O salão de festas da casa dos Cullen estava repleto de convidados, a cidade inteira parecia estar presente. Renesmee vasculhava cada centímetro com olhos a procura de Jacob ou de qualquer um dos ciganos, mas eles ainda não haviam chegado. Renesme suspirou e se sentou novamente ao lado de Alec.

Era incomum um casamento de servos ter tantos convidados, mas quando se tratava de uma festa na casa dos Cullen, todos faziam questão de estar presente, sem se importar com qual fosse o motivo da cerimônia.

Alice chamou por Renesmee, avisando que iria começar a cerimônia.. Todos tomaram seus lugares, e a marcha nupcial começou a tocar. Quil estava tão elegante no terno cor de mogno, um verdadeiro burguês, Renesmee se sentiu envergonhada de admirar tanto o noivo de sua amiga. Seu pai e Sue desfilaram majestosamente, Edward estava novamente bonito e bem vestido. Sue chorava enquanto caminhava, ela possuía grande afeição por Claire.

Alice e Jasper entraram majestosamente, assim que acalcaram o altar, Claire passou pela grande porta de madeira. A pequena ama tinha confeccionando o mais belo vestido já visto em Forks. Todas as mulheres presentes comentaram o deslumbre do vestido. Claire tinha tantas lagrimas nos olhos, que uma delas ousou escorrer na face de Renesmee, que se negava a chorar.

A cerimônia foi simples, rápida e linda. Quil não conseguia esconder o sorriso e Claire não parava de chorar de tamanha alegria. Renesmee se negava admitir que houvesse chorado, embora seus olhos estivessem vermelhos.

Jane, que tinha o braço entrelaçado ao de Demetri, sonhava em como seria o seu casamento, o seu vestido. A imaginação da pequena menina a levou a mais além, a como seria a noite de núpcias. Sulpicia não conversava ou explicava o que acontecia entre o casal, e a curiosidade de Jane estava atormentando-a.

Alec conduziu Renesmee na valsa, ela não suportava a vagareza. Um murmuro começou a se formar perto da entrada, Renesmee pensara ser algum convidado já embriagado e se soltou de Alec. Passava pelas pessoas, tentando chegar ao inicio do murmuro, ao passar por Jared e Kin avistou Jacob. Vestido como um cigano, Jacob chamava a atenção de todos, que achavam um absurdo a situação. Renesmee sorriu.

-Venha.- Renesmee chamou, sorrindo. Assim que Jacob entrou, os demais ciganos o seguiram, cumprimentando Renesmee.

-Sirvam-se.- Renesmee sorria.

-Estas linda.- Jacob cheirou docemente o pescoço de Renesmee.

-Estas atrasado.- Jacob riu.

-Isso é uma festa?- Jacob riu, puxando Renesmee pela mão até onde a pequena banda tocava a valsa.

-O que pensas em fazer?- Renesmee não percebeu, mas todos os olhares estavam presos nela.

-Já vais saber!- Jacob ria dos olhos esbugalhados de Renesmee.

-Por favor, podem dar licença?- Jacob pediu aos músicos.

-Senhorita Cullen?- O maestro olhava espantado para Renesmee, que já entendera o que estava acontecendo.

-Podem ir.- Renesmee se virou, encarando Jacob.- Vou me livrar as anáguas.

Alice estava a tempos de enfartar! Não acreditava no que estava vendo. Um bando de ciganos tomavam a festa, até mesmo o lugar da banda. Renesmee sumira e os convidados murmuravam.

Aro olhava severamente para o filho. Alec estava explodindo de raiva.

-Alec, estás ciente de que compete pelo amor de Renesmee?- Aro não gostava de ver o filho assim.

-Não irei perder para um cigano!- Alec bufou.

-Então deves lutar até o fim.- Aro sorriu, via o seu reflexo no filho. Nunca desistira de nada na vida.

Rose sentiu as pernas falharem quando viu Renesmee entrando descalça e sem as anáguas. Emmett gargalhou e Edward sorriu. A música tipicamente cigana começou a tocar, e Jacob conduziu Renesmee para o centro do salão. As velas davam um tom alaranjado aos convidados que olhavam escandalizados a dança deles.

Todos os outros ciganos começaram a dançar, os demais convidados, estavam perplexos de mais para se mexerem. Renesmee, vendo o espanto geral, começou a rir e se soltou de Jacob. Saltitou até Alec o puxando pela mão para dançar. Alec não queria ir, mas acabou cedendo. Não podia  se dar ao luxo de permitir que Jacob passasse mais tempo ao lado de sua amada.

Alec se atrapalhava e gargalhava; mesmo sendo um ritmo de pessoas promiscuas era divertido. Renesmee sorria. Jane pegou a mão de Demetri o puxando para o centro do salão, ele a seguiu sem hesitar.

-Queres mesmo dançar?- Demetri perguntou sorrindo.

-Estou fascinada!- Jane sorriu. Sulpicia agarrou no braço de Aro, estava boquiaberta com seus dois filhos dançando!

-Aro, faça alguma coisa!- Aro sorriu, puxando a amada pelo braço.

-O que pensas...- Aro não permitiu que ela terminasse a frase.

-Vamos dançar!- Aro sorriu, fazia tempo que não sabia o que era quebrar costumes ou regras.

Renesmee tinha o cabelo desarrumado, o vestido bagunçado e o decote levemente suado, o que só aumentava os olhares pecaminosos. Pediu licença a Alec e foi beber algo, estava sedenta. Enquanto bebia vinho, Uma mão pousou em seus ombros, assustando-a.

-Damon?- Renesmee se assustou.

-Estás linda.- Renesmee sorriu, agradecendo ao elogio com os belos olhos.

-Estás gostando da festa?- Renesmee ainda estava sem fôlego.

-Muitíssimo.- Damon sorriu, erguendo a taça para um brinde.

-Gostaria de falar a sós com a senhorita.- Damon pediu, encostando os lábios no glóbulo da orelha de Renesmee, que sentiu a coluna gelar.

-Lamento, tenho convidados para cuidar.- Renesmee se desvinculou de Damon, seguindo novamente para o meio do salão. Uma mão apertou seu pulso, Renesmee pensou em gritar, mas a voz de Quil a acalmou.

-Srtª, nós já estamos indo.- Os olhos dele brilhavam tanto quão os de Claire, que se agarrava ao braço do marido.

-Já se despediram de todos?- Claire acenou com a cabeça.

-Então vamos, vou acompanhá-los até o cavalo.- Renesmee sorriu, seguindo com os amigos em direção a varanda. Ao longe, Damon observou a cena.

-Podemos ir?- Maria pediu a Damon.

-Não, tenho um assunto a resolver.- Damon virou mais uma taça de vinho, já estava levemente embriagado.

Renesmee abraçou Claire, que tremia levemente.

-Estás nervosa?- Renesmee sussurrou nos ouvidos da amiga.

-Tenho medo de doer.- Claire confessou.

-Quil te ama muito, não vai permitir que dor alguma lhe assuste.- Claire sorriu, respirando fundo e subindo no cavalo. Agora já era uma mulher casada, estava cada vez mais próxima da tal falada felicidade completa.

Renesmee acenou para o cavalo que galopava pela noite. Sentiu um arrepio percorrer a espinha, se virou assustada. A porta do estábulo estava batendo, Quil deve ter esquecido de trancar. Andou rapidamente em direção ao estábulo, se afastando da música alta que vinha da casa.

Renesmee colocou a cabeça para dentro do estábulo, não conseguia enxergar muita coisa, apenas os cavalos em suas baias. Se virou mais calma, uma mão agarrou sua boca e outra cintura, puxando para  a escuridão do estábulo. Renesmee tentou gritar enquanto se debatia, mas a mão apertava fortemente sua boca, era impossível emitir qualquer som audível.

Renesmee notou que o agressor fechava a porta, mas não diminuía o aperto. Renesmee se contorcia e chorava. Não queria ter o mesmo fim de Anita. O homem a arrastou até uma das baias vazias, colando seu corpo no dela. A respiração de Renesmee era falha e banhada de terror. O individuo amordaçou-a, impedindo-a de gritar e podendo usar ambas as mãos para acariciar o corpo tremulo de Renesmee, que o atingiu com um soco no olho, porém, isso só atiçou a raiva e o desejo dele. Com uma das rédeas, amarrou as mãos de Renesmee atrás nas costas, e começou a beijar sua boca, por cima da mordaça.

Renesmee nunca odiou tanto ser bela e desejada como estava odiando agora. Suas lágrimas queimavam o rosto, seu corpo tremia e seus pensamentos eram apenas de sobreviver. As mãos do homem, que a torturava, cortaram o espartilho, o vestido em seguida. Renesmee sentiu o afrouxo da peças em seu corpo, a escuridão escondia o rosto do agressor. Sentiu os toques em seus seios, choramingou.

-Sempre sonhei com esse momento.- O ar de Renesmee falhou, ela conhecia o agressor.

Jake estava procurando por Renesmee e não conseguia encontrá-la em lugar algum, passou por Sam que encarava a saída.

-Sam, viu Renesmee?- Jacob já não sentia raiva do amigo.

-Ela saiu.- Sam deu os ombros.

-Faz muito tempo?- Jacob sentia um aperto estranho no corpo.

-Creio que sim.- Sam olhou preocupado para Jake que ia em direção a porta.

Renesmee não acreditava no que estava acontecendo, não entendia o motivo pelo qual estava prestes a ser violentada. Tudo apenas por ser como ela é?

-Seu cheiro...- O homem sussurrou.

Renesmee tentava tirar a mordaça, quando conseguiu afrouxar, se esforçou para consegui pronunciar uma única frase.

-Por que Damon?- Damon se irritou e arrancou a mordaça, invadindo a boca de Renesmee com a língua. Renesmee mordeu com força, fazendo Damon gritar.

-Sua vadia!- Damon esbofeteou  Renesmee, que caiu em cima das palhas.

-Renesmee?-  A voz de Jacob ecoou do lado de fora. Renesmee sentiu o coração saltar no peito.

-Jacob!- Renesmee gritou com toda a força que tinha em seus pulmões, levando um forte chute na face em seguida.

Jacob lançou o corpo contra a porta de madeira, fazendo-a ranger. Se lançou novamente, e dessa vez a porta abriu. Seu coração batia descompassado, seu corpo queimava com o choque de adrenalina. A escuridão se desfez levemente, com o pouco de claridade que a lua oferecia essa noite, Jake não conseguia enxergar mais do que um pequeno corredor entre as baias.

O choro baixo de Renesmee o fez correr na direção a baia onde ela se encontrava, ele não conseguia vê-la, e pior, não conseguia ver quem tinha feito isso à ela.

Tateou até encontrar os cabelos desalinhados de Renesmee, com um único movimento puxou-a pelos ombros para seu peito. O choro dela cortava sua alma.

-Me tira daqui.- Renesmee pediu entre soluços, Jake a pegou no colo caminhando para fora. Assim que saiu, a luz da lua deu a ele a visão do vestido rasgado de Renesmee. Ele a pôs no chão, tirando sua camisa, entregando a Renesmee em seguida. Ele queria voltar lá para dentro e matar o desgraçado que fez isso a ela, mas não podia deixá-la assim.

-O que ele fez?- Jacob a pegou novamente, caminhando com ela nos braços até entrada da cozinha da casa grande.

-Ele ia abusar de mim..- Renesmee se agarrava com força ao peito de Jacob. Sue estava na cozinha quando eles entraram, o prato em suas mãos, repleto de comes, foi ao chão e suas mãos a boca.

-O que houve?- Sue correu até Jacob.

-Tentaram abusar dela.- Nesse momento Alice entrou na cozinha sorrindo, mas seu sorriso sumiu ao ver a cena.

-Renesmee!- Alice gritou, correndo para amparar a irmã.

-Jasper, avise que a festa acabou e chame Rose!- Alice pediu.- Traga-a.- Alice seguiu para o quarto de Sue, não podia passar com Renesmee nesse estado pelos convidados.

-O que aconteceu?- Alice se sentava na cama, enquanto Jacob colocava Renesmee na cama, ela se encolheu, deitando a cabeça no colo de Alice.

-Alguém tentou violentá-la.- Alice deixou um pequeno gritinho sair com a reposta de Jacob.

Alec viu Jasper anunciar a fim da festa, e em seguida buscar a irmã de Renesmee, sem ser visto, seguiu-os até o quarto de uma serviçal, ficou do lado de fora, escutando a conversa.

Rose entrou assustada no quarto, vê sua irmã com o vestido rasgado e a camisa do cigano em seu corpo a assustou. Renesmee chorava agarrada a saia do vestido de Alice.

-O que foi minha irmã?- Rose se ajoelhou na beira da cama, acariciando a face de Renesmee.

-Damon, ele queria me...- Renemee voltou a soluçar.

Alec escutou a frase pela metade, e compreendera tudo. Damon fingiu ser seu amigo para se aproveitar de Renesmee! A raiva era tamanha, que não conseguia enxergar ou pensar. Seguiu correndo para o lado de fora da casa, a raiva dominava-o.

A fúria de Alec só não era maior que a de Jacob. Ele olhou para a garota ruiva encolhida e chorando, seu sangue ferveu.

-Jacob?- Alice chamou.

-Já volto.- Jacob deixou assim o pequeno quarto, com as mãos tremendo.

Renesmee tomava banho, já em seu quarto. Alice e Rose a ajudavam, ambas sem saber o que dizer para consolar a irmã, que estava em prantos. Renesmee só pensava em quão era alto o preço de ser bela.

Charlie, após ouvir o que Sue lhe contara, começou a andar pela fazenda, acompanhando de outros guardas a procura de Damon. Estava tentando ligar o assassinato de Anita com essa ocorrência.

-Investigador!- Um dos homens gritou, Charlie correu até o homem. Junto ao guarda, estava um corpo. Charlie abaixou-se, virando o homem. Não reconheceu o morto.

-Sabes quem é?- Perguntou ao guarda, observando o crânio lesionado. O individuo havia morrido com pancadas na cabeça.

-Damon Borja.- Respondeu o guarda.