O Nosso Segredo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 18
CAPITULO 18 – ENTRE O CERTO E O ERRADO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/86951/chapter/18

Hinata me olhou assustada. Rapidamente ela colocou o notebook de lado sobre a cama e se levantou.

- Oi Sakura – ela me saudou timidamente.

Céus! Como ela estava mudada, desde a minha viagem ao Canadá três anos atrás que eu não a via. Os cabelos negros, agora longos, ressaltavam ainda mais seus olhos azuis, e a camiseta do Naruto que ela usava deixava a mostra boa parte de suas esguias pernas... Ela estava usando uma roupa do Naruto! A tímida garota do passado que desmaiva só de falar com garoto que amava platonicamente havia se transformado numa mulher capaz de se sentir a vontade usando uma roupa desse mesmo garoto, que tampouco era mais um garoto.

- Oi Hinata – eu a saudei de forma contrariada.

Eu tinha vontade de seguir andando até o meu quarto e ignorar a presença dela ali na minha frente. Em minhas veias meu sangue fervia, eu não acreditava como o Naruto havia podido trazer a sua noiva para dormir com ele naquela casa, para dormir naquela cama que pertencia apenas a nós dois. Em tantos anos que eu namorava o Sasuke, eu nunca havia feito sexo com ele baixo aquele teto, porque aquela casa era um lugar que pertencia apenas ao Naruto e a mim.

- O Naruto foi comprar comida para o café da manhã – a Hinata quis seguir com a conversa.

- Ok. Eu vou para o meu quarto.

Girei os calcanhares e segui andando. Ao entrar no quarto, sem querer, bati a porta com força.

- Idiota! – eu controlei meu tom de voz para que a Hinata não me ouvisse – Foi comprar o café da manhã?! 

Nem Naruto e nem Sasuke nunca foram dados ao cavalherismo de me comprar o café da manhã depois de passarmos uma noite juntos, eu é que me levantava mais cedo e ia prepará-lo.

Respirei fundo e tentei me acalmar. Eu precisava entender o que estava acontecendo antes que eu terminasse me quebrando por completo, porque erroneamente eu ainda acreditava que havia ainda algo inteiro dentro de mim.

Olhei para o relógio que ficava ao lado do notebook e vi que não tinha tempo para ficar pensando, eu tinha que ir trabalhar.

- Droga! Eu estou atrasada.

Rapidamente eu coloquei uma roupa limpa e passei um lápis verde no olho. O batom ficaria para quando eu chegasse ao hospital.

Ao passar pelo corredor novamente, eu vi que a porta do quarto de Naruto estava fechada. Andei em ponta de dedo para não atrapalhar o casalzinho. Desci as escadas pisando suavemente e quando eu já estava nos últimos degraus eu vi que a lareira conservava resquícios de fogo que lutavam para se inflamarem novamente. Aproximei-me e vi que a madeira estava consumida pela metade, e isso me fez acreditar que o Naruto a havia acendido na noite passada. 

Lágrimas vieram aos meus olhos.

- Se ele fez isso, eu jamais o perdoarei...

Eu não queria aceitar que ele havia dormido com a noiva no mesmo lugar que nós havíamos dormido juntos duas noites atrás, mas o que eu via me fazia acreditar que essa era a única verdade.

- Boba... O Naruto gosta da Hinata. Por isso nunca terminou com ela.

Eu peguei o carro e sai dirigindo-o em alta velocidade.

Novamente, como um vicio, eu estava repetindo os erros do passado que me levaram ao meu próprio abismo de medo e solidão; eu era capaz de entender o Sasuke melhor do que ninguém porque assim como ele eu também era incapaz de abandonar algo que me destruía.

As lágrimas presas em meus olhos embaçavam a minha visão. Estava ficando difícil seguir dirigindo.

Há muitos anos, eu sabia que tinha que parar de amar o Naruto porque esse meu sentimento machucava a nós dois. Porém desde que eu descobrira que o amava, o meu propósito de me manter afastada dele era sempre instável demais, e sem querer eu o arrastava para dentro desse turbilhão de sentimentos oscilantes entre a razão e a emoção.

Parei o carro na minha habitual vaga no estacionamento do hospital. Fiquei um pouco sentada tentando acalmar meus batimentos cardíacos e esperando que a raiva que eu sentia de mim mesma se dissipasse.

- O Naruto e eu somos irmãos.

No dia da audiência, assim como havíamos combinado, o Naruto e eu dissemos que nós éramos irmãos e por respeitarmos um desejo de nosso falecido pai, não aceitaríamos que o exame de DNA fosse realizado. O juiz concedeu a Naruto um documento que o ligitimava como sendo meu meio-irmão e um cidadão americano, nos advertindo das conseqüências de uma possível mentira; e era para não enfrentar essas conseqüências que durante todos esses anos eu lutei para reprimir meus sentimentos pelo Naruto.

No entanto, eu sou uma pessoa incapaz de resistir aos meus sentimentos por aquele que deveria ser apenas o meu meio-irmão.

O dia no hospital foi mais agitado do que eu esperava, e na hora do almoço quando liguei para o Sasuke, ele não atendeu.

A volta de Karin para a vida de Sasuke estava me preocupando, uma vez que eu sabia que era ela quem fornecia as drogas para ele. Eu não queria que ele voltasse a cair na escuridão do submundo das drogas. Por outro lado salvar o Sasuke podia significar me afastar de vez do Naruto.

24 de outubro. A data na tela de meu celular me chamou a atenção. Faltavam exatos dois meses para a véspera Natal, e esse seria um Natal que eu passaria com o Naruto depois de três anos.

Flashback

Depois que eu confessei ao Naruto que nós não éramos irmãos e que deveríamos fazer disso o nosso segredo, a declaração de amor que eu havia feito anteriormente a ele parecia ter sumido em alguma esquina do tempo.

A nossa convivência passou a ser a de dois etsranhos que viviam na mesma casa: eu me dediquei aos estudos e aos treinos como cheerleader enquanto que o Naruto estava treinando cada vez para os campeonatos da liga amadora de hockey no gelo. Nossos horários tão diferentes não permitiam que nós nos encontrássemos, e havia pouco interesse por parte dos dois que isso acontecesse. Ele seguiu namorando a Hinata, e eu segui sozinha.

    

No natal daquele ano, eu decidi fazer algo diferente do que normalmente eu fazia nessa época. Cheia de coragem, eu fui até o sótão e procurando desviar o meu olhar das caixas que guardavam as fotografias de meus pais e de minha infância, eu peguei a empoeirada caixa que guardava os enfeites natalinos. Pela primeira vez desde o inicio do ano letivo em setembro, eu faltei na escola e fui ao centro comprar um enorme pinheiro que foi entregue em casa duas horas depois que eu o comprei.

Limpei cada um dos enfeites e coloquei-os no pinheiro e por toda a casa. Arriscando-me subir no telhado, prendi as pequenas luzes de natal na canaleta, igual a como minha mãe costumava a fazer. Na varanda, eu coloquei um boneco de Papai Noel enorme sentado no velho balanço e também prendi mais luzes de Natal por todo o contorno da varanda.

- Eu havia me esquecido de como nós tínhamos enfeites de Natal!

Eu estava tão contente. Ao voltar para dentro, fui até a velha casa e vi que restava um último enfeite a ser limpo e colocado em seu lugar: um ramo de azevinho. Aquilo me trouxe a desagradável recordação do beijo trocado entre o Naruto e a Hinata. Fechei a caixa com raiva e deixei o enfeite ali esquecido.

Ao crepúsculo, acendi as luzes de Natal e notei que algumas pesssoas pararam para observar, meus vizinhos até mesmo saíram na janela. Desde a morte de meus pais, o Natal havia sido esquecido na casa verde de estilo colonial de número 4.

Eu estava exausta, mas olhando tudo a minha volta eu senti que havia valido a pena. Fui para a cozinha preparar o jantar. Eu não havia combinado nada com Naruto sobre jantarmos juntos, mas achei que seria legal se o fizéssemos. Às sete horas em ponto, ele chegou a casa.

- Sakura! Sakura!

Ele parecia estar desesperado. Eu fui até a sala encontrá-lo, e vi que seus olhos azuis iam de um lado ao outro do ambiente escuro iluminado pelas luzes natalinas da árvore.

- O que foi, Naruto? – eu perguntei fingindo estar brava pela gritaria.

- Você... Você fez isso? – ele parecia não acreditar no que via.

- E quem mais faria? O Papai Noel? – eu retruquei irônica.

- Está demais! – ele disse sorrindo.

Eu empinei o nariz e agradeci.

- Obrigado. Eu fiz uma torta de amoras. Você quer um pedaço?

Ele balançou a cabeça num sinal positivo.

Depois de muito tempo finalmente tivemos um jantar em família. O assunto da conversa entre nós foi sobre os treinos de hockey e do futuro do time.

- O que você vai fazer quando terminar o colégio? – eu lhe perguntei curiosa – Sabe, se eu for para Harvard, eu não vou mais morar aqui.

Os olhos dele repentinamente se entristeceram e forçando um sorriso, ele brincou.

- Eu vou para Harvard também.

- Duvido que consiga – eu comecei a brincar também - Nem que você seja o melhor jogador do mundo de hockey!

Naruto riu e nossas risadas ecoaram pela casa.

E tão rápido como começou, o riso sumiu. Eu u estiquei meu braço para pegar um pouco de leite que estava na jarra e ao mesmo tempo ele fez o mesmo movimento, sem querer nossas mãos esbarraram e nossos olhos se encontraram. Senti-me atraída por aqueles olhos cristalinos tão claros que fizeram meu coração acelerar.

Eu não podia mais me negar que eu o estava amando, ainda que isso me fizesse sentir raiva de mim mesma.

Levantei-me da mesa.

- Depois que terminar de comer, guarde tudo na geladeira.

E sem esperar uma resposta por parte dele, eu subi correndo para o meu quarto.

Nos dez dias que se seguiram até a véspera de Natal, a minha convivência com o Naruto não mudou em nada.

Na véspera de Natal, eu me sentei na sala e fiquei no escuro observando o piscar das luzes de natalinas. Escutei os passos de Naruto descendo as escadas e ao se aproximar de mim ficou parado me olhando em silencio.

- O que foi? Quer a minha permissão para ir ver a sua namorada? – eu estava irritada.

- A Hinata disse para eu te levar.

- Eu estou bem aqui.

- Não quero que fique sozinha.

- De boa Naruto, pode ir. – eu forcei um sorriso – Eu vou ficar bem... Hoje faz um ano que você e a Hinata estão namorando, é bom que comemorem juntos.

Eu era mais forte do que a solidão.

- Ok. Eu vou voltar mais cedo.

Girando os calcanhares, e sem se despedir, ele saiu.

Ao escutar a porta bater, eu deixei que as lágrimas que a tanto custo eu segurava rolassem por minha face.

- Feliz Natal... Naruto.

Olhei pela janela, e com a visão embaçada eu vi algumas luzes surgindo na janela. Um coral de crianças cantava uma conhecida canção natalina: “Deck the halls”.

A porta de entrada se abriu e eu me coloquei prontamente em pé. Com o dorso da mão, limpei as lágrimas que ainda escorriam por minha face enquanto observava a conhecida figura parada no hall de entrada me olhando.

- Acho que é melhor eu ficar aqui com você.

Eu corri para abraçá-lo.

- Obrigado.

Ele me acolheu carinhosamente em seus braços. Sua jaqueta molhada por causa da neve que caia não me incomodou.

- Feliz Natal, Sakura.

Eu ergui minha cabeça e novamente nossos olhos se encontraram. A pouca iluminação da sala não me permitia ver seus olhos azuis com perfeição; por outro lado a luz denunciava, através do brilho de minhas lágrimas, que eu estivera chorando.

Nossos rostos ficaram bem próximos e eu notei que ele parecia estar exitante. Eu também estava, mas pela primeira vez eu senti que não o havia enganado quando disse, naquele domingo após o baile, que eu o amava.

- Naruto, você vai mesmo ficar comigo? Você prometeu que ninguém nos separaria.

- Sakura, eu vou ficar aqui do seu lado.

Inclinei minha cabeça para frente, e Naruto fez a mesma coisa. Acabamos nos beijando uma vez mais. Aquele não foi um beijo infantil, ao contrário, foi um beijo tão intenso que me fez perder o fôlego.

As luzes das velas das crinaças do coral e o som da cantiga aos poucos se afastaram. O silêncio tomou conta do ambiente a nossa volta.

Ao dar-me conta do quão errado estava em ceder daquela maneira aos meus sentimentos recém descobertos, eu me afastei de seu corpo.

- Não podemos... Nós somos irmãos.

Naruto me olhou confuso.

- Você disse que nós...

- Você prometeu manter o nosso segredo – eu o interrompi bruscamente - Não podemos deixar que as pessoas saibam a verdade.

Depois de dizer aquilo, não havia mais nada o que se retrucar. O Naruto entendeu que eu manteria o “nosso segredo” acima de qualquer sentimento, não que isso lhe tenha impedido de me persuadir anos depois.

- Tem um presente para você embaixo da árvore.

- Presente?! – eu estava surpresa por ouvir aquilo – Eu não comprei nada para você.

E acho que nem mesmo ele esperava que eu tivesse comprado algo, uma vez que eu jamais lhe dera um presente de Natal.

Naruto tirou o casaco e deixou-o sobre o sofá, em seguida foi até a árvore, pegou um pacote azul e estendendo o braço ele me entregou o presente. Rapidamente eu rasguei o papel e abri a caixinha retangular vermelha aveludada, abri a boca surpresa ao ver seu conteúdo: um colar prata com pingente em formato floco de neve recoberto por pequenos cristais brancos que brilhavam com a incidência na luz.

- Por que comprou isso?

- O Papai Noel é que trouxe – ele disse num tom jocoso - Acho que ele pensou que ia ficar legal em você.

Eu quase estraguei a brincadeira dizendo que ainda não era meia-noite e que eu estava muito velha para acreditar em Papai Noel, mas ao invés disso eu sorri e disse:

- Eu me esqueci de deixar o leite e as bolachas para o Papai Noel.

- Não tem problema, no próximo ano você deixa.

Eu pendurei a corrente em meu pescoço.

- É linda – eu disse isso não simplesmente por gentileza, o pingente era realmente maravilhoso; uma peça única e rara de se encontrar.

Nós nos sentamos no sofá e ficamos olhando a enorme árvore de Natal. Esporadicamente ouvíamos o som das crianças que passavam entoando cânticos natalinos e quando isso acontecia, nós começávamos a cantar junto com eles.

Num determinado ponto da noite, cansada, eu deitei minha cabeça nas pernas de Naruto; um minuto depois ele começou a acariciar meus cabelos. Acabei adormecendo ali.

Três dias antes da véspera de ano, eu sonhei com a noite do acidente de carro que matou meus pais; só que em meu sonho quem estava no carro não era eu, e sim o Naruto. Tudo era tão real que eu acreditei mesmo estar em pé na estrada olhando o precipio onde o carro havia caído, as ondas batiam forte contra a muralha de pedra e a chuva dificuldade a minha visão; eu queria gritar, mas a minha voz não saia. Em meu interior, o desespero por sentir-me sozinha tomava conta de mim.

- Naruto!

Eu acordei gritando por seu nome. Através da janela, eu via os fortes relâmpagos iluminando os céus, encolhi-me na cama assustada. Em poucos segundos, Naruto apareceu no meu quarto ofegante.

- Sakura, você está bem?

- Não – eu respondi num tom de voz baixo e choroso.

Ele se sentou na beirada da cama e eu joguei meu corpo contra o dele. Novamente ele me acolheu entre seus braços, e eu senti que seu coração batia tão rápido quanto o meu. Aos poucos, enquanto a chuva caia nossos corações começaram a bater no mesmo ritmo.

- Eu sei que é errado... – eu rompi o silêncio – Mas... Eu gosto de você.

-Não é errado gostar de alguém, Sakura.

Pelo menos não deveria mesmo ser errado gostar de alguém. Os lábios de Naruto nos meus fizeram meu coração bater rápido, mas também fez meu medo sumir. E foi nos braços dele que eu adormeci naquela noite também.

Fim do flashback

Aos 17 anos, eu era imatura demais para lidar com meus sentimentos e hoje eu sinto que não cresci em nada nesse aspecto. Eu continuo amando demais a quem eu não deveria amar. O Naruto disse que não era errado gostar de alguém, então porque sentir o que eu sentia por ele parecia ser o pior erro que uma pessoa pode cometer? Eu só queria estar para sempre ao lado do Naruto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

nota da autora:
Mais um cap que conta mais do passado do que do presente dos personagens, em breve a fic vai mostrar apenas o tempo presente. A Sakura mostra o quanto ela é oscilante em relação aos seus sentimentos por Naruto, e acho que mais para frente vcs poderão entender ainda melhor a razão dela em esconder tal coisa.


Espero que estejam gostando.

Aguardo reviews!!! :p



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Nosso Segredo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.