PDV PERCY

Eram seis da manhã e Rany, Annie e eu estávamos em frente aos nossos chalés. Eu não dormi a noite inteira, toda vez que fechava os olhos viam lampejos na minha mente. Relâmpagos de uma garota loira em um beco sendo atacada por empousai. E algum tempo depois, quando eu finalmente consegui adormecer comecei a ver três garotos em um beco sem saída sendo atacados por três garotas. Entre elas, a garota loira.

Os lampejos de um semideus e até mesmo os sonhos muitas vezes são reais. E com o exército de empousai sendo formado eu não duvidava nem um pouco de que meu breve sonho fosse real.

Voltando a vida real, eu estava preocupado com as meninas. Annabeth estava com profundas olheiras e Rany parecia que ia desmaiar. Nós três estávamos com uma mochila nas costas, com tudo que havíamos trazido para o Olimpo. Mas, aquele dia ainda não tinha terminado. Não íamos sair assim tão fácil do Olimpo.

- Ah, vocês estão passando bem? - perguntei.

- Eu só não tive uma boa noite de sono Percy, não se preocupe. - disse Annabeth.

- E você Rany?

- Calma Percy, eu não experimentei 51 tá? Meu problema é o mesmo da Annabeth. Não dormi bem.

- Então somos três - disse - Toda vez que eu fechava os olhos me vinham os lampejos esquisitos.

- Deixa eu adivinhar, uma garota loira sendo atacada? - disse Annie.

- É.

- E depois três empousai matando três garotos? E uma delas era a loira? - disse Rany

- É isso aí. Mas, como sabem? - perguntei.

- Tivemos o mesmo sonho. E isso não é bom - disse Annabeth ajeitando a mochila nas costas.

Porém nosso raciocínio foi cortado por Hades que estava terrivelmente... feliz O.O

- Olá crianças. Dormiram bem?

- Não. - dissemos juntos.

- Já esperava isso. Ártemis acabou de conversar com suas caçadoras e elas estão tendo pesadelos. Algo sobre uma garota loira e...

- Três garotos sendo atacados por ela e mais duas empousai. - completei. - Estamos tendo o mesmo sonho. Os três.

- Então a situação está pior do que imaginamos. Se tantos assim tiveram o mesmo sonho, isso pode significar... - Hades se tornou sombrio - Que todos os meio-sangues tiveram também.

- O que tem de tão ruim assim? - Ranielly perguntou.

- As empousa só não atacaram por falta de uma líder. Se a garota loira for a líder delas, enquanto procuram a pedra atacarão a cidade, mas dessa vez em busca de comida e não de aliados. - disse Hades.

- Quantas delas existem Hades? - perguntei.

- O bastante para pôr essa cidade abaixo.

- Quantas Hades? - exigi

Hades hesitou, mas resolveu falar:

- Duas mil e setecentas.

Eu congelei. Como iríamos lutar contra elas? Não sobreviveríamos nem que juntássemos campistas. Tudo bem, eles aumentaram desde a promessa dos deuses, mas não chegavam nem a quinhentos. Nova York pereceria e junto com ela: o mundo.

Olhei para Annabeth. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e com eles a explosão emocional, porque ela tinha jurado nunca mais chorar. Então gritou:

- COMO ESPERA QUE LUTEMOS CONTRA DUAS MIL E SETECENTAS EMPOUSAI QUE SE BANHARAM NO ESTIGE E NEM AO MENOS SABEMOS SEU PONTO DE AQUILES?

- Calma, criança.

- NÃO ME CHAME DE CRIANÇA E NEM PEÇA PARA ME ACALMAR. PRA VOCÊ É FÁCIL FALAR, NÃO PRECISA LUTAR CONTRA UM EXÉRCITO COM APENAS TREZENTOS CAMPISTAS.

- Annabeth, antes de se banharem no Estige eu lancei uma maldição no rio. Seu ponto de Aquiles terá uma mancha negra e assim será mais fácil matá-las enquanto não tiverem a pedra. E como elas só atacam em sua forma empousai vocês poderão ver nitidamente cada parte de seu corpo.

Nós nos calamos. Hades tinha sido esperto. Mas não o suficiente. Dois mil e setecentos contra trezentos.

Annabeth caiu de joelhos e soltou as lágrimas. Eu e Rany tentamos ajudar, mas ela estendeu a mão, nos repelindo. Paramos e ela olhou para Hades:

- Precisamos de ajuda Hades. Precisamos saber nosso futuro. Precisamos do Oráculo.

Eu gelei. Rachel era o Oráculo e ela e Annabeth não se davam muito bem. Pra Annabeth querer vê-la é porque ela realmente estava desesperada.

- Como quiserem. Já irão deixar o Olimpo?

Olhei para Annabeth e para Rany. As duas fizeram um aceno positivo se cabeça e nós ajudamos Annie a se levantar. Ela enxugou as lágrimas e disse à Hades:

- Sim.

- Então que seja. Boa sorte campistas e que os deuses os acompanhem.

Foi estranho ouvir isso de um deus, mas eu não estava com cabeça pra pensar em hilariedades. Nós nos dirigimos ao elevador dando uma boa olhada no Olimpo antes. Poderia ser a última vez que o estávamos vendo.

O colégio de garotas era o que todos chamariam de terror americano. Ele parecia com um castelo em ruínas, enfatizando o ruínas. Tinham profundas rachaduras em tudo e a fachada era coberta por hera e musgo. Ranielly falou:

- O Oráculo vive... nisso?

- É. É uma escola para garotas. Um internato. Ela odeia isso aqui, mas... - consultei o relógio - dentro de um minuto elas tem o recreio e saírão para a rua. Rachel me conta tudo em cartas.

- Rachel? Ela é humana?

- É sim Rany. O espírito de Delfos a escolheu. Tem mais ou menos a nossa idade, você vai gostar dela.

- Ham. Duvido, se eu não gosto dela imagine a Rany. - disse Annabeth.

- Annie você ainda tá cismada com essa história? - eu já estava cansado disso.

- É claro Percy. Eu não gosto da Rachel, nunca gostei e nunca vou gostar.

- Ah, qual é?

- O que aconteceu entre você a Rachel? - perguntou Rany.

- Annabeth e Rachel brigaram depois da Rachel me beijar e eu estar namorando com a Annie.

- E com razão. Eu não tenho que aguentar nenhuma vaga...

Nesse momento o sinal da escola tocou, impedindo Annabeth de continuar. Graças a Poseidon. Ou a Zeus. Quem sabe Atena. Ah, tanto faz. Agradeço aos deuses.

As portas se abriram e várias garotas saíram correndo por elas, quase atropelando nós três. No meio da multidão encontrei Rachel conversando com outra garota, saindo calmamente do colégio.

Saí correndo e parei na frente dela junto com Rany e Annabeth.

- Rachel.

- Ei, Percy. E Annabeth. O que estão fazendo aqui? E quem é essa?

- Como sempre, fazendo perguntas demais. Tem algum lugar em que nós quatro podemos conversar?

- Ah, claro. - ela se dirigiu a amiga - Natália eu volto já ok? Venham comigo.

Fomos andando até um beco escondido onde não tinha ninguém. Eu tava começando a ficar com medo de becos.

- E então? Vão me explicar o que está acontecendo, ou não?

Apresentei Rany a Rachel e comecei a contar tudo. Quando terminei seu rosto não demonstrava surpresa.

- Tenho tido visões assim faz algum tempo. Mas, o que querem comigo?

- Precisamos saber nosso futuro nessa missão. - eu disse.

Rachel foi andando pra trás.

- Ah, corta essa. Eu não quero falar nada, não gosto de minhas profecias.

- Sei que não, mas precisamos saber disso urgente.

- De jeito nenhum. Eu não direi nada.

- Você é obrigada a dizer por causa do espírito de Delfos. - disse Rany.

- Ninguém te perguntou nada - disse Rachel.

- Cala a boca e fala logo sua idiota. - expodiu Annabeth.

Rachel ficou quieta e Rany sussurrou algo no ouvido de Annabeth.

- Eu não disse? - Annabeth falou.

- Tudo bem. Pergunta. - disse Rachel.

Eu tomei fôlego.

- O que acontecerá na nossa missão? Qual é nosso futuro?

Os olhos de Rachel se tornaram verdes e desfocados. Seus cabelos eram mais vermelhos que o sol e ela levitava. Sua voz normal citou a pior profecia da minha vida:

Três procuram o objeto,

que por outro não pode ser encontrado.

O mundo perecerá se um passo

for dado errado.

Um encontrará o caminho

que sempre quis.

O outro descobrirá

que nunca mais será feliz.

O terceiro salva aquele

que o mundo socorrerá.

Porém depois dessa missão,

ele nunca retornará.

Rachel caiu no chão e voltou a si me deixando com o maior medo que já senti em todos aqueles anos.