Capítulo 08 – Indecisão.

POV da Bella

Desde que Jacob havia nos contado sobre a lenda da tribo, o tal nome da Serenity, a índia da lenda, não saia da minha cabeça e, de alguma forma, eu sentia, bem lá no fundo, que ela se assemelhava comigo. Mas eu não sabia em quê.

O mês passou como eu imaginara que passaria, bem rápido, assim, já era o dia do meu aniversário e meu tutor, ou protetor, ou seja lá o que Jacob for meu, estava cada vez meloso e carinhoso comigo. Não que fosse ruim, era bom, tratando-se de um tipo como ele. Vejam bem, que garota não gostaria de ter um cara malhado, sarado, gostoso, de pele morena, cabelos curtíssimos e dentes incrivelmente brancos aos seus pés? Era exatamente assim que eu me sentia.

Talvez um pouco sortuda... Ou não.

As folhas das árvores estavam ficando mais e mais douradas, era outono e a manhã já havia se iniciado fria. Eu levantei cedo e estranhei Leah não estar na cama, ela sempre dormia muito mais que eu... Devia ser coisa de gene de transmorfos.

O fato é que eu me levantei e não encontrei ninguém pela casa. Ninguém, a não ser Jacob, usando um golpe muito baixo, que ele sabia que eu não resistia muito, quando ele ficava sem camisa exibindo todo aquele tanquinho...

- Bom dia. – Ele sorriu. E eu me derreti inteira.

- O-oi. – Gaguejei. – Onde está a Leah?

- Ela saiu cedo, disse que queria correr um pouco a beira mar. É uma pena que ela é alguém fora da matilha, se não eu te daria certeza de onde ela está...

- Não, deixa. Sem problemas. – Falei.

- Então... _ Ele resmungou, virando-se em minha direção. – Feliz aniversário!

- Ah, é mesmo. Obrigada, Jake.

Depois de um tempo, nós tomamos café juntos e decidimos ir andar na praia. Não estava tão frio assim, mas eu não queria ficar enfurnada dentro de casa. Eu só queria que o dia do meu aniversário fosse algo diferente do habitual.

Eu coloquei uma roupa de caminhada e esperei por ele na porta do grande e enorme celeiro. Subi num dos meus cavalos preferidos, o Mearas, um lindo cavalo branco com a ponta do focinho e patas pretas. Jacob pegou o outro e nós galopamos até o grande paredão. Fiquei apreciando a paisagem, quando senti alguém se aproximar. O peito largo de Jacob estava bem atrás de mim.

Meu coração acelerou.

- Já estava mais que na hora...

Eu não precisava ser um gênio para saber do que ele estava falando. Há tempos Jacob Black diz estar ‘disponível’. Há tempos ele vem esperando para que nós dois pudéssemos ficar juntos. E embora não parecesse, eu tinha Jacob como uma pessoa especial, como meu Sol particular, depois que meus pais morreram.

Eu sabia muito bem que não precisaria de muito para facilitar e nem poderia mais prolongar esse momento. Como se fosse algo mágico, eu sentia que nossos corações batiam de forma sincronizada, como se fossem um só. Virei-me em sua direção e me deixei levar pelo momento. Suas mãos deslizaram pela minha cintura, envolvendo-a. Num piscar de olhos seus lábios estavam sobre os meus.

Eyes On Fire – Blue Fundation

Quentes. Macios. Assim eram os lábios de Jacob Black.

O vento frio batia sobre nossas peles, mas não me afetava, já que Jacob me envolvia. Minha respiração tornou-se ofegante, a língua dele ainda brincava com a minha, explorando cada canto da minha boca. Involuntariamente – ou não -, meus dedos o puxavam contra mim, diminuindo o espaço existente entre nós.

Aos poucos, fui sentindo como se minha mente girasse. Eu não tinha certeza se isso era um efeito do beijo cinematográfico que ele havia me dado, ou se era meu estomago que estava girando mesmo, ou, minha imaginação.

Quando me dei por conta, eu estava deitada em um gramado. Não era um lugar comum á La Push, não era na reserva. Era um bosque lindamente criado, para que, eu não sabia. Eu só sabia que de longe, eu podia ouvir Jacob me chamando.

Bella, minha querida! Uma voz doce, que há muito tempo eu não ouvia ressoou na minha floresta imaginaria.

Mamãe? Eu encarei a face jovem, agora aprisionada nesse sei-lá-o-que. O que é isso? Porque te vejo? Onde estamos?

Oh querida! São tantas perguntas, eu sei...

Então vamos começar com uma fácil. Porque eu te vejo? Porque só hoje? Eu sinto tantas saudades! Eu abracei minha mãe como eu não fazia a muito tempo. Senti-me reconfortada por dentro.

Bella, minha doce Bella... Ela acariciou meus cabelos.  Eu estou aqui para te ajudar, Bella. Você vai precisar da minha ajuda de agora em diante. Eu nunca te deixei, sempre estive com você e vou estar até quando chegar a hora.

O que quer dizer com isso, mamãe?

Você precisará descobrir por si só. Leah vai te ajudar. Confie nela. Na hora certa você terá que escolher entre um dos dois.

Como assim? Eu insistia, já que não entendia metade das palavras que ela dizia.

Siga seu coração. Não posso lhe dizer tudo, mas por hora, só posso lhe dizer duas coisas mais... Sempre estarei com você, poderá sempre voltar a esse lugar para falar comigo, só se concentre. Deseje. E quero que você me faça um favor.

O que quiser.

Vá atrás da história de nossa família.

Assim, minha mãe desapareceu e eu acordei de repente. Os olhos de Jacob estavam sobre mim. O que eu faria? Simplesmente dizer a ele que eu encontrei minha mãe em uma espécie de limbo mental? Mas por mais que parecesse loucura, eu não conseguia ignorar as palavras dela. Eu realmente queria seguir meu coração, mas agora... Céus! Ele parecia estar tão confuso.

- Você está bem? – Ele perguntou, todo carinhoso.

- Sem melações ok? – Eu disse azeda. – Só me leve para casa.

Jacob assentiu. Eu só o segui. Fui andando atrás dele, entre a trilha da floresta. Eu sentia o olhar curioso de todos quando nós dois chegamos ao portão da propriedade. Ignorei. Por algum motivo, meu coração me dizia que algo nessa estranha relação estava errado.

Assim que entramos na casa, eu subi para o quarto e me joguei no sofá. Leah sentou-se ao meu lado e então perguntou o que havia acontecido. Contei tudo o que havia ocorrido, desde o encontro no limbo com a minha mãe.

- A história de sua família?

- Sim, Lee. Não sei porque. Mas eu tenho certeza que além de nós duas estarmos envolvidas em algo com os lobos, eu estou em algo maior. Algo grande, Le. E eu preciso descobrir. – disse segura da minha decisão.

- Então acho que nossas idas a cidade vão ter que aumentar. Vamos ter que ir á sua casa, você não deu a chave para o Jake, não é?

- Não.

- e você tem que descobrir do próprio Jake. Talvez você possa...

(...)

- O que ela tem? – Rosalie perguntou.

- A pergunta correta seria o que ela viu. – Esme corrigiu.

- Só existe um poder que pode ser forte o suficiente para abalar mentalmente um vampiro. – Carlisle disse a todos eles, que estavam reunidos no quarto de Alice. A vampira esguia estava deitada na cama, ainda inconsciente.

- Esse poder é o da garota. – Edward murmurou. – A mente de Alice estava confusa. Fechada, como se alguém estivesse protegendo-a, para que alguém como eu não pudesse entrar.

- Mas eu senti, quando você me mostrou. – Jasper disse baixo. – Não era algo comum. Havia confusão.

- Mostre-me. – Esme pediu.

Edward assentiu e encarou a vampira de cabelos caramelos. Sua mente se abria para ela, mostrando o que ele havia visto. Esme Cullen era uma vampira com uma capacidade incrível de amar a qualquer um, que ela julgasse bom, ela conseguia ver a pureza das pessoas. Assim como podia sentir o quão poderoso um vampiro era. Ela finalmente abriu os olhos, depois de alguns segundos.

- Existe mais alguém, mais alguém que está protegendo. Alguém está interferindo nessa visão. – Ela declarou. – Mas é alguém... bom.

- Como pode ser bom, se a fadinha está desse jeito? – Emmett pronunciou-se.

- Eu não sei, querido.

- Não existe certeza...

- Alice? – eles surpreenderam-se ao vê-la acordada.

- Não existe mais uma certeza de que ela estará ao lado de Edward. O futuro é incerto. Eu não vejo a menina. Mas eu vejo que ela ainda não descobriu quem ela é. E por isso, a guerra vai existir. Vai voltar.