O caminho até a minha casa foi silencioso, com exceção do barulho do meu nariz fungando devido a um choro reprimido. Entramos em casa e subimos para o meu quarto. Sem me dar ao trabalho de tirar os sapatos  ou acender as luzes, apenas me atirei na cama. Demetri sentou ao meu lado e acariciou o meu rosto levemente, mas eu me afastei  e virei para o lado da janela. A minha intenção não é magoar ele, mas os últimos acontecimentos me abalaram e me deixaram cheia de preocupação. E agora, o que vai acontecer com nós dois? E comigo? O que essa mulher pretende com tudo isso e o que realmente aconteceu entre ela e o Demetri? Perguntas que estavam pesando meus olhos com lágrimas. Percebi que estava soluçando quando Demetri sussurrou ‘’shh’’ no meu ouvido na tentativa de me acalmar. Minha respiração foi voltando ao normal e os meus olhos se fechando para o sono.

 As luzes da janela me acordaram e eu resmunguei . Sentei rapidamente e vi Demetri encostado perto da porta, com os braços cruzados.

-Ficou parado aí a noite toda? –Perguntei seca.

-Esperei o seu fiasco acabar e fui para casa tomar banho, trocar de roupa.-Ele respondeu, no mesmo tom.

Levantei da cama e me tranquei no banheiro, bufando de raiva. Depois de tomar banho e me vestir, desci para cozinha e vasculhei a geladeira a procura de algo que amenizasse a minha raiva.  Peguei o pote de Nuttella e comi encostada no balcão, olhando pela janela e evitando qualquer tipo de contato com o cretino do Demetri.  Escutei a campainha tocar algumas vezes e resolvi atender, já que o cretino não levantou a bunda do sofá e foi até a porta.

-Hm, e aí Nessie?-Falei, sem humor.

-Ah, eu posso me vestir aqui hoje?Não tenho as roupas certas e...

-Entra ai, garota.-Dei espaço pra ela passar e fechei a porta.

-Obrigado, eu prometo que não incomodo mais. Eu vou a Seattle essa semana e vou comprar roupas novas pra mim, se você quiser pode vir.-Ela sorriu.

-Valeu Nessie, e você não incomoda.  Pode ir lá pro closet e escolher o que quiser, á vontade.

-Obrigado, de novo. –Ela entrou na sala e eu pude ouvir um ‘’Oi Demetri’’ e uma resposta feliz . Entrei na sala e o encarei, esperando que ele falasse alguma coisa. Mas não falou nada, continuou olhando o noticiário que passava na TV.

-Qual é a tua, hein Demetri? –Gritei.  

-Qual é a minha?-Ele se aproximou a centímetros do meu rosto, rapidamente e agarrou meu braço.-Você que está agindo como uma criança ao invés de conversar e tentar acertar ... seja lá o que for que esteja te chateando. –Ele falou baixo, mas era visível que ele estava morrendo de raiva.

-Tem uma vampira doida atrás de mim e como você quer que eu me comporte? Batendo palma, acenando e sorrindo? –Eu gritei, novamente. Ele me soltou e suspirou.

-Eu sei que você está assustada, mas eu to aqui e não vou deixar nada acontecer com você. Confie em mim.

Eu acreditei. Era impossível não acreditar quando ele fala com tanta sinceridade.

-O problema é ela Demetri. Se ela quer vingança ou seja lá o que for,isso significa que o que rolou entre vocês foi sério. Eu to com medo de te perder, caramba.

-O que eu tive com ela não significou nada pra mim. Ela é louca de pensar que um dia eu amei ela ou coisa parecida.

 -E se isso acontecer comigo, será que você ainda vai me amar amanhã?

-Menos.  Você sabe que eu te amo e nada pode mudar isso, não sabe? –Ele sorriu tortoe eu derreti bonito . Pegou a minha mão e me puxou para um abraço.

-Eu ainda estou com raiva, hunf. –Sai do abraço e caminhei para a garagem, Demetri me seguiu e fomos pra escola. Muito atrasados.

***

-Acorda, maluca .- Izzy me tirou da concentração e sentou ao meu lado. A aula era de artes e estávamos esculpindo em argila.-Por que ta viajando, quer matar aula?

-Não.-Tentei moldar o Mickey que eu estava esculpindo, que mais parecia um bife.-To com umas coisas tensas na cabeça.

-A gente pode sair por aí depois da aula, pra você se distrais e esquecer essas coisas tensas.-Ela fez uma cara estranha ao dizer ‘’coisas tensas’’.

-Pode ser.-Sorri.

-O que você está esculpindo? –Ela perguntou, parecendo mesmo curiosa.

-O Mickey, e você?

-Á alguns minutos era um peixei, mas agora acho que é uma pizza. –Nós gargalhamos da idiotice que ela acabara de falar e voltamos a fazer a escultura. Alguns minutos depois o sinal tocou, e saímos para o intervalo.

-Vem maluca, vou te apresentar pra minha galere. –Puxei Izzy pelo braço até a minha mesa de sempre.

-Ta bom.-Izzy concordou, com a boca cheia de pão e me seguiu.

-E aí macacada.-Coloquei minha bandeja com a comida encima da mesa e puxei uma cadeira para Izzy, que continuou de pé.-Essa é a Izzy.

A ruiva recebeu acenos e sorrisos simpáticos por parte dos meu monstrinhos favoritos, quem fez cara de limão azedo foi a Frankie.

-Ela vai sentar com a gente?-Perguntou, com a maior cara de nojinho.

-Não, minha filha. Eu prefiro ficar lá fora.-É, a Izzy percebeu a cara de merda da Frankie.-A gente se vê maluca.-Izzy deu as costas e foi embora. Sentei a mesa e atirei um pedaço de pão na Frankie.

-AAAAIIIH! Por que você fez isso? –Ela se escondeu atrás do Seth.

-Por que você foi mau educada com a Izzy.

-Quem é você pra falar de educação?

Atirei outro pedaço de pão nela. E nisso, meu sanduiche acabou.

-AAAAAIH, para com essa chuva de pão, caramba! Eu não gostei dessa tal de Izzy.

-Deixa de frescura,ela é gente fina.-Peguei o sanduíche que estava na bandeja do Jasper e mordi, ele não ia comer mesmo.

-Ouvi dizer que ela usa drogas...-Alice falou com quem não quer nada.

-Que isso Alice, virou fofoqueira agora? É muita convivência com o Jasper,hein ... –Emmet brincou.

-Cala a boca Emmet.-Alice fez cara feia pra ele.

-Ei, mas isso dela usar drogas ... eu já vi ela meio doidona por aí .-Seth deu de ombros.

-Cala a boca,Seth. Isso não quer dizer nada.

-Não quer dizer mesmo. Você , por exemplo, é doidona e não usa nenhuma droga que eu saiba.-Edward falou, e pela primeira vez eu vejo ele arrancando risadas de todo mundo.

-Haha, eu só não vou te chingar até você virar pó porque fiquei muito orgulhosa da zoação.  Continua assim, aprende comigo. E falando em atacar os outros, a Nessie ta se dando muito bem com os garotos do time de futebol .-Falei, com malicia.-Qualquer dia ela ta pior que eu, hein.-Dei uma risadinha e dei um gole no suco mais próximo, que não era o meu.

O sinal tocou e eu saí de fininho, balançando o cabelo e cantando mentalmente uma musiquinha feliz como uma criança.