O Nosso Segredo escrita por Angel_Nessa
Minha garganta ardeu quando eu tentei gritar. Perguntei-me porque de repente eu voltara a sentir dor. Não consegui abrir meus olhos por causa da forte luz branca que estava sobre meu rosto.
Eu buscava entender o que estava se passando, mas meus pensamentos estavam confusos por causa da imensa dor que eu sentia. Achei que eu tivesse chegado ao purgatório, e era por isso que eu estava sentindo tanta dor.
- Sakura... – alguém chamou meu nome, só que eu não sabia quem era.
Novamente eu fui jogada no vazio escuro e senti que flutuava. Não havia mais dor e nem mais pensamentos. Tudo era um imenso vazio. Será que o que havia restado em meu interior era aquilo?
O tempo deixou de existir para mim, e eu vivia vagando em um espaço vazio com vozes diversas a minha volta. Eu podia ouvi-las, mas não as reconhecia e nem entendia o que elas me diziam. Meu cérebro havia deixado de racionar.
Não me lembro como foi despertar, só lembro-me de forçar meus olhos a se abrirem. Aos poucos meus músculos voltaram a se movimentar, e eu sentia uma imensa dor e formigamento por todo o corpo. Eu estava me sentindo tão cansada, que tudo o que desejava era poder dormir por mais 5 minutos; era a mesma sensação de acordar num domingo de manhã cedo contra a sua vontade, o corpo se recusava a obedecer a ordem de seu cérebro de levantar.
Curiosos, meus olhos correram todo o ambiente tentando reconhecê-lo, a minha posiçãona cama, deitada na cama com a coluna inclinada, me permitia uma boa visão de tudo o que me cercava.
Mentiria se dissesse que fiquei surpresa ao ver tantos aparelhos médicos a minha volta controlando cada respiração, cada batimento cardíaco, cada suspiro, enfim, cada movimento do meu corpo; eu me lembrava perfeitamente o que me havia acontecido, e a única coisa que verdadeiramente me surpreendia era que eu continuava viva depois do acidente.
Escutei passos e tentei me mexer na cama. Uma aguda dor na lateral direita limitou meus movimentos e me fez gemer. A porta do quarto se abriu e eu rapidamente reconheci, em meio às sombras, a figura que entrara.
A luz que se acendeu me cegou momentaneamente, meus olhos ainda estavam se acostumando a claridade depois de passarem tanto tempo vendo a escuridão.
- Sakura! Céus! Você finalmente acordou!
- Oi Shizune – eu a saudei enquanto colocava a mão na frente de meu rosto a fim de proteger meus olhos da luz.
- A bela adormecida acordou sem o beijo do príncipe. Ou será que o príncipe a beijou antes de sair?
Vi o rosto familiar de minha amiga que trazia um ramo de margaridas.
- Ino?
Shizune afastou minha mão da frente do meu rosto e com uma pequena laterna examinou meus olhos forçando com sua mão minhas pupilas a se abrirem, em seguida tomou meu pulso e mediu meus batimentos cardíacos, checando-os com os do aparelho.
- Está tudo ok. Eu vou avisar a todos que você acordou.
Ela me parecia bem animada por ser a portadora de tal noticia e sem se despedir, saiu correndo. Ino colocou as margaridas no vaso ao lado da cama junto com as rosas vermelhas que pelo estado que estavam podia-se dizer que eram frescas.
- O que aconteceu? – eu perguntei meio atordoada.
Ino sentou-se no sofá e cruzou as pernas.
- Não parece lógico o que aconteceu?
Virei a cabeça para a lateral e fiquei a olhando.
- Meu carro caiu do abismo...
Como eu disse, eu lembrava perfeitamente de cada detalhe do acidente; o que eu não sabia era o que havia acontecido depois que o meu carro caiu nas águs frias e escuras do mar.
- É você sofreu um acidente de carro, e foi muita sorte um caminhoneiro viu o seu carro caindo do abismo e foi atrás de você. Se esse herói anônimo não tivesse te tirado do mar, você teria morrido afogada!
- Alguém me salvou? –perguntei incrédula.
- Você acha que saiu sozinha do mar? Aliás, que loucura foi aquela de sair no meio da festa? Deu pra sacar que você e o Sasuke tiveram uma briga e tanto, ainda mais depois da briga entre o Naruto e o Sasuke dentro do bar, mas o que fez foi loucura!
- O Naruto e o Sasuke brigaram?
- Quando o Sasuke saiu te arrastando para fora do bar, eu quis ir até lá, mas o Shika disse que eu não deveria me intrometer. Depois o Naruto voltou com a Hinata e veio perguntar sobre você, e então o Sasuke entrou sozinho no bar e assim que viu o Naruto partiu para cima dele e os dois começaram a brigar. Foi preciso uns dez homens para separar eles!
Eu não imaginei que o Sasuke pudesse ir brigar com o Naruto por causa do que eu havia dito, eu não imaginei que o Naruto voltaria com a Hinata, eu não pensei em nada a não ser no meu desejo em ferir o Sasuke da mesma maneira que eu me sentia ferida por ele. E também eu já não suportava mais ficar guardando tantos segredos.
- O Sasuke brigou com o Naruto... – eu estava pasmada por saber daquilo.
- Foi horrível. Você ia ficar chocada se ouvisse o que o Sasuke disse de você. O pior foi o Sasuke ter falado que, aff, não consigo nem repetir.
- O que foi que o Sasuke disse, Ino?
- O Sasuke disse que você havia dormido com o Naruto! Ele disse que você dormiu com seu próprio irmão! Que absurdo.
Senti meu coração bater mais forte.
- E o que o Naruto falou?
Ino empinou o nariz e cruzou os braços.
- Desmentiu, é claro! Seu irmão disse que isso nunca tinha acontecido e que o Sasuke estava louco! Após muita confusão e também depois de saberem do seu acidente, os dois se acertaram do jeito deles.
Eu amaldiçoei o Narutopor ter negado a verdade. Eu fiquei decepcionada ao saber que o Naruto havia negado aquilo que ele por tanto tempo quis que confessássemos. Talvez eu devesse ter dito primeiro ao Sasuke que eu e o Naruto não éramos irmãos, e não que eu havia dormido com ele.
Ino continuou falando.
- O Sasuke esteve aqui antes de mim. Quando eu cheguei, ele estava saindo. Talvez você tenha acordado por causa de algo que ele disse – Ino sorriu com malicia – Ele tá preocupado com você.
Estranhamente não senti comoção por saber que o Sasuke estava preocupado comigo.
- E quanto ao Naruto?
- O que você acha? Ficou apavorado. Não parou de atormentar os médicos querendo noticias do seu estado. Foram dois longos meses para ele.
- Dois meses! – eu gritei surpresa e senti minha garganta doer.
- É. Já é quase Natal. Os médicos tiveram que te colocar em coma por conta das extensões dos seus ferimentos. Você quase se matou. Aliás, estava tentando se suicidar?
Pelo tom que a Ino fez a pergunta, eu vi que ela estava falando sério sobre o suicídio.
- Não. Eu apenas queria sair daquele lugar...
- Você quase morreu, garota. Espero que não faça mais uma besteira dessas de sair dirigindo sem condições.
A porta do quarto se abriu num sopetão. Foi tão rápido que eu nem consegui entender o que estava acontecendo, só senti um abraço caloroso e lágrimas molhando meus olhos.
- Naruto...
Ouvi o som abafado do choro dele. Senti meu coração bater mais forte. E soube naquela hora que eu havia sobrevivido por ele.
Discretamente Ino saiu do quarto, deixando-nos a sós.
Coloquei minhas mãos espalmadas em seu peito e o senti me abraçar mais forte. Depois de um longo período em silêncio, ele se afastou do meu corpo e tomando meu rosto entre suas mãos fixou seus olhos marejados nos meus. Ele abriu um sorriso torto nos lábios.
- Sakura, eu quase te perdi.
Passei meus braços por dentro dos dele e empurrei suas mãos.
Fiquei surpresa com a declaração, e num movimento involuntário, ergui a cabeça. Senti os lábios de Naruto se colando aos meus, e acabei correspondendo ao beijo.
Lembrando-se provavelmente de onde nós dois estávamos, Naruto segurou em meus ombros e me empurrou gentilmente para trás.
Eu voltei a encostar minha coluna na travesseira e Naruto ficou em pé ao meu lado. A dor que eu sentia em meu corpo, pelos movimentos, não me importava. Essas dores pareciam pequenas demais se comparadas ao sofrimento que eu imaginava que o Naruto havia passado desde que soube do meu acidente.
- Sabe, Sakura. Agora não há mais porque alguém dizer que nós não somos irmãos porque não temos o mesmo sangue em nossas veias.
- O que você está dizendo Naruto? – parecia incompreensível, mas depois de ver o sorriso bobo dele eu entendi – Você doou sangue para mim?
- Eles me pediram que fizesse isso porque somos irmãos.
Olhei para a porta do quarto que estava fechada e em seguida voltei a olhar para ele.
- Nós não somos irmãos – eu disse baixinho.
- Eu sei – ele contestou ainda sorrindo – Mas eu não podia falar isso. Esse é o nosso segredo.
Mesmo num momento de desespero, ele havia escondido o nosso segredo. O segredo que eu tanto protegia.
- Mas você deixou que tirassem sangue de você. Já pensou se os médicos descobrem que...
- Não se preocupe, Sakura – ele me cortou - O nosso sangue combina.
- Naruto, qual é o seu tipo sanguineo? – perguntei curiosa.
- Tipo O negativo
- Doador universal. Que droga! O meu é AB negativo... – eu tentei respirar, mas senti a minha costela doeu – Naruto, o médico que me atendeu sabe que nós não somos irmãos.
- Por que?
- Não há como irmãos terem tipos sanguineos tão diferentes. Se você ao menos possuísse aglutinogênio A ou B... Mas tipo O tem ausência de qualquer aglutinogênio para esses dois!
- Eu não entendo o que você está falando- ele reclamou fazendo uma cara confusa.
- Naruto, preste atenção, qualquer exame de sangue denunciaria que nós não somos irmãos.
Percebendo a preocupação em meus olhos, ele inclinou seu corpo sobre mim e beijou minha testa.
- Não importa se descobrirem. Eu vou sempre estar com você.
- Promete que sempre vai ficar comigo – eu lhe pedi com os olhos marejados.
Naruto afastou para um lado uma mecha de cabelo que havia caído sobre meu rosto e sorrindo disse:
- Claro.
Ele sentou-se na cadeira que havia ao lado da cama e inclinando seu corpo para frente segurou em minha mão que repousava paralela ao meu corpo.
Fechei os olhos por um momento e o senti apertar mais forte a minha mão.
- Sakura
Voltei a abrir os olhos assustada.
- O que aconteceu?
- Você está cansada? – ele me perguntou sem jeito.
- Não. É que os analgésicos me dão sono.
- Será que pode ficar acordada mais um pouco.
- Sim.
Eu estranhei aquele pedido.
- Certo.
- O que foi Naruto?
- Eu já te vi dormindo tempo demais.
Fiquei comovida por ouvir aquilo. E forçando meus olhos a ficarem abertos, eu fixei meu olhar em seu rosto sorridente.
O Naruto era a razão por eu ter sobrevivido. A ligação que tínhamos um com o outro era tão forte que não era possível rompê-la, e eu acreditava que essa ligação existia devido ao segredo que guardava sobre o passado de Naruto, se aproximava o tempo dele finalmente saber quem haviam sido seus pais e o porquê eu jamais quis que ele voltasse à Inglaterra.
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nota da autora: Sakura finalmente sente que é chegada a hora de contar para o Naruto o segredo que ela esconde. E qto ao destino deles, td vai depender de como as coisas vão ficar dps que a verdade vier à tona.