Harry Potter e o Amuleto de Merlin escrita por ana_christie


Capítulo 2
A Nova Profecia




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U

ma grande agitação percorria as salas dos mais importantes figurões do Ministério da Magia, situado em Londres. Não só os Comensais da Morte estavam agindo de maneira incontrolável, como havia a perspectiva de que Hogwarts, a melhor escola de Magia e Bruxaria da Grã-Bretanha, fechasse as suas portas por um tempo indeterminado.

            Rufo Scrimgeour, o Ministro da Magia britânico, estava bastante preocupado. As coisas não estavam caminhando da maneira que ele esperava. Achara que seria muito melhor Ministro do que Cornélio Fudge, mas não parecia haver muita diferença entre eles. Sua pose era apenas fachada. Nesse lindo dia de verão, de céu claro e bonito, estava reunido em sua sala com seus assessores, alguns aurores e uma comitiva vinda de Hogwarts para discutir o assunto. Dessa comitiva faziam parte Minerva McGonagall, a nova diretora da escola e Professora de Transfiguração, Horácio Slughorn, o Professor de Poções, Sibila Trelawney, a Professora de Adivinhação, e Fílio Flitwick, o Professor de Feitiços. O Ministro sentava-se em uma cadeira imponente, que mais parecia um trono, verde e dourada, atrás de uma mesa mais imponente ainda, com as mesmas cores, ambas feitas pelos melhores marceneiros bruxos de que se tem ideia, os irmãos Woodbrown, famosos por construírem os móveis das famílias bruxas mais proeminentes. Os visitantes, assessores e aurores estavam sentados em torno da mesa, que fora aumentada mediante o uso de magia.

            As paredes azul-turquesa cobertas de estrelas e luas douradas e brilhantes; os quadros com belas molduras dos Ministros antecessores, os quais pareciam (na verdade estavam mesmo) prestar muita atenção no que se conversava na sala; as lindas estatuetas de animais mágicos e grandes feiticeiros, enfeitando a sala; bem como os focos de espirais de luzes douradas e prateadas girando pelo teto e iluminando o lugar, nada chamava a atenção dos participantes daquela reunião, que estavam muito preocupados com o problema grave que tinham entre as mãos e que não parecia ser de fácil solução.

            — Bem, Rufo, o problema é esse — disse Minerva, uma bruxa magra, alta e elegante, com cabelos negros excessivamente puxados num coque austero sob um chapéu cônico, vestes em padrão xadrez e um olhar severo e preocupado. — Depois da... da morte de Alvo, Hogwarts não está mais segura. Acho que isto já estava suficientemente claro. Ele era o único a quem Você-Sabe-Quem temia. Eu não vejo como poderemos manter a escola aberta. Teremos muitos alunos para proteger e não acho que os atuais professores de Hogwarts sozinhos sejam suficientes para a proteção de centenas de alunos. Isso foi posto em prova há pouco mais de um mês. Se ao menos Alvo não tivesse nos deixado...

            Os olhos da bruxa estavam úmidos, por ter se lembrado do seu bom e querido amigo, morto de maneira tão vil e cruel há pouco tempo. A verdade era que sempre sentira uma paixão secreta por Dumbledore. Ser diretora no lugar dele a fazia se sentir uma farsa, como se fosse uma traição ocupar um lugar que não merecia, embora ela fosse uma bruxa competente, a melhor, depois de Dumbledore, para assumir aquela função.

            Rufo cerrou as mãos, impotente e irritado. Sentia uma aflição dos diabos!

            — Mas Hogwarts não pode fechar! O que seria da comunidade bruxa? Se fecharmos as portas da escola, toda a Grã-Bretanha vai entrar em pânico, pensando que perdemos o controle da situação, e isso vai tornar tudo um caos! Vocês por acaso não se lembram do caos que era quando Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado reinou na primeira vez?

            Com um ar irônico e reprovador, os lábios tão apertados que quase pareciam uma linha, a bruxa olhou para o Ministro, que parecia amedrontado, uma faceta dele desconhecida por ela.

            — E por acaso isso é mentira, Rufo? Estamos no controle da situação?

Revelando um pouco de decência, Scrimgeour ficou com o rosto vermelho. Desde que ocupara o cargo de Cornélio Fudge, deposto devido ao fato de fechar os olhos ao iminente retorno de Lord Voldemort, ele vinha agindo como se tivesse o controle de tudo, como se a Inglaterra e o mundo passassem apenas por um contratempo facilmente de ser resolvido.

— Mas o Ministério vai ficar em polvorosa...

— É com isso que está preocupado, não é, Rufo?! – falou, pela primeira vez, Fílio Flitwick, um bruxo pequeno e barbudo, que fora colocado sobre duas almofadas sobre a cadeira para que, assim, pudesse olhar os demais bruxos nos olhos. — Com a sua imagem, com a imagem do Ministério! Quer passar a todos a imagem de que tudo está sob controle, de que o seu mandato está sendo melhor que o de Fudge! Rufo, os Comensais estão agindo de maneira cada vez pior! A cada dia, mais e mais trouxas e bruxos estão sendo assassinados, torturados, forçados a fazer coisas horríveis, e a cada dia está mais difícil manter a bruxidade em segredo! Os bruxos das trevas estão agindo de maneira indiscriminada, pior que na primeira ascensão do Lord das Trevas! Nunca foram tão usadas como agora as Maldições Imperdoáveis, e elas são proibidas, pense nos demais feitiços e azarações perigosas! Todos vivem com medo! Você devia sair um pouco do Ministério e ver a realidade. Ande pelo Beco Diagonal e por Hogsmead; vários estabelecimentos estão fechando suas portas. Nunca a Marca Negra apareceu tanto no céu. E isso eu estou falando em relação à Inglaterra, imagine outros lugares. Me desculpe, mas não dá mais para manter essa imagem que você quer, Rufo.

Após esse desabafo em forma de discurso, o pequeno professor parou para tomar fôlego e ficou olhando fixamente para a parede em frente, irritado.

— E não devemos nos esquecer do apoio maciço que Você-Sabe-Quem está recebendo dos gigantes, dos lobisomens e dos dementadores, que abandonaram há tempos Azkaban — lembrou Slughorn, um bruxo gordo e de faces rosadas. — O menino Weasley passou o último mês muito mal, o coitado...

Ele se referia à intensa batalha que fora travada no castelo de Hogwarts no final do ano letivo, quando vários bruxos das trevas adentraram a fortaleza de Hogwarts e lutaram contra alunos (Hermione Granger, Ronald Weasley, Gina Weasley, Neville Longbottom e Luna Lovegood), professores da escola, aurores e outros bruxos, como Gui Weasley. Fenrir Grayback, um lobisomem cruel a serviço do Lord das Trevas, ferira Gui, o irmão de Rony e funcionário do Gringotes, deixando seu rosto muito ferido e lhe transmitido algumas características “lupinas”. Esse Grayback fora o mesmo lobisomem que mordera Remo Lupin, antigo Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Hogwarts.

Todos, ao terem essa triste lembrança, calaram-se. O jovem Gui estava de casamento marcado com a bela campeã da escola de Beauxbatons, Fleur Delacour, que participara do Torneio Tribruxo em Hogwarts, juntamente com Harry Potter e Cedrico Diggory, campeões de Hogwarts, e Vítor Krum, campeão de Durmstrang. Só algo resultara de bom nessa tragédia: a certeza, de todos, do amor da jovem Fleur por Gui, pois ela continuara amando o rapaz e preparando a casamento, o que ninguém esperava.

— Hum... bem... — falou Rufo, cortando o silêncio pesado que esta lembrança suscitara. — Acho que tenho uma solução para que Hogwarts não feche suas portas.

Todos se voltaram para ele, interessados e esperançosos.

— Estou certo que, se Hogwarts tiver mais proteção, os Comensais da Morte não se atreverão a se aproximar da escola. Estou pensando em enviar uma guarda avançada de aurores para proteger as entradas e o interior de Hogwarts.

Os aurores (bruxos especializados em perseguição e captura de bruxos das trevas) que lá estavam se entreolharam. Para eles, seria uma honra sem tamanho protegerem a escola responsável por sua inserção no mundo bruxo e por sua formação.

— Tem certeza que isso daria certo, Rufo? — perguntou Minerva, entre esperançosa e descrente. Manter Hogwarts em funcionamento era um sonho que ela adoraria alcançar, era o mínimo que podia fazer pela memória de Dumbledore.

— Srta. McGonagall — humildemente falou Kingsley Shacklebolt, um auror grande, negro e careca, com um brinco numa orelha e uma voz grave e lenta —, nós juramos proteger Hogwarts e todos que ficam sob a sua tutela com a nossa vida. Será uma honra lutarmos pela nossa querida escola. É uma honra lutarmos, em nome do grande Alvo Dumbledore, pela coisa que mais interessava a ele. Faremos de tudo para que nenhum dos alunos ou professores corra qualquer perigo.

 Até o seu lado foram Ninfadora Tonks, uma bruxa jovem com rosto em formato de coração e uma curta e espetada cabeleira cor de anil, e Lorena Fordson, uma bruxa de ar imponente e olhos de uma estranha coloração amarelada como os de certos gatos pretos.

— Nós somos seus, Prª McGonagall — falou suavemente Tonks. Os três aurores puseram suas mãos direitas sobre seus corações.

Os olhos de Minerva se encheram de lágrimas de gratidão e emoção perante aquela prova de fidelidade a Hogwarts e a Dumbledore. Entretanto, como bruxa séria que era, esforçou-se para voltar ao normal, piscando algumas vezes.

— Agradeço a vocês, meus amigos, pelo amor e lealdade que têm a Hogwarts e... a Dumbledore — ela falou, a voz ligeiramente rouca. — Aceito o seu juramento e a sua ajuda. Tenho certeza de que Dumbledore sentiria um imenso orgulho dos filhos da escola que ele tanto amava. Rufo, a sua ideia é muito interessante. Podemos fazer um teste... — capitulou Minerva.

Rufo Scrimgeour sorriu e suspirou, aliviado. Como bom político que era, sabia o que o fechamento de Hogwarts provocaria: espalharia uma onda de pânico pela comunidade bruxa, e era bem possível que ele fosse acusado de negligência e incompetência e outro Ministro fosse nomeado.

— Bem, então está tudo resolvido! Vocês, Tonks, Shacklebolt, Fordson, protegerão a escola de Hogwarts, como têm feito, mas de maneira mais rigorosa. Vou indicar outros aurores, já que a proteção será, agora, também no interior do castelo. Vou querer que façam um bom esquema de revezamento.

Todos estavam aliviados pela continuação de Hogwarts. Não era justo que jovens bruxos ficassem atrasados nos estudos. Como sempre, muitos se formariam nesse ano e outros entrariam na escola para começar os seus estudos de magia.

— Bem, agora que sabemos que Hogwarts estará de portas abertas — falou Minerva — temos tantas coisas a fazer... enviar as cartas de matrícula e lista de materiais aos alunos, conseguir um novo Professor de Transfiguração, já que não poderei dar mais aulas, um novo Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas...

Nesse momento, todos se lembraram de Snape. O maldito fora o último professor dessa disciplina e terminara o ano deixando cair a sua verdadeira face de Comensal da Morte.

— Tonks, será que Remo aceitaria assumir o cargo?

Tonks, que era namorada de Remo Lupin, sorriu.

— É claro, Srta. McGonagall. Ele adoraria. Só Deus sabe o quanto ele se sentiu triste ao se ver obrigado a pedir a demissão.

Lupin tivera que pedir demissão há alguns anos atrás, quando os pais dos alunos descobriram que ele era um Lobisomem e exigiram a sua saída.

— Isso será ótimo... Acho que, mediante tudo o que vem acontecendo, novas disciplinas deverão ser adicionadas ao currículo regular da escola — disse Minerva — como Oclumência, Duelos, A arte da Cura. Elas serão necessárias nesses tempos difíceis. Rufo, muito obrigado — ela se levantou. — Creio que devamos nos despedir.

— Sim, Minerva. Sempre que precisar, o Ministério vai estar a postos para ouvi-los e ajudar Hogwarts. Tenham um bom dia.

A comitiva de Hogwarts se dirigiu à porta da sala do Ministro acompanhada por ele e pelos aurores. De repente, Sibila Trelawney, uma bruxa de olhos imensos por trás de óculos que os deixavam ainda maiores, toda vestida com lenços e xales e enfeitada com muitos colares e pulseiras que a deixavam com aparência de libélula gigante, ficou estática, como se se recusando a acompanhá-los.

— Sibila, você não vem? — Minerva se voltou, dizendo.

A bruxa não respondeu. Parecia em transe hipnótico. Seus olhos estavam ainda maiores. Numa voz gutural, totalmente diferente da sua, normalmente suave e etérea, falou:

A feiticeira que não conhece a magia oferecerá ao Menino Marcado como Igual pelo Lord das Trevas a arma que o vencerá.

Todos ficaram abismados. O que ela queria dizer com aquilo? Melhor, o que fora aquilo? Logo Sibila voltou ao normal, como se despertasse de um profundo sono, e disse:

— Não vamos embora, Minerva?

— Você não se lembra do que acabou de falar, Sibila?

— Eu disse alguma coisa, minha querida? — ela falou suavemente.

Kingsley Shacklebolt murmurou:

— Ou muito me engano ou acabamos de presenciar uma Profecia...

Era o que os demais bruxos que ouviram Sibila “profetizar” desconfiavam. McGonagall sabia que a primeira Profecia feita em relação a Harry Potter, O Menino que Sobreviveu, e Voldemort, o Lord das Trevas, fora feita por Sibila Trelawney, pois Dumbledore lhe contara isso, e portanto tinha quase certeza.

— Por Merlin! — exclamou Scrimgeour. — O que ela queria dizer com “a feiticeira que não conhece a magia”? Existe algum bruxo que desconhece a magia? Isso é bastante contraditório e estranho!

Todos estavam muito alvoroçados e ficaram tentando desvendar aquela Profecia tão misteriosa. Ela dizia respeito não mais a duas, mas a três pessoas, uma delas completamente desconhecida. Afinal, quem era a feiticeira que não conhecia a magia?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, pessoal, e aguardo comentários e não se esqueçam do + embaixo do meu avatar.



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