Fight escrita por Nyh_Cah


Capítulo 31
Capítulo 31




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Passaram-se vários meses. Nestes meses, tudo tem corrido muito bem! A Lexie está a crescer saudável, os gémeos já estavam num infantário para a Rose e o Emmet poderem ir trabalhar. Eu ofereci-me para ficar com eles mas eles acharam que era melhor eles irem para o infantário pois lá aprendiam mais coisas e socializavam com crianças da idade deles. Não me opus. Sabia que eles tinham razão.

A Alice ainda estava na fisioterapia, ainda não dançava. Ela muitas vezes desanimava mas depois voltava a ser ela própria, voltava a ser uma lutadora que luta por aquilo que quer. Desde pequenina que ela é uma lutadora. Ela já venceu duas leucemias e não era agora que ela ia desistir e nunca mais dançar, só porque partiu uma perna. Ela tentava muitas vezes mas acabava sempre por se aleijar. O Jasper também tinha um papel fundamental na recuperação da Alice. Eu muitas vezes não conseguia ajudar a Alice a recuperar do desânimo, muitas vezes ela não me dava ouvidos mas o Jasper conseguia sempre.  E eu estava muito contente por isso, além de ficar um pouco triste por saber que não a conseguia ajudar a superar.

A Bella e o Edward passavam a maior parte do tempo na faculdade. Só vinham cá aos fins-de-semana e às vezes nem aos fins-de-semana vinham. Eles tinham sempre muita coisa para fazer e tinham muito pouco tempo. O Emmet e a Rose também tinham sempre muito trabalho e também via-os menos vezes do que o habitual. Tinha tantas saudades dos tempos em que eles viviam comigo. Sabia que eles cresceram e precisavam de ter a sua vida e casarem e terem filhos mas eles são os meus bebés e eu sou uma mãe galinha e amava os meus filhos. A Alice também estava a crescer e cada vez precisava menos de mim. Cada vez, passava menos tempo em casa comigo. Isso deixava-me triste mas sabia que ia acontecer e sabia que era normal que de agora em diante ela gostasse mais de passar tempo com os amigos. Ela já não vinha almoçar a casa, almoçava sempre na escola e muitas vezes, quando acabavam as aulas, ia com os amigos para um café ou para outro sítio qualquer.

Hoje, acordei de manhã com a Lexie a chorar. Tinha adormecido e já passava da hora de ela comer. Levantei-me da cama e fui até ao quarto da Lexie. Ela estava sentada na cama a chorar. Peguei nela e fui até à cozinha. Meti-a na cadeirinha e dei-lhe o pequeno-almoço. Ela comeu satisfatoriamente. Depois de ela comer, comi eu e de seguida fui brincar com ela para a sala. Quando o relógio apontou meio-dia, eu deixei a Lexie a brincar no seu berço e fui fazer uma limpeza à casa. Já estava a precisar. Fiquei a limpar, até ser hora de ir dar de almoço à Lexie. A seguir ao almoço, quando a Lexie estava a dormir a sesta, continuei com a limpeza.

Por volta das cinco a Alice veio da escola. Ela cumprimentou-me e foi para o quarto estudar. Ela tinha fisioterapia às seis e meia. Passado um bocado, quando eu estava a dar de lanchar à Lexie, a Alice apareceu na cozinha.

- Mãe! – Chamou.

- Sim, querida?

- Hoje, à noite posso ir a uma festa? E na casa da Mary.

- Querida, não. Hoje, o teu pai está a fazer o turno da noite, não posso deixar a Lexie para te ir buscar.

- Venho de autocarro para casa.

- Querida, hoje não. Não gosto que andes de autocarro à noite e se perderes o autocarro? Como vens? Não, hoje, não! Vais para a próxima festa.

- Ó mãe, vá lá! – Pediu ela. Normalmente, eu deixava-a ir sempre às festas mas hoje não dava mesmo. Não gostava nada que ela andasse nos autocarros aquelas horas da noite. Era perigoso e eu tinha medo que lhe acontecesse algo.

- Querida, não. Não quero que andes sozinha nos autocarros a essas horas da noite. É perigoso. Sabes que eu depois não fico descansada em casa, fico preocupada.

- Nem sei porquê! Não és minha mãe, não tens de te preocupar! – Gritou ela. Aquilo foi como se alguém me tivesse batido, pior, espancado. Eu nunca pensei que ela me fosse dizer uma coisa destas. Sempre pensei que ela tinha reagido bem em ser adoptada. Nunca lhe escondi nada, ela desde pequenina que sabe que é adoptada e nunca tive problemas com isso. Ela nunca demonstrou que se importava por eu ser mãe adoptiva e não sua mãe biológica.

- Alice… - Disse limpando as lágrimas das bochechas.

- Deixa-me! – Gritou ela saindo da cozinha.

A Lexie começou a chorar devido à gritaria toda. Peguei nela e tentei acalmá-la mas eu estava muito nervosa e ela não parava de chorar. Tentei acalmar para acalmar a Lexie. Passado uns minutos, consegui com que ela adormecesse. Fui deita-la no berço do quarto dela e depois fui para o meu quarto. A Alice saiu, devia ter ido para a fisioterapia de autocarro. Depois de ter deitado a Lexie, fui para o meu quarto. Eu sentia-me pior do que se tivesse sido espancada. Eu sentia-me muito magoada e triste. Eu sabia que não era a mãe biológica da Alice, sempre soube disso e nunca me iludi, mas também nunca esperei que ela me dissesse aquilo. Nunca… As lágrimas voltaram a molhar-me as bochechas e eu não conseguia impedi-las. Estava demasiado magoada para parar de chorar. Deitei-me na cama e deixei-me ficar. Passada uma meia hora, o meu telemóvel toca. Limpei as lágrimas e acalmei-me antes de atender. Era o Carlisle.

- Estou? – Disse tentando que a minha voz soasse normal.

- Querida, o que se passou contigo e com a Alice? – Perguntou ele preocupado.

- Como sabes?

- Ela ligou-me para eu a ir buscar para a fisioterapia e eu perguntei porque é que tu não a podias ir buscar e ela disse-me que tu devias estar magoada com ela porque ela tinha dito algo horrível para ti. Perguntei-lhe o que era e ela não me disse, apenas me pediu que viesse busca-la e depois desligou. O que se passou? Percebo que tiveste a chorar, não consegues disfarçar. – Disse ele. Ele conhecia-me demasiado bem.

- Podemos falar quando chegares a casa? Não quero conversar por telemóvel. – Pedi.

- Está bem, mas quando chegar, vais-me explicar tudo.

- Está bem. Até já. – Despedi-me.

- Até já. – Disse ele, desligando o telemóvel de seguida.

Pus o telemóvel na mesa-de-cabeceira e voltei a deitar-me. Já não chorava o que era bom. Esperei que o Carlisle chegasse a casa. Ele ainda demorou um bocado. Só chegou quase quarenta minutos depois da chamada. Ele veio ao quarto e sentou-se na cama. Sentei-me também e encostei-me à almofada.

- O que se passou? – Perguntou ele preocupadamente. As lágrimas voltaram a escapar-me dos olhos quando me lembrei do que tinha acontecido.

- Ela pediu-me para ir a uma festa e eu disse que não porque vais fazer o turno da noite e que eu não gostava que ela andasse àquelas horas em autocarros que ficava preocupada e ela virou-se e disse-me: Nem sei porquê! Não és minha mãe, não tens de te preocupar! – Eu lembrava-me palavra por palavra o que ela tinha dito.

- Ela disse mesmo isso? – Perguntou o Carlisle surpreendido. Afirmei com a cabeça. – Ela de certeza que está arrependida, foi do momento.

- Não sei… - Disse. – E se ela não quiser ficar mais connosco? – Perguntei assustada com a ideia.

- Isso não vai acontecer, descansa. Eu vou falar com ela.

- Eu não quero perder a Alice. Ela é minha filha, podemos não ter os mesmos genes mas ela é minha filha. Eu não suporto a ideia de a perder. – Disse chorando compulsivamente.

- Não a vais perder, Esme. Eu tenho a certeza que ela está arrependida. Ela veio o caminho toda calada, sem dizer nada. Ela estava com as feições tristonhas e os olhos estavam molhados com lágrimas presas. Ela não queria dizer aquilo. Disso eu tenho a certeza. Ela ama-te como mãe e vê-te como mãe. Não fiques assim, tudo se vai resolver.

- Está bem… - Disse triste.

- Descansa, acalma-te. Eu vou falar com ela. – Disse ele ao sair do quarto. Voltei a deitar-me e acabei por adormecer. Acordei na manhã seguinte com uns braços a envolverem-me o meu corpo. Sabia que não era o Carlisle porque ele ia fazer o turno da noite e não vinha a casa, ia dormir no hospital um pouco porque tinha logo outro turno de seguida. Virei-me e deparei-me com a Alice ao meu lado. Ela estava com os olhos vermelhos e suplicantes. Via-se que a tristeza abateu-se nela e ela tremia levemente. As lágrimas escaparam-me dos olhos antes de eu poder dominá-las. Limpei-as automaticamente e percebi que a Alice entendeu o quanto me magoou com as palavras dela. Também via o quanto ela estava arrependida.

- Mãe, desculpa tanto. Eu não queria dizer aquilo, eu juro que não. Tu és minha mãe, mesmo que não tenhamos o mesmo sangue, tu és a minha mãe. Foste tu que me acolheu quando me abandonaram. Foste tu que estiveste lá quando tive leucemia. Foste tu que me deste a força para continuar a lutar e não desistir, porque aquilo era duro. Foste tu que tiveste em todas as minhas apresentações de ballet. Foste tu que estiveste presente em todos os momentos da minha vida e só tu é que és minha mãe. Não quem me carregou nove meses e depois deu-me ao mundo mas sim tu. Porque tu é que fizeste parte da minha vida, tu é que fizeste a minha personalidade, eu espelho-me em ti porque tu és a pessoa mais bondosa e generosa que eu conheço. A pessoa que consegue amar incondicionalmente, independentemente das pessoas ou do que se passou. Quando eu estava a desanimar tu é que me deste a mão e não me deixaste cair no poço. Tu é que fazes com que eu permaneça aqui, por ti eu luto contra tudo e todos porque sei que sem ti, nunca vou conseguir sobreviver. Eu devo-te tanto e a única coisa que faço e fazer-te sofrer. Eu sei que não mereço que me ames mas peço que não me deixes de amar, peço que não deixes de ser minha mãe. Eu amo-te tanto. Eu não vou conseguir viver afastada de ti. Sei que não mereço perdão mas por favor, não deixes de ser a minha mãe, não deixes de me amar. Eu preciso do teu amor… - Disse ela já engasgada com o choro. As minhas lágrimas escorriam fluidamente pelas minhas bochechas. Ela nunca me tinha dito o quanto me amava e o que ela me disse agora, tocou-me no coração e fez-me perceber que eu não ia ficar sem a minha menina, fez-me perceber que ela não queria ir embora, que queria ficar connosco e isso bastou. Bastou apenas ela ter dito que eu é que era a mãe dela e que me amava para eu esquecer tudo. Para eu perdoar tudo, para simplesmente por aquele momento no passado e confortar a minha menina que estava a sofrer, agora neste momento. Aninhei-a no meu colo.

- Eu nunca vou deixar de ser tua mãe, nunca te vou deixar de amar. Tu és a minha menina e isso é uma coisa impossível de fazer. Eu amo-te como se fosses minha filha biológica e tu sempre soubeste disso. Eu amo-te incondicionalmente e nunca te quero perder. Nunca me deixes, Alice, ok? – Disse-lhe entre lágrimas.

- Nunca te vou abandonar, mãe. Desculpas? Preciso de saber que está tudo bem entre nós.

- Querida, claro que desculpo, já esqueci isso. Não importa, vamos por isso no passado e viver apenas o presente e preocupar-nos um pouco com o futuro. Está bem?

- Está bem. – Disse ela sorrindo um pouco.

- Amo-te tanto, querida. – Disse beijando-lhe a testa.

- Também te amo, mãe. – Disse ela.

Passámos o resto do dia juntas e estávamos mais próximas do que nunca. Adorava ter a minha menina comigo. Fomos com a Lexie ao parque e depois às compras. Quando já estávamos cansadas, viemos para casa e fomos fazer o jantar, enquanto o Carlisle dava banho à Lexie. As duas semanas seguintes, foram passadas na mesma alegria. A minha menina voltou para mim e eu não podia estar mais feliz. Até apenas um telefonema, perturbar um pouco dessa felicidade e fazer com que a preocupação viesse à tona. O médico da Alice, telefonou a marcar uma consulta com ela porque tinha algo para nos contar. Eu estava com tanto medo que a leucemia voltasse. Mas com tanto medo. Quando eu lhe contei que tinha que ir a uma consulta porque o médico tinha algo para nos contar, ela ficou com imenso medo e apreensiva. Passou o resto dos dias, até à consulta, triste e sem sorrir. O dia da consulta demorou a chegar, cada dia parecia um mês, nunca mais chegava. Eu queria saber o que se passava com a minha menina. No dia da consulta, acordei cedo e fui chamar a Alice. Vestimo-nos e fomos até ao hospital em silêncio. Demorou uns minutos até sermos atendidas. Mal entrámos, perguntei logo ao médico o que se passava.

- O que se passa, doutor? – Perguntei preocupada. A Alice apertou-me a mão. Ela estava com tanto medo. E o médico estava com uma expressão neutro, o que não deixava perceber se era algo de bom ou não.

- Não se preocupe. O que tenho para dizer, são boas noticia, muito boas noticias. – Disse ele suavizando a sua expressão.

- O que é? – Perguntei nervosa.

- Bem, eu pedi para que a Alice fizesse análises mensais durante estes meses todos para controlar o caso dela. Ela já teve leucemia duas vezes e é sempre mais propício, uma pessoa que tenha leucemia que volte a tê-la. Não queria surpresas e à primeira anomalia, vermos do que se tratava. Mas nestes meses as análises da Alice têm se apresentado muito boas. Nada de anomalias, nem daquelas que são normais. Ela aceitou muito bem a medula que recebeu e quero dizer que de certeza que ela já não tem leucemia nenhuma e que já não tem que fazer tantas análises. Quero apenas algumas para rotina, mas está tudo bem com a Alice. – Assim que o médico acabou suspirei de alívio. A minha menina estava bem, outra vez. Estava tão feliz. A Alice também estava extremamente feliz. Despedimo-nos do médico e fomos para casa, onde toda a família nos esperava. Eles também estavam muito preocupados. Mal chegámos a casa, bombardearam-nos com montes de perguntas.

- Não consigo perceber nada. – Respondeu a Alice. Eles calaram-se todos.

- O que é que o médico disse? – Perguntou o Carlisle.

- Disse que aceitei muito bem a medula e que estava livre da leucemia. Que a tinha vencido na totalidade. Que não precisava de fazer tantas análises, apenas algumas por rotina. – Disse a Alice extremamente feliz. O resto da família ficou também muito feliz por ter recebido esta notícia. Era mesmo uma notícia muito boa. Há muito tempo que não via a Alice tão feliz.

- Tenho uma coisa para vos mostrar. Já vos queria mostrar há algum tempo só que depois veio esta coisa toda do médico e nunca mais me lembrei, nem tive espírito para isso.

- O que é Alice? – Perguntou o Jasper.

- Já vão ver. – Disse ela subindo as escadas rapidamente. Passado uns minutos, ela desceu vestida com uns leggins e uma camisola. Dirigiu-se para o estúdio e ligou a música. Estávamos todos sentados à espera do que ela ia fazer. Ela começou a dançar ao som da música. A dançar ballet. Há tanto tempo que não a via dançar. Já não me lembrava do quanto era bonito vê-la dançar. Quando a víamos dançar entrávamos num mundo de magia, num mundo que ela criava. Reparei que estava a chorar. Ela tinha conseguido aquilo por que lutava. Ela tinha conseguido o seu objectivo. Voltar a dançar e neste momento, nem que rebentasse a Terceira Guerra Mundial, eu iria fechar o meu sorriso e encostar a minha felicidade a um canto do meu coração. A minha vida e a da minha família tinha voltado ao normal e a felicidade veio para permanecer. Claro que a vida não iria ser fácil, tinha sempre aqueles obstáculos que muitas vezes nos fazem desistir. Mas uma coisa que aprendi com a minha vida, é que desistir nunca é solução. Só temos as coisas se lutarmos por elas, se nos erguemos e tentarmos alcança-las. Mesmo que elas pareçam impossíveis e estejam tão distantes como a lua, sempre vão ser possíveis porque sempre que nos levantarmos e erguemos a cabeça vamos estar mais próximos daquilo que queremos pois a vida é feita de lutas e não de contos de fadas. A vida é cheia de obstáculos, de metas, de concretizações e é isso que aprendi com isto tudo. É que sem lutar, não temos nada, sem lutar, não somos ninguém…


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Notas finais do capítulo

Bem, peço muita desculpa por não ter postado a semana passado. Não consegui mesmo escrever nada e preferi não postar e só pôr o ultimo capitulo agora. Sim, este é o último capitulo! ): Espero, sinceramente, que tenham gostado da história, eu gostei muito de escreve-la e de ver os vossos comentários e recomendações. Adorei postá-la. Espero mesmo que tenham gostado e que não tenham ficado desiludidos com este capitulo, sei que não está nada de especial mas foi aquilo que consegui!
Beijinhos
S2



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