O Humano escrita por AelitaLear


Capítulo 36
Capítulo 36- Aproveitada


Notas iniciais do capítulo

Com vcs o cap problema... se quiserem me xingar depois dele, fiquem a vontade, se tiverem dúvidas eu explico tbm... espero que gostem^^



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- Está decidido. – Jeb murmurou e minha vontade era de socá-lo. – Peg vai nesta incursão, não adianta reclamar Ian.

- Diabos Jeb...

- Não diga mais nada, ela quer ir. – Ele me interrompeu.

Cruzei os braços de nervoso, bufando. Não adiantou nada o meu esforço, já fazia tempo que eu insistia para que Peg não fosse nessa incursão.

Mas como sempre seu altruísmo falou mais alto. Ninguém “pediu” a ela, mas foi quase uma obrigação. Longos dias de indiretas para ela, longos dias que ficavam falando de suprimentos perto dela...

Claro que ela percebeu e resolveu ir. E ninguém fez nada para tentar impedi-la, apenas eu.

- Calma Ian. – Peg murmurou colocando sua mão no meu braço. – Eu quero ir...

Não respondi, não adiantava mais discutir com ninguém aqui.

- Acho melhor vocês irem. – Jeb girou o pulso como se fosse um relógio. – Já está na hora.

Levantei do chão fazendo minhas juntas estalarem. Peg levantou logo atrás, seguido de Jared, íamos nós três.

Nossas coisas já estavam prontas fazia alguns dias. Não tinha muito a levar, só roupas e alimentos.

Caminhamos para a saída, quando fomos surpreendidos por passos acelerados atrás de nós. Eu conhecia bem de quem eram aqueles passos.

- O que quer aqui Kyle? – Murmurei ainda emburrado.

- Jeb me deixou ir também.

Olhei bravo com ele, provavelmente ele estava duvidando de Peg mais uma vez. Jared pareceu não se importar.

- Vamos logo. – Murmurou saindo.

Caminhamos pelo deserto escaldante até chegar em nosso carro. Íamos de van dessa vez, e Jared dirigiria por esta noite enquanto eu e Kyle dormiríamos.

Depois de uma longa viagem, chegamos a primeira cidade, com a primeira compra de Peg.

Me desesperei com a ideia dela descer sozinha, mas por precaução, eu não podia descer junto e ajudá-la, de forma alguma. Seria entregar minha vida.

Ficamos no carro enquanto ela entrava num supermercado com alimentos e roupas. Eu contava os segundos para que ela voltasse, parecia uma verdadeira eternidade.

Não demorou muito, alguns minutos para que ela voltasse cheia de coisas. Percebi que ela dispensou ajuda de uma alma gentil, melhor assim. Ela estava com outra roupa, deveria ter trocado lá dentro.

Abriu a parte de trás da van, acomodando as coisas perto de nós. Tinha muitos alimentos, uma quantidade absurda que demoraríamos dias para conseguir. Tinha também roupas, tanto para ela como para nós.

Será que ela tinha sido egoísta ao ponto de comprar coisas para si mesma? Não, deveria ser sugestão do Jared enquanto eu dormia.

Peg deu a volta e se sentou no banco a minha frente. Coloquei minhas mãos no seu ombro, ela pareceu gostar.

- Isso está fácil demais. Não é nem mais divertido. - Kyle reclamou, um tanto surpreso ao ver a quantidade de alimentos.

Jared deu a partida do carro.

- Você quis vir. – Lembrei-o.

Estava muito calor dentro da van, e esse calor não era devido a minha aproximação com Peg.

- Cansada de fazer compras já Peg? – Perguntei.

- Não, eu não me incomodo. – Respondeu com seu altruísmo.

- Você sempre diz isso. Há alguma coisa que te incomoda?

- Me incomoda... ficar longe de Jamie. E estar aqui fora... um pouco. Durante o dia especialmente. É tipo o oposto da claustrofobia. É tudo tão aberto. Isso te incomoda também?

- Às vezes. Nós não saímos durante o dia muito.

- Pelo menos ela estica as pernas. - Kyle resmungou. - Eu não sei por que você a quer ouvir reclamar.

- Por que é incomum. E é uma boa variação de ouvir você reclamar. – Peg tinha uma voz bem mais bonita, ela era bem mais agradável.

- O que eu tenho de diferente? – Ele me encarava.

- Tudo. – Respondi com desdém.

- Só por que eu sou homem?

- Hã? – Me fiz de tonto.

- Claro, só por que você não me ama... Ama ela, não é?

- Cala a sua boca! – Xinguei, voando com minhas mãos para a boca dele.

Peg não estava prestando atenção na nossa briga, ela olhava um mapa que estava no seu colo. Bem, essa ultima parte não valia a pena mesmo ela ouvir.

- Oklahoma City é a próxima parada? – Ela perguntou a Jared.

- E algumas pequenas cidades no caminho, se você estiver com pique. – Jared respondeu.

Eu escutava a conversa dos dois, mas minha vontade era de não ouvir. A forma que Jared falava com ela era uma maldade, tratava como se fosse um simples objeto.

Ele dava ordens para ela, e ela obedecia. Doía ver que ele era bem mais influente do que eu, e que ela gostava dele.

- Você provavelmente devia se lavar também. - Jared disse. - Isso significa Hotel por essa noite.

Engoli em seco, estava com medo. Por mais que Peg estaria ali com agente, me sentia mal, exposto. Peg merecia dormir, esse era a minha motivação.

- Eu odeio dormir em hotéis! – Murmurei.

- Eu não vou dormir, já dormi o dia todo! – Kyle reclamou. – Ficarei na van, acordado para o caso de precisarmos.

- Eu também não gosto – Jared dizia. – Mas é necessário.

- Não tem problema, eles não farão nada. – Peg nos garantiu.

Jared procurou um hotel perto, mas que não fosse muito lotado. Já bastava dormir com algumas almas, não era necessário dormir com uma verdadeira legião certo?

- Vamos comprar algo para comer antes. – Jared murmurou olhando para Peg.

- Okay. – Respondeu sorrindo. – Que tal um sorvete?

Eu lambi meus lábios com a ideia. Fazia muitos anos que eu não tomava nada assim, sentia saudades.

Kyle pareceu gostar também, ele animou no mesmo instante.

- Quero de caramelo. – Ele riu. – Adorava esse tipo!

- Okay. E você Ian?

Puxa vida, por mim qualquer um seria maravilhoso, mas nada se comparava ao de menta com chocolate. Aquilo era o verdadeiro manjar dos deuses.

- Bem... eu prefiro de menta com chocolate.

- Okay, esse é bom. – Murmurou baixinho. – E você Jared?

- Tanto faz para mim Peg, escolha o que você escolher.

Jared tinha se tornado isso á uns tempos para cá. Parecia que ele deixava de lado seus gostos para não prejudicar ninguém. Por um momento achei um coração bom ali.

Paramos numa pequena sorveteria, com sorte ela encontraria o meu querido sorvete...

Ela desceu e novamente minha preocupação cresceu. Me arrependi um pouco de pedir o sorvete, ela ficaria melhor aqui, eu não precisava desse mimo.

- Hummm... – Kyle resmungou sozinho. – Que saudades das minhas tardes na sorveteria com Jodi... – Logo após ele fechou a cara.

Eu não disse nada, sabia que ele sofria e muito com a perda dela. O que não era certo era ele ficar culpando a Peg.

Peg voltou com uma bandeja de papelão, levando lá os 4 sorvetes, que estavam apoiados num suporte para que não caísse.

Jared abriu a porta e ela entrou, ele nem esperou ela se acomodar e deu partida.

Peg pegou seu sorvete depois deu para nós. Peguei o meu e fiquei com água na boca.

Olhei para aquelas gotinhas de chocolate que já fazia tempo que eu não comia. A cor verde do sorvete me fazia suspirar. Nunca pensei que fosse gostar tanto assim de um alimento.

- Humm Hum.... – Kyle murmurou enquanto metia a boca no sorvete, acabando com ele.

Coloquei minha língua de leve, sentido o sabor de uma forma demorada, para que demorasse mais para acabar.

O gosto era maravilhoso, o ardido misturava com o doce, formando uma combinação perfeita.

- Hum... – Agora era eu a murmurar. – Quer um pouco Peg?

- Não, obrigada Ian.

O sorvete acabou antes de eu estar satisfeito. Paramos mais uma vez para comprar comida salgada, e aproveitamos escondê-la em uma mala antes de achar um hotel.

Achamos um hotel até que bom, parecia vazio. Kyle se escondeu antes de alguém vê-lo, e nós continuamos nossa jornada. Paramos em um lugar escuro para ele, depois descemos.

- Ian. – Peg murmurou baixinho. – Você é Galo do Céu, é um Morcego.

- Morcego? – Murmurei dando um riso.

- Sim, e Jared, você é Falador.

Jared assentiu.

- Eu sou cantor da canção ok? – Olhou para nós dois que assentimos. – E nessa vida somos fotógrafos.

Ela parecia uma verdadeira agente, como se tivesse fazendo uma super missão. Bem, era uma super missão, perigosa!

- E como vamos explicar dois homens entrando junto com uma garota num quarto? – Jared murmurou e eu me surpreendi.

Era um tanto estranho isso mesmo, não sei se isso existia nas almas, mas ia parecer que Peg tinha algo com nós dois.

- Não seja por isso. Ian pode ser meu parceiro e você pode ser um amigo.

Sorri com a ideia de ser seu parceiro. Bem que poderia ser verdade...

- Ok. – Assentimos juntos.

Continuamos caminhando até a recepção. Permanecíamos de olhos baixos para que ninguém desconfiasse, mostrando apenas nossa cicatriz recém feita.

Entramos no quarto e por mais incrível que pareça o único que dormiu mal foi Kyle. O quarto era maravilhoso, tinha 3 camas de solteiro e mais 2 de casais, um verdadeiro luxo.

Os dias foram se passando na nossa incursão. Notava que Peg estava cansada, mas mesmo assim disfarçava isso para que eu não a proibisse mais de nada.

Nossa van se encheu por completo, não tinha mais lugares para colocar alimentos. Kyle teve a ideia de roubar um carro, mas Peg foi mais inteligente e o comprou. Isso foi bem estranho, mas agora tínhamos um caminhão.

Resolvemos voltar, ainda parando em algumas cidades e completando o espaço vago. Com o caminhão, tínhamos muito espaço e voltaríamos carregados.

Depois que completamos todos os espaços, não tinha mais muitas coisas para fazer, então paramos uma ultima vez num hotel.

Esse hotel era bem rústico, mas muito melhor do que nossa casa. Peg foi pegar as chaves do quarto enquanto eu e Jared esperávamos.

Entramos no quarto novamente com a cabeça totalmente baixa. Não havia mais perigos, ninguém desconfiava. Jared levava uma mala cheia de alimento, como sempre.

Éramos algas dessa vez, continuávamos sendo fotógrafos neste mundo. Meu nome tinha alguma coisa com olhos, não me lembrava.

Fechamos todas as cortinas antes de qualquer coisa. Primeiramente por causa do perigo, depois por que queríamos relaxar.

Notei que tinha apenas uma cama de casal e outra de solteiro. Isso era um grande problema. Onde nós dormiríamos? Ou melhor, quem dormiria com quem?

A mais sensata decisão seria eu com Jared. Não que eu quisesse dormir com ele, longe disso, mas eu sabia que Peg se incomodaria e muito de me escolher ao invés dele. Se eu a conhecia bem, ela se sentiria mal.

Fui para a cama de casal e me esparramei nela. Como era bom poder deitar numa cama macia, Peg estava me mal acostumando.

Alcancei o controle da Tv, por sorte esse alojamento tinha algo de atrativo, não que os programas fossem muito legais.

Novamente eu tinha razão. Passei pelos canais numa velocidade incrível, não achei nada que me prendesse a atenção. Nunca tive muita paciência pra televisão, ainda mais agora.

Jared pegou a comida que estava na sua mala, tirinhas de frango frito, e distribuiu para cada um de nós. Eu as comi me deliciando, ainda procurando um canal.

Peg se levantou e foi para a janela. Ficou um tempo fitando o crepúsculo pela fresta. Ela estava linda daquela maneira, eu podia e preferia assisti-la ao invés de olhar para a tela de TV.

- Você tem que admitir Peg, nós humanos tínhamos melhor noção de entretenimento. – Provoquei.

Eu olhei para a tela para mostrá-la o que estava passando. Tinha duas almas conversando, como se fosse um teatro mal feito. A história era bem ridícula, algo de se encontrar depois de vidas sem se ver... Coisa que novela nenhuma mostrava, as antigas, eu quero dizer.

- Você tem que considerar a audiência. – Ela defendeu.

- Verdade. Eu gostaria que eles passassem alguns programas humanos de novo. – Passei mais uma vez pelos canais. - Costumava a ter alguns no ar.

- Eles eram muito perturbadores. Eles tiveram que ser substituídos por programas que não fossem tão... violentos.

- Todo mundo odeia o Chris? – Perguntei abismado.

Ela riu.

- Era complacente com violência. Eu lembro de um em que um garoto dava um soco em uma outro garoto abusivo na escola, e isso era mostrado como certo. Havia sangue.

Eu sacudi a cabeça com descrença, e voltei para o idiota filme de Alga. Até que estava um pouco engraçado, na hora que eles iam se beijar, ou se tocar, era tão meloso, dava vontade de rir. Se fosse dois humanos, vixi... Melhor nem pensar nessas coisas.

- O que você está olhando, Peg? – Jared perguntou.

- Algo que eu nunca vi em todas as minhas vidas. Eu estou vendo... esperança.

Jared foi para ver o que estava acontecendo de tão interessante lá fora.

- Como assim?

- Olha. – Ela mostrou algo.

- O que eu estou olhando?

- A única esperança que eu já vi para uma espécie de hospedeiros.

Eu levantei e fui na janela junto deles, também queria ver o que Peg falava de tão importante.

- Onde? – Jared perguntou sem entender.

- Veja. – Ela apontou para uma mãe e uma criança bem longe. - Olha como ela ama sua criança humana.

A mulher pegava o filho no colo e o abraçava, cobrindo seu rosto de beijos. Ele parecia rir com aquilo, parecia estar totalmente a vontade naquele colo.

- Hã? - Jared murmurou. - O bebê é humano? Como? Por quê? Por quanto tempo?

- Eu nunca vi isso antes, eu não sei. – Peg deu de ombros. - Ela não o entregou para ser hospedeiro. Ela não seria forçada, eu imagino. Maternidade é quase idolatrada entre os meus. Se ela não estiver disposta... Eu não tenho idéia de como eles procederiam. Isso não acontece em qualquer outro lugar. As emoções desses corpos são mais fortes que a lógica.

Eu arregalei os olhos e abri a boca, ela olhou para mim e para Jared. Ele também tinha a mesma expressão estampada no meu rosto.

- Não. – Murmurou para si mesma. - Ninguém forçaria os pais se eles quisessem a criança. E olhe para eles.

Agora o pai estava com eles, formando uma verdadeira família perfeita. Peg continuou.

- Além de nós mesmos, esse é o primeiro planeta que nós descobrimos com nascimentos vivos. O seu sistema não é exatamente prolífico. Eu me pergunto se essa é a diferença... ou se é a fragilidade dos nascidos, ou....

Ela parou mais uma vez observando a cena, a mãe e seu parceiro se beijavam e a criança se agitava de felicidade.

- Hmm. Talvez, algum dia, alguns da nossa espécie e alguns dos seus viverão em paz. Isso não seria estranho?

Aquilo era um milagre, aquilo era o milagre que nós esperávamos... Ninguém conseguia falar, nós ainda observávamos aquela linda cena... Eu engoli alto, aquilo tinha um significado muito importante para nós...

Ninguém falou mais nada até a noite chegar e Peg entrar para tomar banho. Eu não tinha dúvidas de onde eu ia dormir, mas Jared parecia estar com problemas sexuais de dormir comigo. Ele achava que eu ia agarrá-lo a noite, pelo amor de Deus.

- Onde vamos dormir? – Perguntou bem baixo para que Peg não escutasse.

- Deixe ela com a cama menor.

- Você não acha desconfortável nós dois dormimos juntos? Ela que deveria escolher.

- Não é nada justo pedir para ela escolher.

- Por que não? É mais justo dizer a ela onde ela vai dormir? Não acha que seria mais educado...

- Se fosse outra pessoa. Mas Peg vai agonizar sobre isso. Ela vai tentar agradar nós dois, ela vai ficar miserável.

- Com ciúmes de novo? – Perguntou com deboche.

- Não dessa vez. É só que eu sei como ela pensa.

Houve um silêncio, Jared demorou para responder. Ele estava incomodado em dormir comigo, eu sabia. Ele não se importava com ela, de maneira alguma, e não queria que duvidassem da sexualidade minha ou dele. Só por que todos sabiam que eu amava Peg e ele amava Melanie.

- Beleza. - Jared concordou. - Mas se você tentar me agarrar a noite… Deus te ajude O’Shea!

Eu ri, que nojo agarrá-lo! Nem que eu jurasse que era Peg do meu lado eu seria capaz de fazer isso, era instintivo. Ele eu não sei, mas eu não ia nem a pau chegar perto dele.

- Não querendo soar muito arrogante, mas para ser perfeitamente honesto, Jared, se eu tivesse essa inclinação, eu acho que poderia escolher melhor.

E aquela conversa acabou, fomos dormir. Jared me socava a noite, acho que ela por que eu ocupava mais espaço do que permitia a cama. Mas ele que não pensasse que eu era Gay. 


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Notas finais do capítulo

ouch, se o Ian for gay eu morro!

“- Todo mundo odeia o Chris? – Perguntei abismado. (NA: Eu que inventei essa, estava assistindo e me deu na telha. Eu não conhecia o programa favorito Dele então... rsrs...)”