Harry Potter e o Amuleto de Merlin escrita por ana_christie


Capítulo 15
Godric's Hollow




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            Apesar das palavras do Sr. Weasley, Ana fez de tudo para não se encontrar a sós com Carlinhos. Estava muito envergonhada e, toda vez que via um desses dois bruxos, enrubescia. Entretanto, quando ele retornou a Romênia, algo da alegria dela se foi. Antes de ir, ele lhe beijara a bochecha demoradamente e piscara um dos olhos marotos.

Agora, nada mais obstava a jornada da “Aliança” a Godric’s Hollow. Ao saber da iminente partida, mais cedo do que ela esperara, a Sra. Weasley começou a chorar nos momentos mais impróprios, talvez querendo provocar culpa nos garotos, mas eles estavam decididos.

Quando Aberforth chegou à casa do Largo Grimmauld para levar Ana de volta para casa, ela lhe comunicou a sua decisão de viajar com os outros. Estava insegura com a reação dele, com medo de que ele não gostasse. Considerava-o não só seu maior amigo e mentor, mas um grande pai substituto. Entretanto, sua inquietação e insegurança não tinham razão de ser. Sentado junto aos demais à mesa, jantando, ao ouvir a decisão dela, ele simplesmente a olhou com seus penetrantes olhos azuis, as mãos juntas apoiando o queixo num gesto muito característico dos Dumbledore, e falou:

— Os dias hoje estão muito difíceis, minha filha. E creio que as coisas ficarão piores, as trevas estão tomando cada vez mais espaço. O que revela o que realmente somos são nossas atitudes. Qual a atitude mais digna, mais corajosa? Ficar dentro de casa, fingindo que o mundo lá fora continua o mesmo, convenientemente ‘’esquecendo’’ que há bruxos das trevas que deveriam estar atrás das grades, ou viver o mundo real, enfrentando perigos, mas sabendo que sua atitude poderá fazer a diferença na obtenção de um mundo mais seguro e justo? A atitude que está tomando é digna de um membro da Ordem da Fênix, de uma descendente de Gryffindor e de Merlin. Sinto-me orgulhoso de você, Ana, e de nossos jovens heróis aqui — seus olhos, tão parecidos com os de Dumbledore, passaram de Hermione para Rony e então para Harry, nos quais se fixaram por um segundo a mais.

A moça sorriu, aliviada e contente com os elogios. Agradecia mentalmente a ele por seu respeito pela decisão dela de não contar aos outros sobre seus parcos conhecimentos em magia.

— Obrigada, Abe. Eu irei precisar de algumas coisas, você poderia trazê-las para mim? Sei que será difícil, nesses tempos de hoje, mas precisarei, e não sabemos quando poderemos voltar, não é, Harry?

Ele olhou para ela.

— Bem... sim. Tentaremos voltar o mais cedo possível, mas hoje em dia não dá para se ter certeza de nada. Tudo é muito incerto.

— Não se preocupe, Ana, faça uma lista, e trarei tudo.

Nesse momento, Aberforth tocou o peito, bem no lugar onde Ana sabia que estaria a parte do Amuleto de Merlin que cabia a ele. Entendendo o gesto, ela tocou também a sua parte por cima da blusa, sorrindo. Quase conversaram com o olhar. Ela lhe garantiu, apenas com um leve brilho nos olhos muito azuis, que tomaria conta daquele Amuleto tão especial. E, para si mesma, prometeu que, um dia, encontraria as duas partes que faltavam e uniria todas elas, formando o Amuleto de Merlin, que seus pais fizeram de tudo para proteger das mãos imundas e cruéis do Lord das Trevas.

***

Finalmente Aberforth trouxe as coisas que Ana Christie pedira. Harry estava impaciente, pois queria mais que tudo no mundo ver os túmulos de seus pais, rezar por eles, pôr flores nas lápides pela primeira vez.

Hermione guardou, na sua bolsa mágica, o que Ana pedira que Aberforth trouxesse: roupas, livros, pergaminhos, uma bolsa cheia de dinheiro bruxo e, para surpresa de Mione, um notebook. Ao ver o estranho aparelho, Rony ficou surpreso. Para Harry e Mione, que viveram no mundo dos trouxas, aquilo não era nada de outro mundo, mas para Rony, que até poucos anos sequer sabia o que era um telefone, um computador era uma coisa incrível. Infelizmente Ana não conseguiu mostrar como funcionava. O PC e o telefone celular estranhamente não funcionavam dentro da casa do Largo Grimmauld.

— É que há muita magia aqui dentro, Ana. Os parelhos elétrico-eletrônicos dos trouxas entram em pane ou nem sequer ligam quando em lugares muito mágicos. A casa recebeu magia muito forte para que os trouxas e até outros bruxos não a vejam. Mas fora daqui, creio que funcionará.

— E... o que uma coisa dessas faz? — perguntou Rony, excitado.

— Muita coisa! Podem-se fazer pesquisas imediatas, processar textos, planilhas, enviar mensagens que são recebidas imediatamente, conversar com pessoas que estão até do outro lado do mundo... e muitas coisas mais. Creio que um que adorará um computador vai ser o Sr. Weasley — disse Ana sorrindo, lembrando da multidão de perguntas que ele lhe fizera sobre os trouxas. — Creio que nos será útil, na busca às Horcruxes, contando que não estejamos em um lugar com muita magia.

Quando chegou o momento da partida, a Sra. Weasley chorou como se nunca mais fosse vê-los, de tal maneira que, quando os abraçou, foi difícil soltá-los. Eles fizeram de tudo para consolá-la, dando a entender, de maneira que não correspondia à verdade, que a viagem que fariam agora seria apenas para Harry visitar os túmulos de seus pais, e que nada de mal poderia acontecer a eles. Tanto falaram, tanto argumentaram que a crédula senhora, talvez por querer muito crer, acreditou que eles não correriam mais perigo que qualquer outro bruxo corria naqueles dias. Com isso, eles partiram. Como Ana não sabia aparatar de maneira alguma (e ela teve que inventar uma historia para explicar isso, pois já tinha 19 anos), e eles não sabiam ainda fazer o feitiço para criar Chaves de Portal, eles se disfarçaram com um feitiço que Hermione aprendera, que modificava suas feições: Hermione deixou seus cabelos curtos e ruivos, Rony ficou com um nariz menos comprido e cabelos mais longos e castanhos, Harry ficou loiro e de olhos negros e Ana ficou com cabelos encaracolados, curtos e negros. Tomaram um ônibus trouxa comum para a estação de King’s Cross. Lá, compraram bilhetes de um trem que os levaria para uma cidade de médio porte perto de Godric's Hollow, que era considerado um vilarejo pelo seu tamanho e população pequenos.

O trem, ao sair de Londres, rodou por paisagens que Harry, Rony e Hermione estavam acostumados a verem quando iam para Hogwarts, o que lhes provocou lembranças alegres e uma forte sensação de nostalgia, pois os três sentiam muita falta da escola que consideravam um lar. Eles dividiram suas lembranças com Ana Christie, que se sentia triste por não ter tido o direito de frequentar uma escola de magia, e ela era muito vaga nesses momentos, por não querer revelar suas deficiências. Passaram por cidades, vilarejos, colinas e ravinas verdes, campos com carneiros monteses, que encantavam Ana, que não conhecia aquela paisagem temperada. O trem parou na cidade mais próxima de Godric's Hollow, de médio porte, e eles desceram. O ônibus que iria para o vilarejo partiria em quinze minutos, e eles correram para pegar lugares bons. Durante a viagem, a alegria deles foi arrefecendo e seus rostos ficando sérios, pensando com certeza na seriedade de sua missão, nas dificuldades que poderiam encontrar no seu destino final.

O ônibus parou numa pequena estação de ônibus num vilarejo pitoresco como os que geralmente se encontram em cartões postais de cidades do interior da Inglaterra. Havia uma igreja em estilo gótico no centro de uma enorme praça cheia de árvores e bancos de madeira. As ruas eram calçadas com pedras e as casas, em um estilo que indicavam a sua idade, parecidas com charmosos chalés com suas chaminés e telhados de telhas de ardósia vermelha e azul e com as bordas inclinadas levemente para cima. Numa das ruas que davam para a praça, havia diversos estabelecimentos comerciais. Essa era Godric's Hollow. Eles desembarcaram e olharam ao redor. Não conseguiam dizer se havia bruxos entre as pessoas que passavam por eles, mas era provável. Como aquele não era um vilarejo inteiramente mágico, como Hogsmead — na verdade o único com essa característica em toda a Grã-Bretanha — por causa da Lei de Sigilo, os bruxos tinham que agir como trouxas. Harry parou uma mulher que passava e, com seu melhor sorriso, perguntou:

— Com licença, senhora, poderia me indicar onde fica o cemitério da cidade?

A mulher o olhou, as sobrancelhas levemente franzidas.

— Você tem mortos enterrados aqui? Nunca o vi por Godric's Hollow antes... e olhe que moro aqui há anos.

— Sim, senhora, tenho, uns tios meus... — ele preferiu mentir, pois, naquelas condições, não podiam confiar em ninguém.

— Dê a volta em torno da Igreja e verá o portão do cemitério, que fica por trás. Como toda cidade antiga, os cemitérios pertencem às Igrejas.

Harry e os outros agradeceram e deram a volta em torno da Igreja. Por trás de um grande portão de barras de ferro enferrujado encimadas por pequenas setas, havia um cemitério como os antigos, que hoje estavam em desuso. Havia várias alamedas com túmulos em suas margens, túmulos de vários formatos diferentes, uns grandes, outros pequenos. Os que deviam pertencer a famílias nobres e importantes eram grandes, de mármore ou granito, com belas estátuas antigas de anjos e outros seres celestiais. Havia também jazigos imponentes e túmulos muito simples, pertencentes, talvez, a pessoas que deviam ter sido mais pobres. Eles abriram o portão. Antes de entrarem, Hermione resolveu lançar o feitiço da revelação de seres humanos, para evitarem uma surpresa desagradável, o feitiço Homenum Revelio, e, ao ver que não havia nenhum ser humano além deles e dos mortos, entraram no cemitério, logo andando pelas alamedas, procurando os nomes de Tiago e Lílian Potter em algum dos túmulos ou jazigos. Estavam separados, cada um em um lugar, quando Harry viu um grande jazigo de mármore cinzento, encimado por uma cruz. Na porta, estátuas de arcanjos com trombetas e pergaminhos. Sentiu algo profundo, um instinto que lhe avisava para chegar mais perto e verificar o nome da família dona daquele jazigo. Numa placa de ouro, acima da porta, como se estivesse sendo anunciada pelos arcanjos, o nome Família Potter.

O coração dele deu um salto dentro do peito. Abriu a porta e entrou. Por dentro, o lugar era bem maior do que se via por fora, ou seja, ele fora aumentado magicamente. O chão era de ladrilhos de mármore cinza e branco e, nas paredes de mármore, havia vários túmulos incrustados, com retratos e nomes, retratos que só se mexeram ao perceber que quem ali entrava era um bruxo, uma precaução, lógico, contra os trouxas que por ventura entrassem ali. Fascinado, ele andou ao longo das paredes, vendo os rostos de seus familiares, que piscavam e sorriam para ele, às vezes dizendo qual o parentesco entre eles e Harry. Ele sorriu, vendo os seus avós, primos, tios-avó e outros parentes que remontavam há várias gerações. Chegou, então, a dois túmulos adjacentes ligados por um coração e ramalhete de ouro. Seu rosto ficou pálido ao reconhecer, neles, os nomes e retratos de seus pais. Tiago e Lílian Potter, nascidos em 1960 e mortos em 1981, o ano em que Harry tinha um ano.

Do retrato, Tiago e Lílian sorriam para Harry e lhe mandavam beijos. O garoto não percebeu que seus olhos estavam ardendo e que sua garganta estava apertada até sentir as lágrimas quentes descendo por seu rosto. Ele o limpou; não gostava de chorar. Entretanto, mais lágrimas vieram e ele não conseguiu se controlar, seu corpo tremendo todo com o esforço que fazia para não parecer uma criança. Era bom que não tivesse encontrado os túmulos de seus pais na presença dos outros, não gostava de parecer fraco. Ele chorava de dor, tristeza e mais outros sentimentos difíceis de nomear no momento. Chorava de dor por seus pais, mortos tão novos e apenas pelo fato de serem os seus pais; chorava de tristeza por ele, que fora privado de sua presença e seu amor; pela vida sem privações e plena de carinho e amizade que perdera; pelo ansiado lar que lhe fora negado; e chorava de ódio pelo ser que fora o responsável por tudo isso.

Durante muito tempo Harry ficou ali, orando por seus pais e conversando com eles, embora eles só lhe respondessem com expressões faciais (os quadros de seus pais, como alguns outros dali, não falavam). Logo, ele ouviu as vozes dos outros o chamando. Devia ter demorado demais ali dentro. Harry, então, conjurou um vaso, pôs água nele através do feitiço Aguamenti e, lembrando do feitiço que Olivaras lançara por ocasião do episódio da pesagem das varinhas para o Torneio Tribruxo, no seu quarto ano, ele lançou o feitiço Orquideous, conseguindo, assim, conjurar um ramalhete de flores, que pôs no vaso. Deixou-o no chão, entre os túmulos dos pais, e, após mandar um beijo para eles e os seus demais parentes mortos, saiu do jazigo.    

Hermione, Rony e Ana já estavam com expressões desesperadas, pensando por certo em alguma tragédia. Harry soltou um “boooo” ao vê-los e se divertiu muito com os gritinhos das meninas e o pulo que Rony deu.

— Seu lesado! — Rony gritou, partindo para cima de Harry com os punhos cerrados, mas desistindo no último instante. — Não faça mais isso, Harry! Quer nos matar do coração?!

— Me desculpe, mas foi impossível resistir! Vocês deviam ver as suas caras na hora que saí do jazigo. Parecia que eu já estava morto e enterrado.

— Não brinca com uma coisa dessas! — falou Hermione, ainda se abanando como se o ar tivesse lhe faltado. — Você encontrou, enfim, os túmulos de seus pais?

Na mesma hora Harry ficou sério. Seus olhos verdes apresentavam uma profunda tristeza.

— Sim, esse jazigo aí, o grande com arcanjos na entrada, é o da Família Potter. Nelas estão todos meus parentes paternos que morreram e a minha mãe. Acho melhor sairmos logo daqui e procurarmos a casa em que nasci. Agora é que realmente começarão a nossa jornada e os perigos que dela decorrerem. Vamos em busca de uma Horcrux, se é que ela está aqui, em Godric’s Hollow.

Harry e os outros sondaram pelas redondezas, para saberem onde ficava a casa que fora dos Potter. Descobriram que, naquele vilarejo, a Família Potter fora a mais importante até a morte dos últimos, há muitos anos. A casa deles fora transformada em um museu local. Eles seguiram o caminho indicado e foram parar em uma casa grande, de dois andares, vermelha com detalhes dourados, e logo perceberam que aquelas eram as cores da Grifinória. Quando Harry viu a casa em que seus pais foram assassinados, tremeu da cabeça aos pés. Entraram e se viram numa sala espaçosa, onde havia uma espécie de gerente. Harry olhou para a escada que levava ao segundo andar e, à sua mente, vieram as imagens que não se esquecia desde seu terceiro ano, quando tivera o contato com dementadores: a maneira como seu pai tentara atrasar Voldemort para sua mãe fugir com Harry, a maneira como ele o matara e depois fora atrás de Lílian e de Harry no segundo andar, a maneira como ela dera a sua vida pela dele, e a risada aguda e fria de Voldemort ao matá-la. Ao ver que os outros o olhavam com pena, ele respirou fundo e foi até a gerente, uma senhora grisalha e de aparência simpática.

— Oi, somos turistas... Gostaríamos de ver o Museu de Godric's Hollow.

A mulher sorriu. Ergueu algo que era, aparentemente, uma caneta comprida e apontou-a para eles. No mesmo instante a ponta da caneta piscou e vibrou. Os meninos a olharam assustados, mas ela apenas sorriu e então falou:

— Bom dia, sejam bem-vindos ao Museu de Godric's Hollow. Não se preocupem com o sensor. Isso parece um lápis, mas é um sensor de bruxos. Sou uma bruxa, assim como vocês. É que nosso museu é para bruxos e trouxas. Tenho que saber se os visitantes são bruxos ou trouxas para mudar o cenário.

— Mudar o cenário? — Mione perguntou sem entender.

— Sim — a bruxa disse apertando um botão. O lugar, que antes tinha quadros, livros de registro, artesanato e móveis antigos de trouxas, mudou como por encanto. Os quadros eram agora de pessoas que se moviam, as estátuas, móveis, livros e objetos pertenciam obviamente a bruxos. — Selecionamos o cenário ao saber com certeza que tipo de pessoa entrou aqui. Nosso museu é pequeno, mas é muito interessante. Esse prédio foi o lugar em que umas das maiores tragédias aconteceu; foi aqui que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado assassinou Tiago e Lílian Potter e que Harry Potter, O Menino que Sobreviveu, resistiu ao seu ataque.

— Mas... agora como pode esse museu ainda estar funcionando? É... O Lord das Trevas sendo agora o Ministro da Magia... — estranhou Rony.

— Não sei por quê, também, achei estranho... mas não vou reclamar, pelo menos mantive meu emprego — a gerente falou, sorrindo. — Bem, por que não fazem um tour? Como devem saber, Godric's Hollow foi fundada por Godrico Gryffindor, um dos fundadores de Hogwarts. Aqui há muitos objetos que remontam àquela época. E vocês podem subir ao quarto onde Lílian Potter foi assassinada e o bebê Potter derrotou Voldemort, é o lugar mais visitado de todo o museu.

Harry chamou os outros para um canto e lhes confidenciou:

— Vamos cada um para um canto, procurar qualquer indício de uma Horcrux ou qualquer coisa que possa nos ajudar. Eu subirei ao... lugar onde Voldemort matou minha mãe.

— Harry, acha que devia...

Ele cortou Hermione.

— Sim, eu devo, Mione. Eu preciso.

Cada um se dirigiu para um canto da casa, prestando atenção a todos os livros, objetos, quadros e estátuas. Harry subiu ao primeiro andar e era como se uma força o guiasse pelo caminho certo. Soube claramente qual das inúmeras portas em ambos os lados do corredor dava para o quarto em que perdera seus pais. Era como se ele já tivesse feito aquele percurso. Ao abrir a porta, viu um antigo berço de madeira, com móbile de pequenas vassouras e pomos de ouro, e outros móveis de criança. Fora ali! Ele sentia em cada célula do corpo. Sentindo que tinha de agir e não ficar se remoendo pelo que podia ter sido, ele começou a procurar. Ali, entretanto, não havia nada que pudesse interessá-lo na busca às Horcruxes. Saiu do quarto e começou a procurar em outros quartos. Desceu a escada e foi até onde devia ter sido uma cozinha. Havia uma porta nela com uma placa:

Porão

Proibido Entrada a não-funcionários

Harry olhou para trás e, ao ver a gerente entretida com outra coisa, abriu rapidamente a porta e entrou no porão úmido, escuro e frio. Ele lançou o feitiço Lumus e viu que, ali, havia várias caixas, objetos quebrados e livros sem capas. Ali devia ser o depósito, onde ficavam as coisas que não mais davam para concertar ou que estavam esperando por recuperação. Ele começou a procurar qualquer coisa, sob o facho da varinha, que lhe pudesse chamar a atenção. Com a atenção voltada para um estranho broche quebrado, ele não viu por onde andava e acabou tropeçando numa caixa e caindo. A caixa se abriu e várias coisas que estavam dentro dela se espalharam aos pés de Harry, que por pouco não largara sua varinha. Ele ia se levantando quando algo lhe chamou a atenção. Era um livro velho e embolorado, sem a contracapa, mas que tinha a capa esverdeada e símbolos e título de prata, sabidamente as cores da Sonserina. Ele prestou mais atenção ao título, Magia das Trevas: um Guia Sobre os Principais Livros que a Abordam. O instinto lhe avisava que algo ali podia ajudá-lo. Ele o folheou e depois deu uma olhada no índice. Algo na hora o fez se deter sobre um dos capítulos. Esse era sobre os livros que abordavam sobre as Horcruxes, as salva-guardas da vida. Ele leu o capítulo e um livro que ele indicava lhe chamou a atenção. Chamava-se Horcrux: a Fonte da Imortalidade, e ensinava sobre tudo acerca delas, como fazê-las, como desfazê-las por quem as fizera, como destruí-las. Dizia ainda mais que esse era o único livro que tratava daqueles assuntos, e que apenas duas cópias foram feitas, sendo que uma fora destruída num incêndio e a outra se encontrava perdida. Na hora Harry deduziu com quem estaria essa cópia supostamente perdida. Ele deveria ter estado na biblioteca de Hogwarts por ocasião do período em que Tom Riddle frequentara a escola. O livro, que seria muito importante para ele, que não sabia como destruir as Horcruxes que por acaso encontrasse, estava sob a posse de Voldemort.

Após verificar mais um tempo as demais coisas e vendo que não o ajudariam em mais nada, Harry subiu ao andar térreo da casa e lá encontrou Rony, Hermione e Ana, todos com expressões desoladas, pois não deviam ter encontrado nada importante. Harry foi até eles e disse:

— Uma Horcrux eu não encontrei, mas descobri uma informação, lá no porão. Há um livro que ensina como fazer e destruir Horcruxes, e precisaremos dele. Só há uma má notícia: existe apenas uma cópia desse livro, e vocês devem imaginar onde ela deve estar.

— Oh, não! — murmurou Hermione. — Voldemort...

Harry maneou a cabeça afirmativamente.

— Bem, precisamos arranjar uma maneira de pegar o livro.

Rony ficou pálido.

— Não... não me diga o que estou imaginando, Harry, por favor! Você não está pensando por acaso em penetrar no reduto de V-Voldemort, não? Fale que isso não é o que lhe passa pela cabeça...

— Bem, se você puder me indicar uma maneira de destruir as Horcruxes que porventura encontrarmos, Rony, ficarei bastante satisfeito! — Harry disse com sarcasmo.

O ruivo (agora moreno) não pode dizer nada. Eles se dirigiram até a porta do museu, mas, antes que saíssem, a gerente os chamou:

— Esperem, vocês esqueceram de assinar o livro de visitas. É uma regra do museu, todos que aparecerem aqui têm de assiná-lo.

Eles voltaram e, esquecendo que estavam disfarçados, começaram a assinar os seus nomes verdadeiros. Harry, o último, na hora em que assinou, sentiu uma súbita dor na sua cicatriz, tão forte que o fez cair de joelhos e sentir uma forte ânsia de vômito.

— Harry? – gritaram os meninos.

Ele estava feliz, finalmente o garoto fora encontrado! Ele era tão previsível! Mandaria seus Comensais atrás dele para capturá-lo.

Harry, usando da Oclumência que aprendera com Moody, fechou sua mente aos pensamentos e sentimentos de Voldemort e a dor na cicatriz diminuiu. Ofegante, olhou para os outros, o rosto pálido.

— Temos de sair daqui! É uma armadilha! O nome, no livro de visitas, era uma armadilha para mim! Eu o vi! Voldemort! Ele irá mandar Comensais da Morte!

Eles se dirigiram correndo para as portas do museu, mas elas se fecharam. Todos sacaram as suas varinhas, mas não conseguiram abri-las por meio do Alorromora. Tentaram outras saídas, mas não conseguiram. Olharam, então, para a gerente, mas como se nada estivesse acontecendo, ela os olhava com o mesmo sorriso simpático de sempre e olhar vago. Harry bateu a mão na testa.

— Como não percebi antes?! Sei reconhecer uma pessoa dominada pela Maldição Imperius! Ela está amaldiçoada! O que faremos?

Hermione ergueu a varinha e gritou:

Bombarda!

A porta foi pelos ares e eles saíram correndo para fora, mas era tarde demais. Aparatando, quatro Comensais da Morte surgiram na frente deles. Os trouxas que estavam na rua no momento gritaram assustados, sem saber o que estava acontecendo. Harry, Hermione, Rony e Ana, as varinhas em riste, ficaram olhando para eles. Agora que não estavam mais na clandestinidade, eles não precisavam se esconder sob capuzes, mantos e máscaras. Yaxley, Macnair, Dolohoov e Belatriz Lestrange os olhavam, sorrisos irônicos e maldosos nas caras e as varinhas erguidas.

— Hum... — falou Belatriz. — Estamos com sorte! Estamos todos precisando de ação, e há quatro deles, um para cada um de nós. Mas lembrem-se: o Potter é meu. E ele não deve morrer. Quanto aos outros, façam o que quiser. Mas há algo estranho... Eles devem estar sobre algum feitiço metamorfológico. Finite Incantatem! — gritou, apontando a varinha para cada um deles rapidamente de tal modo que todos voltaram a apresentar suas verdadeiras aparências.

Macnair sorriu cheio de luxúria, olhando para Ana.

— Eu fico com a loirinha...

Ana tremia nas bases. Como poderia enfrentar um bruxo das trevas, sendo tão parcos os seus conhecimentos em magia? Não devia ter insistido em viajar junto com ou outros, só iria atrapalhá-los!

Logo, começaram a lutar. Harry lutava com Belatriz, Macnair com Ana, Dolohov com Hermione e Yaxley com Rony. Ana mais se esquivava do que atacava, afinal, a lista de feitiços que aprendera era pequena e eram apenas feitiços utilitários, nenhum de ataque e defesa. De tanto se jogar no chão para se esquivar, ela já estava com seus joelhos e mãos esfolados. Macnair percebia isso, e brincava de gato e rato com ela, sem atacá-la com feitiços pesados.

Os outros duelavam de igual para igual. O treinamento com Moody só ajudara Harry, Rony e Hermione, que sabiam combater, rebater Maldição com Maldição, azaração com azaração. Eles conseguiram escapar de fortes Sectumsempras e de várias Maldições da Morte. Cansando do jogo, Macnair começou a torturar Ana com uma Maldição Cruciatus. A garota gritava e se contorcia de dor e nada podia fazer. Vendo sua parenta naquela situação, Harry teve que fazer alguma coisa. Mirou um Alarte Ascendare em Macnair que o fez voar e cair há vários metros. Isso, entretanto, o deixou vulnerável aos ataques de Belatriz, que começou a torturá-lo com a Maldição Cruciatus.

Livre da terrível maldição, Ana ficou desesperada ao ver que Harry estava sofrendo por ter tentado protegê-la. Agoniada, ela correu para cima da bruxa, lançando-se sobre ela e lhe puxando os cabelos longos e desgrenhados, mas a bruxa, feroz e não querendo parar de amaldiçoar Harry, empurrou-a, fazendo Ana cair no chão. Desesperada, ela olhava para um lado e para o outro, impotente, tentando encontrar um meio de deter a perversa bruxa, que se comprazia em torturar os outros. Viu quando Hermione desarmou Dolohoov com um feitiço de desarmamento chamado Expelliarmus. Ela apertou sua varinha contra o peito, pedindo proteção ao grande Merlin, seu ancestral e, imitando os gestos de Hermione, mirou a varinha em Belatriz e gritou:

Expelliarmus!

Como por milagre, a varinha da bruxa voou direto da mão dela para perto de Ana. Sem a varinha, Belatriz soltou um grito de ódio. Os seus olhos perversos e insanos continham certo pânico, pois o que era um bruxo em meio a um duelo sem a sua varinha? Todavia, Macnair, que se recuperara do feitiço de Harry, se ergueu e lançou uma Maldição da Morte em Harry e Ana. Harry sabia que um Feitiço-escudo era insuficiente para deter uma Maldição da Morte, e resolveu tentar uma variação muitíssimo poderosa desse feitiço, que jamais usara antes, apenas lera sobre ele. Ergueu sua varinha e gritou:

Protego Horribilis!

Vendo isso, Ana o imitou e lançou, também, o feitiço-escudo, pela primeira vez. Como o feitiço de desarmamento, esse funcionou e um escudo super-forte formado pelos feitiços dos dois se formou à frente deles, impedindo que a Maldição da Morte os matasse e, ainda mais, servindo como uma espécie de espelho que refletiu o feitiço contra Macnair. Como no ditado popular, o feitiço virou contra o feiticeiro: atingido por um potente Avada Kedavra, Macnair provou do próprio veneno e morreu pela sua própria Maldição. Com os olhos vidrados e uma expressão de choque no rosto, ele caiu no chão. Nesse momento, Rony vencia Yaxley e, assim, todos os Comensais da Morte estavam derrotados. Aproveitando que um Comensal estava morto e os outros, desarmados, e sabendo que era uma questão de tempo até outros apareceram, Harry se levantou, puxando Ana consigo e gritou:

— Vamos! Temos que sair daqui!

Todos saíram correndo, procurando um lugar para se esconder enquanto pensavam em uma maneira de sair de Godric's Hollow. Entraram na Igreja, que estava vazia. Era uma típica Igreja Anglicana. Dentro delas, pararam, as mãos apertando os lados dos corpos, e as respirações pesadas. Logo que se recuperou um pouco, Hermione saiu lançando todos os feitiços de proteção que conhecia nas portas e janelas da Igreja, inclusive um Protego Máxima, que tornava qualquer lugar protegido, embora não contra magia muito poderosa. Ainda ofegante, ela olhou para Harry e falou:

— E agora?


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Notas finais do capítulo

Pessoal, please, comentem!

beijos da Ana



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