No dia a seguir acordei por volta das dez. A Alice e a Rose ainda estavam a dormir. Levantei-me e fui à casa de banho e depois fui comer qualquer coisa à cantina do hospital. Quando voltei a Rose estava acordada a dar festas a barriga dela com um sorriso lindo no rosto.

- Bom dia! – Disse-lhe.

- Bom dia! – Disse ela ainda embevecida.

- Dormiste bem? – Perguntei-lhe maternalmente.

- Dormi. Como correu ontem? – Perguntou ela.

- Eles não o encontraram, vão à procura dele hoje. Eu só quero que o encontrem e que ele aceita doar a medula óssea à Alice. Eu quero que ela fique bem o mais rápido possível.

- Eu também. – Disse a Rose sinceramente.

Ficamos as duas a falar durante o resto da manhã. Os outros devem ter ido à procura do pai biológico da Alice ou então ainda estavam a dormir. Chegou a uma altura que a Rose levava a mão muito frequentemente à barriga e esfregava.

- Estás bem, Rose? – Perguntei-lhe preocupada.

- Mais ou menos… O Eric não para de se mexer, está a aleijar-me um pouco. – Disse ela esfregando a barriga.

- Continua a esfregar durante um tempo pode ser que ele acalme. Quando estava grávida do Emmet, ele fazia o mesmo e eu sentava-me e punha-me a esfregar a barriga e ele acabava por acalmar.

- Ok. Obrigado.

Ela sentou-se no sofá e ficou a esfregar a barriga. A Alice ainda dormia profundamente. Ela devia estar estafada. Por volta da hora do almoço, o resto da família chegou ao hospital. O Emmet foi logo ter com a Rose para ver se ela estava bem. Fui ter com o Carlisle. Ele beijou-me carinhosamente.

- Então, já o descobriram? – Perguntei.

- Já mas ele estava no emprego e não quis falar ali. Disse que passava pelo hospital por volta das quatro e meia, cinco horas. Eu dei-lhe o meu numero de telemóvel para se ele não puder vir hoje para marcar noutro dia. – Informou-me o Carlisle.

- Ok…

- Como tem estado a Alice? – Perguntou-me ele visivelmente preocupado.

- Tem estado a dormir. Ainda não acordou desde ontem.

- Ela devia estar mesmo cansada.

- Pois devia.

Almoçamos todos no quarto da Alice mas ela ainda dormia. Continuamos todos no quarto a conversar. Por volta das três horas a Alice acordou.

- Bom dia… - Disse ela ensonada.

- Bom dia, não maninha. Boa tarde! São três da tarde. – Disse o Emmet a rir-se um pouco.

- Já? – Perguntou ela perplexa.

- Sim, meu amor. Sentes-te bem? – Perguntei-lhe acariciando a cara.

- Sim, estou bem. – Respondeu ela com sinceridade.

A enfermeira veio-lhe trazer algo para a Alice comer. Ela comeu um pouco do que lhe deram. Depois de ela comer ficou na brincadeira com os irmãos.

Por volta das cinco horas alguém bate à porta do quarto.

- Entre! – Disse o Carlisle. De seguida entra um homem no quarto. – Boa tarde Rick. – Era o pai biológico da Alice. – Vamos falar lá fora. – Pediu o Carlisle.

- Ok. – Respondeu ele. Fui também com eles. Queria ouvir a conversa. Dei um beijo na testa da Alice e fui lá para fora com eles. – Então o que queriam falar comigo? – Perguntou o Rick.

- A Alice tem leucemia outra vez, como já deves ter reparado. Ela está no hospital há meses e os tratamentos não resultaram. Ficamos, ontem, a saber que ela precisa de um transplante para sobreviver. Nós queríamos saber se o Rick pode doar outra vez a sua medula. Nós sabemos que você é compatível com ela e queremos que ela faça o transplante o mais rápido possível. Será que pode doar a sua medula? – Disse o Carlisle.

- Outra vez? Não! Não vou doar a minha medula outra vez! Agora sempre que ela tiver leucemia eu sirvo para doar a medula? Não, ela já não me é nada. Não tenho nada a ver com ela. Não vou doar a minha medula outra vez!

- Porquê? Ela é sua filha! – Disse eu.

- Não, ela não é minha filha. Apenas tem um ADN semelhante ao meu. Eu abandonei-a por alguma razão! Eu não quero ter nada a ver com ela e não lhe vou doar a minha medula óssea outra vez!

- Mas ela assim vai morrer, não percebe isso? – Continuei eu desesperada.

- Arranjem outro dador. De certeza que deve existir mais pessoas compatíveis com ela. Agora eu vou-me embora e não quero que me venham chatear mais com isto. Adeus! – Disse ele virando as costas bruscamente.

- Eu não acredito! Ele não vai doar! – Disse eu desesperada a chorar. – Eu não quero perder a Alice! – Continuei eu. Carlisle puxou-me para ele e eu continuei a chorar com a cabeça encostada ao peito dele. Não sei como é que eu ia dizer à Alice que o pai biológico dela não queria doar-lhe medula óssea. Ela ia ficar tão mal. E agora? Ela vai morrer? Ela não pode morrer! Eu não suportaria se ela morresse.

- Temos de lhes ir contar… - Disse o Carlisle passado algum tempo de estarmos sentados nas cadeiras daquela sala.

- Eu sei… não sei como é que lhe hei-de de contar…

- Nem eu. Eles vão ficar de rastos.

Levantámo-nos das cadeiras e fomos em direcção ao quarto onde a Alice estava instalada. Entramos e eu fui-me sentar na cadeira que estava ao lado da cama da Alice.

- Então mãe, como correu a conversa? – Perguntou a Alice. Eu não consegui responder. As lágrimas começaram a escorregar pelas minhas bochechas. – Mãe? – Perguntou-me ela com um tom de voz preocupada. Não conseguia responder. Estava desesperada. Não havia pessoas compatíveis para doar medula para a Alice. Se não aparecesse ninguém rapidamente ela ia morrer, eu não queria isso. Eu não aguentaria se ela nos deixasse. Senti ela a abraçar-me. Encostei a minha cabeça ao ombro dela.

- Mãe, ele não vai doar a medula óssea pois não? – Perguntou o Edward. Neguei com a cabeça. Ficamos em silêncio durante alguns minutos.

- Vou fazer as análises para ver se sou compatível com a Alice! – Disse o Emmet determinado.

- Eu também. – Disse o Edward. Decidiram todos ir fazer análises para ver se algum era compatível com a Alice. Os resultados iam demorar a sair. Eu só queria que algum deles fosse compatível. Tinha de ser, ela não podia morrer. A Alice acabou por adormecer por volta das oito. Comeu um pouco e adormeceu. Adormeci logo a seguir a ela. Estava um pouco cansada. O resto da família foi para casa dormir.

A semana seguinte passou-se lentamente. A Alice piorava de dia para dia. Ela mal se aguentava acordada. Os resultados das análises deles nunca mais chegavam. Eu estava tão ansiosa para saber os resultados. As aulas na universidade acabavam hoje. Hoje a Rose e o Emmet iam se formar mas eles não quiseram que eu fosse à cerimónia para ficar com a Alice. Eu queria ver o meu filho a formar-se mas não me parecia certo deixar a Alice aqui sozinha. Eles disseram que não iam ficar muito tempo na festa. Eles queriam vir para o pé da Alice, não queriam desperdiçar o tempo sem ela. Com o Edward e a Bella passava-se a mesma coisa. Passavam os dias com a Alice. Nós já não tínhamos muita esperança de descobrir um dador compatível, até agora não tinha aparecido nenhum.

- Bom dia, querida! – Disse o Carlisle entrando no quarto.

- Bom dia.

- Estive a falar com o médico e ele disse que saiam hoje os resultados e que à tarde vinha falar connosco.

- Ainda tenho esperança que um deles seja compatível com a Alice. – Desabafei.

- Também eu. Temos que acreditar nisso! – Disse ele concordando comigo.

- Mãe… pai… - Disse a Alice ensonada.

- Bom dia, meu amor. – Disse dando-lhe um beijo na testa. – Estás bem?

- Sim, dentro dos possíveis, estou. Onde estão todos? – Perguntou ela.

- Foram à formação do Emmet e a Rose, eles já devem estar aí a chegar. O médico vem falar connosco à tarde, os resultados das análises saiam hoje. – Disse. Ela deu-me um sorriso fraco. Passei o resto da manhã com a Alice e com o Carlisle. Por volta das três da tarde o Emmet, a Rose, a Bella, o Edward e o Jasper chegaram. Logo de seguida entrou o médico no quarto onde a Alice estava instalada.

- Boa tarde! – Disse o médico educadamente.

- Boa tarde. – Dissemos nós.

- Venho com os resultados dos exames.

- E… - Disse o Emmet impaciente.

- Um de vocês é compatível com a Alice. – Informou o médico. Eu nem queria acreditar no que ele estava a dizer. Um deles era compatível com a Alice. Ela não ia morrer, já tinha medula. Eu estava tão feliz e não era a única. Estávamos todos visivelmente felizes. Ninguém parecia acreditar que isto era a realidade, parecia que estávamos todos num sonho mas felizmente isto era a realidade. Um deles era compatível com ela!