Jacob via o sol nascer, não estava conseguindo dormir. Se mantinha sentado no topo da colina, imóvel, a mais de três horas. Em suas mãos, estava a manta marcada pelo sangue virginal de Renesmee. Em sua cabeça, se passava milhões de dúvidas, mas em seu coração, a única certeza: ele a amava.

Se lembrar dos lábios pedintes, dos seios macios, de seu corpo envolvendo-o... só deixava-o ainda mais triste. Mesmo depois de tudo, ela ainda iria se casar, isso, se Jake realmente permitisse.

Diante dos costumes ciganos, uma mulher tem que vir virgem para o leito de seu marido, embora muitas não cumpram, o marido tem o direito de devolvê-las aos pais caso elas não sejam mais virgens, além de que, se um homem se deitar com uma mulher, ele têm que desposá-la.

Jake tinha nas mãos a prova de que Renesmee fora sua, ele poderia arruinar o casamento, mas não sabia se teria coragem. Nos olhos de Renesmee ele vira medo. Como se ela escondesse algo dele. Jake analisou mais uma vez a manta.

Alice bateu na porta de Renesee, que não respondeu. Alice resolveu entrar para poder acordar a irmã, mas Renesmee estava acordada, encarando o sol pela janela.

-Estás acordada a muito tempo?-Alice perguntou.

-Não dormir.-Renesmee se virou, caminhando de volta para cana,-Estou nervosa e cansada, talvez pudesse me deixar dormir um pouco.-Alice encarou a irmã, que se misturava aos lençóis.

-Logo após o almoço venho te arrumar.-Alice avisou, deixando o quarto. Renesmee abraçou o travesseiro e chorou.

Jane cuidava das roupas de cama no quarto do Alec, enquanto Sulpicia ajeitava as cortinas. Alec, estava  olhando, imaginando a noite que teria ao lado de Renesmee.

-Tens certeza que não querem viajar?-Sulpicia já havia aceito o casamento do filho com Renesmee, mas não gostava nem entendia dos atos da garota. Principalmente o de não querer Lua de Mel.

-Já disse que não.-Alec foi grosseiro com a mãe.

-Quando ela vai trazer os baús?-Perguntou Jane.

-Edward deve mandar algum dos empregados trazerem durante a tarde.

-Renesmee deve estar nervosa.-Jane sorria.

-Aposto que está.-Alec riu, voltando a ler.

Renesmee havia conseguido dormir, e no minuto seguinte Claire e Alice entram no quarto para ajeitarem as últimas coisas.

-Já se passou do almoço?-Renesmee se sentou na cama, ainda dolorida em sua intimidade.

-Ainda não foi servido, enquanto Sue termina-o vamos arrumar seus baús.-Claire tinha o olhar triste, ela sabia que a amiga não estava feliz ou empolgada com esse casamento.

-Então o façam, não estou muito disposta.-Renesmee encarou mais uma vez o sol, ele lembrava tanto o sorriso de Jacob.

-Deverias se animar.-Alice advertiu.

-Não quero.-Renesmee resmungou.

-Vou buscar algo para a Senhorita comer.- Claire falou tristonha, saindo do quarto.

-Não quero ser a responsável por sua infelicidade.-Alice tinha lágrimas nos olhos.

-Não será,  não nasci para ser feliz.-Renesmee soltou um sorriso amarelo.

Renesmee estava sentada em sua penteadeira, apenas enrolada em sua toalha, seu corpo escorria água, molhando todo o assoalho. As lágrimas queriam descer, mas ela não permitiu, seria mais forte do que isso. Rose entrou sorridente no quarto.

-Como está nossa noiva?-Rose sorria, enquanto colocava o vestido e as demais roupas de Renesmee sobre a cama.

-Nervosa.-Renesmee mentiu.

-Como mamãe não estás mais aqui para ter essa conversa, acho que eu terei que fazê-la.-Renesmee fingiu interesse, virando-se e encarando a irmã.

-Hoje a noite, depois que se casar, vós mi cê se tornará uma mulher.-Renesmee riu fracamente com a frase da irmã.-No começo, é incomodo e dolorido, mas se vós mi cê consegui relaxar e deixar acontecer, pode até ser razoável.

-Essa dor passa?-Renesmee realmente tinha gostado da dor.

-Com o tempo.-Rose sorriu.-Não se assuste com o sangue.-Renesmee murchou, não haveria sangue.

-Renesmee?-Edward bateu na porta.

-Sim pai.-Renesmee deu por encerrada a conversa com Rose.

-Posso mandar Quil levar os baús?

-Claro.

-Agora vamos arrumar essa noiva.-Rose disse no instante em que Alice invadiu o quarto.

-Vai ser o casamento mais comentado de toda a Forks!-Alice bateu palmas animadas.

-A noiva que se deitou com o diabo.-Renesmee riu levemente.

-Credo! Pare de repetir essas asneiras.-Rose se benzeu, enquanto Claire entrava no quarto, ainda tímida, não sabia se teria lugar para ela ali.

-Quem disse que são asneiras?-Renesmee arqueou uma sobrancelha, fazendo Rose se assustar.

-Senhorita.-Claire chamou docemente.

-Sim?-Claire mudou de idéia, Renesmee já tinha as irmãs para ajudá-la.

-Só vim saber se precisaria de algo.-Ela já estava saindo, quando Renesmee falou:

-Preciso de alguém com juízo para salvar-me dessas duas.-Claire sorriu, sempre haveria lugar para ela ao lado de Renesmee.

-Claire, devia tentar colocar um pouco de juízo em Renesmee, e convencê-la a usar o vestido perolado. –Alice pediu.

-Não, eu vou com o que eu escolhi.-Renesmee falou firme.

-É um casamento, não um velório!-Rose rebateu.

Não para mim, minha alma morre hoje. Renesmee pensou friamente.

-Eu vou com o que eu escolhi.-Ninguém mais ousou discutir.

Como toda noiva, Renesmee fora vestida, maquiada e perfumada. Os risos eram fáceis, embora o coração dela sangrasse aos poucos, a cada vez que percebia seu terrível destino se aproximando.

-Está divina!-Alice cantarolou, anunciando que a produção estava completa. Renesmee se negava a encarar o espelho.-Embora eu prefiro o perolado.

-Já está quase na hora, nós já vamos, papai te levará em poucos minutos.- Rose abraçou Renesmee.-Logo será uma mulher casada.

-Obrigada.-Alice agradeceu, beijando a face pálida de Renesmee, saindo logo atrás de Rose.

-Espero que esteja fazendo o certo.-Claire abraçou a amiga, já soluçando.

-Não chore, não quero a minha madrinha chorando.-Renesmee tentou brincar.

-Vou esforçar-me.- Claire passou pela porta, deixando Renesmee sozinha no quarto.

Não tendo ninguém por perto, ela se sintou afundar dentro de um oceano negro e gélido. As paredes pareciam julgá-la, condená-la e a risada de Jacob ecoava pelo cômodo. Renesmee respirou fundo, virando-se para encarar seu reflexo.

A morte. Renesmee sorriu, admirando o belo e demoníaco vestido.

A saia principal era de um cetim negro, que brilhava como o céu noturno, a segunda saia, era cravada de pequenas ônix, que caiam docemente sobre a primeira saia, deixando apenas um grande V invertido do cetim a mostra. As mangas eram largas e compridas, formando dois sinos de tecido fosco.O que mais chamava a atenção era o corpete vermelho vivo cravado de ônix, que apertava e suspendia os seios pálidos de Renesmee.

Renesmee sorriu acariciando o pequeno cacho que caia sobre o ombro, seu cabelo estava mais vermelho que o natural, contornando perfeitamente o rosto de feições endiabradas e , ao mesmo tempo, angelicais.

Em um único solavanco a porta foi aberta, fazendo Renesmee se assustar, o grito de espanto já estava quebrando a barreiras de seus lábios quando ela se depara com Jacob, trancando a porta, ela se forçou a engolir o grito.

-O que fazes em meus aposentos?-Renesmee sussurrou.

-Não vou desistir.-Ele falou serio, encarando a bela dama vestida em sua frente. Jacob admirou cada centímetro dela antes de encarar seus olhos.

-Vai se casar de luto?-Jacob sorriu de canto, era irônica a situação.

-Não gosto de ser tradicional.-Renesmee mentiu.

-Case comigo?-Jacob pediu. Fazendo Renesmee perder o ar, casar-se com ele, ser dele pelo resto da vida. Renesmee queria gritar sim, mas seus lábios a traíram.

-Não posso.-Com um suspiro repleto de agonia ela cuspiu as palavras.-Não conseguiria viver em um acampamento.

-É esse o empecilho? Pois bem, eu me mudo para cá.-Jacob desistiria de tudo por Renesmee. Não existiria vida sem ela.

-Ainda será um cigano.-A garganta de Renesmee se fechou e a língua queimou com o tamanho da mentira, ela o amava desse jeito, sendo esse cigano rústico e grosso. Ela o amava.

-É difícil saber se és apenas mimada ou um vadia.-Jacob cuspiu.

-Penses o que quiser.-Renesmee prendeu as lágrimas.

-Sabes o que é o pior?-Jacob encurtou a distancia entre eles com passos longos e firmes.-Eu ainda a amo.-Jacob a puxou, beijando-a como um animal faminto.

Renesmee tentou escapar, mas seu corpo gritava por aquilo, e logo se rendeu ao beijo flamejante. Estava ponderando se daria, ou não, tempo de se entregar novamente ao Jacob quando Edward bateu na porta. Renesmee se desvinculou dos braços do cigano.

-Filha?-Jacob sussurrou algumas palavras chulas.

-Já estou descendo.-Ela falou sem fôlego.

-Não vá.-Jacob pediu.

-Não me peça algo que não posso dar.-Renesmee sussurrou.

-O que posso pedir então?-Jacob prendia as lágrimas, enquanto Renesmee se virava e pegava na penteadeira o colar com o pingente de rubi em forma de coração.

-Meu coração.-Ela entregou a ele e saiu apressada do quarto, prendendo as grossas lágrimas enquanto descia correndo as escadas. Trombou com Claire, que tinha um olhar travesso.

-Vós mi cê que o deixaste subir?-Renesmee indagou.

-Perdoa-me.-Claire pediu, dando passagem a Renesmee.

Renesmee encarou Julios, um de seus empregados, que hoje faria o papel de Quil, conduzindo a carruagem. Edward já estava a sua espera, ele não sorria. Ele sabia que esse casamento só traria dor e sofrimento para sua filha, mas não poderia intervir, Bella o pediu. Tentou sorrir fracamente, beijando a mão de Renesmee.

-Estás pronta?-Ele perguntou, decifrando o mar de nervosismo nos olhos castanhos.

-Estou.-Renesmee subiu na carruagem, com a ajuda do pai, que subiu em seguida. Quil e Claire estavam indo com a outra carruagem, cedida por Renesmee.

Assim que a carruagem começou a se mover, Renesmee encarou a janela de seu quarto, vendo um Jacob com semblante sofrido e raivoso. Ela não estava apenas estragando a sua vida, mas a dele também. Mordeu delicadamente o lábio, segurando o soluço, enquanto os olhos queimavam, mas não deixavam as lágrimas escaparem.