O Nosso Segredo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 7
CAPITULO 7 – CIÚMES




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No começo de janeiro, logo após o Ano Novo, um novo garoto veio para o orfanato.

 

Ainda me lembro do que dia que ele chegou. Era uma noite de inverno e nevava muito quando um homem alto que trajava um  enorme casaco preto tocou a campainha.  Eu que estava voltando do banheiro, detive-me no canto da parede e me agachei; fiquei observando o que se passava através da grade de madeira que havia em uma parte do corredor do segundo andar.

 

- Vocês chegaram bem tarde – reclamou a assistente social.

 

- A nevasca nos atrasou.

 

A mulher balançou a cabeça num sinal de reprovação e em seguida olhou para o garoto de que tinha cabelos negros que lhe caiam sobre os olhos.

 

- Olá Sasuke – ela o saudou sorrindo – Bem vindo ao seu novo lar.

 

O garoto não mostrou qualquer reação.

 

- Eu vou indo – disse o homem voltando a colocar o chapéu.

 

- Obrigado – a assistente social agradeceu e em seguida virou-se para o lado direito – Leve o Sasuke para o quarto especial, não quero que os demais meninos despertem.

 

Uma mão saída das sombras estendeu-se em direção ao garoto que não a segurou. Uma de nossas cuidadoras apareceu então à fraca luz do hall de entrada e pegou a mala que estava no chão, depois começou a caminhar, Sasuke a seguiu.

 

O homem que o trouxera assim que o viu entrar na sala virou-se para a assistente social e comentou com ela de forma maldosa.

 

- Esse garoto vai dar trabalho, e quando crescer vai se tornar um assassino cruel.

 

A mulher arregalou os olhos.

 

- Que coisa para se falar de uma criança – ela o repreendeu.

 

- Eu já milhares de garotos que viram os pais sendo assassinatos terminarem em prisões. Nada me surpreenderia se em alguns anos, ele estiver na cadeia.

 

- Cuidaremos dele – replicou a assistente social de forma briosa.

 

Foi estranhamente fácil me afeiçoar a Sasuke, mais do que a Naruto. Talvez porque Sasuke não havia entrado na minha vida como meu irmão.

 

Em pleno descontrole hormonal adolescente acabei me apaixonando pelo garoto de olhar triste. De alguma maneira, eu achava que era a única que poderia fazê-lo sorrir sempre.

 

O que eu não percebi foi que o meu amor por Sasuke acabou por provocar ciúmes em Naruto. E não era porque naquela época ele me amava, não, acredito que esse era um simples ciúmes de irmão.

 

A personalidade de Sasuke e Naruto era conflitante, enquanto Naruto era um verdadeiro palhaço que só aprontava, Sasuke era um tipo calado e reservado. Para todas as crianças do orfanato, Sasuke era um tipo arrogante e metido, porém para mim, ele era uma pessoa que depois de tanto sofrer, decidiu se fechar para o mundo.

 

Apesar de eu acreditar que por momentos que Naruto via a Sasuke tal como eu o via, as brigas deles me faziam entender que no fundo Naruto o via exatamente igual aos outros.

 

- Por que não pegou a bola?  - perguntou Naruto bravo por Sasuke ter deixado a bola ir parar em cima do telhado.

 

- Não tenho interesse nesse jogo – respondeu Sasuke áspero.

 

- Você é muito convencido Sasuke!

 

- Naruto! – eu o repreendi.

 

Ele olhou para mim contrariado, mas em seguida se dirigiu até o castanheiro que havia no pátio.

 

- Eu mesmo pego essa bola.

 

- Você vai acabar caindo daí – eu o adverti – Não faça isso!

 

Meu irmão não me ouviu, e em sua teimosia, escalou a árvore. Apoiando os pés no galho caminhou até o telhado. As demais crianças o olhavam com admiração. Naruto apoiou um dos pés na beirada da calha enquanto mantinha o outro pé no grosso galho, ao tentar movimentar o pé que estava sobre o galho seu corpo balançou e no momento que eu pensei que ele ia cair, uma mão o empurrou para cima das telhas; sem que houvéssemos percebido Sasuke havia subido no castanheiro para ajudar o Naruto a pegar a bola.

 

Naruto balançou a cabeça num sinal positivo e sorriu, porém Sasuke não alterou sua expressão séria. Tomando impulso, Sasuke pulou para o telhado e Naruto o ajudou a se equilibrar quando ele pisou sobre as telhas.

 

As crianças comemoraram e eu fiquei feliz pelo trabalho em equipe. O barulho dos gritos atraiu a atenção da assistente social que veio até o pátio. Ela quase enlouqueceu ao ver os dois garotos sobre o telhado, e depois de pedir para eles descerem, usando a escada de alumínio que estava guardada no estoque, ela lhes deu uma bronca e os pôs de castigo por um mês.

 

Pensei que depois daquilo Naruto e Sasuke se entenderiam, mas isso nunca aconteceu; ao contrário, eles começaram a disputar cada vez mais, e as brigas se tornaram mais freqüentes. E conforme crescíamos, as razões das brigas iam mudando até que um dia, a razão da briga deles passou a ser eu.

 

Uma forte rajada de vento bateu forte contra a janela abrindo-a. Com o susto, meu corpo estremeceu e eu voltei ao tempo presente.

 

Naruto entreabriu os olhos e me segurou mais forte pela cintura.

 

- Não se preocupe Sakura. Essa noite não vai chover.

 

Depois do acidente em que meus pais morreram, eu passei a ter medo de noites de tempestade.

 

Fazendo força para me libertar de seu abraço eu empurrei meu corpo para trás.

 

- Eu sei que não vai chover, mas preciso fechar a janela.

 

Levantei e fechei a janela com o trinco. No caminho acabei pisando em alguns papéis que o vento espalhou pelo chão.

 

Ao voltar para cama, encontrei Naruto deitado de barriga para cima ocupando quase que totalmente o colchão. Cruzei os braços e amarrei a cara.

 

- Onde pretende que eu me deite?

 

- Aqui – ele me respondeu meio sonolento.

 

Eu comecei a rir baixinho e passando minha perna direita pelo seu corpo, deitei-me sobre ele. Naruto puxou o cobertor para nos cobrir e em seguida me prendeu com seus braços para que eu não escorregasse; posicionei minha cabeça em seu ombro direito.

 

- Desse jeito não é muito confortável, mas está bem.

 

As mãos dele acariciavam minhas o fundo de minhas costas.

 

- Quer ir para o seu quarto?

 

- Só se você for junto comigo.

 

Não houve resposta e suas mãos paralisaram. Achei que ele ainda não desejasse dormir na cama onde ele acreditava que eu e o Sasuke havíamos dormido.

 

- Podemos ir para o quarto que era de nossos pais – eu sugeri.

 

- Você já entrou lá? – Naruto me perguntou curioso.

 

- Muitas vezes... E até já dormi lá.

 

Naruto sentou-se e meu corpo seguiu o movimento do dele. Meus cabelos caíram por sobre meu rosto, e ele afastou-os com as mãos para poder me olhar nos olhos.

 

- Você foi dormir lá porque estava com medo de uma tempestade?

 

- Não... – eu encostei meu nariz no dele – Eu tive que dormir algumas noites lá porque o meu quarto estava sendo pintado e o seu também – fiz uma pequena pausa antes de continuar - Nas noites de tempestade, eu vinha dormir no seu quarto...

 

As mãos deles que estavam paradas em minhas coxas tremeram, e antes que eu pudesse falar alguma coisa, ele me colocou em seu ombro e disparei a rir. Ele me levou para o meu quarto e me colocou em minha cama.

 

- Pensei que fosse dormir comigo essa noite?

 

- Eu vou... – ele se deitou ao meu lado – Vamos dormir aqui.

 

Eu fui até o guarda-roupa e peguei um cobertor enorme que eu tinha guardado e estiquei-o sobre o Naruto, depois me deitei ao lado dele deitando minha cabeça em seu peito. Fazendo uma cara travessa, apoiei meu cotovelo no colchão e estiquei o pescoço para olhá-lo nos olhos; eu vi um oceano inteiro ali dentro.

 

- Naruto, você foi o único homem que já dormiu nessa cama comigo.

 

Eu vi os olhos dele se dilatarem um pouco pelo espanto, mas em seguida ficaram serenos. Ele colocou a mão por sobre a minha que estava em seu peito.

 

Eu abri um sorriso tímido e fechei meus olhos por uns instantes.

 

- Adivinha só Sakura o que eu fiz hoje – Naruto parecia bem animado para me contar.

 

Eu abri meus olhos rapidamente.

 

- Eu sei o que você não fez. Você não compareceu ao treino.

 

- Como sabe disso? Ah, o Sasuke te contou.

 

Eu não queria que o nome de Sasuke estragasse aquele momento especial que partilhávamos juntos.

 

- O que você fez? – eu perguntei animada.

 

A voz de Naruto ficou mais baixa e mais triste do que antes.

 

- Eu comprei uma moto

 

- Uma moto! – fiquei surpresa com a notícia – O garoto que disse que motos eram perigosas demais decidiu comprar uma moto... – eu diminuí o tom de minha voz e fiquei chateada ao me dar conta do que eu havia dito – Ah, desculpe. Eu não deveria ter dito isso.

 

- Está tudo bem, Sakura.

 

O silêncio se fez presente entre nós e ali enquanto sentia o calor do corpo de Naruto próximo ao meu, eu deixei minhas recordações ganharem vida em mente.

 

Flashback

Quando eu tinha 16 anos, eu fui convidada por uma garota mais velha que participava do clube de ciências para ir ao cinema com ela e as amigas dela. Pensei que seria legal, no entanto, ao ver as garotas usando drogas, eu decidi voltar para casa no meio da sessão.

 

Caminhei pelas ruas escuras do centro. O céu escuro prenunciava chuva para aquela noite. Uma moto parou ao meu lado, e a primeira coisa que pensei foi que ia ser assaltada, mas quando o homem que a dirigia tirou o capacete, eu senti alivio.

 

- Sasuke!

 

- Está indo para casa? – ele me perguntou num tom de voz sério.

 

- Sim.

 

- Eu te levo.

 

Não havia o menor sinal de afeto ou preocupação no tom de voz de Sasuke, porém como eu o amava, eu fiquei emocionada por receber uma carona.  Meu coração bateu forte no momento em que eu agarrei em sua cintura e senti minhas bochechas corarem; agradeci aos céus por ele não ser capaz de ver meu rosto naquele momento.

 

 

A chuva começou a cair e eu acabei ficando toda molhada. Ao chegar a casa, enquanto eu descia da moto que Sasuke estacionara no driveway, eu vi Naruto correndo em nossa direção sem se importar em molhar sua camiseta e sua bermuda.

 

- Sasuke! – Naruto foi logo gritando – Como pode ter trazido a Sakura de moto em meio a essa chuva?!

 

Sasuke desceu da moto e tirou o capacete. Os dois trocaram faíscas com o olhar.

 

A torrencial chuva que caia parecia não os incomodar.

 

- Naruto, pare! O Sasuke me ofereceu uma carona – eu fui ignorada completamente. Seu olhar se mantinha no rosto sério e frio de Sasuke – O Sasuke...

 

 Interrompi minha frase ao sentir a mão de Sasuke no meu ombro direito.

 

- A Sakura não é criança e você não é o pai dela!

 

O rosto de Naruto se contraiu ainda mais. Ele bateu com o antebraço no pulso de Sasuke e agarrando em meu braço me puxou para junto dele.

 

- Eu sou o irmão da Sakura. E vou protegê-la.

 

Naruto deu as costas e foi me puxando para dentro.

 

- Um irmão bastardo!

 

Senti o corpo de Naruto girando e água que encharcava sua camiseta bateu contra minha pele. No instante seguinte vi o punho dele indo em direção ao rosto de Sasuke que habilmente se esquivou. Eu não acreditava no que estava presenciando.

 

- Naruto! – gritei desesperada.

 

Ele se virou para trás para me olhar e nessa hora Sasuke acertou um golpe em seu estômago fazendo-o se curvar. Naruto não deixou por menos e agarrando a perna de Sasuke o derrubou na grama do jardim. As gotas de água da grama molhada voaram alto.

 

- Nunca mais coloque a Sakura em perigo dessa maneira!

 

Sasuke se levantou antes que eu pudesse me aproximar para acudi-lo. Eu vi um sorriso malicioso surgir em seus lábios.

 

- Isso não vai acontecer mais – ele se virou para mim – Sakura, nos vemos.

 

Sasuke montou em sua moto e saiu acelerando.

 

Naruto e eu entramos em casa.

 

- Por que tinha que brigar com o Sasuke? – eu fui logo o repreendendo.

 

Eu sei que talvez eu devesse ter entendido que apenas fizera isso porque estava preocupado, mas quando se é adolescente não se costuma a ver tanto sentido na preocupação de alguém por seu bem-estar.

 

- Sakura, motos são perigosas!

 

- Ah – eu trinquei os dentes de raiva – Você é um saco, Naruto!

 

Pisei duro no chão e me dirigi até a escada. Tudo o que eu desejava era poder tomar um banho e tirar aquelas roupas molhadas que estavam grudadas em meu corpo. A raiva e a adrenalina deixavam meu corpo agitado, e eu nem conseguia ter controle de meus movimentos. Estendi a mão para segurar no corrimão, mas perdi o foco e segurei no vazio, meu corpo tombou para frente e eu senti Naruto me agarrando pela cintura e me puxando para perto de seu corpo antes que eu desse de cara nos degraus.

 

- Você está bem?

 

Empurrei os braços dele para que soltassem.

 

- Pare de ficar tentando me proteger o tempo todo.

 

Girei os calcanhares e subi as escadas a passos lentos e bem cautelosos.

 

Fui tomar banho e quando saí coloquei um pijama com calça e mangas na blusa compridas.

 

- É melhor eu me agasalhar senão vou acabar me resfriando.

 

Abri a porta do quarto e percebi que a luz do quarto de Naruto estava apagada e a porta entreaberta. Escutei-o espirrar três vezes em sequência.

 

- Aquele idiota! Saiu na chuva com o corpo quente.

 

Peguei um cobertor no guarda-roupa e fui até o quarto de Naruto. Encontrei-o deitado sobre os lençóis apenas vestindo um calção seco. Joguei o cobertor sobre ele ajeitando para que cobrisse todo o corpo.

 

 - Sakura – ele abriu parcialmente os olhos – me desculpa – sua voz era um pouco sonolenta – Eu só queria te proteger...

 

Acabei ficando comovida. Sentei-me na beirada do colchão e coloquei a mão sobre seu peito coberto pelo cobertor azul de lã.

 

- Eu sei... Nós temos que cuidar um do outro.

 

Naruto sorriu e segurou minha mão entre a dele.

 

- Eu sempre vou te proteger.

 

Fim do flashback.

 

Não era apenas eu que tinha ciúmes do Naruto, ele também sempre teve ciúmes de mim.

 

E não foi só o Naruto que sentiu ciúmes pela carona de Sasuke a mim, a Ino no dia seguinte pediu que eu fosse até a quadra para perguntar se eu estava saindo com o Sasuke, e vocês já sabem que eu respondi que não, porque a verdade do momento era aquela.

 

Virei para o lado e vi que Naruto já estava dormindo tranquilamente. Em meio à paz de tê-lo comigo, deixei que Morpheu me levasse ao mundo dos sonhos.


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Notas finais do capítulo

nota da autora: A partir de agora eu vou tentar misturar um pouco de passado com presente para que vcs a saibam a linda história de amor que foi construída entre o Naruto e a Sakura, porque essa é a única maneira para que vcs possam entender as razões deles guardarem o segredo tão importante que eles guardam.



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