POV JAMES

Depois disso eu fui almoçar, me sentei com os marotos e Lene.

- Oi. - disse tristemente. Era incrível como o meu humor se alterara com essa decisão. Tudo bem que o que eu estava fazendo tinha um propósito que me faria o mais feliz dos seres, mas era muito difícil. Querer não querer...

- Oi. - responderam de volta.

- Como você está? - Marlene toda preocupada perguntou.

- Até que bem. – menti, sorrindo amarelo. Ela me olhou com deboche, não acreditando. Revirei os olhos. – Só está sendo muito difícil ficar longe daquela ruiva.

- Então se prepare que ela está vindo aqui. -disse Sirius sorrindo.

- Jay, se lembra que você tem que se segurar. - Lene me lembrou aos sussurros.

- Oi gente. – sua voz ressoou por meus ouvidos como o tilintar de sinos. Tive que me segurar para não falar algo que me arrependeria depois, nem olhei para ela para não cair em tentação.

- Oi Lily. - respondi junto com os outros, não querendo ser mal educado.

Passaram-se longos 20 minutos de silêncio, a tensão era perceptível a quilômetros de distância. Até que ela quebrou aquele clima, instalando outro completamente diferente com um assunto que eu tive que me segurar ainda mais para não sorrir.

            - Quando é o primeiro jogo de quadribol? - todos olharam pra ela, eu queira muito ir lá e dar um beijo naquela carinha confusa. - Que foi?

  - É que eu nunca ouvi você dizer uma frase sobre quadribol que não fosse pra criticar. - disse olhando pela primeira vez pra ela, o esforço redobrado para continuar indiferente.

- As pessoas mudam. - Não, agora ela acredita nisso? Poderia ter me dito isso ano passado quando mudei por ela; a minha vontade de tê-la em meus braços só pra mim [que já era grande] aumentou ainda mais.

- Agora você acredita que as pessoas mudam? - Na hora que terminei, vi Marlene lançar um olhar mortal para mim do tipo [cala a boca se não eu te mato].

- Claro, todos têm direito a uma segunda chance, o direito de mudar entende? – Não pude evitar trocar um sorriso com Marlene, com essas palavras da minha ruivinha eu sabia que mais dia menos dia ela seria minha.

- Bom saber. - murmurei para mim mesmo.

- Quando é o jogo de quadribol?- perguntou de novo, não é que ela queira mesmo saber.

- Daqui duas semanas, contra Corvinal. - Sirius respondeu me dando um apoio, já eu estava muito feliz com as palavras dela e se eu falasse mais alguma coisa acabaria com o plano de vez. – Por quê? Vai assistir?

- Talvez. – e dizendo isso ela saiu. Logo que não podíamos mais vê-la, o sorriso de apaixonado mais bobo do mundo se alargou no meu rosto.

- James, eu sei que o que ela disse foi um grande progresso, mas se controle pelo amor de Merlin! Vê se não estraga tudo agora!

- Lene, você ouviu o que eu ouvi? Meu lírio falando sobre quadribol! Eu achei que não fosse estar vivo pra ver o dia em que ela falaria sobre isso... E ela ainda vai ver o jogo!

- Ela disse que talvez vá. -Remo disse tentando ser realista.

- Aluado, para de ser chato, deixa o Pontas ficar feliz. Faz tempo que ele não sorri assim. - disse o Almofadinhas rindo. - Igual a um bocó.

- Bocó apaixonado e com muito orgulho. - disse alargando meu sorriso.

- Mas James, é sério: cuidado para não dar bandeira na frente dela. - Lene disse tentando me ajudar. - Agora vamos para a aula de poções.

Na aula de poções minha ruivinha estava tão avoada, eu já estava no meio da minha poção quando eu olhei para ela, que nem tinha começado. Logo depois disso recebi um bilhete da Lene.

Jay eu acho que ela precisa de mais um empurrãozinho para apressar as coisas. Vou falar com o Remmy. Ele provavelmente vai conseguir falar com mais jeito.

Não perdi tempo e respondi:

Eu acho uma boa idéia. Quanto mais rápido ela ver que me ama, melhor! 

A semana passou bem, dentro do possível. Lene me disse que a Lily estava péssima nos estudos, cada vez mais confusa. No começo, Aluado não aceitou bem a idéia de falar com a Lily, não queria tomar partido; mas eu expliquei que não havia partido para tomar, pois no final eu ficaria junto da minha ruivinha. Foi bem complicado porque Remo não queria brigar com ninguém, muito menos com a melhor amiga dele. Só depois de ver como ela estava triste, meio sem rumo, ele aceitou ajudar. Falaria com ela hoje enquanto estudam.

- Boa sorte Remmy. - Lene disse antes do Aluado ir se encontrar com a Lily.

- Ah, Aluado! – tentei tranqüilizar o rapaz, nunca o vi tão nervoso – Não se preocupe se ela brigar com você, meu lírio não saber guardar rancor de ninguém.

- Só de você. - Almofadinhas disse arrancando risos de todos.

- Ela não guarda rancor de mim, meu caro, é só muito amor contido. - respondi animadamente.

- A Marlene tem muito amor contido por mim e nem por isso vivemos brigando.- Sirius disse.

- Não seja por isso. - ela respondeu sugestivamente e saiu correndo atrás dele.

- Esses dois não têm jeito. - Remo disse desanimado.

- Eles se amam, mas vai logo que minha ruiva não gosta de atraso.

-Ok. - respondeu mais desanimado ainda e saiu, muito devagar pro meu gosto, pelo buraco do retrato.

Passei o tempo todo nervoso, pensando em como ela reagiria a essa conversa com o Remo. Será que ela iria, enfim, glória aleluia, admitir que me amava também? Será que ficaria brava como sempre? Ou então pediria ao Remo para mentir e ajudá-la? Ignoraria como fazia comigo todos os dias? Ah, eram tantas as possibilidades... Eu já estava enlouquecendo. Unha? Ah, isso não me pertencia mais.

- Pontas! – Almofadinhas gritou, interrompendo o silêncio agourento que se instalara na Sala Comunal. - Para de andar de um lado para o outro, vou ficar tonto desse jeito! Além de fazer um furo no chão, isso não adianta de nada.

Antes que eu pudesse responder, Lily entrou apressada. Passou do meu lado e nem me viu, irritada e nervosa. É, pelo jeito a conversa com o Remo não deu muito certo. Ele entrou logo em seguida meio constrangido.

- Como foi?

- Ela só disse que não tinha muita ligação com você. - Remo disse dando um sorriso amarelo. Ah, ali tinha coisa!

- Só isso? Você tem certeza que foi só isso? – ele sacudiu a cabeça confirmando. Mas estava muito nervoso e inquieto. O Aluado que eu conheço só fica assim quando não quer falar alguma coisa ou mente. Respirei fundo, me preparando para o pior. – Pode me dizer o que ela realmente disse, eu sou forte, aguento.

- Você quer saber tudo o que ela disse? Tem certeza disso?

- Tudo. Certeza absoluta.

- Bom, ela gritou que o mundo não gira ao seu redor, que nós estávamos loucos e que nunca teve, tem ou vai ter nada a ver com você.

-Nossa, Pontas, que simpática a resposta de sua amada. - Sirius disse ironizando a minha situação.

-Sirius como você é delicado com o sentimento alheio, você não vê que ele está triste com isso? Você é cego ou surdo? Como você consegue ser tão indelicado? – Marlene se virou para mim, cheia de compaixão – Jay, você está bem?

- Claro que sim, eu sabia que não seria fácil, mas eu não vou desistir.

Todos olharam abismados para mim.

- Se você está tão confiante, eu tenho outro plano. - Marlene disse.

- Outro plano brilhante? - Sirius disse sarcasticamente. - Dessa vez ele vai seguir o meu plano.

- Você tem um plano? - Marlene disse rindo.

- Claro, e o meu é bem melhor do que o seu. De longe.

- O seu plano seria encher a cara e pegar o máximo de mulheres possíveis?

- Mesmo isso não sendo uma má idéia, o meu plano é melhor.

- Parem de discutir e falem logo. - se não interferisse, eles começariam a discutir e eu não saberia nunca do tal plano.

- Nós temos que ter contato com alguém próximo dela, alguém em que a Lily confie. Como já sabe que a Marlene e o Remo estão do nosso lado, ela não vai se abrir com eles, então você precisa pedir a ajuda de outra pessoa. Mais precisamente, da Alice.

-É verdade, assim nós saberíamos o que ela pensa. - Marlene disse impressionada.

-Viu como meu plano é melhor que o seu? - Sirius disse mostrando superioridade. - E por que está tão impressionada assim? Eu também penso, tá bom?

- Você nem ouviu o meu plano. -Marlene disse sorrindo.

- Daí me paciência Merlin, de novo não, Marlene fala o plano logo. - não acredito que eu tive de interferir de novo.

- Bom, nós sabemos que a Lily tem uma atração no mínimo física por você. E como você é bonito, com todo o respeito, também é gostoso.

- Marlene, mas que pouca vergonha é essa? Você não tem plano coisa nenhuma, só está dando em cima do Pontas! - Almofadinhas disse, claramente com ciúmes.

- Será que eu posso terminar? – ela disse olhando pro teto impaciente. Só continuou depois de uns dez segundos de silêncio – Assim é melhor. Continuando, eu acho que você deve se mostrar para ela, você deve provocá-la.

- E como eu vou fazer isso?

- Bem, eu tenho algumas idéias, mas depois eu falo porque a Alice acabou de entrar e nós temos de falar com ela.

- Eu chamo.

Remo a trouxe, ela nos olhou sem entender muito. Eu expliquei a situação para ela.

- Agora eu entendo porque você se afastou dela. Nossa, deve estar sendo difícil vê-la todo dia e ignorá-la. - disse me olhando com compreensão.

- Você não faz idéia. E então, topa nos ajudar?

- Claro que sim.

- Mas ela não pode saber de nada, se não já era.

- Pode deixar que eu guardo o segredo. Ei, só eu que me sinto mal com isso?

- Como assim? – perguntei.

- Ah,eu sei que a gente tá fazendo isso pro bem dela, mas... Não sei, é como se estivéssemos nos unindo contra a vontade dela, sabe?

- Mas só assim ela vai dar o braço a torcer, Alice. – Marlene explicou – Você sabe como a Lily é! Mais teimosa que ela não há! Bom voltando a minha parte do plano. Jay amanha de manhã você vai caminhar bem cedo em volta do lago.

- Por que eu faria isso?

- Porque sempre que a Lily está estressada, ela vai caminhar em volta do lago – disse como se fosse totalmente óbvio. – E dessa vez, você vai estar bem cedo lá e sem camisa.

- Começou com a pouca vergonha de novo. - Sirius disse raivoso.

- Por que sem camisa?

- Por que ela vai ficar babando em você, mas tem que provocar, vai fazer uns alongamentos.

- Tem certeza que vai dar certo?

- Claro que sim.

No dia seguinte acordei cedo e fui fazer a bendita caminhada. Eu estava olhando no mapa do maroto quando vi que o pontinho Lilian Evans estava quase saindo do castelo. Malfeito, feito. Comecei o alongamento, fingi que não a vi, até que eu ouvi um barulho olhei na direção dela e falei com a maior indiferença que consegui:

-Você está bem?- eu disse, ela está olhando pro meu corpo ou é impressão minha?

Não é que a Marlene estava certa?

- Estou. - Me concentrei para manter meu autocontrole e já estava me virando para ir correr em volta do lago quando ela caiu na hora que tentou se levantar.

- Aiii.-  ela gritou fazendo um cara de dor, até com dor ela é linda..

-Machucou onde?- eu disse tentando, sem sucesso, esconder minha preocupação. Corri em direção a ela.

- Tornozelo esquerdo.

- Eu vou fazer um feitiço que vai curá-lo.

- Você tem certeza que sabe fazer? - ela disse meio receosa. Até parece que ia fazer um feitiço nela sem ter certeza de que daria certo.

- Claro que eu sei, mas se não quiser não tem problema. - disse fingindo que iria caminhar, certo de que ela pediria a minha ajuda. Mesmo que não pedisse eu voltaria e faria do mesmo jeito. Nada de deixá-la lá, daquele jeito.

-Não, por favor, faça, está doendo muito. - devia estar doendo mesmo, ela disse “por favor”.

- Episkey. - apontei a varinha para o tornozelo dela. Logo depois, o rosto dela já estava com uma expressão melhor e ela ficou de pé.

-Onde você aprendeu isso? - ela nem agradeceu e já quer saber sobre mim. Ah, ela realmente me ama.

- Quadribol. - disse simplesmente me virei para caminhar antes que eu fizesse uma besteira. Quando estava a uns 10 metros de distância, me virei e disse. - É melhor você por um pouco de gelo e não forçar muito ele.

Já longe ouvi um : Obrigada, Potter!

Agora só era preciso muita paciência e controle, que logo ela será minha.