Harry Potter e o Amuleto de Merlin escrita por ana_christie


Capítulo 18
Nova Descoberta de Hermione


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Estou feliz, novas pessoas passaram a comentar, mas ainda sinto falta de reviews... Desculpem se pareço chata... Espero que gostem do capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/86532/chapter/18

            Em questão de segundos estavam no seu quarto de hotel, caídos no chão, ofegantes, e era como se tivessem acordado de um pesadelo compartilhado. Se não fosse a sensação leve de enjôo que sentiam, causada pela viagem por Chave de Portal, pensariam mesmo que tinham sofrido uma espécie de alucinação conjunta. Harry se apoiou nos cotovelos e ajeitou seus óculos, que estavam tortos no rosto. Olhou em torno. Rony estava esverdeado, como se só agora percebesse o perigo por que tinham passado. Hermione estava rígida, de tal maneira que parecia prestes a desmoronar se se mexesse. Ana estava pálida, como se tivesse experimentado algo que jamais imaginara ser possível. Quanto a ele, Harry, sentia-se estranho. Era uma mistura de sensações, o temor de quase ter perdido seus amigos e ter morrido, mas aliado com uma sensação de vitória incrível, pois além de terem deixado Voldemort como bobo, ele tinha conseguido suportar a pior onda de ódio do bruxo sem sentir tal emoção intrometer-se em sua alma.

Ele se sentou e os outros logo o seguiram. Harry olhou para Hermione, ansioso.

— Você conseguiu, Mione? Ou Voldemort chegou primeiro ao quarto?

A bruxa sorriu, tirando de dentro das vestes o livro.

— Aqui, Harry. Se Voldemort ficou irritado por ter sido enganado por nós e ter nos deixado escapar sob seu nariz, imagine quando perceber, no futuro, que algo tão importante lhe foi tirado...

— O ruim é que ele vai ter ciência que sabemos sobre suas Horcruxes e vai, se não mudá-las de lugar, aumentar as defesas mágicas que as protegem — ele disse.

— Não, Harry — disse Hermione com o seu ar de sabe-tudo. Ela sorriu. — Você acha que eu não pensei numa coisa dessas? E que deveria ter sido pensada quando estávamos fazendo o plano, isso sim... — ela agora parecia chateada consigo mesma. — Bem, o que importa é que na hora eu pensei nisso e deixei uma cópia transfigurada do livro no lugar. Ele não vai ter a mínima desconfiança...

Ana ficou pálida, pois não pensara nisso, na hora, e mesmo que pensasse, não poderia ter feito tal feitiço, pois seus estudos de transfiguração ainda não estavam avançados o suficiente. Voldemort saberia que o livro sobre o Amuleto fora levado.

Harry deu um grito de alegria, dando um soco no ar. Embora não tivessem ainda vencido a guerra, tinham vencido aquela batalha. Ele abraçou Hermione, parabenizando-a por sua coragem e inteligência. Nesse momento, a morena olhou para Ana.

            — Creio que se não fosse a interferência de Ana, nada teria dado certo, Harry. A inteligência e os conhecimentos dela foram muito valiosos.

Rony olhou para Ana, os olhos apertados.

— É, eu fiquei intrigado quando Ana quase quebrou meus dedinhos frágeis de camundongo na ânsia de chamar a atenção da Mione, por causa daqueles nomes de seres mágicos que você falou, Mione.

Ana estava rubra.

— O que é isso, Mione, eu nunca teria decifrado o enigma se você não tivesse lido ele, né? Eu não sei patavina de runas antigas.

— Espera aí, que negócio é esse de enigma? Que enigma, Mione?

— A gente não pensou nunca, quando fez os planos, nas defesas que a porta do quarto de Voldemort teria, né, Rony? Pense, não foi fácil. A porta não se abria com o Alorromora, ela deve ter um feitiço para não deixar que uma pessoa qualquer entre por ela. Mas os marceneiros pregaram uma peça interessante nos Ministros da Magia. A porta tem um enigma escrito em runas antigas entalhadas na madeira. Eu consegui ler o enigma, mas não consegui decifrá-lo. Apenas Ana conseguiu, quando ela me ouviu falando em voz alta os nomes dos seres, algo relacionado ao enigma, e por isso pediu para ser transfigurada em humana de novo.

— Poderia nos explicar sobre esse enigma, Mione?

— Ele falava, Harry, sobre a união dos poderes, da magia, de quatro seres mágicos, o dragão, a fênix, o unicórnio e o sereiano. Sobre algo que era capaz de unir essas magias díspares em uma só. Confesso que não tinha a mínima ideia do que era capaz de fazer isso, mas Ana sabia. Ana, você agora pode me explicar o que é o Amuleto de Merlin?

Era melhor que Hermione e os outros soubessem através do livro que roubara do quarto de Voldemort, que devia explicar de maneira melhor que ela. Tirou o livro de dentro das vestes e falou:

— Creio que esse livro pode explicar melhor que eu, Mione. Peguei lá, no quarto do Voldemort. Achei que podia ser interessante.

Hermione pegou o livro, que era muito, muito antigo, tanto que tinha medo que se desfizesse em suas mãos. Ao ler o título, em runas antigas, ela empalideceu e levou a mão ao peito, sentindo o coração disparado. Aquele livro era... Não, não podia ser...

— O que foi, Mione?! Está passando mal? — Rony ficou preocupado.

— Esse... esse livro deveria estar guardado no melhor dos museus bruxos... É uma verdadeira relíquia... É O druidismo: a poderosa magia celta. Na verdade, é um livro muito famoso, perdido há muito, muito tempo. Um livro que contém descritos os maiores feitiços e objetos mágicos dos druidas, e que se crê foi escrito pelo próprio Merlin. Daí sua importância. E estava, durante todo esse tempo, com Voldemort! Ele deve ter roubado de alguém muito importante.

Foi como se o coração de Ana sofresse um baque. Esse livro devia ser uma relíquia de família, passado de geração a geração. Devia ter pertencido aos seus pais, e Voldemort o roubou deles na noite em que os matou e tentou roubar o Amuleto. Ela mostrou a capa do livro para eles, onde tinha o desenho do Amuleto de Merlin completo. E ele era lindo.

— Esse é o Amuleto de Merlin.

No índice do livro, havia coisas que fascinaram Hermione e que a deixariam entretida por muitas horas, mas sua curiosidade pelo Amuleto de Merlin era tanta que ela foi direto para o capítulo que falava sobre o objeto em questão. Ela leu em voz alta para todos ouvirem, traduzindo-o. Depois, ficaram comentando sobre ele. O Amuleto era incrível, e algumas das coisas que o livro dizia que ele era capaz de fazer eram inacreditáveis. Em primeiro lugar, ele era feito de quatro quartos de esfera de um metal mágico que só era encontrado na lua e, dentro de cada um deles, fora armazenado o poder de um dos quatro elementos: o ar, o fogo, a terra e a água. E eles foram acrescentados ao poder de quatro seres mágicos poderosos, a fênix, o dragão, o unicórnio e o sereiano. Cada parte dessa esfera tinha um poder específico, e combinadas, elas se tornavam um objeto poderoso com um poder especial ainda maior, e devia ser muito cobiçado.  

— Agora posso entender todos os versos do poema... O que o enigma queria dizer...

— Você lembra do poema, Mione? Conta ele pra gente.

— Está bem, Harry. Deixa eu me lembrar de todas as palavras... — a memória dela era muito boa, e logo ela disse todas as estrofes aos amigos. — Bem, agora dá para entender os versos do enigma. O ser feito de fogo, que labaredas vive a entornar, / E que trás brevemente os que não deveriam à Terra retornar. Eu logo percebi que se tratava do dragão, por entornar labaredas, e agora sei o que faz. Ele trás os espectros de bruxos poderosos que já morreram para lutar em uma batalha a favor de quem controlar o Amuleto. E o ser de ouro, chama e ar, renascido da própria morte, / Que estende a sua condição aos que não tem a mesma sorte, / Pobres seres aos quais Átropos — bela Parca — ao seu fio causou um corte. Pela característica de ser de ouro e chama, ou seja, dourado e vermelho, além de renascer da própria morte, estava lógico que era uma fênix, mas só agora dá para perceber o que essa parte do Amuleto pode fazer. Ele estende a sua condição, de ressuscitar da morte, aos que já morreram, ou seja, os que tiveram seu fio da vida cortado por Átropos, uma das Parcas. Na mitologia grega, as Parcas são divindades que controlam a vida dos homens, Cloto, Láquesis e Átropos que, consoante a mitologia, fiavam, dobravam e cortavam o fio da vida. E ainda o branco e puro ser da terra, de cuja madrepérola emana o poder, / Capaz de através de uma outra Dimensão perdidos trazer. O ser branco e puro, com magia na sua madrepérola, ou seja, metonímia para o chifre de madrepérola, só podia ser o unicórnio, e ele trás de volta à Terra os que estão perdidos em outra Dimensão. E por último E o outro aquático ser mestiço, com mais fraca magia a demonstrar / — Aos demais — mas capaz da grande Maldição neutralizar. Um ser aquático e mestiço, só pode ser referência aos sereianos, e quer dizer que a parte do Amuleto que tem o sereiano pode neutralizar a grande Maldição, que só pode ser Avada kedavra, a Maldição da Morte, a única que não pode ser revertida. Os quatro elementos são citados sutilmente pelo poema, vejam: o dragão — ser feito de fogo; a fênix — ser de ouro, chama e ar; o unicórnio — ser da terra; e o sereiano — aquático ser mestiço. Além desses poderes incríveis, ao se unir as quatro partes, há uma combinação da magia dos quatro elementos, fogo, ar, terra e água, e dos quatro seres, formando um poder que nada é capaz de deter, pelo visto. O seu ancestral era realmente muito inteligente, astucioso e poderoso, Ana! Só mesmo Merlin para ser capaz de pensar em inventar algo assim, e ainda por cima criá-lo!

– Mas... Mione — disse Rony — e se ele não conseguiu criá-lo? E, se como você disse, ele só “pensou” em criá-lo? O desenho na capa pode ser apenas o esboço... Esse Amuleto parece muito bom para ser verdade, não?

— Sim, Mione — apoiou Harry. — Não consigo acreditar que ele é real. Uma vez Dumbledore me disse que nada podia ressuscitar os mortos. Nada. E até hoje nada ainda foi capaz de neutralizar a Maldição da Morte. E quem já ouviu falar de outra Dimensão? Além de que a única maneira de trazer bruxos mortos para lutar conhecida é fazer Inferi. Se esse Amuleto existisse, você não acha que você, que lê tanto, saberia, Mione? Tampouco eu ouvi falar!

Era o que ela tinha pensado intimamente. Mas queria ter ao menos um pouco de esperança. Mas, como Rony falara, era muito bom mesmo para ser verdade. Ela baixou a cabeça, desesperançada e triste.

— Vocês têm razão. Era só que... Eu queria tanto que ele existisse! Vocês não pensaram que esse Amuleto tem todas as características que uma arma que pudesse derrotar Voldemort, indicada pela Profecia, deveria ter? Foi no que pensei quando li a respeito. Pense em quanto ele nos ajudaria...   

Eles baixaram a cabeça, também desanimados. Ana, que estivera ouvindo tudo em silêncio, ergueu a cabeça, assustada, quando ouviu falar de Profecia. Existia uma Profecia que prometia uma arma a Harry, capaz de destruir Voldemort?

— Que Profecia é essa que você falou, Mione?

— Uma feita por uma vidente na metade do ano. Ela dizia que “a feiticeira que não conhece a magia fornecerá aO Menino Marcado como Igual pelo Lord das Trevas a arma que o vencerá”. Eu pensei que esse Amuleto podia ser a tal arma. Mas, pensando bem, não poderia ser, não é? Afinal, nenhuma feiticeira que desconhece a magia nos ofereceu tal Amuleto ainda... — ela falou irônica.

Ana empalideceu e quase desmaiou. Teve de se apoiar no sofá para não tombar para o lado. Ela. Ela era a tal feiticeira. Só podia ser. Tudo indicava isso. O fato de ter em posse parte do Amuleto, que na verdade era seu inteiro, herança de família. O fato de, até pouco tempo, não ter a mínima ciência de que a magia realmente existia.

Hermione, que era bastante observadora, olhou para Ana. Ela via o quanto a Profecia abalara a jovem, o que não era algo normal, a menos que... Logo, reminiscências vieram à mente dela. Lembrou de todos os feitiços que Ana Christie deveria saber, por sua idade, mas não conhecia. Das conversas sobre a infância e adolescência, das quais a garota fugia, ou mudava sutilmente de assunto. Da escola de magia que Ana devia ter frequentado e que, por mais que Hermione quisesse saber sobre ela, nem o nome lhe fora revelado. Do fato de que era ela, Ana, quem sabia sobre o Amuleto de Merlin, que era praticamente desconhecido. De que Ana era a descendente de Merlin, ou seja, a única que devia ter herdado o Amuleto, se ele existisse. Do parentesco entre ela e Harry. Era coincidência demais para não ser verdade. Ana era a “feiticeira que não conhecia a magia”!

— É você! — ela falou, olhos arregalados fixos de maneira intensa na garota. — Ana, você é a feiticeira que não conhece a magia!

O silêncio depois dessa revelação bombástica foi total. Hermione olhava Ana que, rubra, olhava para baixo. Harry e Rony olhavam para Hermione com as bocas entreabertas e um olhar que sugeria que a garota estava enlouquecendo. Logo Ana ergueu seu rosto corado, sorrindo, e olhou para todos.

— Só pode ter sido mesmo o destino que nos pôs no caminho um do outro, Harry. Não só conseguimos ótimos parentes, como uma maneira de derrotar aquele monstro. Tem razão, Mione, agora eu percebi que devo ser a tal feiticeira, sim. Eu realmente não conhecia a magia. Há menos de cinco meses eu sequer sabia que era uma bruxa!

Harry foi o primeiro a conseguir falar depois do que ela falou.

— Então por que não nos disse isso? Por que não contou para a gente que não sabia que era uma bruxa?

Ana ficou vermelha.

— Eu tinha vergonha, sabe? Sou mais velha que vocês e não sou formada em magia, não sabia os feitiços mais elementares! Eu não sabia sequer que existia magia, sabia apenas que eu não era normal, não me adaptava com as pessoas que viviam ao meu lado, pelas coisas estranhas que me aconteciam.

— Não precisava ter vergonha... O mesmo aconteceu comigo, embora eu tenha sabido a verdade mais cedo que você. Eu só vim saber do meu passado, saber que era bruxo, sobre o mundo da magia, quando eu tinha onze anos, e poucos dias depois já entrava nesse mundo como um dínamo. Voldemort matou meus pais, como você sabe, e eu fui criado por meus tios trouxas que não me contaram a verdade, não queriam que eu soubesse de nada.

Ana sabia que possuía, então, parte da arma que Harry poderia usar contra o Lord das Trevas. Ela desabotoou dois botões do seu casaco e de dentro, puxou uma correntinha prateada. Todos olharam, hipnotizados, o movimento da corrente sendo puxada pelos dedos finos e brancos de Ana, até que o pendente apareceu. Ao ver o quarto de esfera prateada, com uma fênix dourada em alto-relevo desenhada, todos se quedaram pasmos. Hermione levou a mão à boca, contendo um gemido baixo.

— É... é a parte do Amuleto de Merlin da fênix! Meu Deus... Então ele existe mesmo! Provavelmente o objeto mágico mais poderoso que o mundo já teve! Onde estão as outras partes, Ana?!

A garota largou a corrente, deixando sobre o casaco, no peito, o pendente que brilhava de maneira incomum. Ela sentia o calor por ele liberado mesmo sobre as roupas, mas era um calor que não queimava, apenas aquecia, confortava.

— Infelizmente, não as tenho. A parte do unicórnio, Aberforth a tem. As outras estão perdidas.

— Como assim perdidas?! — gritou Rony, cujo olhar não saia do pingente.

—É uma longa história... Aberforth que me contou. Esse Amuleto, e provavelmente o livro sobre os druidas, são herança de minha família. Passadas de geração a geração desde Merlin. Por ser algo muito poderoso e que podia ser objeto da ganância de muitos bruxos, meus pais e seus antepassados não falavam muito sobre ele, o que se vê pela falta de informações que existem sobre o Amuleto. Além disso, um dos ancestrais de minha mãe, com medo do poder do Amuleto, fez com que duas das partes fossem enviadas para lugares do mundo desconhecidos por todos. De alguma forma, Voldemort, na época de sua primeira ascensão, soube sobre o Amuleto e o quis para ele. Foi até a casa de meus pais e exigiu que lhe dessem o Amuleto. Ele não sabia que não o tinham completo. Mas mesmo assim, duas das partes já era um início, para quem, com o poder tamanho que o Lord tinha, conseguisse encontrar as partes perdidas. Nunca meus pais entregariam uma arma desse calibre nas mãos de um sociopata como Voldemort. Por isso, eles deixaram uma das partes do Amuleto comigo, mandando uma a Aberforth, meu padrinho e melhor amigo deles. Através de magia, enviaram-me ao Brasil, e só então se renderam e morreram nas mãos cruéis de Voldemort. Eu fui criada num orfanato e alguns lares, e só com quatorze anos fui realmente adotada por um casal bom e amoroso, que também morreu vítima da ganância do Lord, que usou Rabicho para fazer isso.

Todos a olhavam com compaixão depois dessa triste história.

— Como Voldemort soube onde você estava, Ana?

— Isso eu não sei, Aberforth não me disse. Aberforth me encontrou, mas ele sabia que eu tinha sido mandada ao Brasil, e só após muitos anos de procura conseguiu me encontrar. Além disso, ele tinha a sorte da reação que acontece quando as partes do Amuleto estão perto uma das outras. Não sei como Voldemort conseguiu algo tão difícil... pois, para ele, eu poderia ter sido enviada para qualquer lugar do mundo. Ele sabe que tenho parte do Amuleto, por isso queria me encontrar, era o que Rabicho estava tentando tirar de mim quando Aberforth chegou e me salvou de suas garras.  

— E... vocês não têm a mínima ideia de onde possam estar as outras partes do Amuleto de Merlin?

— Infelizmente não, Harry. Vamos ter de pesquisar os lugares mais prováveis. Se eles foram enviados para os lugares onde estão por meio de magia, acho que a natureza de cada quarto de esfera deve dar uma indicação de onde estão.

— Mas será que cada parte de esfera tem a capacidade de fazer o que o livro diz? — falou Rony, ainda incrédulo. — Pode ser que o Amuleto completo possa ser realmente poderoso, o que deve ser verdade, se Ana é a feiticeira da Profecia, mas acreditar em algo capaz de ressuscitar os mortos... Não sei, não.

— Bem, devemos ter esperança e confiança, Rony. O destino não nos mandaria algo que não fosse verdadeiro. Pense bem, nada, desde que Ana Christie apareceu, foi coincidência. Não foi coincidência o fato de o enigma na porta do quarto do Ministro da Magia ser referente ao Amuleto, e termos conosco justamente a única pessoa dentre nós que sabia da existência dele. Vamos ter que acreditar e, quem sabe, comprovar as habilidades das partes do Amuleto à medida que surgirem oportunidades.

Hermione continuou a ler o final do capítulo para ela mesma.

— Bom, aqui mostra como usar as partes do Amuleto, como liberar os feitiços em cada um deles. As maneiras corretas de se pronunciar os feitiços, os rituais que temos que fazer. Aqui explica o porquê de a parte da fênix ser capaz de ressuscitar os mortos. Merlin se baseou numa lenda egípcia não muito conhecida entre os bruxos ocidentais, que diz ser a fênix capaz dessa proeza e, por ironia, a lenda é bem conhecida entre os egiptólogos e amantes de mitologia egípcia trouxas... Meu Deus! — Hermione tinha ficado pálida, e os demais olharam para ela, receosos. — O ritual para ressuscitar um morto é muito cruel... Tem que haver um sacrifício, um sacrifício feito de boa vontade por alguém que queira realmente a ressurreição. É preciso um corpo que não rejeite a alma que retornará, e esse corpo, para isso, tem que ser de uma pessoa que tenha tido um vínculo, se não de amor, de respeito com o morto.

Harry logo pensou em Dumbledore, em como seria bom tê-lo de volta, mas ele não queria sacrificar a sua vida por isso. Tinham a parte do Amuleto que permitiria a volta do bruxo, a parte de Ana, a da fênix, mas Harry sabia que era ele, e apenas ele, que tinha que derrotar Voldemort. Antes disso, não podia pensar em ressuscitar o bruxo a quem amava como um pai.

Hermione fechou o livro e Ana o pegou, admirando o desenho do Amuleto de Merlin inteiro na capa. Ela estava preocupada, por não ter tido o mesmo cuidado de Hermione, pois mesmo não conhecendo aquele feitiço, ela podia ter tentado outro mais simples, mudando a capa do livro pela de outro. Isso poderia não enganá-lo por muito tempo, mas seria menos estúpido.

— Eu não sabia fazer o que Mione fez, com o livro das Horcruxes, para enganar o Voldemort. Confesso que nem mesmo a ideia me passou pela cabeça. Ele vai logo descobrir que o livro de Merlin foi roubado dele. Me desculpem...

— Desculpar?! Mas isso foi muito bom, Ana! — disse Rony, rindo. — Com certeza, Voldemort não é tolo. Ele vai imaginar que se invadimos o quarto dele, foi por algum motivo muito sério! E que motivo seria esse? Ele vai logo pensar nisso, que queríamos roubar o livro de Merlin! Bem, antes isso que pensar no livro de Horcruxes, não?

Todos concordaram e Ana ficou mais aliviada. Mas não tanto. Tinha ainda algo que precisava saber.

— Outra coisa... Agora vocês sabem que eu... não tenho o mesmo nível de magia de vocês... Ao contrário, sei muito pouco. Seria mais um estorvo que uma ajuda para vocês, como já mostrei em várias ocasiões, como na luta em Godric's Hollow. — Ana fingiu-se de forte. – Bem, eu vou entender se vocês quiserem apenas o Amuleto de Merlin com vocês... Afinal, não serei de boa ajuda.

Estava pronta a acatar qualquer decisão deles, por mais que sofresse com ela. Não queria ser um estorvo. Não queria atrapalhar. Se o seu Amuleto ajudasse, por mais difícil que fosse se desfazer dele, daria um jeito. Quem sabe ele não sairia de seu pescoço para o de outra pessoa se fosse dado de bom grado?

Os seus amigos, ao ouvir as palavras de Ana, ficaram indignados.

— Que besteira, Ana! Você não é um estorvo, nem nunca será! — disse Hermione. — Você foi de muita ajuda, menina, se não fosse você, não teríamos o livro sobre as Horcruxes! Creio que até me senti chateada por você saber algo que eu não sei... E pelo tempo que você vem aprendendo magia, você sabe muito mais do que nós aprendemos em dois anos em Hogwarts! Lembro das conversas sobre feitiços e poções que tivemos há uns tempos.

— E, Ana, eu vi como você usou um Feitiço de Desarmamento perfeito contra Belatriz e um feitiço-escudo contra Macnair que contribuiu ao se unir ao de Harry para matar o bruxo! — disse Rony, olhando-a admirado. — E creio que foi a primeira vez, não? Apenas nos olhando fazer, e uma só vez, você conseguiu lançar feitiços de defesa valiosos!

— Bem... — ela disse, vermelha. — Eu tenho facilidade em aprender, sempre tive... As pessoas diziam que eu era superdotada, e terminei a faculdade trouxa aos 17 anos e meio, depois que fui adotada e finalmente pude ter o meu potencial aproveitado. Meus estudos não foram adequados a maior parte da minha vida. Minha mãe adotiva, Claire de Carvalho, me disse que se eu tivesse sido adotada por eles quando pequena, eu teria terminado a faculdade na época em que a maioria dos adolescentes trouxas está começando o Ensino Médio trouxa. Quase terminei até um Mestrado. Venho estudando os livros de magia que são pedidos em Hogwarts desde que cheguei à Inglaterra e pude ir ao Beco Diagonal, e tomo umas aulas práticas com o Aberforth, também.

Harry, sorrindo, levantou-se e pôs suas mãos nos ombros de Ana.

— Você foi mandada para nós pelo destino, Ana. Se não fosse uma pessoa especial e que nos ajudaria muito, não estaria unida a mim pela Profecia. E mesmo que não nos ajudasse, nem fosse importante de maneira alguma, você não seria um estorvo, pois provou ser uma amiga muito querida, além de ser a única parente, mesmo distante, de quem gosto. Você faz com que eu saiba que não estou sozinho, sem família, nesse mundo. Apesar de considerar o Rony e a Mione — olhou para eles, sorrindo — verdadeiros irmãos, saber que tenho alguém com o meu sangue fora os Dursley já é muito bom.

Comovidas pelas palavras de Harry, os olhos das meninas se marejaram e elas Pareceram bastante emocionadas, e Harry olhou para Rony, num pedido de socorro. O ruivo riu e murmurou para o seu “irmão”:

— Quem pode entender as mulheres? — depois, mais alto, falou: — Ei, Ana, sem você não seríamos mais um quarto, né? Não seríamos mais A Aliança! Mione, creio que ela merece participar daquele feitiço que você lançou em nós, na casa do Largo Grimmauld, não?

Hermione, então, fez com que os quatro fizessem o Feitiço da Amizade Eterna, e todos, no final, ficaram abraçados num abraço comunal longo e carinhoso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo, e por favor, comentem, pessoal!

Beijos da Ana



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter e o Amuleto de Merlin" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.