Sentimentos escrita por Eduarda Aragão


Capítulo 1
One-Shot




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I'm moving to Tokyo

(Estou me mudando para Tóquio)

Cuz I'm tired of San Francisco

(Porque estou cansado de São Francisco)

My contracts are finally void

(Meus contratos estão finalmente cancelados)

And I am getting out

(E eu estou indo embora)

 

 

Suspirou cansado, apertando o oitavo andar nos botões do elevador. Mais um dia super chato de trabalho, mais um dia que encarou o trânsito congestionado de São Francisco, a quarta maior cidade da Califórnia. Às vezes queria fugir daquilo tudo, se libertar. Isso, se libertar, fugir daquilo, talvez fosse isso que iria fazer. Sorriu levemente. Assim que a porta do elevador abriu, foi direto para seu apartamento, abrindo a porta rapidamente. Fechou-a logo atrás de si, tirou o terno jogando no sofá, afrouxando a gravata. Pegou o celular procurando o número do telefone, assim que encontrou, foi passando-os para o aparelho maior, famoso telefone. Esperou chamar.

 

– Sim? – Ouviu a voz doce do outro lado da linha.

 

– Mãe? – Riu ao ouvir um pequeno gritinho do outro lado.

 

– Kami-sama, quanto tempo. Saudades.

 

– Também. Sabe, estava pensando em ir para aí.

 

– Seria ótimo ter sua companhia por uns dias.

 

– Não mãe, ir mesmo . – Enfatizou – Para ficar, entende? – Ouviu um silêncio do outro lado.

 

– Seria ótimo, mas... E tudo o que você conquistou?

 

– E quem se importa? Vou cancelar tudo. Não agüento mais, estou com saudades de você, do papai, de Tóquio, de tudo. Posso arranjar algo aí, e sem pressa. Tenho dinheiro o suficiente guardado...

 

– Oh! Então venha. Mal posso acreditar. – Mesmo sem estar vendo, sabia que lágrimas já brotavam dos olhos dela.

 

– Certo, vou resolver isso, daqui a três dias, já vou começar a arrumar minhas malas.

 

Assim que desligou o telefone tomou banho, deitou-se na cama e dormiu.

 

+

 

Passaram-se os dias. Ele como disse, cancelou tudo, ouviu coisas incentivando a ficar, mas nada lhe importava, estava ansiosa, enfim estaria em casa.

 

Em casa, arrumando as malas, empacotando as coisas que podia, já que estava sozinho, pegou um álbum de fotos verde, um tanto empoeirado. Sorriu lembrando-se dele, ao abrir se  deparou com a foto favorita dele. Na foto, estava ele e uma garota de cabelos azulados na altura dos ombros. Eles deviam ter entre sete e oito anos, ela estava no balanço, com os olhos fechados e os cabelos voando e ele sorrindo, lhe empurrando. Distraído, virou a página do álbum, se deparando com outra foto. Nessa, eles já tinham quatorze anos – última vez que se viram –, ele estava abraçando-a por trás, com a mão no pescoço dela, e a outra na cintura, como sempre, a menina estava ruborizada, e ele sorrindo.

 

– Hinata, tsc. Como será que você está agora? – Fechou o álbum, mas antes pegou a primeira foto, guardando na carteira, e logo depois voltando a arrumar as coisas. Acabando, foi deitar-se por estar cansado. Amanhã os homens da mudança viriam para desmontar e embrulhar suas coisas, elas iriam de navio, chegaria depois dele, mas isso não foi problema, ficaria alguns dias na casa de seus pai até chegar suas coisas, já que tinha uma casa lá.

 

+

 

Enfim o avião posou, já era tempo, estava agoniado de fica sentado durante 12 horas. Pegou suas malas de pertences pessoais, e se juntou a multidão. Umas se abraçavam, outras se beijavam, beijos e abraços de despedida, outros dando as boas vindas.

 

Pelas pessoas procurava seus pais, assim que os avistou, sorriu abertamente. Ao chegar, foi recebido por um abraço de sua mãe.

 

– Meu bebê, está tão crescido. – Disse acariciando seu rosto, orgulhosa. Naruto apenas corou. Ela riu divertida e voltou a abraçar fortemente o filho.

 

– Kushina, larga o Naruto, ele precisa respirar. – Falou rindo, mesmo contragosto a ruiva o soltou. – Venha cá meu garotão. – Disse puxando o filho pela mão, e lhe abraçando.

 

E assim sucederam os abraços, as perguntas sobre todos esses anos que ficaram sem se ver.

 

+

 

Saiu de casa com uma calça jeans e uma camiseta branca que deixava seus músculos marcados e perceptíveis, e as mulheres suspirando. Ele era um homem muito bonito. Era alto, cabelo dourado e rebelde – o que lhe dava um ar sexy –, olhos azuis intensos.

 

Era de final de tarde, caminhava pelo parque quase vazio, ia andando sem rumo, até chegar a uma parte mais afastada, ou melhor, a uma parte mais conhecida, fitou o balanço onde costumava brincar e lá estava as madeixas azuladas – agora bem maiores –, se movimentando levemente com o vento. Sorriu, foi até ela cautelosamente, e ao chegar bem perto, deu um leve impulso no balanço.

 

Riu divertido ao ver o leve susto que ela tomou, para logo após, sair do balanço. Ela fitou-o confusa e um pouco assustada. Ficaram se encarando alguns segundos, quando ele sorriu para ela, sua expressão se tornou de choque, fazendo-a levar as mãos na boca, e algumas lágrimas brotarem de seus orbes.

 

– Não... – Sussurrou chocada.

 

Ele continuou sorrindo e abriu os braços, ela não pensou duas vezes e pulou em seu pescoço, abraçando-o, ele rodeou a cintura dela com seus braços. Ela visivelmente chorava. Ele afastou o rosto dela de seu pescoço.

 

– Por que choras? Sabe que não gosto de te ver assim. – Disse passando o polegar na bochecha molhada dela.

 

– É tão inacreditável, depois desses... Nove anos, voltar a te rever... Eu... Não. – Gaguejava e se atropelava nas próprias palavras.

 

– Eu sei, pra mim também é. Mas sabe, pode acreditar. Agora eu decidi ficar, de verdade. – Viu um doce sorriso brotar dos lábios dela. – Mas veja você – Disse a afastando, segurando a mão dela no ar, fazendo-a dar um pequeno giro e seu vestido até o joelho azul claro rodar de leve –, cresceu e está mais bela ainda. – Riu ao ver ela corar. – E continua corando do mesmo jeito.

 

– E vejo que você continua o mesmo bobo. – Deu um leve tapa no braço dele.

 

– Ficamos esses anos todos sem se ver, e você me recebe com esse elogio. – Fingiu estar chateado fazendo biquinho.

 

Hinata riu.

 

– E queria que eu dissesse o que? – Perguntou cruzando os braços.

 

– “Naruto, você continua o mesmo gato de sempre. E olhe só como você está gostoso”. – Hinata gargalhou alto.

 

– E fazer seu ego subir mais ainda? HÁ-HÁ-HÁ.

 

– Hina, tive uma idéia... Que tal a gente ir comer naquele restaurante que éramos os clientes que mais freqüentava o local?

 

– Ah, claro, íamos todo dia. Mas acho uma boa idéia... Nunca mais fui lá. – Disse pensativa. Naruto riu, pegando na mão dela e a puxando.

 

+

 

Estavam na mesa, esperando ser atendidos. Um senhor já de idade, se aproximou, de cabeça baixa, perguntando o que iam querer, assim que os fitou o susto foi grande.

 

– Naruto? Hinata? Oh, Kami-sama! Como cresceram. – O senhor estava admirado.

 

– Olá seu Hikaru. – Hinata sorriu docemente. Naruto apenas acenou com a cabeça.

 

– Eu sabia, sabia! – Disse sorrindo vitorioso, eles apenas ficaram com uma expressão de dúvida e confusão no rosto. – Sabia que iam acabar namorando, se é que já não estão casados. – Disse soltando uma risadinha.

 

Hinata corou bruscamente, igualmente a Naruto.

 

– Ah não, não, não. Somos amigos, cheguei ontem de viagem e encontrei, digo, re-encontrei Hinata na praça. – Explicou nervoso.

 

Após Hinata sorriu sem graça, assentindo, fizeram os pedidos e comeram conversando animadamente. Saíram de lá já eram oito horas da noite, resolver caminhar mais um pouco. Voltaram para o parque, no lugar onde costumavam brincar, ele deitou-se na grama, logo depois sendo acompanhada por ela. Ficaram em silêncio por minutos.

 

– Sabe... – Disse ela que até então estava de olhos fechados, virar a cabeça para o loiro que olhava o céu repleto de estrelas. – Nunca imaginei que um dia, estaria aqui de novo com você. – Isso fez com que o loiro a fitasse. – É quase... Irreal. – Riu, fitando o céu por um tempo, para logo depois fechar os olhos. – Mas estou feliz, bastante feliz. Senti sua falta, mais do que você imagina... Lembro que estávamos assim mesmo, deitados na grama, vendo as estrelas, conversando... Mas éramos apenas crianças de dez, onze anos. – Suspirou. – E veja, hoje você já é um homem. O tempo passou mais rápido do que pensei, e mais rápido do que queria. – Abriu os olhos novamente voltando a fitar o céu e sorriu nostalgicamente. – Eu fico pensando... O que eu perdi nesses anos todo? O que eu perdi da sua vida?

 

– Pode apostar que não perdeu nada de bom, a não ser relatórios, trabalho, reunião, negócios. – Disse ele que até então estava calado, pensando enquanto ela falava.

 

Ela riu suavemente. Mais silêncio, até ela voltar a falar.

 

– Muitas vezes temos receio de dizer nossos sentimentos por medo das conseqüências... É, mas não sabia que esse receio doía tanto. – Ela apertou os olhos, para fazer as lágrimas que estavam nos orbes da mesma descer.

 

– Hina... – Sussurrou sentando-se e fitando-a.

 

Ela não disse nada, apenas ajoelhou na frente do loiro, e beijando os lábios do mesmo. De início ficou assustado, mas logo retribui, afinal, a quem iria enganar? Passava noites pensando e desejando-a. Logo as línguas já estavam em um ritmo rápido, urgente e os corpos deitados na grama, ele em cima dela.

 

Assim que o ar lhes faltou, se separam e se fitaram. Ele sorrindo, levou a mão até o rosto angelical dela.

 

– Tem razão, quando não dizemos o que sentimos por receio, dói... – Beijou-lhe a face, para logo depois, voltar a capturar os lábios dela.

 

Sim, estavam felizes.

 

Música: Owl City - Panda Bear


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Notas finais do capítulo

Nem revisei-a, desculpe por qualquer erro. Não foi nenhum imprevisto, foi preguiça mesmo ~apanha~
Espero reviews, claro, todos autores esperam.