Uma semana se passou. Nessa semana, eu, a Alice e o Carlisle estivemos a preparar um quarto para a Lexie, enquanto ela não vinha para casa. Ela ainda não conseguia respirar bem sozinha então ficou mais uns dias lá no hospital. Ia todos os dias vê-la. Tinha-me apegado muito a ela.

Daqui nada íamos ao hospital, ver se a podíamos trazer para casa. Queria tanto que ela viesse. Ela já tinha passado tempo suficiente naquele hospital.

Estava na sala à espera da Alice, o Carlisle já estava no hospital, nós íamos ter com ele. Estava impaciente na sala. Queria mesmo que a Lexie viesse para casa, já não aguentava deixa-la mais no hospital. Ela devia sentir-se sozinha e abandonada, não tinha o conforto da família. Queria ela, aqui, ao pé de nós. Se depender de mim, ela vai ser uma rapariga muito feliz.

- Alice, despacha-te! – Chamei-a cá de baixo.

- Já estou a ir, mãe! – Gritou ela lá de cima. Ouvi-a a descer as escadas. – Já podemos ir! – Disse ela com um sorriso na cara. Dirigimo-nos para a garagem e fomos em direcção ao hospital. Tinha as coisas da Lexie no carro, no caso de ela vir para casa. Sempre que ia ao hospital tinha esperanças disso.

- Vais ver que a Lexie vem, hoje, para casa! – Disse a Alice. Ela sabia sempre como me sentia e o que me preocupava.

- Espero bem que sim, não aguento deixa-la mais uma vez lá no hospital.

- Vais ver que sim! – Disse ela para me encorajar.

Fomos o resto do caminho em silêncio. Quando chegámos ao hospital, primeiro fomos ter com o Carlisle e depois fomos ver a Lexie. Ela já estava num berço e a respirar sozinha! Fiquei tão feliz quando a vi num berço a respirar sozinha.

- Carlisle, ela já respira sozinha! – Disse, feliz.

- Pois já! Já estive a falar com o médico e podemos leva-la para casa. Ela já está bem! – Disse ele. A Alice estava a pegar-lhe ao colo e a falar para ela. A Alice também já se tinha apegado à Lexie. Ficámos como ela mais um pouco à espera que o médico desse alta.

Passado meia hora, o médico veio ter connosco e disse-nos que já podíamos levar a Lexie, para casa. Fiquei tão feliz. Fomos para casa. A Lexie adormeceu no caminho. Quando chegámos, fui pô-la num berço. Estava realmente feliz, por ela estar em casa connosco.

Jantámos e depois do jantar eu e a Alice fomos dar de biberão à Lexie. A Alice estava maravilhada por ter um bebé em casa. Quando ela acabou de comer a Alice ficou um tempo a brincar com ela mas a Lexie acabou por adormecer e a Alice deitou-a e veio comigo para baixo ver televisão.

Ela amanhã tinha outra sessão de fisioterapia. Já estava nisto há três meses. O ferimento na perna dela tinha sido grave e era difícil de curar mas a Alice estava a fazer progressos, pelo menos era o que a fisioterapeuta me dizia. Ela todos os dias vinha com dores na perna. Mas ela não desistia, ela queria voltar a dançar.

- Querida, amanhã tens fisioterapia. Não te esqueças. – Avisei-lhe.

- Sim, mãe não me esqueço. – Disse ela com desânimo. Ela não gostava muito de ir mas sabia que tinha de ser.

Por volta, da meia-noite fui dormir e a Alice também. Acordei de madrugada com a Lexie mas ela queria apenas comer e que eu lhe trocasse a fralda. Depois de satisfazer os que ela queria, acabou por adormecer outra vez o resto da noite. Só acordou por volta das nove e eu já estava acordada.

Deixei a Alice alimentar a Lexie e depois quando eu estive a arrumar a cozinha, a Alice esteve a tomar conta dela. Voltei para o pé da Lexie e da Alice. Elas estavam as duas na sala, a brincar.

À tarde, deixei a Lexie com a Bella e com o Edward e fui levar a Alice à fisioterapia. Ela ia muito calada no carro. Quando estacionei o carro à porta da clínica e de fisioterapia, ela saiu do carro e foi em direcção ao edifício. Enquanto, ela esteva na aula de fisioterapia, fui fazer compras. Já faltavam coisas em casa, e precisava de fraldas e leite em pó para recém-nascidos para a Lexie. Acabei também por comprar alguns brinquedos e roupinhas para ela.

Passada uma hora, fui ter com a Alice. Ela já estava à minha espera, sentada num banco. Sai do carro e fui ter com ela.

- Olá, querida. Então, como foi a fisioterapia?

- Foi horrível. – Disse ela à beira do choro. – Eu não consigo dançar. – Disse ela começando a chorar.

- Como sabes, querida? – Perguntei, acariciando-lhe a bochecha.

- Porque, hoje, um dos exercícios, era eu tentar dançar ballet e não consegui. Começa a doer-me muito a perna. – Disse ela continuando a chorar.

- Querida, foi a primeira vez que tentaste. Tu vais continuar a tentar e vais conseguir. Tens de ter força. – Disse-lhe.

- Achas mesmo que eu vou conseguir voltar a dançar? – Perguntou ela.

- Claro que acho, querida. – Disse abraçando-a.

- Obrigada, mãe.

- De nada, querida.

Voltámos as duas para o carro e fomos para casa. Ela estava muito abatida e o foi o resto do caminho em silêncio. Sabia que ia-lhe custar quando não conseguisse dançar ballet. O médico disse que ia ser muito difícil mas com esforço ela ia conseguir. Quando chegámos a casa, ela entrou e foi em direcção ao seu quarto, nem quis ir ver a Lexie. Ela estava mesmo mal.

- O que se passa, mãe? – Perguntou o Edward, percebendo que se passava algo com a Alice.

- Hoje, um dos exercícios na fisioterapia era ela tentar dançar ballet e ela não conseguiu. Disse que lhe doía muito a perna. – Disse triste. Eu não gostava de a ver assim, triste.

- Eu vou lá falar com ela. – Disse o Edward.

- Fazes bem. – Disse-lhe. Fui ter com a Bella que estava no quarto da Lexie a tentar adormece-la. Quando entrei no quarto, a Bella andava de um lado para o outro a embalar a Lexie mas a Lexie não queria dormir. Estava apenas com os bracinhos levantados a tocar nos cabelos da Bella. Ela aparentava estar cansada. Percebia isso. Ela não estava habituada a cuidar de bebés.

- Olá, Bella. – Disse.

- Olá, Esme.

- Como é que ela está? – Perguntei.

- Bem activa. – Disse ela sorrindo.

- Já reparei. Vai descansar, que eu agora fico com ela, está bem? – Perguntei simpaticamente.

- Está bem. – Disse ela passando-me a Lexie para os braços. A Bella saiu do quarto da Lexie e foi para baixo. Eu sentei-me numa poltrona que havia no quarto da Lexie e deitei-a no meu peito. Ela adormecia a ouvir os nossos corações. Ela gostava do barulho, acho que a fazia sentir segura. Passado uns minutos, ela começou a fechar os olhinhos e depois acabou por adormecer. Acabei por deita-la no seu berço e depois saí do quarto. Antes de ir para baixo, fui até ao quarto da Alice. O Edward já não estava com ela, e ela estava deitada na cama a chorar. Entrei e deitei-me ao lado dela. Comecei a fazer desenhos imaginários com a ponta dos meus dedos nas costas dela. Isso ia acalma-la. Notava-se que ela estava a chorar há algum bocado, tinha os olhos vermelhos. Ela estava tão triste.

- Querida, tens de pensar positivo. Foi a primeira tentativa. Não te lembras do que o médico disse. Disse que ia ser difícil, que ia custar um pouco mas com esforço conseguias. Tens de continuar a esforçar-te e daqui a uns meses, já estás a dançar como antes da lesão.

- Eu tenho tanto medo de não conseguir! – Disse ela entre soluços.

- Eu sei, querida. Mas não podes deixar que o medo te atrapalhe. Tens de conseguir pôr o medo de lado e continuar a lutar como tens feito até agora. Eu sei que tu és capaz. Foste capaz de vencer a leucemia duas vezes e vais ser capaz de vencer isto também. Eu tenho a certeza disso. E tu também sabes que consegues, apenas estás assustada e com medo. Nada mais. – Disse acariciando a sua bochecha. Ela sorriu um pouco. Não foi um daqueles sorrisos magníficos dela, foi um sorriso triste mas foi um sorriso.

- Eu vou tentar fazer isso. Eu quero muito voltar a dançar. – Disse ela convicta.

- Eu sei que queres e sei que vais tentar e sei que no fim, vais conseguir. Agora, levanta-te e anda ajudar-me a arrumar as roupas novas que eu comprei para a Lexie.

- Compraste-lhe roupas novas? – Perguntou ela.

- Comprei, queres ir ver?

- Quero! – Respondeu ela um pouco mais feliz.

- Então, anda! – Disse levantando-me da cama. Ela levantou-se a seguir a mim e fomos até à sala, onde estavam as compras. A Bella e o Edward estavam os dois deitados no sofá maior da sala. Ela já estava a dormir e ele estava a ver televisão. Fui buscar os sacos e depois fomos para o quarto da Alice, ver as roupas para não fazer barulho. Ela comentou cada peça de roupa e eu apenas estava feliz por a ver tão entretida.

Passado um bocado, a Lexie começa a chorar. Era hora de a alimentar. Pedi à Alice para a ir buscar, enquanto eu ia preparar o biberão para ela. A Alice foi toda feliz buscar a Lexie e eu fui para baixo. Preparei o leite e meti no micro-ondas para aquecer um pouco, depois quando a Alice chegou com a Lexie, dei o biberão à Alice para ela dar-lhe de comer.

Ao fim da tarde o Carlisle chegou a casa e fomos todos comer. Depois do jantar o Carlisle esteve um pouco com a Lexie e depois acabou por ir dormir. Ele andava extremamente cansado devido aos seus plantões no hospital. A Alice esteve a adormecer a Lexie e foi deita-la de seguida depois ficámos as duas na sala a ver televisão. Ela ainda estava um pouco abatida pelo que tinha acontecido na fisioterapia. Eu já tinha a noção que ia ser difícil para ela. O médico já me tinha dito que ia ser uma recuperação lenta e dolorosa. Amanhã, ela ia lá outra vez.