cabelos cor de cobre rosnou para os cinco homens. – Agora!

- Si-si-sinto-to mu-muit-to. – Um deles gaguejou e então soltou Bella.

- Você está bem? – Edward tornou a falar, direcionando seu olhar para Bella, que se levantava e afastava-se dos três vampiros.

 

Perto dali e aproximando-se cada vez mais rapidamente, ouvia-se um bater de patas. Bella recuou de Edward e seus irmãos e, quando olhou para trás, viu a imensa figura de uma pantera negra – Leah, usando mais uma de suas formas felinas. A imensa pantera rosnou e mostrou os caninos pontiagudos e grandes para os três. Sem cortar o contato visual, Leah abaixou-se. Bella passou seus dedos pelos pêlos da pantera e então subiu nas costas de Leah, que ainda rosnava.

 

- Não vamos atacá-la. – Jasper disse casualmente. – Estávamos apenas ajudando-a.

- Não iremos atacá-las, a não ser que nos ataquem. – Emmett rosnou.

- Emmett! – Jasper repreendeu-o.

- Nós iremos embora agora. – Edward tentava manter o clima, que oscilava de tenso para pacífico.

 

Leah rosnou novamente e os três deram as costas. Bella deixou seus dedos escorregarem e deitou-se nas costas da amiga; o tremor não dava espaço para que ela pensasse racionalmente, apenas as lágrimas caiam em seu rosto.

 

- Obrigado, Lee. – Bella sussurrou. Leah balançou a cabeça e então continuou seu caminho até onde a velha picape Chevy estava estacionada. Leah caminhou até o meio de alguns arbustos e deixou que Bella descesse. Quando ela o fez, os músculos de Leah começaram a vibrar, como se uma corrente elétrica passasse por suas veias, nervos, por cada filamento de seu corpo. Logo, a negra pantera deu lugar ao corpo delineado da descendente dos quileutes. Leah pegou as roupas que estavam dentro de uma mochila ao pé da árvore e se trocou.

 

- Bella, você está bem? – Ela disse finalmente.

- Não sei. – Bella murmurou. – Não conte ao Jake.

- Não devíamos ter nos separado. – Leah resmungou, sentando-se ao lado dela. – Tome, coma. Chocolate vai te fazer bem.

 

Em algum lugar no meio das montanhas, na grande casa branca onde o clã Cullen residia, Edward jogava-se numa poltrona. Alice entrou na grande sala, esbaforida, com os olhos arregalados, aparentemente preocupada com algo que teria visto. Atrás dela, Carlisle, Rosalie e Tânia entravam no grande ambiente belamente decorado. Tânia sentou-se ao lado de Edward, que a ignorou.

 

- O que houve? Eu não os consegui ver! Achei que algo tivesse acontecido! – Alice disse exaltada. – Seu futuro desapareceu. Aliás, só o seu não. O dos TRÊS!!!

- Fadinha, relaxa. – Emmett resmungou.

- O que houve? – Perguntou Carlisle.

- Uma garota estava sendo atacada quando nós estávamos no bar...

- Bebendo, para variar. – Rosalie disse emburrada.

- Sim, eu precisava de um tempo para mim, sem que eu pudesse pensar em qualquer outra coisa que não fosse um simples copo de bebida! – Edward exclamou, soltando um rosnado baixo.

- Acontece que uma garota estava sendo atacada e nós fomos ver o que era exatamente. – Jasper continuou contando a história. – Então os caras afastaram-se dela e quando menos esperamos, uma quileute apareceu.

- Uma... Quileute? – Esme engasgou.

- Sim, uma. – Edward continuou. – Uma pantera. Não consegui captar nada que fosse útil dos pensamentos dela, ao que parece, ela sabe bloquear sua mente muito bem.

- E então?

- E então, que ela rosnou e nós viemos embora. A garota estava com ela. – Emmett completou ansioso.

- Ou... A quileute estava só passando por lá e foi ajudar. – Tânia supôs. – Vocês sabem que a nossa fama na cidade não é muito boa. Nada impede que eles arranjem qualquer situação para procurar uma boa briga.

- Ou... – Dessa vez foi Esme quem falou. – Ela foi ajudar à humana. Nada os impede. Assim como vocês ainda têm alguma humanidade dentro de si, eles também têm. Isso nunca vai mudar, sejam lobos, panteras, vampiros ou qualquer outra espécie. – Ela pensava.

- Esme tem razão. – Carlisle sorriu. É claro que ele concordaria com ela. – Não vamos procurar briga.

- Não. Diga. O que você pretendia dizer. – Edward bufou.

 

Como um balão, que quando cheio demais estoura; assim era Edward. Por mais que ele tentasse, ele nunca conseguiria fugir daquilo que lhe era destinado. E, por mais que ele quisesse pensar um pouco em si, no seu próprio bem estar, ele não conseguia deixar de pensar em sua família, acima de tudo. Edward pertencia ao segundo clã mais poderoso de toda a nação vampiresca.

 

Edward saiu da sala de estar em que se encontravam e subiu até uma área aberta, uma grande varanda. Ele saltou e subiu até o telhado, sentou de frente para a lua, que agora se encontrava quase no fim de sua jornada. Aquela tinha sido uma noite agitada, ele pensava.

 

- Ed... – A voz melodiosa de Tânia Denali ecoou.

- Estou aqui. – Ele disse simplesmente, com uma voz monótona.

 

A relação entre Edward e Tânia, não passava de algo... carnal... Por assim dizer. Nem Edward e nem Tânia, mantinham uma relação que tivesse sentimentos o suficiente para que fosse chamada de amorosa. Mas Tânia havia sido escolhida, por Carlisle e Eleazar, para que fosse a parceira de Edward. Tânia vinha de uma linhagem nobre, ela e suas irmãs eram conhecidas pelas lendárias Denali, por possuírem um dom peculiar. Mas ainda sim, Tânia respeitava Edward e sua família acima de tudo, pois ele – eles -, eram verdadeiros sangue puro.

 

- Venha, sente-se ao meu lado. – Edward disse a ela, ao perceber que ela não havia se aproximado. – Não precisa ser tão formal comigo.

- Não posso evitar. – Ela sorriu e olhou para a lua. – Você está tenso.

- Está adquirindo habilidades do meu irmão? – Ele sorriu torto.

- Não, bobo. – Ela riu mais baixo. – Mas eu gostaria que você não se sentisse dessa forma... Não sabe o que perde quando se é o que somos e se sente desta maneira.

- Somos monstros, é isso o que somos. É isso que seremos eternamente, minha cara lenda.

 


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Notas finais do capítulo

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