O Humano escrita por AelitaLear


Capítulo 19
Capítulo 19- Emboscada


Notas iniciais do capítulo

Oiie^^ Só tenho que agradecer a todos que leem, que mandam os reviews...
As recomendações lindas de morrer que eu amo muito!
E as amigas que me acompanham com carinho, tipo a Má linda!
E agradecer a Deus!
Vocês são tão importantes para mim!



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Acordei pela manhã com Jamie encurvado e espremido num canto da cama, tinha razão, eu ocupava a cama inteira. Ri com a cena, depois me espreguicei, estalando todas as juntas.

 

Levantei para ir ver como Peg estava, com Kyle solto por ai, não era uma boa coisa deixá-la vagando sozinha. Sai do quarto de Jamie deixando-o dormindo, Sharon ia ficar furiosa comigo, mas ele merecia.

 

Fui diretamente para a sala de Doc, nem me dei o trabalho de comer de manhã. Eu estava um pouco sujo, mas nem pensei de ir nas salas de banho para me lavar.

 

Entrei na sala de Doc e tive uma surpresa nada agradável, Peg não estava lá, ela tinha saído. Olhei para Doc com uma expressão de “como você deixou ela sozinha?”.

 

- Doc, onde está Peg? – Perguntei com o coração disparando.

 

- Ela foi descansar, comer alguma coisa, tomar banho.

 

- Com Kyle solto por ai? – Perguntei incrédulo.

 

- Ele não vai fazer nada, Jeb...

 

- Você não viu ele ontem Doc! – Falei saindo e o deixando para trás.

 

Antes de qualquer julgamento antecipado, encontrei com Andy no meio do caminho e resolvi perguntar se ele sabia onde Kyle tinha se metido.

 

- Andy, você viu Kyle? – Perguntei rapidamente.

 

- Vi! Ele acaba de ir para a sala de banhos, falou que tinha um assunto para resolver e...

 

Tudo caiu na real naquele momento, aquela sala era perfeita para matar uma pessoa, você poderia fazer o que quisesse, e jamais saberiam disso. Minha testa começou a suar, claro que Peg tinha ido lá, ela precisava se lavar, estava imunda...

 

Kyle e Peg na mesma sala, isso era a ocasião perfeita para o assassinato. Olhei para Andy que não conseguia entender minha atitude. Virei as costas e comecei a correr, eu precisava intervir isso, o mais rápido possível.

 

Antes de tudo, eu não podia enfrentar Kyle assim, sem nada nas mãos. Não sabia como ele estaria, e poderia ser que eu não desse conta dele sozinho. Na fúria as pessoas se transformam. Eu precisava de uma arma, precisava de algo que o inibisse, que o impedisse.

 

Passei rapidamente pelos túneis dos dormitórios, encontrando o quarto de Jeb. Ele tinha que estar ali, era a minha única chance, eu precisava dessa arma mais do que tudo. Sabia que ele a escondia, não seria capaz de descobrir esse esconderijo agora.

 

- Jeb! Jeb, Jeb! – Gritei desesperadamente atrás de sua porta improvisada. – Eu preciso da arma!

 

- Calma garoto!

 

- Calma não, eu preciso Jeb.

 

- Para que? Não posso apenas dar ela para você assim e...

 

- Kyle. Peg. Sala de banho. Morte. Perigo. Arma! – Falei tudo picado para que eu não perdesse tempo com explicações.

 

- Vou pegar! – Ele mal acabou de dizer e se virou. – Vire-se para não ver o esconderijo!

 

Obedeci, eu não tinha interesse de descobrir onde ele a guardava. Bom, até tinha, mas esse não era o momento certo.

 

Não demorou nada e ele voltou com o rifle. Deu na minha mão, e me virei, quase simultaneamente, para correr. Eu caminhava pelos corredores sem olhar para as pessoas, às vezes até trombando com algumas.

 

O tempo parecia estar contra mim, eu sabia que cada segundo da minha demora estava prejudicando Peg, ele não podia matá-la, não podia! Avistei a sala de banho, e junto com ela, os gritos se propagavam...

 

- Socorro! – Escutei Peg gritar. - Alguém! Ajuda!

 

- Peg? Peg? – A chamei preocupado e desesperado.

 

- Me ajuda! Kyle! O piso! Socorro! – Ela gritava.

 

Eu não acreditava nisso, como Kyle podia estar fazendo isso com ela? Fazendo isso comigo? Ele não podia matá-la, não podia! Eu não o perdoaria, eu o mataria, isso não era possível! Por que ele tinha que ser assim?

 

Ainda mais fazendo isso com a Peg, minha querida Peg!

 

- Peg! Onde você está? – Gritei aturdido.

 

Preparei o rifle e corri pela porta, ele estava reto e pronto para atingir Kyle. Eu estava com raiva e respirava irregularmente. Avistei Peg, mas a cena não era a certa, não era o que eu esperava.

 

- Cuidado! – Ela gritou novamente. - O piso está quebrando! Eu não vou conseguir segurar ele por muito tempo!

 

 Levei uns segundos para processar a cena, não era Kyle tentando matar Peg. Kyle estava caindo, e Peg estava tentando ajudá-lo, eu não estava acreditando nisso. Ele merecia morrer e ela estava protegendo-o, isso não era possível, ele tentou matá-la!

 

Ou será que não? Sim, não havia motivos para ele estar ali junto com ela!

 

Corri para ajudá-la, ela, não ele. Joguei a arma no chão e fui com passos longos.

 

- Se abaixa, divide o peso! – Ela me auxiliou.

 

Abaixei, ficando de quatro, comecei a engatinhar até ela.

 

- Não solta! – Avisei, por mais que minha vontade fosse outra.

 

Ela gemeu de dor, deveria estar pesado.

 

Alcancei seu corpo e a arrastei para o lado, empurrando-a para perto da pedra, deixando-a bem segura. Estiquei o braço para alcançar Kyle e puxá-lo também.

 

- Um, dois, três.

 

Puxei Kyle contra a rocha.

 

- Eu vou puxar ele para esse lado. Você consegue se espremer e sair? – Perguntei.

 

- Eu vou tentar.

 

Ela soltou suas mãos de Kyle, percebeu que eu o tinha bem seguro. Ela se espremeu e foi saindo, e eu fui levando meu irmão inerte até um lugar bem mais seguro.

 

Eu andava de ré, era mais sensato. Levava Kyle com pequenos puxões musculares, com força de vontade. Em cerca de segundos nós três estávamos na boca do corredor, seguros. Respirei fundo, de alívio.

 

- O que... diabos... aconteceu? – Perguntei sem fôlego. Eu meio que já sabia, mas queria ouvir dela.

 

- Nosso peso... foi demais. Piso cedeu.

 

- O que você estava fazendo... na beirada... com Kyle?

 

Ela abaixou a cabeça para me esconder algo.

 

- Peg? – Exigi.

 

- Nada. – Murmurou.

 

- Você é uma péssima mentirosa. Você sabe disso, né?

 

Ela manteve a cabeça baixa, e não respondeu.

 

- O que ele fez?

 

- Nada. – Mentiu muito mal.

 

Pus a mão no seu queixo, erguendo seu rosto. Paralisei meus olhos em sua boca, seguido pelos olhos, não entendi por que, mas logo mudei meu olhar. Analisei e vi que ela estava muito machucada, sangrando muito.

 

- Seu nariz está sangrando. – Virei a cabeça para o outro lado. - E tem mais sangue no seu cabelo.

 

- Eu,  bati a cabeça quando o chão cedeu.

 

- Dos dois lados?

 

Ela deu de ombros, era claro que ela estava mentindo. Encarei-a por um longo momento, absorvendo seus traços.

 

- Nós devíamos levar Kyle para Doc, ele realmente bateu a cabeça forte quando caiu. – Peg falou.

 

- Por que você está protegendo ele? Ele tentou te matar. – Perguntei horrorizado.

 

A cena anterior, a que eu não estava aqui, passou pela minha mente. Kyle tentando jogá-la pela correnteza quente, Kyle tentando machucá-la, matá-la. E ela querendo salvá-lo quando os papéis se inverteram, e ele estava na pior.

 

- Ele ia jogar você no rio... – Um tremor percorreu meu corpo.

 

Eu tinha um braço envolta de Kyle, eu o empurrei para longe, com nojo, como se ele fosse um monte de vômitos. Movi-me para perto de Peg e coloquei meus braços em volta de seus ombros, puxando-a para o meu peito, de uma forma que nós dois íamos ficar confortáveis, e eu mais ainda.

 

Foi bom senti-la ali, tão perto de mim.

 

- Eu devia rolar ele de volta para lá e chutar ele da beirada eu mesmo.

 

- Não. – Ela sacudiu a cabeça freneticamente.

 

- Economiza tempo. Jeb deixou as regras bem claras. Tente machucar alguém aqui, haverá penalidades. Haverá um tribunal.

 

Ela tentou se afastar de mim, e eu a segurei com mais força. Aquilo era tão bom para mim, estar tão pertinho dela, sentir que ela estava do meu lado, protegida. Sentir seu corpo coladinho ao meu, sentir seu calor, sentir seu aroma...

 

- Não, você não pode fazer isso por que ninguém quebrou as regras. O piso desabou só isso.

 

- Peg...

 

- Ele é seu irmão.

 

- Ele sabia o que estava fazendo. Ele é meu irmão, sim, mas ele sabia o que estava fazendo, e você é...

 

O que Peg era para mim?

 

- Você é... minha amiga. – Murmurei ainda incerto com as palavras, não era apenas uma amiga.

 

- Ele não fez nada. Ele é humano. – Suspirou. - Esse é o lugar dele, não meu.

 

- Nós não vamos ter essa discussão novamente. Sua definição e humano não é a mesma que a minha. Para você significa algo... negativo. Para mim, é um elogio, e pela minha definição, você é, e ele não. Não depois disso.

 

- Ser um humano não é negativo para mim. Eu conheço você agora. Mas Ian, ele é seu irmão.

 

- Um fato que me envergonha.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada mais uma vez! Contagem regressiva para o cap Tocada!! Bejus