Passados umas semanas, a Alice continuava abatida. Ela ainda não conseguia dançar. Sempre que ela tentava, acabava por cair no chão, cheia de dores. Ela começou a perder a esperança e cada vez estava mais triste. Já ninguém sabia como a ajudar.

Acordei um pouco tarde esta manhã com a Lexie a chorar. Fui busca-la e dei-lhe o biberão. Ela devia estar com fome. Depois disso fui mudar-lhe a fralda e de seguida meti-a num pequeno berço que estava na sala. Fui em direcção à sala onde estava o estúdio de ballet. Ouvia música a vir daí, a Alice devia estar a tentar dançar. Quando lá cheguei, a Alice começou a dançar, mas mal se conseguiu apoiar na perna. Caiu logo. Ela estava cheia de dores. Conseguia perceber. Ela tinha os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar e estava com uma expressão de dor. Ela voltou a levantar-se e voltou a tentar mas também não conseguiu. Mal ela caiu no chão, fui ter com ela.

- Querida, pára. Vais piorar. Dá tempo ao tempo. Tu vais conseguir mas não é se insistires muito agora. Há coisas que a tua perna ainda não consegue fazer. – Disse-lhe limpando-lhe as lágrimas.

- Deixa-me. – Disse ela. Ela estava frustrada por não conseguir, percebia isso.

- Querida…

- Deixa-me. – Gritou ela. Levantei-me um pouco magoada e fui para a cozinha. Ainda não tinha comido nada. Sabia que a Alice não queria falar assim comigo, ela estava triste e frustrada mas eu sentia-me muito magoada. Ela nunca tinha sido assim comigo. Ela sempre partilhou comigo o que sentia e agora, mal me dizia alguma coisa. Comi qualquer coisa e enquanto comia a campainha tocou. Deixei a comida de lado e fui atender. Era o Jasper. Devia vir ver como estava a Alice.

- Bom dia, Esme. – Disse ele alegre.

- Bom dia. – Disse.

- A Alice? – Perguntou.

- Está no estúdio. – Respondi. Ele percebeu que ela deveria estar a tentar voltar a dançar. Tanto eu como ele já tínhamos dito à Alice para ela não forçar tanto a perna como tem forçado mas ela não nos tem dado ouvidos.

- Vou lá falar com ela. – Disse ele.

- Ok. – Disse sorrindo um pouco. Ele entrou e dirigiu-se ao estúdio, eu fui acabar de comer e depois fui dar banho à Lexie. Ela não gostava muito e sempre chorava um pouco. Tentei ser rápida para não fazer com que ela chorasse muito. Quando acabei sequei-a e vesti-lhe uma roupinha quente. Ela estava cada vez maior e cada vez mais bonita. Tinha os cabelos castanhos-claros e os olhos verde jade. Um verde intenso. Depois tinha a pele branquinha. Ela era linda. Sentei-a num daqueles tapetes para os bebés brincarem e depois fiquei com ela a brincar. Ela acabou por adormecer, deitada no tapete com o seu peluche favorito ao lado. Peguei nela cuidadosamente e meti-a no berço da sala. Ela ficou a dormir. Fiquei a ver televisão até ser hora de dar de comer à Lexie e de fazer o almoço. A Alice e o Jasper estavam muito silenciosos no estúdio de ballet. Preparei a comida da Lexie e dei-lhe, depois sentei-a na cadeirinha e ela ficou a ver-me fazer o almoço. Quando acabei, comi um pouco e depois fui avisar o Jasper e a Alice que o comer estava pronto. Quando entrei no estúdio de ballet. A Alice estava deitada num sofá que havia nessa divisão, aconchegada ao Jasper.

- Só queria dizer que o almoço, está feito. Quando quiserem ir comer, ele está no forno. Estou lá em cima.

- Está bem, obrigada Esme. – Disse o Jasper. Sorri e saí do estúdio. Levei a Lexie comigo e fui para o meu quarto. Pus lá o tapete onde ela esteve a brincar antes do almoço e ela ficou o princípio da tarde a brincar. Depois chegou a hora de ela fazer a sesta e ela acabou por adormecer. Deitei-a no berço do seu quarto e depois fui para o meu descansar um pouco.

Depois de a Alice ter gritado comigo ainda não tinha falado mais comigo. Será que ela ficou chateada comigo? Fiquei um bom tempo a remoer nisso e depois acabei por cair no sono e dormi a tarde inteira. Acordei, porque o Carlisle me chamou para ir jantar.

- Olá, querida. – Disse ele beijando a minha testa.

- Carlisle… - Chamei ensonada. – Que horas são? – Perguntei.

- São oito e meia da noite. Temos que ir jantar, querida.

- Quem fez o jantar? – Perguntei.

- Eu. – Respondeu ele orgulhoso.

- E a Lexie? Quem lhe deu de jantar.

- Eu! Ela agora está com a Alice. Está entretida. A Alice já jantou também. Eu não te queria acordar mas como nunca mais acordavas, decidi que era melhor comeres. Não deves comer desde o almoço.

- Não, não como. Obrigada, querido.

Levantei-me da cama a fui à casa de banho. Passei a cara com água fresca para acordar e penteie um pouco o cabelo que estava um pouco despenteado. Depois fui para baixo com o Carlisle e jantei. Quando acabei de jantar, arrumei a cozinha e quando já estava mesmo a acabar, a Alice veio ter comigo.

- Mãe… desculpa ter gritado contigo. Eu não queria… Tu não mereces… Eu estava frustrada e triste por não conseguir dançar e descontei em ti. Desculpa, fui horrível contigo. – Desculpou-se ela triste.

- Eu desculpo, querida. Sabia que não tinhas feito por crer. Anda cá. – Chamei-a. Ela veio ter comigo e eu abracei-a. Ela abraçou-me de volta com força.

- Amo-te. – Sussurrou-me ao ouvido.

- Eu também te amo. Nunca te esqueças disso.

- Não, eu não esqueço. – Disse ela deixando o abraço. – Queres ajuda para arrumar o resto? - Perguntou.

- Só falta mesmo isto. – Disse acabando de pôr a loiça na máquina. – Vamos para a sala?

- Sim. – Disse ela um pouco mais feliz.

Fomos as duas em direcção à sala e deparamo-nos com a Lexie a dormir ao colo do Carlisle. Ela adorava dormir a ouvir os nossos corações a bater. Não sabia porquê mas sabia que a acalmava. Ele estava deslumbrado a vê-la dormir. O Carlisle adorava os netos, já com os gémeos ele era assim. Sentámo-nos cada uma ao lado dele e ficámos a ver televisão. Passado um bocado, ele levantou-se para ir deitar a Lexie. Ela ainda não tinha acordado. Quando ele saiu, a Alice chegou-se para o pé de mim e aconchegou-se. Provavelmente, ela estava cheia de dores mas não queria admitir.

- Como estás, querida? – Perguntei.

- Mais ou menos. – Respondeu.

- Dói-te a perna? – Perguntei.

- Um pouco. Achas mesmo que eu vou conseguir voltar a dançar? – Perguntou ela, parecendo-me desesperada.

- Acho! Tu tens força de vontade para isso. Tenho a certeza que daqui a uns meses já vais estar a dançar. – Disse, sorrindo um pouco. Ela também sorriu. Foi um sorriso pequeno mas há muito tempo que não a via sorrir. Aconcheguei-a mais a mim e ela acabou por adormecer. Mal o Carlisle, veio para baixo, pedi para ele levar a Alice para cima. Ele pegou nela cuidadosamente para não a acordar e levou-a para a sua cama. Depois veio ter comigo cá a baixo. Era raro o tempo que tínhamos sozinhos mas quando conseguíamos algum, aproveitávamo-lo.