Segunda feira amanheceu mais quente que o inferno e eu acordei ensopada de suor .

-Argh , odeio suar ! -Gritei . Tomei um banho um banho frio e relaxante . Sai de toalha do banheiro e fui pro meu quarto patinando no asolejo com os pés descalços. Patinei tão bem que escorreguei e caí de bunda no chão , háhá pode rir . Levantei e vesti um short jeans escuro , uma regata branca com uns desenhos preto , um colete jeans da cor do short e uma rasteirinha , infelizmente hoje eu não suportaria colocar botas . Penteei o cabelo molhado num rabo de cavalo , passei um lápis no olho e muitas pulseiras . Nem tomei café e saí correndo pela casa .

-Tchau paizinho , vou fazer turismo .

-Annabelle volta aqui agora .

-O que foi dessa vez pai ? -Parei na porta com as mãos na cintura .

-Você anda muito estranha . Senta aqui . -Ele deu um tapinha no sofá .

-O que eu fiz agora pai ?

-Você não fez nada .

-Então posso sair ?

-Esse é o problema , você não está fazendo nada . Não implica com os seus irmãos nem com a Shirley , não faz suas travessuras ou piadinhas . Eu só vejo você sair daquela porta dizendo que ''vai fazer turismo'' e voltando seis horas depois . O que tem de errado Anne? Eu sou seu pai,você pode confiar em mim .

-Ah pai ... -Bufei .

-Sente falta da sua mãe ?-

-Sempre .

-Eu também queria que ela estivesse aqui .

As lembranças da minha mãe passavam como filme na minha cabeça . Ela me faz tanta falta . Se ela estivesse aqui eu já teria contado tudo sobre o Demetri pra ela. Lágrimas se formavam nos meus olhos e lutei pra não deixar desabar .

-Pai , eu tenho que ir . Te amo .

Saí correndo outra vez e comecei minha caminhada diária até a praça . Observei todos rostos possíveis a procura do Demetri no caminho até a praça , e como sempre não achei o que procurava . Cheguei na praça e sentei no banco de sempre , peguei o caderno de desenhos e tentei me distrair do sol desenhando . Hoje eu não estava com o pressentimento de que encontraria o Demetri , então posso me distrair . Algumas horas depois , lá pelas cinco e meia da tarde , o sol já estava baixando . Peguei a câmera e tirei algumas fotos , até meu foco parar em uma pessoa interessante e me distrair .

-Venham , venham ! Eu consigo descobrir o que o futuro lhe reserva ! -Diz a cigana do outro lado da rua , mas ninguém dá importancia a ela . Peguei a minha bolsa e fui até a mulher tirar umas boas fotos .

-Bom dia . -Falei em italiano . Sou exibida , beijos .

-Quer descobrir seu futuro , jovem ? -Ela falou ,dançando em minha volta .

-Não , eu só quero tirar umas fotos suas , posso ?-Sorri .

-Se deixar eu ler a sua mão ... -Eu sabia que ela queria me tirar dinheiro .

-E quanto isso vai me custar ?

-Cinco pratas .

-Mas isso é mais que a metade do preço pra ler a mão .

-Mas você também quer tirar as fotografias . -Ela arqueou a sobrancelha .

-Ta legal . Lê a minha mão . -Estendi o braço e ela pegou a minha mão .

Começou a olhar e derrepente ficou com uma cara estranha , de pavor e medo . Droga, o que ela ta vendo ?

-Você está em um caminho mais do que perigoso ... -Ela realmente está apavorada .

-Como assim ? -Porra , agora to com medo .

-Não acredite nela .- Escutei aquela voz novamente e fechei os olhos . Respirei fundo e me virei devagar , não sei se teria coragem pra abri-los novamente , mas abri devagar e vi os rosto lindo do Demetri no beco escuro do fim da calçada . Paguei a cigana e mesmo com as pernas moles , caminhei devagar até ele . Ficamos frente a frente e num segundo eu perdi a fala e todos os sentidos .

-Você anda atrás de mim nos últimos dias não é mesmo ? O que você quer ?

Não conseguia falar .

-Annabelle ? Consegue me escutar ? Ta tudo bem ? -Aquela voz , oh meu Deus . Não consigo falar , não consigo andar , não consigo ver ou respirar . Tudo ficou escuro e então eu senti que desabei .

(...)

-Anne ? Você pode me ouvir ?

Voz de frango desafinado . Shirley .

-Filha , acorda .

-Pai ?-Abri os olhos e vi que papai e Shirley estavam me olhando . Eu estou em um quarto de hospital, interessante .

-Você acordou .-Shirley bateu palmas . Não, eu não acordei , foi a minha vó morta que acordou .

-O que aconteceu ? -Perguntei . A única coisa que eu lembro é de Demetri , e ele não está aqui e muito menos o meu pai sabe dele .

-Você desmaiou na rua por que estava desidratada . -Papai falou . É preciso beber água se você fica no sol o dia todo , fica a dica .

-Quem me trouxe aqui ?-Só pode ter sido o Demetri .

-Uma moça , daquelas ciganas sabe ? E o hospital vasculhou a sua bolsa e achou o numero da nossa casa . -Shirley explicou .

-Hum , podemos ir pra casa ?

-Claro , só esperamos você acordar , mas como sempre você dorme feito uma ...

-Shirley ! -Sim pai , xinga ela .

Tentei ir andando mas meu pai fez um fiasco e arranjou uma cadeira de rodas pra mim .

-Chegamos ! -Papai atravessou a porta da casa comigo no colo .

-Minha filha , o que aconteceu com você ?-Nanny perguntou me apertando as bochechas. Papai me deixou no sofá .

-A gente achava que você tinha morrido .-Falou Victor , e Victoria me entregou um desenho da minha lápide .

-Vaso ruim não quebra , pirralhos . Bom , eu só tive um desmaio , nada de mais .

-Nada de mais ? Se você tivesse batido a cabeça poderia estar em coma agora .-Papai bufou .

-Ta , mas eu não bati ta legal . Sem circo .

-E nada de sair pra rua amanhã.

-O que ? -Gritei . Eu não acredito , agora que o próprio Demetri me procurou eu não posso ir pra rua ? Por que isso comigo Deus ? Ta legal , eu não sou santa mas tenha piedade .

-É isso que você escutou , e sem choro .

-Nanny , você é a unica que me ama nessa casa . -Fingi um choro e fui correndo pro meu quarto tomar um banho . Saí do banho e ví que Nanny tinha deixado minha pizza e meu refrigerante no quarto . Sim , só ela me ama por aqui . Abri as janelas, peguei meu jantar e fui pra cima da cama . Peguei o noot e enquanto comia lí alguns emails da Frankie , todos me contando tudo o que estava acontencendo com ela e tudo mais . De repente aquela sensação de estar sendo observada me tomou novamente , olhei para o quarto todo mas não havia ninguém nem nada lá .