O Humano escrita por AelitaLear


Capítulo 9
Capítulo 9- Libertada


Notas iniciais do capítulo

Oiie!! Quero agradecer do fundo de meu s2 a todos que leem, do Nyah!, do orkut, das amigas... Muito obrigada mesmo! Vocês iluminam meu dia!
Um obrigada a minha BFF Ma que me ajuda e me ilumina! Minha O'Shea'Sister!
Obrigada as recomendações de: Bia Pattinson, Lion, dany_kissetell, DrikaaH, isabellatmassei e sophia_sena.



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Acordei e Kyle estava arrumando suas coisas, pegando suas poucas roupas. Ele socava tudo em uma sacola, com pressa. Achei estranho aquilo, até me preocupou de ser uma retirada de emergência, mas se fosse, ele já teria me acordado aos gritos.

- O que tá acontecendo Kyle? – Levantei do colchão.

- Jared vai me levar na incursão. – Ele disse e meu estômago roncou.

- E eu não? – Perguntei surpreso, quase sempre eu ia com Kyle.

- Não, acho que você é muito calmo para não atrapalhar Jeb. – Ele disse sarcasticamente.

- Ah, então é por isso? – Levantei a sobrancelhas.

- É, ele sabe bem que eu posso matar ela...

- Ah, ele tem razão.

- Tem.

- Ok, boa sorte.

- Obrigado.

Seria até um pouco bom não ter a companhia de Kyle por alguns dias. Tinha hora que ele enchia o saco, agora mesmo ele estava resmungando sozinho algo de “como meu nariz tá torto”. Ele só sabia reclamar e reclamar.

Meu estômago roncou de novo, eu estava faminto. Sai do meu quarto dando um último aceno para Kyle. Caminhei para o refeitório, ele estava bem cheio, com umas 20 pessoas. Cada um conversava uma coisa, peguei minha comida e fui me sentar num canto.

De repente o burburinho desapareceu, ninguém soltava mais nenhum pio. Por curiosidade, olhei para ver o que tinha causado o silêncio mortal. E lá estava ela, a parasita, junto com Jeb num daqueles seus passeios matinais.

- Não dá para cozinhar durante o dia, claro. Fumaça, sabe. Então nós meio que mantemos isso aqui como refeitório até anoitecer.

Jeb tinha dito isso para chamar a atenção, claro que ninguém estava reparando muito antes dessa fala. Ela tentou se esconder atrás dele, mas ele continuava andar para frente. Notei que ela olhou assustada para mim, eu tinha tentado matá-la, afinal.

Por que eu sentia culpa?

Todos pararam de comer, alguns estavam levando o pão à boca, outros até engasgaram. Os que estavam mais paralisados eram Maggie, Doc e Sharon. Jeb falou mais uma vez, para provocar.

-Todo mundo satisfeito, já? - Perguntou alto e sarcasticamente.

- Perdemos o apetite. - Maggie respondeu colocando o prato de lado, Jeb a ignorou.

- E quanto a você. - Ele disse, virando para ela. - Com fome?

Realmente ela não era muito de falar, não respondeu. Ela fez que não com a cabeça, aquilo já bastou como resposta.

- Bem, eu estou. - Ele resmungou.

Jeb foi até o corredor para pegar comida, ela continuou onde estava, pressionada contra a parede. Todos estavam observando-a, exceto Maggie e Sharon, elas estavam olhando para Jeb.

- Bem, vamos continuar. - Jeb sugeriu com a boca cheia enquanto caminhava até ela. - Ninguém aqui parece poder se concentrar no almoço. Facilmente distraídos, esses aqui.

Eu nem tinha notado que Jamie estava lá, mas quando Jeb falou isso, ele se levantou e o seguiu. As pessoas que a encaravam, agora dividiam o olhar com Jamie. Eu observava atento para ver qual seria sua reação.

- O que é garoto? - Jeb perguntou.

- Só me perguntando o que você está fazendo. - Jamie respondeu.

Jeb demorou um pouco para responder.

- Levando ela por uma turnê. Como eu sempre faço para os recém chegados. – Respondeu.

Alguém grunhiu de reprovação. Certamente foi Maggie ou Sharon.

- Posso ir? - Jamie perguntou.

Sharon fez que não com a cabeça, mas Jeb a ignorou.

- Não me incomoda...  – Jeb disse, enfrentando Sharon. - Se você se comportar.

Jamie deu de ombros.

- Sem problemas. – Respondeu.

Fiquei com vontade de ir também, não sei por que, mas eu estava curioso. Eu queria ver como ela se comportava, como agia. Já que Jamie podia ir, se comportando, por que eu também não poderia?

- Vamos. - Jeb disse para os dois.

Ele estava levando eles de volta de onde vieram. Ela era flanqueada pelos dois, como se fosse uma guarda, ou melhor, uma proteção. Eles já deveriam estar no meio do corredor, minhas pernas formigando de vontade de segui-los.

Olhei para Doc, ele também parecia ter vontade, fiz um sinal com a mão. Ele veio até mim para ver o que eu queria.

- Vamos dar uma volta com eles? – Perguntei.

- Estava louco para isso, só precisava de uma companhia. – Doc respondeu sorrindo.

- Eu sabia Doc! Dava para ver na sua cara! – Rimos.

- Eu estou muito curioso, você sabe como sou.

Levantamos, todos olharam na nossa direção. Pensei em ter ouvido um xingamento vindo de Sharon para Doc, ignoramos. Fomos correndo para alcançá-los. Tínhamos que ser rápidos, pois eles já tinham tomado uma boa dianteira.

Quando eles perceberam que estávamos chegando, houve um posicionamento, como em batalhas. Ela empurrou Jamie para um canto, para protegê-lo, escutamos um protesto vindo dele.

- Hey.

Jeb foi ainda mais rápido. Ele tirou a arma de sua cintura, quase não deu para ver. Quando demos conta, ela já estava apontada para nós. Eu e Doc, numa reação de sobrevivência, levantamos as mãos.

- Nós podemos nos comportar também. – Doc disse.

Jeb me encarou, com a arma acompanhando seu olhar. Eu, sem dúvidas, era a maior ameaça. Ele levantou e desceu a arma uma vez, como se fosse uma forma para me fazer falar.

- Eu não vim caçar problemas Jeb. Eu me comportarei tão bem quanto Doc. – Falei.

- Ótimo. - Jeb disse concordando e guardando a arma. - Só não me teste. Eu não atiro em ninguém há muito tempo, e eu meio que sinto falta da emoção.

Eu sabia que não havia motivos para temer, quem não sabia era ela. Ela engasgou com a afirmação de Jeb, olhamos e vimos que ela estava com uma expressão horrorizada. Todos nós rimos, realmente essas almas eram amáveis demais.

- É uma piada. - Jamie disse para ela.

- Bem o dia está passando. - Jeb disse. - Vocês vão ter que se apressar, por que eu não vou esperar. - Ele começou a andar antes mesmo de terminar de falar.

Ela ficava bem perto de Jamie, o mais longe possível de mim e de Doc. Ela estava aflita, será que ela não via que hoje não faríamos nada? Ainda mais com Jeb.

- Hey, Doc. – Falei bem baixinho. – Ela está com medo ainda.

- Se está. – Doc respondeu. – Ela tenta ficar o tempo todo perto de Jamie.

- Acho que ela pensa que sendo ele menino, vai nos fazer sentir pena.

- Mal sabe ela que não vamos fazer nada. Ninguém aqui é louco.

- Pois é. – Concordei.

Jeb nos levou na horta de milho, era bonito ver que o nosso vasto trabalho estava dando mais certo do que nunca.

- Ian, vocês estão fazendo um ótimo trabalho com irrigação. – Doc comentou.

- E está dando um baita trabalho, pode ter certeza. – Respondi.

Depois fomos até o salão de Jogos, fazia tempo que não chutávamos umas bolas, eu estava com saudades de ganhar. Ela não entendeu como jogávamos nesse breu, e Jeb explicou.

Ela ainda não tinha se convencido que nos não faríamos nada, continuava a olhar de tempos em tempos. Nós estávamos nos comportando bem, não tinha o que reclamar. Cada comentário nosso era razão para ela dar um pulo e olhar com cara de assustada através do escuro.

Agora nos íamos até a casa de Doc, o hospital.

- Aqui é parte mais ao sul do sistema de tubos. - Jeb explicava. - Não muito conveniente, mas tem boa luz o dia todo. Por isso nós fizemos aqui o hospital. É aqui que Doc trabalha.

Todo mundo ficou paralisado, não estava entendendo o por quê. Novamente ela estava com aquela cara, poxa vida, ela só tinha medo também? Por que ela estava assim agora?

- Não. – Disse Jamie. - Não, está tudo bem. Mesmo. Não é tio Jeb? - Jamie olhou para ele. - Tá tudo bem, certo?

- Claro que sim. – Jeb falou calmo. - Só te mostrando a minha casa, só isso.

Eu não estava entendendo absolutamente nada, por que todo esse medo, todo esse desespero? Por que Jamie estava tão ansioso para esclarecer, isso estava bem estranho.

- Do que vocês estão falando? – Resmunguei atrás deles, continuando não entendendo. Eu estava bem irritado.

Ninguém me respondeu, continuei sem entender. Jamie continuou tentando acalmar, o que não tinha motivo.

- Você achou que nós a traríamos aqui de propósito, para Doc? - Jamie disse para ela. - Nós não faríamos isso. Nós prometemos a Jared.

Ah, entendi! Ela achava que tudo isso fosse uma emboscada, uma armadilha. Que hilário! Tinha que ser a parasita mesmo!

- Oh! – Eu disse rindo. - Não era um plano ruim. Eu estou surpreso de não ter pensado nisso.

Era realmente um bom plano, agora que eu fui entender o medo dela! Que irônico, se eu quisesse, tivesse matado bem antes que isso.

Jamie não gostou nenhum pouco do que eu disse, ele olhou feio pra mim. Depois ele deu um tapinha, para confortar ela.

- Não fique assustada. - Ele disse.

- Então esse cômodo grande aqui tem algumas macas no caso de alguém se machucar ou ficar doente. Nós temos tido sorte nesse sentido. Doc não tem muito com o que trabalhar em uma emergência. – Jeb continuou de onde tinha parado. Ele olhou para ela e riu. - O seu pessoal jogou todos os nossos medicamentos fora quando tomaram conta das coisas. Difícil conseguir pegar as coisas que precisamos.

- O que você sabe sobre medicação alienígena? – Doc perguntou.

Que baita pergunta boba, era claro que ela não ia falar nada. Tudo para esses parasitas era segredo, não sei por que ele ainda estava com tanta expectativa. Ela o encarou.

- Oh, você pode falar com o Doc. - Jeb encorajou. - Ele é um cara bem decente, todas as coisas consideradas.

Ah, que inútil. Ela continuava sem dizer nada.

- Ela não vai revelar nenhum segredo. Vai, queridinha? – Falei irônico.

- Modos, Ian.- Jeb latiu.

- É um segredo? - Jamie perguntou.

Ela balançou a cabeça. Todo mundo ficou confuso, não era segredo e ela não podia contar? Então era segredo, caramba. Doc, quando viu que ela não ia falar nada, balançou a cabeça também, lentamente, decepcionado.

- Eu não sou Curandeira. Eu não sei como eles, os remédios, funcionam. Só sei que funcionam, eles curam, não só tratam os sintomas. Sem tentativa e acerto. Claro que os remédios humanos foram descartados. – Ela enfim abriu a boca para algo útil.

Todos a encaravam sem expressão, ela respondeu, isso era bem raro. O que ela disse não fazia muita diferença, mesmo assim, era um aprendizado.

- Seu pessoal não mudou muito as coisas que deixamos para trás. - Jeb disse após um momento. - Só as coisas médicas, e as naves ao invés de aviões. Fora isso, as coisas parecem ser as mesmas de antes... na superfície.

- Nós viemos para experimentar, não para mudar. – Ela disse. - A saúde tem prioridade sobre essa filosofia, no entanto.

Filosofia? Eu não tinha muito o que falar sobre isso, ela era filósofa? Jeb assentiu, continuou nos levando para o passeio. O resto da turnê se passou em silêncio, ela terminou na plantação de cenouras.

- O show acabou. - Jeb disse amuado, olhando para mim e para Doc. - Vão fazer algo útil.

Eu revirei os olhos para Doc, caramba, já tinha que trabalhar? Voltamos pela grande saída, indo para a cozinha.

Fui trabalhar, dessa vez eu teria a companhia de Wes. Hoje nós iríamos limpar alguns espelhos, coisa que sempre tínhamos que fazer. Enquanto ele limpava, eu segurava a escada.

- Tenho sorte de não morar no mesmo lugar que você. – Wes comentou.

- Por que?

- A parasita tá no quarto de Jamie.

- Você tá brincando? – Me exaltei.

- Não, revoltante né?

- Nem se fale! Que droga! – Rangi meus dentes. – Não quero dormir mais lá!

- Não deve ser fácil!

- Imagine se ela te apunha-la pelas costas?

- Quer dormir no quarto comigo? – Wes ofereceu.

- Beleza! Vai ser bom!


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Notas finais do capítulo

Ian e seu humor bipolar!
Tenho uma novis: o próximo cap acontece algo bom! Lembra do primeiro dia que Peg trabalha? E com quem ela trabalha? Pois bem! A fase ruim está acabando... Logo o Ian vai estar 100% rsrrs
Muito obrigada por lerem!