Fight escrita por Nyh_Cah


Capítulo 8
Capítulo 8




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Narrado na terceira pessoa

 

A Alice sentia-se sozinha, com medo, assustada. Não tinha a sua mãe ao lado para a poder ajudar, para lhe dar a mão, para lhe dar beijos na bochecha. Não tinha ali a sua mãe para lhe dar coragem. Ela estava a desistir de lutar.

 

Ela não aguentava tanta dor, tantas agulhas, apenas não aguentava mais nada. Ela era apenas uma bebé com quase quatro anos. Mas ela tinha prometido à mãe que ia lutar, que por mais que custasse, ela iria lutar, pela mãe. Ela sabia que não podia deixar a mãe. Nem podia deixar a mãe nem o resto da sua família. Ela amava-os tanto e sabia que eles também a amavam. Ela tinha consciência para saber que se parasse de lutar e morresse, ia fazer com que a sua família ficasse triste, desiludida. Ela não queria isso… Mas doía-lhe tanto… doía-lhe o corpo todo… sentia frio… e não tinha ali a sua mãe nem o seu pai… desistiu de lutar…

 

A sua mãe estava a observa-la pelo vidro. Conseguia perceber que a Alice estava a deixar de lutar e estava-se a deixar levar-se. Cada vez sentia mais pânico, mais aflição. Não sabia o que pensar… ela só queria que a Alice voltasse a lutar para ficar com ela…

Como se a Alice percebesse o pânico e a aflição que a mãe sentia, voltou a lutar. As máquinas apontaram isso e a sua mãe suspirou de alívio.

 

O resto dos dias foi uma completa tortura mas conseguia perceber que a cada dia que passava a tortura era menor. Cada vez sentia menos dor… mas sentia-se sozinha. Por momentos pensou que a tinham deixado sozinha outra vez como na floresta. Ela não queria voltar a sentir-se sozinha. Ela odiava estar sozinha. Ela tinha medo de estar sozinha… a dor voltou… o frio voltou…e a sensação de solidão também. Pensou que não havia desculpas para lutar… Pensou que se estivesse sozinha, não valia a pena lutar…

 

A sua mãe voltou a perceber a sua desistência. Voltou a entrar em pânico. Lágrimas lhe escorriam dos olhos… Estava a sofrer tanto. Estava agarrada ao seu pai a chorar…

 

Alice, nesse momento, simplesmente percebeu que não estava só e que toda a família estava ali com ela. Sabia que quando fosse acordar, ia ter a sua mãe a olhar para si e ela não queria perder isso. Ela queria voltar todas as manhãs a ir para a cama da sua mãe e descansar aí um pouco, aconchegada nela. Queria voltar a brincar com os seus irmãos e voltar a ouvir o som maravilhoso do piano. Queria voltar a ter a sensação de felicidade quando o seu pai chegasse a casa do trabalho. Queria voltar a adormecer no colo do seu pai, onde se sentia segura e amada. Ela chegou à conclusão que queria continuar a viver e assim… continuou a lutar. Lutou com todas as forças que conseguiu, dia após dia, ela lutava e conseguia ultrapassar várias barreiras. Cada dia se tornava mais fácil de lutar. Cada dia parecia estar mais perto do fim. Ela cada vez se sentia mais orgulhosa de si mesma. Tinha conseguido lutar, tinha conseguido ultrapassar todos os obstáculos… Tinha conseguido voltar para a sua família… para a sua mãe, como prometeu.

 

Abriu os olhos e sentiu-se bem, não se sentia cansada como nos últimos dias se tinha sentido. Sentia-se activa. Queria ir brincar… Tinha vontade de ir jogar à bola com os seus irmãos mas sabia que por enquanto ainda não podia. Tinha fome. Apetecia-lhe comer. Olhou à sua volta e estava numa sala sozinha, começou por sentir medo mas quando olhou para o vidro, viu o olhar da sua mãe e aí o sentimento de medo extinguiu-se e apenas havia amor, carinho, ternura e paixão dentro de si… Sabia que a sua família não a ia abandonar. Mostrou-lhe um sorriso e a mãe dela apenas começou a chorar. A Alice sabia que essas lágrimas eram lágrimas de felicidade, podia sentir isso. Estava tão contente por ter conseguido voltar para ela. Sentia-se feliz…

 

Versão Esme

 

Ela tinha aberto os olhos, eu não podia querer que ela tinha aberto os olhos. Lágrimas apareceram-me nos olhos e começaram a delinear as minhas bochechas. Nunca antes me tinha sentido tão aliviada. Ela olhou para mim e sorriu. O seu sorriso era lindo, sentia saudades de o vê-lo. Sentia saudades da minha bebé. Tudo o que mais queria neste momento, era entrar por aquela porta e ir abraça-la. Sentia saudades dos seus beijos lambuzados. Do seu riso. Há um mês que não presenciava isto tudo.

 

Fui chamar a médica. A médica entrou no quarto toda protegida para ir examinar a Alice. Quando acabou tinha um ar triunfante. Voltou para fora.

 

- A Alice apresenta grandes melhoras! – Disse ela contente. – Vamos fazer uma nova análise sanguínea, ok?

 

- Ok. Quando é que podemos ir para o pé dela? – Perguntei.

 

- Assim que a transferirem de quarto. Estão já a preparar outro quarto para ela ir. É só esperar um bocado.

 

- Obrigada.

 

A médica sorriu e saiu educadamente. Liguei para o Carlisle para lhes dar as novidades. Ele estava a trabalhar mas veio o mais rápido possível ter comigo.

 

- Ela acordou! – Disse aliviada.

 

- Nem acredito! – Disse Carlisle aliviado, dando-me um beijo na bochecha.

 

Começaram a transferir a Alice deste quarto para outro no piso de cima. Eles seguiram no elevador e nós fomos no a seguir. Esperámos cá fora até estar tudo preparado e a Alice instalada. Quando as enfermeiras saíram, disseram que nós podíamos entrar. Nós entrámos e a Alice abriu um grande sorriso.

 

- Mamã! Papá! – Gritou ela feliz. Não consegui dizer nada, as lágrimas voltaram outra vez. Fui até ela e peguei-lhe ao colo. Beijei-lhe a bochecha, ela agarrou-se ao meu pescoço e abraçou-me como se a vida dela dependesse disso. Depois passou para o colo do Carlisle e ele deu-lhe um beijo na ponta do nariz, ela riu-se um pouco e fez o mesmo. Depois também o abraçou.

 

- Como te sentes? – Perguntou o Carlisle.

 

- Bem! – Disse ela animadamente.

 

Há muito que não a via com tanta energia e tão feliz. Estava tão contente por ela ter conseguido ultrapassar este mau bocado. Ainda não sabias se ela tinha ficado sem leucemia ou se apenas conseguimos atenua-la. Íamos saber isso com as análises sanguíneas mas ela parecia estar bem. Tinha esperanças que ela tivesse ficado sem cancro. À tarde, o Carlisle foi buscar o Emmet e o Edward à escola e trouxe-os aqui para o hospital. Quando eles a viram acordada, foram a correr para ela e abraçaram-na. Depois não a largaram a tarde toda. Estiveram a tarde toda a brincar os três juntos. Não se cansavam, não se fartavam. Não sentiam fome. Estavam os três felizes ali a brincar uns com os outros. Eu estava no sofá a falar com o Carlisle e a observá-los.

 

Dois dias se passaram com muita alegria. A Alice nestes dois dias tem sido imparável. Só queria brincar, nunca queria ir para a cama. Comia bem. Estava sempre alegre e aos saltos. Hoje chegariam os resultados das análises. Estava tão ansiosa. Depois de o Carlisle levar o Emmet e o Edward à escola veio para cá para sabermos o resultado das análises. A médica chegou ao quarto onde a Alice estava instalada por volta das onze da manhã.

 

- Bom dia! – Disse a doutora.

 

- Bom dia! – Disse a Alice alegremente.

 

- Bom dia, doutora. – Disse eu e o Carlisle impacientes.

 

- Bem, venho-vos dizer o resultado das análises. A Alice já não tem mais leucemia. Conseguimos vence-la. - Senti um grande alívio a invadir o meu corpo. A Alice já não estava doente! Isso era tão bom. Senti Carlisle a relaxar ao meu lado e vi que um grande sorriso a brotar no seu rosto.

 

- Obrigado, doutora! Nós nem sabemos como havemos de agradecer! Muito obrigada! Mesmo! – Agradeceu o Carlisle. A médica abraçou cada um de nós e depois foi-se embora. Disse que se calhar dava alta à Alice amanhã. Também disse que durante três anos, a Alice tinha de ser vigiada para ver se não apareciam outra vez sintomas de leucemia. Mas era só por precaução porque em princípio isso não ia acontecer.

 

Na manhã seguinte, a médica deu alta à Alice. Arrumamos as coisas dela e fomos para casa. Nunca vi a Alice tão feliz como quando entrou em casa. Tínhamos passado momentos difíceis mas conseguimos ultrapassa-los e resolve-los. Agora tudo estava bem. A Alice estava curada da leucemia e em casa.

 

- Estás feliz? – Perguntei-lhe.

 

- Muito! – Respondeu-me ela a subir as escadas para ir para o seu quarto.

 

- Ainda bem! Sabes que a mãe ama-te? – Ela afirmou com a cabeça.

 

- Também te amo, e muito! – Respondeu-me, indo dar-me um beijo na bochecha e um abraço. Foi o melhor abraço que alguma vez recebi!

 

A Alice estava quase a fazer anos. Faltava uma semana. Queria preparar-lhe uma festa. Ela merecia depois de tudo o que passou.

Às quatro o Emmet e o Edward chegaram da escola. Primeiro foram fazer os trabalhos de casa e depois foram jogar consola com a Alice.

 

Neste momento, os meus três filhos estavam a jogar consola. Como eles adoravam jogar consola. A Alice ganhava sempre, praticamente. Ela jogava muito bem para uma bebé ou como ela dizia uma senhora. O Emmet ficava amuado por estar sempre a perder com a Alice mas fingia sempre que não se importava. O Edward então perdia sempre com ela. Mas ele não se preocupava com isso, ele não era tão competitivo como o Emmet.

 

Quando acabei de fazer o jantar, fomos todos para mesa comer. A Alice comeu muito bem, mesmo muito bem. Há mesmo muito tempo que ela não comia tanto. Quando acabamos todos de comer, fomos todos ver televisão. Estava a dar um filme para crianças que eles adoravam. O filme durou até há meia-noite. Quando o filme acabou fui pôr os meus três filhos a dormir. O Carlisle também se foi deitar mas eu fiquei a ler um livro na sala. Era por volta da uma da manhã que eu me fui deitar.

 

Acordei, na manhã seguinte, com a Alice a enroscar-se em mim. Sentia saudades disto. Há muito que ela não me vinha acordar de manhã. Aconcheguei-a melhor a mim e ela começou a tagarelar. Eu ouvia o que ela dizia e às vezes respondia. Eram onze e meia quando nos levantámos as duas para ir tomar o pequeno-almoço. Fiz panquecas para nós as duas. Quando acabamos de comer, fui vesti-la e depois fui eu vestir-me para irmos ao parque. Ela só tinha ido lá uma vez e depois com a doença nunca mais pude leva-la lá. Ela estava toda contente por saber que ia ao parque, ela da última vez que foi lá ela adorou. Meti-a na cadeirinha e dirigi para o parque. Quando lá chegámos, ela quis logo ir andar no escorrega. Desta vez já existiam baloiços com protecção para os bebés. Ela quis andar lá e eu deixei. Sentei-a no baloiço e comecei a empurra-la. Ela dava gritinhos de felicidade. Ela brincou mais um pouco nos brinquedos que lá existiam e depois fomos para casa para irmos almoçar.

Quando chegámos a casa, eu comecei a preparar o almoço para nós duas e ela ficou a brincar com os seus brinquedos na sala.

O resto da tarde passou-se animadamente. Quando o Carlisle chegou, decidi ir-lhe falar da preparação da festa da Alice.

 

- Boa noite, querida! – Cumprimentou-me o Carlisle com um beijo nos meus lábios.

 

- Boa noite, querido! – Disse-lhe correspondendo o beijo. – Sabes que a Alice está quase a fazer anos?

 

- Sim. – Disse ele.

 

- Eu estava a pensar em preparar uma festa para ela. Acho que ela merece, depois de isto.

 

- Sim, também acho que ela merece.

 

- Vou convidar uns amigos do Emmet e do Edward visto que ela ainda não anda no jardim-de-infância. Não estou a pensar em convidar muita gente. Não quero uma festa muito grande.

 

- Parece-me bem.

 

Fui preparar o jantar. Depois do jantar a Alice, o Emmet e o Edward foram brincar lá para um dos quartos e eu e o Carlisle ficamos cá em baixo a conversar.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem deste capitulo! :P
Espero os vossos comentários!
Bjs
S2