O Humano escrita por AelitaLear


Capítulo 2
Capítulo 2- Sentenciada


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Muito obrigada por lerem minha fic!
Dedico esse Cap especialmente para a Bella Furtado, dá uma olhada nas fic dela, Omg, são demais
Esse Cap se refere ao 13



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- Eles estão aqui? – O que ela estava falando agora? – Eles conseguiram? – De quem ela estava falando, dos Buscadores?

- Quem? – Jeb perguntou tirando as palavras de minha boca, não fazia sentido ela procurar os Buscadores.

- Jamie, Jared! – Ela parecia gritar e eu continuava sem entender. – Jared estava com Jamie. Nosso irmão! Eles estão aqui? Eles vieram? Você também os encontrou?

Então não era os Buscadores, ela deveria ser a própria Buscadora. Estava procurando os dois para transformá-los em parasitas. Novamente ela usou o pronome errado, mais uma estratégia para nos enganar. Essa era uma ótima Buscadora, ficamos todos inquietos.

- Não. – Jeb respondeu com indiferença, sem piedade.

- Não. – Ela meio que concordou com o que ele afirmou. Depois ela fechou os olhos.

- Olhe. – Jeb disse depois de um momento. – Eu, hum, tenho uma coisa para resolver. – Olhou para a nossa direção. - Descanse aqui um pouco, eu já volto.

Jeb percebeu nossa inquietação e veio ver o que queríamos. Kyle estava muito bravo com tudo isso, não queria que ele a ajudasse, queria que ele a matasse ali mesmo, sem dó nem piedade.

Eu também estava bravo, não como Kyle, mas estava enfurecido e cheio de ira. Eu não queria que ele deixasse ela viva mais nenhum momento, cada segundo que se passava tínhamos a impressão que os Buscadores estavam chegando.

Já estava amanhecendo, ela encostou sua cabeça no chão e parecia dormir. Jeb tinha colocado um cantil ali perto, só para piorar a nossa reação, por que ele não matava ela logo?

Passou um tempo, quase nada, e ela acordou. Deveria estar só com os olhos fechados, era muito pouco tempo para dormir. Ela viu o cantil e correu pega-lo, bebeu cada gota da água novamente, em desidratação.

Ela jogou o cantil vazio no chão, isso me deixou ainda mais enfurecido. Ela tinha bebido toda a água e ainda tratava com desdém? Kyle não suportou aquilo, parecia estar mais nervoso, quebrou o silencio:

- Por que você deu água, Jeb? – Reclamou zangado.

Ela percebeu que alguém falava e virou para nos ver. Se assustou quando viu que éramos em maior numero, oito ao todo. Todos estavam muito nervosos, bravos e no meu caso, cheio de ódio.

Entre o nosso grupo de oito, estavam duas mulheres, uma delas era a velha Maggie. Todos nós apunhalávamos armas, para nos defender, até as mulheres tinha uma em sua frente. Kyle usava o machete e eu uma grande enxada.

Ela continuou olhando para nós, encarando. Mal sabia que lá no esconderijo tinha mais pessoas. Jeb era o que parecia estar mais calmo, e isso me deixava nervoso, ele sempre lidava com as situações dessa maneira, talvez fosse a experiência.

Kyle emitiu um ruído de nojo, depois cuspiu no chão, ele estava quase explodindo. Deu um passo adiante, levantando o machete, ela pareceu recuar. Ele estava mais do que disposto a matá-la, eu também estava.

- Espere, Kyle. – Jeb disse e Kyle recuou. Ele fez uma careta e virou-se para Jeb.

- Por quê? – Eu também queria saber o porquê. – Você verificou. É um deles. – Kyle falou.

- Bem, é verdade, ela certamente é um deles. Mas a coisa é um pouco complicada.

- Como assim? – Perguntei nervoso.

- Veja, essa aqui é a minha sobrinha, também.

Jeb não poderia vir com essa agora, ela não era sua sobrinha. Todos sabiam que ela tinha sido possuída, e que não ia voltar. Aquela menina que era Melanie tinha se transformado nessa Buscadora imunda, e veio para nos matar.

- Não é mais. – Kyle meio que falou por mim.

Kyle cuspiu de novo e deu um passo na direção dela. Estava pronto para matar, ela percebeu isso e fechou os olhos. Ela estava pronta para ser morta. Jeb não gostou disso e ameaçou com a arma.

- Eu disse para esperar, Kyle. – Jeb apontava sua arma para as costas de Kyle.

- Jeb. – Falei horrorizado, sem entender a atitude dele. – O que você está fazendo?

- Afaste-se da garota, Kyle. – Jeb disse em tom de ameaça, eu temi pelo meu irmão.

Kyle entendeu o recado, virou as costas para ela e veio na direção de Jeb indagar.

- Não é uma garota,  Jeb!

Eu concordava com Kyle, era uma parasita. Jeb pareceu continuar firme com sua arma apontada para ele.

- Há coisas a ser discutidas.

- O doutor pode aprender alguma coisa com esse troço. – Propôs Maggie.

Era uma das coisas que eu não concordava, essa tortura que eles faziam. Por mais que fossem parasitas, elas não mereciam ser torturadas dessa maneira, não mesmo. Era horrível ver eles dilacerando os corpos.

- Tia Maggie? – A parasita falava outra vez. – Você está aqui? Como? A Sharon está... – Ela pareceu se interromper.

Maggie levantou a mão e deu um tapa no rosto dela. A cabeça dela tombou para trás, depois para frente. Ela deu outro tapa. No fundo eu entendia Maggie, ela não tinha o direito de falar da filha dela como se a conhecesse.

- Você não nos engana, sua parasita. – Não enganava mesmo, concordei com Maggie. – Sabemos como vocês trabalham. Nós sabemos quanto vocês imitam bem a gente.

- Ô Maggie. – Jeb começou a falar.

- Não me venha de “ô Maggie”, seu velho bobo! Ela provavelmente trouxe uma legião deles direto para nós. – Maggie parou e foi pra perto de Jeb.

- Não estou vendo ninguém. – Respondeu Jeb. – Ei! – Gritou ele e ficamos surpresos, ele estendeu sua mão para cima. – Aqui!

- Cale-se. – Maggie resmungou empurrando o peito de Jeb.

- Ela está sozinha, Mag. Estava meio morta quando a encontrei... Não está em tão boa forma agora. As centopéias não sacrificam os seus desse modo. Eles teriam vindo buscá-la muito antes de eu tê-lo feito. O que quer que ela seja, está sozinha.

Jeb estava andando em direção a ela, eu, Kyle e outros estávamos andando atrás. Kyle colocou a mão no ombro de Jeb para impedi-lo de ir. Jeb estendeu a mão para a parasita, e ela pareceu não entender.

- Venha. – Ele a chamou. – Se pudesse carregá-la tanto assim, teria levado você para casa ontem à noite. Você vai ter que andar mais um pouco.

- Não! – Grunhiu Kyle.

- Estou recebendo a moça. – Disse Jeb sério.

- Jeb! – Protestou Mag.

- A casa é minha, Mag. Eu faço o que quero.

- Velho bobo. – Ela repetiu.

Ele pegou a mão dela e deu um puxão para levantá-la. Eu não entendia por que ele iria levar ela até lá, apenas para torturar? Não precisava disso, apenas matasse ela agora, seria ótimo. Para que prolongar sua vida com sofrimento?

- Certo, quem quer que você seja. – Jeb disse. – Vamos embora daqui antes que as coisas esquentem.

Eu fiquei nessa luta interna, no fundo eu fiquei com dó dela. Não queria vê-la torturada, não mesmo. Resolvi ajudar Jeb a levá-la, talvez eu fosse o único a dar apoio. Coloquei minhas mãos no braço de Jeb e disse:

- Você não pode mostrar onde moramos, Jeb. – Eu disse com muita calma. Isso só mostrava que eu a queria viva, viva não, morta com dignidade.

- Acho que não tem importância. – Disse Maggie. – Ela não vai poder contar nada.

Maggie queria dizer que ela em breve iria morrer. Jeb não queria isso, então aceitou minha sugestão. Ele tirou a bandana que estava em volta ao seu pescoço e enrolou nos olhos dela.

- Isso é bobagem. – Jeb resmungou.

Jeb colocou as mãos em suas costas para guiá-la, isso foi bem gentil. Ela ficou totalmente imóvel, tanto na hora de colocar a bandana, como o caminho todo.

Andamos em silêncio para onde era nossa casa. O caminho era um pouco irregular, e Jeb a ajudava sempre que tropeçava. Alguém interrompeu o silêncio.

- Você não está pensando em contar a ele, está? – Maggie falou.

- Ele tem o direito de saber. – Respondeu Jeb.

- O que você esta fazendo é uma coisa cruel, Jebediah.

- A vida é cruel, Magnolia.

Os dois estavam falando de Jamie, só poderia ser. Fazia muito tempo que ele não via a irmã, seria muito triste encontrá-la assim. Eu não achava certo contar pois ele iria sofrer sabendo que ela iria morrer, mas como Jeb disse, ele tinha o direito de saber.

Andamos mais alguns minutos em silêncio, o tempo todo nos hidratando com água. Jeb parou um momento para dar água para ela novamente. Ele a tratava como se fosse realmente a sua sobrinha.

- Diga-me quando estiver pronta. – Ele disse e eu dei um suspiro impaciente.

- Por que está fazendo isso, Jeb? – Perguntei. – Para Doc? Podia ter dito a Kyle. Você não precisava ter apontado a arma para ele.

- Kyle precisa ter armas apontadas para ele com mais freqüência. – Resmungou Jeb.

- Por favor, diga-me que não foi por solidariedade. – Continuei, com medo que ele dissesse sim, doeria muito ver de novo... – Depois de tudo o que você viu...

- Depois de tudo o que vi, se não tivesse aprendido a compaixão, eu não valeria muito. Mas, não, não foi por solidariedade. Se tivesse solidariedade suficiente para com essa criatura, eu a teria deixado morrer. – Jeb tinha razão, seria melhor.

- O que foi, então? – Perguntei.

Jeb ficou em silencio por um bom tempo. Novamente ajudou ela dando a mão e a guiando pelas costas. Andamos mais um pouco e Jeb respondeu.

- Curiosidade.

Me senti mal por aquilo tudo, eu ainda não sabia exatamente o que Jeb ia fazer com ela, mas não queria ver tortura. Sempre fui contra as incursões com vermes, eles a traziam aqui e tentavam tirá-los... Nem vale a pena pensar nisso.

Continuamos caminhando em profundo silêncio. Logo estávamos chegando, podia ver a mudança do terreno. Jeb novamente tentou ajudá-la.

- Cuidado, agora. – Advertiu Jeb. – Olha a cabeça. –Eu já estava acostumado com isso, nem olhava. 

Jeb apoiou a mão no seu pescoço para que ela tivesse a consciência de quanto ela teria que se abaixar. Realmente Jeb estava sendo muito gentil.

Saímos do ar horrível do deserto, agora sentíamos aquele ar fresco e bem ventilado. O sol escaldante que nos atormentava, agora tinha ficado bem para trás.

- Tudo bem, você pode se endireitar. – Jeb disse e ela levantou a cabeça.

Tudo já tinha escurecido, não víamos nem um sinal de luz. Como eu era acostumado, e já sabia de cor os caminhos, foi fácil para mim me movimentar pelos longos corredores.

- Por aqui. – Jeb a conduziu.

Algumas das pessoas que nos acompanhavam, estavam indo bem na frente para espalhar a boa nova. Não sei se posso usar a palavra boa, isso estava me cheirando muita briga, acabando em tortura. A curiosidade de Jeb só fará mais alguém sendo torturado.

Eu estava um pouco impaciente com a demora dos dois, e fiz como os outros, fui na frente. Passei rapidamente pela parte reclinada, que antes eu demorava, mas agora já me acostumara. Olhei para trás e vi Jeb e ela tendo dificuldade, isso foi como uns estimulo para ir mais rápido.

Finalmente cheguei à claridade, aquele lugar brilhante que quase nos cegava. As pessoas estavam nervosas por causa do que estava por vir ali a trás. Kyle já tinha lhes contado, e revoltado, sobre o que aconteceu com Melanie.

Algumas pessoas estavam revoltadas, elas estavam com as vozes exaltadas. Elas diziam alto que queriam matar a coisa, que não permitiriam um absurdo desses. Eu não ia aceitar uma coisa dessas, ela precisava ser morta.

Vimos Jeb, com a coisa, vindo depois de muito tempo. Ela parecia nervosa, já deveria ter percebido que estávamos no meio de uma discussão. Jeb chegou mais perto e colocou as mãos na nuca dela, ela assustou.

- Calma. – Jeb falou tirando a venda dos olhos dela.

Alguns pararam de falar, eu fui um deles. Alguns continuavam a brigar e discutir. Eu, Kyle e os outros a encaravam, com aquele olhar de antes. Jeb falou algo bem baixo que apenas ela foi capaz de ouvir.

Jeb estava com a intenção de levá-la para todos vê-la, eu tinha certeza disso. Eu e mais alguns fomos para o grande buraco branco na frente nossa. Como uma previsão, passamos por ele e logo Jeb estava levando ela para lá.

O mais estranho era que Jared estava esperando isso, ele não teria uma boa reação quando a visse. Eu passei por ele com um cumprimento na cabeça, e fui para trás. Logo iria acontecer uma grande briga.

Todos estavam em silêncio quando ela chegou. Ela estava assustada com o grande número de pessoas. Se fosse uma Buscadora, veria que seu trabalho era falho. Como ela iria imaginar que tantos humanos estavam escondidos dela e de sua imunda espécie.

Continuamos em silêncio, totalmente parados. Todos os nossos rostos estavam cheios de puro ódio, ela estava vendo isso. Jared deu um passo a frente para falar, ele era o responsável por ela, ele a amava e seria bem difícil a decisão.


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