O Nosso Segredo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 4
CAPITULO 4: AMOR PLATÔNICO




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A manhã passou rápido no hospital, e entre um atendimento e outro eu praticamente me esqueci da briga que eu tive com Naruto pela manhã.

 

Aproveitei o intervalo da tarde para ligar para o Sasuke. Aquela era uma rotina que eu cumpria religiosamente.

 

Fui até o jardim, que estava vazio, e pegando o meu celular liguei para o meu noivo.

 

- Alô

 

- Oi Sasuke. É a Sakura.

 

- Eu não posso falar com você agora.

 

- Está treinando? – eu perguntei fingindo interesse.

 

- Sim, hoje terá um treino estendido. Aliás, o Naruto deveria estar participando. Como ele pretende integrar a equipe se não participa dos treinos?!

 

Eu respirei fundo antes de responder.

 

- Eu vou falar com ele assim que eu voltar para casa.

 

- OK. Te vejo amanhã, dar.

 

- Tchau.

 

Eu desliguei e voltei a colocar o celular no bolso de meu jaleco.

 

“ Te vejo amanhã, dar...” – eu repeti com desdenho.

 

Ele nem sequer conseguia dizer a palavra “Darling”(querida) de forma completa.

 

Tudo era como eu previra, o Naruto voltara a ser o assunto mais importante a ser conversado entre mim e meu noivo. Não importava quanto tempo se passasse, a rivalidade dos dois sempre passaria por cima de qualquer coisa como se fosse um furacão que arrasta tudo o que está em seu caminho.

 

Abaixei a cabeça e fiquei olhando para o anel de noivado que estava em minhas mãos.

 

- Sasuke, você realmente me ama?

 

O amor é um sentimento estranho. Em alguns momentos ele aparece logo num primeiro olhar e em outros demora a se mostrar, como se fosse tímido ou esperasse para nascer no momento menos casual. Assim como todas as garotas, eu sempre sonhei com um amor a primeira vista; porém o primeiro amor não foi um típico amor platônico.

 

Acho que nem preciso dizer que o Naruto não o garoto por quem eu me apaixonei pela primeira vez. No colégio, como eu disse, eu desejava que ninguém se lembrasse que nós dois tínhamos algum parentesco; e confesso que foi fácil nos manter distantes por causa dos grupos sociais que nos encaixávamos.

 

A divisão de grupos de Konoha High School era categorizada em: nerds, esquisitos, populares, esportistas, cheerleaders e o resto. Era extremamente fácil reconhecer cada grupo, o difícil era se encaixar em um determinado. Dinheiro, beleza, simpatia, talento e uma língua afiada eram requisitos básicos para os candidatos aos grupos de elite da escola.

 

O grupo que mais facilmente aceitava novatos era o grupo dos esportistas. A cada ano um novo talento entrava para o time de hockey da escola e ganhava o direito de sentar ao lado dos caras mais amados e das garotas mais lindas da escola; de brinde ganhavam a jaqueta da Folha, símbolo de nossa escola.

 

- Uma folha! Que coisa mais ridícula!

 

Ino estendeu a jaqueta do time de hockey da escola no ar e olhou o símbolo estampa de uma folha em pano, ao mesmo tempo, que fazia uma careta. Todos na mesa ao redor riam e balançavam a cabeça concordando com ela.

 

Ela tinha esse dom de contagiar as pessoas com suas opiniões, e não era a toa que ela era a dono do blog que mais bombava na KHS (Konoha High School).

 

Quase sempre eu fiz parte do grupo de populares, especialmente porque eu era uma cheerleader; e quase sempre fui amiga da Ino. Entretanto durante um tempo, nós ficamos um pouco distanciadas por causa de certa paixão platônica em comum.

 

 - Ino, você vai estar na platéia VIP do Backstreet Boys!

 

- E vou ao camarim depois!

 

- Não acredito que não tenha me convidado!

 

O pai da Ino era um grande figurão da indústria fonográfica e tinha entrada VIP nos melhores eventos da cidade.

 

Entretanto não era o nosso amor platônico pelos Backstreet Boys que verdadeiramente nos afastava. Nós estávamos interessadas em alguém mais real e próximo.

 

- Sakura, eu não vim aqui falar com você

 

Ino tinha pedido para me encontrar na arquibancada da quadra de basquete depois da aula, ela havia dito que precisava falar comigo de um assunto bem sério.

 

- O que você quer?

 

- Eu soube que o Sasuke está saindo com uma garota. E eu quero saber se essa garota é você?

 

Eu adoraria ter dito a ela que era, mas nem para provocá-la eu conseguia mentir.

 

- Não.

 

Ela me lançou um olhar desconfiado.

 

- Escuta Ino, eu não tô saindo com Sasuke. Tá?!

 

Eu a vi abrir um sorriso de satisfação.

 

- Eu sabia que ele não ia se interessar por uma testuda que nem você.

 

- E ele também nunca vai se interessar por uma porca como você.

 

A troca de ofensas e farpas era comum, assim como a cumplicidade e os gestos de amizade. A nossa sinceridade mantinha a nossa relação, eu não precisava me preocupar com as fofocas da Ino pelas minhas costas, porque ela simplesmente falava tudo na minha frente. A única coisa que nos dividia era o nosso amor platônico pelo garoto mais popular e cobiçado do colégio.

 

Um amor platônico... O filósofo neoplatônico florentino Marsilio Ficino usou pela primeira vez no século XV o termo “Amor platonicus” para definir um tipo de amor que era baseado na beleza do caráter e na inteligência de uma pessoa, ao invés de em seus atributos físicos. Atualmente o conceito de amor platônico fica em um amor a distancia que não toca, não aproxima, não envolve... É tipo de um amor feito de fantasias e idealizações da pessoa amada, e como é de esperar de alguém cego pelo amor, a pessoa amada platonicamente era sempre perfeita. 

 

Para mim e para uma dúzia de outras garotas da KHS, Sasuke era o homem perfeito: lindo, atlético, inteligente, perspicaz, sagaz, capitão do time de hockey... Enfim, tudo de bom. No entanto, nós não éramos capazes de enxergar seu caráter duvidoso e nem seu olhar sombrio com o qual ele encarava a todos. Aquele olhar era como o olhar de uma astuta serpente que observa atentamente o ambiente a sua volta em busca de sua próxima vítima tola e distraída. E em muitos momentos, eu me sentia essa vitima.

 

Às vezes eu me pergunto o quanto a minha relação com Sasuke evoluiu desde aquela época, porque eu ainda me sinto como a garota que vive um amor fantasioso e distante.

 

Se no presente eu já não amava meu noivo, no passado eu teria sido capaz de dar a minha vida por ele, e não digo isso somente por dizer. No entanto uma decisão de Sasuke fez o meu destino mudar...

 

- Olá Sakura.

 

Shizune se aproximou sem que eu percebesse. Ela me encontrou sentada no banco do jardim que ficava embaixo de uma árvore.

 

- Olá Shizune.

 

 - Como foi ontem? O seu irmão está de volta mesmo?

 

Eu abri um sorriso discreto.

 

- É. O Naruto voltou ontem do Canadá. Ele vai jogar pelo time principal de Konoha.

 

- Isso é fantástico. Agora vocês vão poder ficar mais próximos.

 

Senti uma enorme tristeza invadir meu coração e não consegui deixar de demonstrar o que eu sentia.

 

- Vamos ficar juntos por pouco tempo, porque o Naruto quer se casar.

 

Senti o gosto amargo daquelas palavras em minha boca. Shizune me olhou com pena.

 

- Você também logo vai se casar com o Sasuke – abrindo um largo sorriso ela tentou me animar – Mas veja o lado positivo, como o Naruto joga no mesmo time do Sasuke, então isso significa que vocês não precisarão se afastar.

 

- Você está certa. Eu tenho que ficar feliz por ele – eu me levantei - Agora se me dá licença...

 

Caminhei lentamente pelo corredor de ladrilhos que conduziam ao enorme prédio do hospital. Repentinamente comecei a pensar na razão que fez Naruto voltar ao país, e embora eu tenha evitado pensar na questão desde que soubera que ele voltaria, eu senti que não podia mais fazê-lo.

 

Flashback.

 

- Olá Sakura. Veio esperar o Sasuke.

 

- Olá Miss Tsunade.

 

Encontrei com Tsunade quando fui esperar por Sasuke no final do treino. Ela era uma antiga amiga da minha família, uma pessoa bem próxima, e que depois de largar a carreira de medicina por causa de antigo trauma, resolveu se dedicar a segunda coisa que ela mais gostava de fazer: jogar hockey . Apesar de ter mais de cinqüenta anos, mesmo que não aparentasse e por nunca ter se casado, ela gostava que usassem o titulo de Miss quando falassem com ela.

 

Eu continuei.

 

- Eu vim esperar o Sasuke.

 

Ela olhou para minha mão.

 

- Vocês estão noivos, não é?

 

- Sim.

 

- Espero que se casem logo. O Sasuke precisa de uma garota como você para dar um jeito naquele gênio.

 

- Ele não é mau... – eu o defendi.

 

- Diz isso porque está apaixonada.

 

Eu sorri sem jeito.

 

- Sabe Sakura. O seu irmão ligou ontem para o treinador.

 

- O Naruto te ligou? – eu fiquei surpresa com a notícia.

 

- Sim. Ele pediu que o colocasse no time. Pelo visto, ele quer voltar para o país.

 

Minhas pernas fraquejaram e eu tive que me segurar na beirada da arquibancada.

 

- E por quê?

 

Tsunade abriu um sorriso.

 

- O Naruto deve ter se cansado de ficar no Canadá – ele contestou de maneira jocosa.

 

- O treinador o aceitou? – eu perguntei meio sem jeito.

 

- Sim. Precisamos de bons jogadores para disputar a Copa Stanley... Eu pensei que você soubesse.

 

- Não... Faz um tempo que eu não converso com ele.

 

Um mês e quinze dias, esse era o tempo exato que eu não falava com o Naruto naquela época; e esse era o mesmo tempo que fazia que eu estava noiva do Sasuke.  

 

- Eu acho que o Naruto é bom demais para o time de Konoha... – Tsunade seguiu falando – Ele poderia conseguir um time de maior destaque, mas ele insistiu que quer voltar para o time da cidade natal dele.

 

Fim do Flashback

 

Eu fico me perguntando se a decisão do Naruto de voltar tem a ver comigo, ou se foi porque ele desejava voltar para casa. Se ele tivesse ficado no Canadá, ele teria a chance de atuar pelos melhores times de hockey e poderia levar uma vida confortável longe de problemas, mas ao invés disso ele preferiu voltar para os Estados Unidos para atuar no time lanterna do campeonato.

Por mais que eu pensasse, eu não conseguia entender porque ele havia voltado. Juro que era exatamente isso que eu pretendia perguntar a ele quando o encontrasse no aeroporto. Eu havia passado os dois últimos dias que antecederam a volta dele ao país ensaiando o meu sermão, no entanto, no instante em que o vi, eu simplesmente não tive ânimo para iniciá-lo.

O Naruto e eu não podíamos manter qualquer relação que não fosse uma relação fraternal. Há alguns anos atrás, quando eu estive no Canadá, nós dois havíamos chegado à conclusão silenciosa de que o melhor a ser feito era nos separarmos.

 

Flashback

 

- Eu estou saindo com o Sasuke – foi difícil dizer aquilo.

 

Os olhos de Naruto se arregalaram e em silêncio ficamos nos encarando. Gradualmente os olhos de Naruto foram se fechando e passaram a demonstrar a tristeza que havia em seu interior. Demorou a que ele dissesse algo a respeito.

 

- Você ainda o ama...

 

- Sabe o que eu sinto por você.

 

- Mas você está com ele.

 

- Eu te amo, Naruto.

 

Ele me segurou com violência pelo braço.

 

- Sakura, eu não gosto de pessoas que mentem para si mesmas!

 

Eu fiquei assustada ao vê-lo reagir daquela maneira, mas logo entrei defensiva.

 

- Amar o Sasuke é mais certo do que amar você!

 

Senti a pressão dos dedos de Naruto em meu braço diminuírem. Eu continuei.

 

- O nosso amor só existe entre quatro paredes.

 

Fim do flashback

Depois disso, eu voltei para os Estados Unidos e comecei a namorar o Sasuke; e tempo depois soube que o Naruto estava saindo com a Hinata.

 

Eu entendo que eu acabei provocando a nossa separação, mas era isso que eu desejava naquela época; no entanto, os anos que eu passei longe dele me fizeram perceber que nada no mundo apagaria o amor que existia em mim por ele. E se esse o nosso destino não estava atado, então eu destruiria meus sentimentos, porque apenas com um coração vazio, eu conseguiria seguir sem ele ao meu lado.

 


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Naruto tinha uma vida perfeita no Canada e de repente decidiu voltar para os Estados Unidos e foi jogar num dos piores times de hockey do país... o que há por trás da volta dele? E o que levou o Naruto e a Sakura se afastarem?

Grandes emoções no próximo cap.



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