Não tão Opostos escrita por Raah Black


Capítulo 19
Capítulo 19




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Capítulo XVIII

Narrado por: Alice

Local: Parque

Já me refiz do final de semana e juro que até domingo eu estava sentindo os efeitos da ressaca. Deus do céu, acho que nunca mais vou beber na minha vida! Só dei bafão à noite inteira, isso porque eu não lembro nem da metade das coisas que aconteceram, apenas flash comprometedores.

Sem contar que quando eu cheguei em casa me deparei com a família inteira reunida na sala conversando animadamente e assim que me viram, rolou aquela cena de filme em que todos param de falar e ficam te olhando. Sorri com a cara de pau que eu não tenho e inventei uma história qualquer, mas lógico que para o Edward eu tive que contar a verdade, já que ele me viu naquela situação deplorável.

Quem me encontrar em plena terça-feira a tarde no parque da cidade pensa que minha vida é fácil e tranqüila, mas o fato é que hoje eu não estou nenhum pouco a fim de ficar em casa sozinha. Não que aqui no parque eu esteja acompanhada, mas pelo menos estou vendo gente.

Meus pais resolveram viajar essa semana para uma quinta ou sexta lua de mel, ou seja, a casa vai estar vazia a semana inteira! Minha irmã esta enfurnada naquele ateliê pintando e pintando e pintando, desde que ela terminou com o Jacob, ela mora praticamente naquele lugar. E o Edward saiu com a Bella, acho que eles foram “estudar” juntos. Ou seja, eu fiquei completamente sozinha naquela casa imensa, por isso decidir vir ao parque.

E para uma terça-feira o lugar estava até que bastante movimentado. Algumas babás passeando com bebês, algumas crianças brincando no parquinho e outros mais velhos jogando bola enquanto eu sentada no banco com uma revista da Vogue para me entreter.

Estava lendo uma matéria muito interessante sobre as tendências para próxima estação que mal reparei nas pessoas que passavam ao meu redor e muito quando alguém sentou ao meu lado no banco. Assuntos relacionados à moda ou qualquer coisa relacionada a isso me deixam meio away.

– A revista parece estar mesmo muito interessante. – Comentou alguém e eu apenas me limitei a dizer um “uhum” e então ouvi uma risada. – Pelo jeito você realmente não quer papo, não é Alice?

Como um estranho sabe meu nome? Então levantei a cabeça e olhei para a pessoa ao meu lado, não era um estranho, definitivamente. Sorriso de lado, barba por fazer, cabelos compridos e bagunçados, além do estilo largado e um skate apoiando os pés.

– Jasper! – Eu praticamente gritei eufórica e ele riu. – Me desculpa eu estava completamente absorvida pela matéria da revista. – Expliquei rapidamente fechando a Vogue.

– Eu percebi, sentei ao seu lado e você nem se quer se mexeu ou percebeu. – Ele sorriu e eu mordi os lábios envergonhada. - Tudo bem com você? Faz tempo que a gente não se encontra.

Sorri sentindo meu coração acelerar mais. Realmente faz muito tempo que eu não o vejo, desde aquele dia no shopping e isso faz quantos dias? Muitos provavelmente, acho que ele até cresceu e esta muito mais bonito, pensei enquanto o observava.

– Tudo ótimo e você? Pois é nunca mais te vi no colégio. – Comentei me virando para ele, que se acomodou melhor no banco.

– Verdade, eu andei meio sumido do colégio, aquilo não é para mim. – Ele riu passando a mão nos cabelos. – E também o trabalho no shopping ocupa muito do meu tempo.

– Você continua trabalhando lá então. – Sorri e ele assentiu. – Naquela loja de esportes radicais.

– Exatamente, apenas de tomar muito do meu tempo, eu gosto de lá. – Ele fez uma careta. – Sem contar que eu sou o melhor vendedor.

– Nossa! Parabéns! – Comemorei animada e ele riu outra vez, acho que estou sendo uma palhaça.

– Gosto do seu jeito espontâneo. – Jasper comentou me deixando sem reação e com as bochechas coradas. –Você tem um jeito leve.

– Muito obrigada. – Sorri com cara de apaixonada. – Mas você não devia estar trabalhando?

– Dia de folga! – Ele comemorou e dessa vez eu ri. – Então aproveito para andar de skate e ficar a toa.

– Pensei que as pessoas em seus dias de folga queriam descansar e dormir o dia todo.

– Isso também. – Concordou. – Mas o dia esta muito bom para uma volta no parque. Você esta fazendo o que por aqui?

– Cansei de ficar em casa sozinha, então decidi vir para cá, assim eu vejo gente e respiro um ar puro. – Expliquei.

– Percebi que você esta vendo muito gente. – Jasper disse num tom de voz brincalhão. – Gente na revista.

– Não fala assim. – Dei risada fazendo bico. – Antes eu estava vendo gente, as babás, as crianças no parquinho, os meninos jogando bola. Mas e você esta indo andar de skate ou voltando?

– Voltando, são três horas da tarde já, esta na hora do lanche. – Ele respondeu e eu achei graça.

– Faz muito tempo que eu não escuto “hora do lanche” acho que a última vez foi na quarta série. – Comentei, sentindo meu estômago roncar de leve. – Mas agora que você falou, deu fome.

– Então, eu estava indo para casa, se você quiser me acompanhar eu sei fazer um sanduíche ótimo!

Meu mundo parou durante alguns segundos. Aquilo era um convite? Sério? De verdade? OMG! Jasper Hale me convidando para ir a sua casa? Eu só não vou enfartar agora porque senão eu perco essa oportunidade! Respira e inspira, calma, diminui a euforia e o sorriso no rosto Alice.

– Por mim tudo bem. – Sorri simpática tentando não demonstrar muita felicidade. – Mas acho que o meu sanduíche é melhor. – Comentei piscando e ele arqueou as sobrancelhas.

– Vamos ver isso na minha casa. – Jasper sussurrou perto do meu rosto, mas logo se afastou. – Vamos então?

Apenas confirmei, sentindo minhas bochechas esquentarem levemente. Deus, quem vê pensa que eu sou tímida ou sou uma menininha de 12 anos! Levantei do banco pegando minha revista e acompanhando Jasper pela saída do parque.

Jasper mora em um bairro próximo ao centro da cidade, num prédio de quatro andares com um aspecto meio antigo. Subimos as escadas até o terceiro, o apartamento dele é o primeiro à esquerda, 301. O apartamento parece ser pequeno e a decoração é a cara do Jasper, parecido com aquelas de filme americano em que o bonitão mora sozinho e sinceramente para um garoto o lugar esta até que bem arrumado.

– Não repara na bagunça. – Ele comentou enquanto tirava a blusa, ficando apenas com uma regata preta.

– Bagunça? Para um homem que mora sozinho o lugar esta melhor que meu quarto. – Brinquei e ele riu.

– Acho que ganhei pontos com isso então? – Ele perguntou sorrindo de lado e eu arfei.

– Ganho uma estrelinha cheia, faltam três. – Respondi sorrindo.

– Acho que hoje eu chego lá então. Vem que eu vou te mostrar a minha “mansão”. – Ele riu e eu assenti, deixando minha bolsa e minha revista no sofá e o acompanhando.

O apartamento é realmente pequeno, acho que meu quatro é maior que o apartamento inteiro de verdade, o meu closet é maior que o quarto dele! Apenas cinco cômodos, a sala junto com uma cozinha americana, uma pequena área de serviço que só tem espaço para a maquina de lavar roupa e o varal, o quatro do Jasper e um banheiro. Apesar de toda a falta de tamanho eu achei o ambiente muito acolhedor.

Voltamos para a sala e eu me sentei no banco apoiada na bancada que dividia a sala da cozinha, enquanto Jasper estava dentro da cozinha com a geladeira aberta com meio corpo dentro dela, me deixando com uma visão privilegiada. Cueca azul marinho com o elástico cinza, mordi os lábios, e sem querer as falas da Leah ecoaram na minha mente “Vamos arranjar a primeira vez da Cullen!” e “Vamos arranjar um encontro com o Jasper com direito a tudo”.

– Isso não é hora de pensar nessas coisas Alice. – Me reprimi em pensamento. – Mas não seria uma má idéia, muito pelo contrário. – Pensei outra vez, imaginando como ele seria sem camisa e se essa cueca azul marinho era boxer. – Pelo amor de Deus, desde quando você se tornou tarada assim?

– Alice? – Jasper me chamou e eu dei um pulo do banco. – Esta tudo bem?

– Claro! Muito bem! Eu só estava pensando. – Respondi rapidamente sentindo meu rosto esquentar.

– Aqui estão nossos ingredientes. – Ele apontou para o balcão, como eu não reparei que ele havia colocado todas aquelas coisa ali? – Vou pegar pratos e talheres, ai podemos começar.

– Você vai comer o melhor sanduíche da sua vida Jasper. – Eu afirmei.

– Faço das suas palavras as minhas. – Ele sorriu colocando um prato em minha frente.

Começamos a montar nossos sanduíches, Jasper havia colocado na bancada vários tipos de recheio, desde requeijão a frango. Eu escolhi os recheios que mais gosto enquanto ele provavelmente fazia o mesmo e então pude perceber que nossos gostos para comida são bem diferentes.

Estava concentrada tentando tirar um pedaço de queijo sem quebrar quando senti algo gelado na minha bochecha direita.

– Ei! O que você esta fazendo? – Perguntei brava passando a mão, geléia de morango.

– Agora você está mais doce. – Jasper sorriu e a minha cara de brava se desfez em menos de um segundo.

– Bobo. – Disse envergonhada. – Já terminou?

– Já, só falta esquentar.

– Então vai esquentar o seu enquanto eu termino o meu.

– Então você é mandona? – Ele riu pegando o prato e indo em direção ao fogão. – Não sabia que estávamos nessa fase já.

Sorri involuntariamente, se bem que com o Jasper qualquer coisa que ele me dissesse seria motivo para eu abrir um sorriso. E eu bem que queria estar nessa e em outras fases com ele. Pensamentos pecaminosos passaram pela minha cabeça novamente, envolvendo a bancada da cozinha.

– Quais foram às outras fases? – Indaguei curiosa pela resposta.

Jasper se voltou para mim sem soltar o tostex e fez uma cara pensativa, tentando lembrar alguma coisa ou elaborar uma boa resposta.

– Bom eu já cuidei de você. – Ele respondeu e eu franzi o cenho. Quando foi isso? – Ora, vai me dizer que você não se lembra? No colégio, um skate de atingiu.

– Lógico que eu me lembro, só não sabia que isso era uma fase. – Falei sorrindo, eu realmente me lembro de cada detalhe daquele dia.

– Outra, nós nos encontramos no shopping e fomos comer juntos. – Jasper continuou virando o tostex. – Você comeu aquela coisa saudável, como chama mesmo? Frozen?

– Nossa! Se você souber a roupa que eu estava usando a gente se casa agora. – Brinquei terminando de fazer meu sanduíche.

– Acho que isso é pedir demais, sou homem Alice. – Ele me lembrou, como se fosse realmente necessário.

– Então já passamos por duas fases, a de cuidados e de comer juntos? – Perguntei em tom de duvida e ele assentiu.

– Exatamente! Agora acabamos de passar pela fase do “mandar” – Jasper desligou o fogão e caminhou até mim com o prato nas mãos, o sanduíche estava bem moreninho, colocando-o na minha frente.

– Qual a próxima fase? – Perguntei num tom baixo olhando-o nos olhos.

Jasper soltou uma risadinha pelo nariz, olhando para baixo e mordendo levemente os lábios. Mais sexy e tentador que isso só se ele tivesse apenas de cueca! Minha vontade era de beijá-lo, eu precisava disso, queria ter coragem e me debruçar sobre a bancada colando meus lábios nos dele.

E minha vontade foi atendida, Jasper se inclinou sobre a bancada me puxando pela nuca e selando nossos lábios. Pensei que fosse explodir de tanta felicidade e acho que as borboletas no meu estômago estavam competindo para ver qual batia mais as asas.

A pressão que os lábios dele exerciam sobre os meus era deliciosa, mas eu precisava mais que aquilo, bem mais, então permiti que sua língua adentrasse e percorresse todos os cantos da minha boca enquanto eu fazia o mesmo. Acho que nunca havia provado um beijo tão bom, nós tínhamos uma perfeita sincronia! Ofeguei me debruçando sobre a bancada tentando ficar mais próxima dele e acidentalmente acabei derrubando um dos talheres.

Jasper se afastou olhando para a bancada e para mim depois. Passou a mão pelos cabelos os jogando para trás e não fez uma cara muito boa. Parecia que meu estômago tinha caído e eu fiquei me sentindo mal pela expressão que ele fez, lógico que ele não tinha gostado do que havia rolado.

– Assim não vai dar certo. – Ele comentou.

As palavras de Jasper me fizeram abaixar a cabeça completamente envergonhada. Preciso de um buraco para me enfiar e só sair no natal. Percebi que o banco que estava se mover e virar para outra direção, quando levantei minha cabeça Jasper estava muito próximo do meu rosto.

– Desse jeito é bem melhor. – Ele sorriu segurando meu rosto entre as mãos e me beijou novamente.

Narrado por: Leah

Local: Fundos do colégio

Estava deitada em um dos bancos na parte de trás do colégio, provavelmente o terceiro tempo já havia começado, mas eu não estou nenhum pouco afim de assistir aula, na verdade só vim para o colégio porque ontem usei a desculpa da cólica e hoje não tinha como inventar nada já que minha mãe saberia que era mentira.

Observei as nuvens pensando no que tinha acontecido entre eu e o Embry, por mais que eu odeie admitir estou fugindo do colégio para não encontrar com ele, estou com vergonha e brava comigo mesma depois da cena patética na sala de aula. Eu não precisava ter fugido daquele jeito, eu podia muito bem ter falado a verdade “olha Embry é bom dar uns pegas em você, mas é só isso que rola entre nós” pronto, não era para ser difícil ou complicado em dizer isso.

Esse é o problema de alguns garotos, eles não entendem que você só quis transar e pronto, eles começam a achar que estamos apaixonadas e queremos um relacionamento sério. Pô, foi apenas uma transa, sem compromisso, sem obrigações e o principal sem sentimentos! Não tem muito mistério nisso.

– Quando eu penso que entendo os homens, eu vejo que não sei de nada. – Reclamei. – Você estragou tudo Embry, nossa não relação tinha tudo para dar certo se você não tivesse metido emoções no meio de tudo isso.

Porque todos os garotos com quem eu me relaciono, se apaixonam? Para mim o que mais os homens gostariam na vida é ficar com alguém e ter sexo sem nenhum tipo de compromisso, pelo menos é isso que a maioria das garotas reclama “ele só queria transar comigo” “ele só ficou comigo para me levar para cama”, mas infelizmente comigo esse tipo de coisa não acontece.

– Eu nasci para ser livre e não viver amarrada a alguém. Será que é muito difícil entender? – Continue falando sozinha. – De relacionamentos fracassados já basta o meu primeiro, único e último!

Para quê se apaixonar? Para quê entregar seu coração e seus sentimentos a alguém sendo que na primeira oportunidade ele vai jogar tudo isso para o alto sem se importar com os seus sentimentos ou no quão magoada e destruída você pode ficar?

O fato é que eu namorei por muito tempo um cara, ele foi o meu primeiro namorado e o primeiro em tudo. Nós estudávamos no mesmo colégio e ele era um ano mais velho que eu, porém em um dia durante o intervalo ele veio falar comigo e rolou uma afinidade logo de cara, a princípio nós nos tornamos amigos, mas na sétima série nós começamos a ficar, confesso que eu já estava encantada por ele há algum tempo, entretanto nunca pensei que um dos meninos mais populares do colégio iria me dar moral, até que em um belo dia ele se declarou para mim me roubando um beijo em seguida, foi o meu primeiro beijo.

Sam Uley se encaixava na descrição de “namorado perfeito” e todos falavam que nós formávamos um lindo casal, incluindo meu irmão. Sam sempre foi muito carinhoso e atencioso comigo, colocando muitas vezes as minhas vontades e prioridades na frente das dele. Sem contar que nós tínhamos várias coisas em comum, desde vontades a gostos e idéias. Além de namorado Sam era o meu melhor amigo, ele sabia tudo que acontecia ou já havia acontecido comigo.

Por mim eu ficaria com ele para sempre, nossa afinidade era muito grande, pensávamos em casamento e até no nome dos nossos filhos, queríamos ter três. Tudo estava indo as mil maravilhas, como sempre, até que nas férias de verão, minha prima Emily, resolveu nos fazer uma visita de um mês, lógico que eu fiquei feliz, adorava a Emily de paixão, até que ela e o Sam começaram a ficar amigos demais...

Brigar com Sam era a coisa mais difícil de acontecer, eu podia contar nos dedos quantas vezes nós já havíamos brigado e olha que namorávamos há quase três anos, mas desde que Emily apareceu em casa nossas brigas ficaram constantes. Eu brigava por ele estar muito próximo dele e ele brigava comigo dizendo que eu estava tendo uma crise de ciúmes sem fundamento.

Até que um belo dia, eu sai de casa à tarde para ir ao mercado e deixei minha prima sozinha, acho que se eu demorei uns 40 minutos foi muito. Quando eu voltei vi o carro do Sam estacionado, entrei em casa com todas as compras e estranhei o silêncio, Sam na maioria das vezes quando chegava em casa e eu não estava ele assistia TV e nenhum dos dois estava na sala. Então subi para os quartos e quando entrei no meu me deparei com a pior cena de todas, meu namorado e minha prima quase transando na minha cama!

– Que porra é essa!? – Berrei sem me importar com os vizinhos, fazendo os dois pulares de susto.

– Leah, eu posso explicar. – Sam começou

– Claro que você pode, eu estou louca para ouvir a sua desculpa! – Comentei sarcástica cruzando os braços.

Sam passou a mão no rosto, pegando a camiseta do chão. Contive minhas lágrimas de raiva e dor, não podia dar esse gostinho para eles, por mais que estivesse completamente abalada pela situação, não ia demonstrar nenhum tipo de dor na frente deles.

– Prima, eu posso... – Emily começou sentada na cama ajeitando a blusa.

– Você não pode nada! – Gritei raivosa. – Como você pôde Emily? Você jurou para mim que não tinha nada com o Sam, que nunca ia querer nada com ele, que toda essa afinidade de vocês é porque ele lembrava o seu melhor amigo!

– Eu sei disso e tudo o que eu te disse é verdade. – Ela continuou com os olhos cheios de lágrimas.

Eu queria morrer. Queria gritar. Queria bater nos dois. Eu estava completamente despedaçada pela traição dupla! Meu namorado, o garoto que tinha planos de se casar comigo quando nós terminássemos o colegial, que sempre dizia que eu era a mulher da vida dele. E minha prima, minha melhor amiga apesar da distância, era para a Emily que eu contava todas as coisas sobre o Sam.

– Por favor, me poupe dessas lágrimas de crocodilo. – Eu pedi sarcástica. – Vai se fazer de garota boazinha e virgem para quem não te conhece.

– Amor eu... – Sam tentou argumentar e eu senti um ódio enorme daquela palavra que antes me fazia sentir a mulher mais feliz do mundo.

– Já pensou na desculpa? – Eu me virei para ele que sustentava uma cara péssima, o que eu achei pouco.

– Não tenho desculpa Lee, eu só queria dizer...

– Que você é um canalha e não vale nada? – Completei. – Ainda bem que eu descobri isso a tempo, não é? Antes de a gente terminar o colégio e se casar. – Me poupe da sua ladainha Sam! Some daqui, eu não quero ver a sua cara nunca mais!

– Pára Lee, vamos conversar direito. – Ele insistiu e eu perdi a paciência.

– Eu não quero! Eu não quero conversar com você! Eu não quero ouvir sua voz! Eu não quero mais olhar para sua cara! Some daqui, some da minha vida! Nada do que você disser, menti ou inventar vai mudar o que aconteceu! – Eu gritei exaltada.

– Prima calma. – Emily pediu querendo me segurar e eu fiquei ainda mais nervosa.

– Calada Emily! – Eu a tirei de perto de mim. – Você é a pessoa mais falsa que eu já conheci! Eu esperava uma atitude dessa da minha pior inimiga, mas nunca da minha prima e melhor amiga! – Gritei e ela se escolheu com lágrimas rolando pelo rosto. – Você tem cinco minutos para juntar suas coisas e dar o fora daqui!

– O quê? Leah eu não...

– Não me interessa! Some daqui Emily e não se preocupe eu vou dizer para minha família o motivo de você ter tido que voltar mais cedo para casa. – Avisei sem um pingo de dó.

– Leah, também não precisa agir assim com a sua prima, a culpa é minha. – Sam anunciou e minha vontade era de bater nele como se fosse um saco de boxe.

– Que lindinho. – Eu ri completamente sarcástica. – Já defendendo a nova namoradinha. Sumam daqui os dois, agora!

Senti uma lagrima escorrer por meu rosto, mas logo tratei de limpá-las, não valia a pena chorar por quem não merece. Me ajeitei no banco tentando pensar em outras coisas, olhei para o relógio pendurado na parede e percebi que daqui a pouco tocaria o sino para o intervalo, mas eu também não estou a fim de ir para o refeitório.

– Esta tudo bem Leah? – Me perguntaram e eu saltei do banco. – Desculpa não queria te assustar.

– Imagina se quisesse. – Comentei mal humorada me virando para ver quem era. – Adam?

– Nossa, você sabe meu nome. – O garoto disse meio surpreso.

– Lógico que eu sei seu nome, você é meu parceiro de biologia esqueceu? – Perguntei sarcástica enquanto sentava no banco e ele ficou levemente vermelho.

– Sim, mas pensei que... – Ele começou e me olhou rapidamente ficando sem graça. – Esquece.

– Você não esta com vergonha não é? – Indaguei o olhando e ele desviou o olhar. – Não acredito! Não precisa ficar com vergonha de mim.

– Eu não estou com vergonha. – Ele afirmou sem muita convicção e eu ergui a sobrancelha.

– Claro que não. – Sorri achando graça de tudo aquilo. – Mas me diz uma coisa Adam, você não devia estar na aula?

– Saí para beber água e como esta quase na hora do intervalo não voltei. – Ele respondeu e se sentou na ponta do banco, quase caindo.

– Cuidado para não cair. – Eu disse e ele me olhou confuso. – Está sentado tão na ponta do banco que a qualquer momento você pode levar um tombo e não se preocupe eu não mordo, a não ser que você peça. – Pisquei e o garoto do levemente vermelho ficou púrpura.

– Pára com isso Leah. – Ele pediu completamente envergonhado e eu gargalhei.

Achei uma graça ele ser tão tímido além de divertido. Não que eu nunca tivesse reparado na timidez dele, já que durante as aulas de biologia ele quase não fala comigo e quando o faz nunca me olha nos olhos e seu tom de voz é baixo e sempre fica um pouco vermelho.

– O quê? Eu não estou fazendo nada de mais. – Me fiz de santa e ele me olhou bravo. – Ok, desculpa, mas é que você é tão timidozinho que chega a ser engraçadinho. É a primeira vez que você fala com uma garota?

– O quê? – Ele se assustou com a pergunta e eu sorri levemente, provavelmente sim. – Não, lógico que não.

– De verdade? – Eu insisti. – Eu não vou te zuar por conta disso, não se preocupe.

– Não. – Ele respondeu derrotado e eu fiquei com dó. – As garotas não gostam que eu me aproxime, elas me acham nerd e idiota, sem contar que eu não tenho o corpo dos meninos do futebol.

– Você é nerd Adam. – Eu afirmei. Isso é um fato que não tem como contestar. – Mas não me parece idiota.

– Mas você não sairia com um cara igual a mim. – Ele murmurou.

Não que o Adam fosse feio, ele não faz o tipo nerd zuado de filme com aparelho, óculos fundo de garrafa, cabelo lambido, espinhas pelo rosto e calça no umbigo com camisa xadrez amarela por dentro. Ele realmente não se veste muito bem e usa um óculos meio grande, mas é só isso.

– Eu sairia com você. – Eu disse e ele arregalou os olhos. De verdade eu sairia com ele, mas depois de umas transformações.

– No dia de caridade?

– Lógico que não, sairia com você, mas depois de umas mudanças. – Completei sorrindo.

O sino já havia tocado e alguns alunos começaram a sair para o intervalo, uns iam para o refeitório e outros vinham para o pátio dos fundos, daqui a pouco esse lugar estaria cheio. Eu olhei rapidamente para o ambiente procurando uma figura alta e morena, mas felizmente ele não estava aqui.

– Quais mudanças? Nascer de novo?

– Pelo amor de Deus Adam! – Eu briguei. – Cadê sua auto-estima? Você tem que trazer ela para o colégio junto com os seus livros. – Eu brinquei e ele riu ficando mais descontraído. - Primeiro você pode começar tirando esses óculos. – Eu me aproximei dele e percebi que Adam ficar rígido quis dar risada ou zuar, mas me contive.

– Eu não enxergo muito bem sem eles. – Adam explicou forçando a vista. – Não uso óculos de grau sem grau.

– Tudo bem, tudo bem. – Eu os devolvi. – Mas você precisa mudar esses óculos, uma armação mais moderna ou até mesmo lentes. Outra coisa você precisa se vestir melhor.

– O que há de errado com as minhas roupas? – Ele indagou olhando para a própria camiseta e calça.

– Tudo, pelo menos você não usa calça no peito. – Eu ri. – Você precisa de roupas mais modernas e descoladas e não esse jeans velho e esse casaco de lã.

– Minha avó que fez esse casaco para mim. – Ele me informou, mas eu não levei muito a sério o possível valor sentimental do casaco.

– Sem casaco de lã. – Fui categórica e ele suspirou. – E terceira coisa, precisa mudar esse cabelo, deixá-lo mais bagunçado ou quem sabe cortá-lo, eu não consigo saber se você tem orelhas.

– Lógico que eu tenho orelhas Leah. – Ele falou indignado e eu ri outra vez.

– Siga as minhas dicas e você vai se sentir melhor e de bônus conseguir uma namorada. – Eu falei animada. – Nós garotas gostamos de caras inteligentes Adam, mas querendo ou não, à primeira vista o que mais conta é a aparência. – Expliquei e ele ficou pensativo.

– Talvez você esteja certa, estou vivendo a 17 anos desse jeito e não consegui muita coisa quem sabe se eu mudar.

– Mudando a aparência depois você consegue mudar o restante, mas mudar o que for realmente necessário.

Adam sorriu para mim um pouco vermelho e eu retribui o sorriso. Gostei de ter tido essa conversa com o Adam por mais que eu tenha falado mais, ele se mostrou uma pessoa bastante diferente da qual eu imaginava e sinceramente eu fui com a cara dele.

Por mais que eu seja “porra louca” como muitos costumam me chamar, eu gosto de ajudar as pessoas, eu me sinto feliz com isso. Eu sei que não faço nada grande que possa mudar o mundo ou salvar o planeta, mas mesmo assim eu me sinto bem.

– Vou te transformar em um garanhão! – Afirmei animada passando meu braço em torno dos ombros dele.

– Menos Leah. – Ele pediu ficando vermelho novamente.

– Vermelho de novo? – Virei o rosto dele para mim. – Somos amigos agora Adam, você não tem que ficar com vergonha.

–Certo eu vou tentar. – O tom de vermelho dele mudou, provavelmente pela nossa proximidade. – Bom, nos vemos amanhã na aula de biologia.

Antes de ele ir embora, dei um beijo em sua bochecha e nunca vi um garoto ficar tão sem graça e mais vermelho. Voltei minha atenção ao pátio sorrindo pelo que havia acabado de acontecer então reparei no moreno alto me fitando do outro lado, com uma cara pouco amigável e meu sorriso sumiu aos poucos.

Narrado por: Seth

Local: Aula de artes

O melhor de quinta-feira é que amanhã finalmente é sexta! Essa semana passou muito rápida e eu ando cheio de coisas para fazer, estudar para as provas que estão começando, trabalhos de várias matérias, treinos de futebol e aulas de tae kwon do. E eu ainda tento conciliar tudo isso com a minha vida social, o que não á fácil.

Cheguei cedo à aula de artes, cumprimentei algumas meninas que estavam na sala e juro que não me acostumei com o olhar apaixonada de elas me lançam, por mais que isso alimente meu ego isso é muito estranho, eu me sinto um sex symbol e eu nem sou o Brad Pitt.

Guardei a atividade dessa semana em baixo da certeira. Não havia falado com a Nessie sobre o nosso trabalho de artes então resolvi fazer sozinho, se ela também tiver feito decidimos sobre qual dos dois mostramos para a professora. O tema da semana era vaidade e eu sinceramente gostei muito do resultado que ficou meu desenho.

As alunas aos poucos foram entrando na sala e sentando em seus lugares, até que avistei os cabelos loiros da Amanda. Bati a mão na minha testa, lembrando que não havia avisado para ela que nós não somos mais parceiros. É Seth, acho que você terá um problema.

Assim que ela me viu abriu um sorriso enorme caminhando alegremente em minha direção.

– Oi Seth. – Ela me cumprimentou me dando um selinho e pude ouvir alguns múrmuros depois.

– Oi Amanda, tudo bem? – Perguntei enquanto a via se sentar ao meu lado.

– Tudo e você? – Amanda sorriu apoiando na mesa e se voltou para mim. – Tem alguma atividade para hoje?

Era agora! Prepara-se Seth, não se esqueça de falar com o tom de voz manso e fazer aquela cara de que você não gostou do resultado da situação. Respirei fundo olhando para ela.

– Então, na verdade, tem uma atividade sim...

– E você não me diz nada Seth, e agora? – Ela indagou preocupada.

– É porque eu não sou sua dupla no trabalho. – Eu falei pesaroso e ela abriu a boca umas duas vezes antes de falar alguma coisa.

– Como assim? – Indagou ela indignada.

– A professora escolheu as duplas para esse trabalho. – Eu expliquei fazendo uma cara triste. – Eu tentei argumentar com ela falando para você ser minha dupla, mas não deu certo.

– E você esta com quem? – Quis saber e suas feições não eram as melhores. Sorri amarelo e respondi.

– Renesmee Cullen. – Disse num tom baixo e Amanda estreitou os olhos.

– A Cullen? – Ela perguntou respirando fundo, mas não me deixou responder. – Ótimo, eu vou ver com a professora quem sobrou para fazer o trabalho comigo.

– Amanda, espera.

Eu tentei impedi-la, mas ela levantou rapidamente e se esquivou indo sentar nas primeiras cadeiras. Enquanto ela passava as alunas se voltavam para trás me encarando. Era só o que me faltava, vou virar fofoca do colégio! Isso que dá ter praticamente apenas mulheres na turma se fosse uma sala com muitos homens ninguém nem ia ter reparado.

A professora entrou na sala acompanhada pela Nessie, enquanto a professora deixava seu material sob a mesa, Nessie caminhava em minha direção sem muita vontade. Olhei para ela e sorri, estava feliz em vê-la desde toda a loucura que aconteceu na sexta passada que nós não nos falamos direito apenas nos esbarramos nos corredores do colégio dando um rápido e curto “oi”.

Queria saber como ela esta e como tem passado nesses últimos dias, mas pela cara de abatida e olheiras disfarçadas pela maquiagem constatei que as coisas não estavam boas. Com certeza ela estava sofrendo e muito pelo termino do namoro com o Jake.

– Oi. – Eu a cumprimentei baixinho.

– Oi Seth. – Ela sussurrou de volta, se ajeitando na cadeira.

– Eu sei que essa vai ser a pior pergunta, mas está tudo bem? – Perguntei olhando para ela, que riu levemente.

– Realmente essa pergunta é péssima. – Ela sorriu, mas sem humor. – Esta tudo indo.

– Quero conversar com você, saber como estão às coisas, nós nos encontramos rapidamente pelos corredores durante essa semana. – Disse sincero sorrindo para ela.

– Eu também, estava esperando pela quinta para poder te ver melhor. – Nessie comentou e aquelas palavras me pegaram de surpresa.

A professora começou a aula explicando que hoje faríamos um trabalho individual em que teríamos que nos desenhar no papel cartão utilizando giz pastel. Uma tarefa nada fácil para alguém como eu, será que não poderia ser com um lápis? Se quando eu era criança não sabia desenhar com giz normal, quem dirá com giz pastel.

– Mas antes de começarmos vou recolher o trabalho sobre a vaidade. – Ela nos informou e nesse momento Nessie me olhou desesperada.

– Meu Deus, Seth! Nosso trabalho, nós não fizemos. – Ela me encarou preocupada.

– Claro que fizemos. – Eu pisquei para ela sorrindo maroto enquando tirava da pasta nosso trabalho.

– Como assim? – Nessie perguntou confusa. – Você fez sozinho?

– Sim, tirei o domingo pela manhã para fazê-lo e vou confessar que ficou ótimo! – Sorri orgulhoso. – Fazia um tempo que eu não desenhava assim, mas sinceramente ficou muito bom.

– O que você aprontou?

– Isso. – Sorri largamente mostrando o desenho.

Ver a expressão de espanto no rosto da Nessie foi a melhor coisa, ela me encarava incrédula com a boca entreaberta, realmente espantada. Eu havia desenhado ela, na verdade, apenas seu rosto e em forma de desenho japonês, eu desenhava muito esse tipo de traço quando era mais novo, mas por causa de outras atividades acabei parando com o tempo.

– O que é isso? – Ela perguntou em choque e por um segundo eu fiquei preocupado.

– Você oras, vai me dizer que não parece? – Devolvi a pergunta.

– Lógico que parece Seth. – Ela afirmou passando a mão no desenho. – Mas porque eu?

– Quando eu pensei em vaidade a primeira pessoa que veio em minha mente foi você, então resolvi passá-la para o papel. – Expliquei e sinceramente acho que não há ninguém melhor do que a Nessie para retratar a vaidade.

– Nossa! – Exclamou surpresa, mas sorrindo levemente. – Eu realmente não sei o que dizer.

– Pode dizer que gostou que eu não irei achar ruim. – Brinquei e ela riu abaixando a cabeça.

– Eu adorei, de verdade. – Nessie sorriu verdadeiramente para mim e não teve como não retribuir.

– Que bom, porque eu fiquei com medo de você não gostar. – Confidenciei fazendo uma careta.

– Seria impossível não...

– Excelente trabalho! – A professora elogiou fazendo todos os alunos se voltarem para nós. – Qual dos dois desenhou?

– O Seth professora. – Nessie sorriu ao responder. – Eu fui apenas à modelo.

– Muito bom o trabalho Seth, ficou um desenho bastante vivo. – Ela pegou o desenho das minhas mãos para olhar melhor. – Dá vontade de sorrir vendo-a sorrir tão abertamente no desenho.

Fiquei sem graça com tanto elogios e Nessie apenas me olhava sorrindo discretamente como se estivesse muito satisfeita com o resultado e a repercursão toda do desenho. Olhei rapidamente para a segunda carteira e Amanda me encarava com um olhar carregado de decepção. Me senti mal por isso.

– Acho que fiz um ótimo trabalho ao juntar vocês dois para serem parceiros. – A professora comentou e nós dois nos entreolhamos.

Depois de recolher todos os trabalhos a professora passou entregando um papel cartão para cada aluno e como as carteiras são dispostas em duplas, uma caixa de giz para cada mesa. Eu fiquei olhando para a folha enquanto pensava em como conseguiria me desenhar ali, com aquele material. Nessei ao contrário, já pegou um giz e começou a desenhar como se aquilo fosse um lápis.

Observei-a desenhar, prestando mais atenção nela do que no desenho, uma parte do cabelo presa com uma fivela de laço azul, a pele branca e maquiada, o olhar atento ao trabalho, ela realmente merecia o titulo de princesa do colégio. Me peguei pensando em tudo o que já havia acontecido entre nós dois. O jeito antipático dela comigo, a minha vontade de conhecê-la desde o inicio, as demonstrações de “carinho” dela do nada, a vez em que eu impedi minha irmã de bater nela e quando ela me ligou para ir até a casa dela.

Aquele dia nós deixamos todos os desentendimentos para trás e resolvemos começar do zero nossa “não amizade” Nessie se mostrou uma menina gentil, sonhadora e frágil, completamente diferente da imagem mimada e arrogante que ela passa para todas as pessoas do colégio. Foi bom conhecê-la melhor, nem que tenha sido apenas um pouco, mas o melhor mesmo foi que aquela noite na casa dela esta se repetindo no colégio e pelo jeito continuará.

– Esta me deixando desconcentrada. – Nessie murmurrou me assustando. – Me olhando desse jeito.

– Desculpa. – Fiquei sem graça. – Eu estava prestrando atenção na forma como você desenha, não vou conseguir fazer nada com esse giz.

– Faz primeiro a lápis, mas bem fraquinho, depois passa o giz. Apesar da proposta não ser essa se você for rápido a professora não vai nem perceber. – Ela disse e eu concordei voltando minha atenção para a folha em branco havia de verdade ficado com vergonha por ela ter me pego admirando-a no meio da aula.

Comecei a me desenhar em forma de desenho japonês, a professora não havia especificado como teria que ser o desenho, então acho que não teria problema em ser assim. Não demorou muito meu auto-retrato estava pronto. Cabelos bagunçados, olhos expressivos, sorriso grande e duas argolinhas na orelha, não têm como negar que aquele sou eu.

– Melhor que isso só se você tivesse colado uma foto. – Nessie comentou e eu soltei uma risada baixa. – Agora só falta contornar e pintar.

Peguei um tom de giz para ser a minha pele e na primeira linha do contorno do meu rosto o traço saiu mais forte do que realmente deveria. Praguejei tentando ajeitar, mas ganhei um borrado do lugar. Nessie me olhou pegando o giz da minha mão.

– Ninguém nunca te falou que giz não apaga? – Ela indagou puxando o desenho para perto dela. – Você tem que ser leve e sutil para trabalhar com giz pastel.

– Não sou leve muito menos sutil. – Respondi um pouco bravo, pelo desastre que havia feito no desenho.

– Você tem que passar o giz levemente sobre o desenho, dessa forma. – Nessie começou a fazer o contorno do meu rosto até um pedaço, depois me passou a folha. – Sua vez.

– Não, pode continuar. – Eu insisti e ela estreitou os olhos. – Ok, eu vou tentar. – Peguei o giz e tentei fazer o mesmo que ela, mas logicamente não deu certo.

– Leve e sutil Seth. – Ela brigou e eu bufei irritado.

– Esse giz é muito menor que minha mão, é praticamente impossível de trabalhar com ele. – Reclamei.

– E por isso que você tem que ser leve e sutil. – Nessie insistiu nisso outra vez. – Você consegue, pensa que o giz é uma coisa frágil que você gosta muito e tem que ser usada com cuidado.

Encarei-a por alguns segundos, tentando não demoninar essa coisa frágil que eu gosto muito de Renesmee Cullen. Peguei o giz novamente e voltei a passá-lo no contorno e o resultado foi melhor do que antes, não chegou perto do da Nessie, mas também não ficou um desastre.

– Eu disse que você conseguiria. – Ela sorriu singela se voltando para o próprio desenho.

Terminei o contorno do meu rosto e o pintei dentro, sempre sendo muito leve e sutil. Quando fui trocar de giz para contornar e pintar meus cabelos, estiquei os olhos para observar o desenho da Nessie, ela já havia feito o contorno rosto, os cabelos que estavam soltos e pintados de dois tons para chegar à cor parecida dos reais e no momento ela desenhava um de seus olhos, porém eles estavam carregados de tristeza.

– Eu prefiro você feliz. – Comentei apontando para o desenho. – E sorrindo, claro.

Nessie me olhou e eu percebi que a tristeza no desenho era reflexo da sua tristeza real. Aquilo era um auto-retrato era obvio que ela iria se desenhar como estava se sentindo. Nessie não falou nada e também não demonstrou nenhuma expressão, apenas se voltou para o desenho e eu fiz o mesmo, mesmo querendo dizer para ela se desenhar de outra forma.

No restante da aula não dirigi mais a palavra ou o olhar para Nessie, era um momento dela aquele, eu não devia ficar bisbilhotando ou querendo que ela se desenhasse de outra maneira. Peguei meu desenho, coloquei meu nome e fui entregá-lo para a professora, que me parabenizou novamente, dizendo que eu realmente havia me retratado.

Passei devagar ao lado da carteira da Amanda, mas ela nem ao menos olhou para mim e eu respirei pesadamente com isso, preciso conversar e esclarecer o que aconteceu entre a gente na aula de hoje. Se for para a gente ficar junto então que não ocorram essas bringuinhas. Por mais que eu entenda que ela e a Nessie não se dão bem, eu não tive culpa dessa junção, a professora mesmo falou em alto e bom tom para a turma.

Assim que voltei para o meu lugar Nessie já havia terminado seu desenho e guardava os gizes. Me sentei e não comentei nada com ela, acho que fui intrometido demais antes e não queria ser outra vez pedindo para ver o resultado final do desenho.

– O que você acha? – Nessie quebrou o silêncio me entregando sua folha. Me surpreendi com o desenho, no final das contas ela havia feito dois rostos, o primeiro estava uma Nessie triste e chorando, já o segundo ela havia desenhado uma Nessie alegre e sorrindo.

– Ficou muito bom!

– Esse segundo é quando eu estou com você. – Ela confessou baixo, mas alto o suficiente para eu escutar e ficar sem palavras. Ela sempre me pega desprevinido com essas demonstrações de afeto.

Narrado por: Jacob

Local: Treino

O som agudo do apito soou pela quinta vez no campo paralizando o jogo.

– Falta! – Gritou o treinador de longe.

– Porra Jake! O que esta rolando? – Embry perguntou bravo enquanto se levantava do chão.

– Desculpa Embry, não estou nos meus melhores dias. – Falei tirando o capacete.

– Pára, nem deu para perceber. – Jared me zuou e eu rodei os olhos.

– Jacob! O que esta acontecendo? – O treinador indagou em um tom nada amigável. – Cinco faltas em 20 minutos de jogo!

– Me desculpa treinador, não vai acontecer de novo. – Disse firme, mas de cabeça baixa.

– Claro que não vai, o treino de hoje acabou para você. – Ele me informou ainda grosseiramente. – Não quero correr o risco de perder meus outros jogadores porque você esta estressadinho!

Contive toda a irritação que as palavras do treinador causaram em mim, respirando fundo e andando para fora do campo. No dia em que você está irritada, estressado e sem paciência qualquer piadinha, que em um dia normal você não ligaria, te irrita dez vezes mais.

E minha irritação tem nome e sobrenome: Isabella Swan. Desde terça-feira que aquela garota esta me evitando, na maior cara de pau ainda por cima, ela não olha na minha cara e quando o faz me trata completamente indiferente, como se eu não fosse ninguém!

Hoje eu cheguei até acordar de bom humor sabendo que finalmente iria conseguir falar com ela na aula de biologia, depois de três dias sendo completamente ignorado, mas a Bella simplesmente não apareceu na aula hoje pela manhã. Juro que eu quis vasculhar o colégio inteiro e levá-la pelos cabelos até a sala de aula, porque ir ao colégio ela foi apenas decidiu não assistir a aula de biologia.

E o pior de tudo não é ela estar me evitando, mas sim eu estar com esse sentimento de revolta por conta disso! Eu não devia nem me importar com isso e de quebra mandá-la para o inverno, mas não, eu quero conversar com ela, explicar tudo que aconteceu na segunda-feira e ainda por cima pedir desculpas por ter agido como um idiota. Tudo que uma garota amaria escutar, mas pelo visto ela não.

E lógico que o que esta ruim sempre pode piorar, ela estava andando todos esses dias para cima e para baixo com o meu ex-cunhado, nos maiores sorrisos e risadas! Minha raiva triplica quando eu penso nisso e juro que minha vontade é dar uma surra nele até o lado de fora virar o lado de dentro!

Cheguei ao vestiário jogando meu capacete e minha proteção no chão respirando fundo diversas vezes. Pelo amor de Deus Jacob, você ficando assim por causa de uma garota chega a ser piada, mas custava muito ela me atender? Ou responder as minhas mensagens? Sim, porque eu já havia ligado para ela várias vezes e mandando outras tantas mensagens também.

– Garota idiota! – Bradei fechando a porta do armário com toda a força. – Se você soubesse o quanto eu odeio correr atrás de mulher, você não faria isso!

Porque você não se apaixonou por uma garota mais doce e com um temperamento mais tranqüilo, hein Jacob? Mas não, tinha que ser a esquisita orgulhosa e mais teimosa que uma mula! Bufei irritado. Mulheres, sempre distorcendo e entendendo as coisas de maneira errada e quando você tenta explicar elas soltam a clássica frase “Não quero ouvir mais nada” ou “Estou cansada desse assunto”.

Essa situação de ser rejeitado é completamente nova para mim, normalmente sou eu quem rejeita as garotas e não ao contrário, elas sempre estão atrás de mim e querendo ficar comigo a todo custo. Mas então aparece uma rebelde sem causa e muda toda a normalidade e rotina dos fatos, me deixando nessa situação deplorável de praticamente implorar para que ela me atenda.

– Isso porque nós não temos um relacionamento. – Pensei rindo sem humor. – Meus amigos provavelmente me zoariam o restante do mês por causa disso.

– Jake! – Seth apareceu no vestiário.

– Você não devia estar treinando? – Perguntei querendo saber o motivo de ele estar ali.

–Sim, mas o treinador pediu para eu ver como você está. – Ele se sentou no banco. – Na verdade eu acho que ele estava com medo de você destruir o vestiário e pediu para eu checar se está tudo em ordem.

– Diz para ele que você chegou a tempo de me impedir. – Comentei sem muita paciência e ele riu.

– O que esta pegando Jake? Você sempre é tão calmo. – Seth perguntou enquanto tirava a parte de cima do uniforme. – Nunca te vi desse jeito.

– Problemas Seth. – Respondi suspirando.

– E tem como resolver esse problema? Ou é alguma coisa definitiva? – Ele indagou curioso.

– Sim e não. – Eu ri sem muito humor e as sobrancelhas do Seth se uniram.

– Problemas com alguma garota? – Ele foi insisivo.

Encarei-o sem saber o que responder. Apesar de não fazer muito tempo que Seth se juntou ao grupo eu desde o começo eu tive uma simpatia muito grande por ele, só não sei se isso é o suficiente para eu contar o que esta rolando, por mais que ele seja meu amigo e me passe confiança. Tenho certeza que o Seth não contaria a ninguém o que esta acontecendo e também não zoaria com a minha cara, mas ele continua sendo irmão da melhor amiga da Bella.

– Jake, sou seu amigo, você pode confiar em mim. – Ele falou como se tivesse lido meus pensamentos.

– Eu sei que posso, mas é complicado Seth. – Disse sincero.

– Cara, seria complicado se você tivesse pegando minha irmã. – Ele comentou e eu arregalei os olhos. – Você não está pegando minha irmã não é?

– Lógico que não Seth, endoidou? – Eu perguntei incrédulo e ele riu.

– Viu, então não é nada complicado. – Disse ainda rindo. Admirava esse jeito leve e despreocupado do Seth de ser. – Não precisa citar nomes, só falar o que esta rolando.

– Tudo bem, eu vou te contar. – Suspirei derrotado. - Eu conheci uma garota e a princípio a gente não ia muito com a cara um do outro, mas mesmo assim eu gostava de implicar com ela, é divertido vê-la brava. – Sorri me lembrando das caras irritadas da Bella.

– E então vocês se conheceram melhor e estão apaixonados? – Ele concluiu dando risada.

– Não! – Respondi rapidamente e o Seth me encarou sem acreditar. – Ok, basicamente é isso.

– Tem sempre uma história de “os opostos de atraem”. – Seth sorriu e eu concordei em silêncio. – Mas diz aí, vocês já ficaram? Certo, não precisa mais responder, seu sorriso imenso já fez isso por você.

– Só que tem um cara que está dando em cima dela também. – Trinquei os dentes só de imaginar o Edward.

– E você já falou para ela que você não gosta disso?

– Não, porque nós não estamos juntos de verdade, entende? Nós apenas ficamos algumas vezes, mas não é nada sério.

– Mas você quer que fique sério? – Ele quis saber e eu não soube o que responder. Seth fazia umas perguntas muito pontuais.

– É complicado. – Disse finalmente me sentindo completamente confuso.

Acho que eu nunca havia parado para pensar nisso. Bella não é uma garota como as outras garotas que eu fico em um dia e no dia seguinte “tchau”, com ela é diferente envolve mais coisas, outros sentimentos. E eu gosto disso e gosto de estar com ela porque a Bella simplesmente não se importa com o meu “status” ela só quer ficar comigo porque eu sou o Jake, apenas o Jake. E eu sinceramente gosto de ser só o Jake, sem o peso do capitão do time de futebol e o mais popular e desejado do colégio.

Não que eu queira namorar com ela, mas confesso que eu quero ficar sério com a Bella, eu tenho tanta coisa dela para conhecer, ela me parece ser tão interessante com o seu jeito despreocupado e suas histórias malucas, sem contar que ela me faz bem. Só que ficar sério com a Bella envolve muito mais coisas, como o colégio inteiro e suas regras, e eu não sei se ela esta disposta a enfrentar tudo isso, nem eu sei se estou disposto a isso também, pelo menos não por enquanto. Argh! Porque as coisas têm que ser tão complicadas e confusas?

– Porque é complicado?

– Porque nós somos diferentes Seth, meio que de mundos diferentes... Sem contar que as pessoas vão falar muita coisa, estou até vendo isso.

– Cara, você não está pegando mesmo minha irmã, não é? – Ele perguntou novamente e eu rodei os olhos. Não sua irmã, mas sim a melhor amiga dela.

– Não Seth, não estou pegando sua irmã, não se preocupe.

– Certo. – Ele riu e depois continuou. – Jake sinceramente, se você esta gostando tanto dessa menina não tem que se importar por vocês serem diferentes e muito menos com que os outros irão falar, as pessoas falam demais, o tempo inteiro ainda por cima, você só não pode deixar de viver ou fazer o que quer por causa disso.

As palavras foram como uma balde de água fria para eu acordar, o Seth está completamente certo, eu não posso deixar de viver minha vida ou fazer as coisas que eu tenho vontade porque alguns alunos irão comentar. Como ele disse, as pessoas falam o tempo inteiro, seja porque você fez alguma coisa boa ou porque fez alguma coisa ruim, ou seja, ninguém nunca estará livre de qualquer tipo de comentário.

– Você está certo Seth. – Admiti com um sorriso leve nos lábios. – Só não sei se ela quer isso, entende?

– E você já perguntou isso para ela?

– Não na verdade, nós não conversamos sobre a gente e nem sei se vamos, porque ela não me atende. – Eu suspirei frustrado. – Esse é outro problema, a gente discutiu, ou melhor, ela brigou comigo e desde então ela me ignora, não atende minha ligações e nem responde minhas mensagens.

– Se ela está te ignorando, você só tem uma opção Jake.

– E qual seria? – Perguntei curioso.

– Ir até a casa dela. – Seth respondeu maroto.

– Você é um gênio Seth. – Comentei animado e rapidamente um plano de formou em minha mente e um sorriso malicioso de formou no canto dos meus lábios.

Nos vemos hoje a noite Bells.

Narrado por: Bella

Local: Garagem

I don't give a damn 'bout my bad reputation
You're living in the past
It's a new generation
And I only feel good
When I got no pain
And that's how I'm gonna stay
And I don't give a damn
'Bout my bad reputation

Oh no, not me
Oh no, not

– Not me, not me! – Gritei tocando a última nota na guitarra.

– Ihuuuuul! – Alice comemorou aos pulinhos e eu achei graça, pensa ela em um show de rock.

– Brigada Ali. – Agradeci colocando minha guitarra em cima da mesa.

– Vocês tocam muito meninas! Foi fantástico, de verdade. – Ela elogiou sorrindo animadamente. – Um sucesso!

– Valeu Cullen, espero que as outras pessoas achem o mesmo. – Leah comentou enquanto se alongava.

– Que bom que o ensaio rendeu hoje, acertamos a música. – Jane se sentou em uma caixa ao lado de Alice. – Mas temos que ensaiar semana que vem também.

– Lógico, mas acho que por essa semana está bom. – Leah disse sentando no chão. – Me passa a água Bella.

– Folgada não né? – Eu impliquei jogando uma garrafinha de água para ela. – Acho que podemos voltar a ensaiar na segunda, vamos deixar o final de semana para o descanço.

– Para as festas, você quer dizer, porque eu quero me acabar amanhã e depois! – Lee falou animada e maliciosa.

– Falando em final de semana, o que vocês vão fazer? – Alice perguntou curiosa.

– Boa pergunta, não temos planos. – Respondi dando os ombros.

– Diga por você. – Leah anunciou e eu juntei as sobrancelhas.

– Vai sair com alguém e não contou para as amigas é? – Jane indagou e Leah riu.

– Não vou sair com alguém, mas também não vou ficar em casa, podemos ir a algum barzinho, o que acham?

– É uma boa, lugar tranqüilo, sem muito agito. – Comentei gostando da idéia.

– Estou fugindo da Tao então qualquer lugar é lugar. – Alice falou alarmada arrancando risada de nós três.

– Rolou um trauma Cullen? Relaxa que com o tempo isso passa não se preocupe. – Leah garantiu tomando mais um gole de água.

– E você Jane, o que acha? – Perguntei novamente, já que ela foi a única que não respondeu.

– Depende. – Jane disse num ar de mistério recebendo um “hum” coletivo. – É que o carinha da Tao me ligou ontem...

– Mentira! E você não ia contar para a gente! – Leah a cortou praticamente gritando.

– Espera, aquele que você ficou? – Alice perguntou e Jane confirmou. – Ai meu Deus!

– Lógico que eu ia contar, só que não antes do ensaio senão a gente não ia ensaiar. – Jane riu. – Nós vamos sair hoje, comer alguma coisa em algum lugar...

– Quem sabe, comer você na casa dele. – Leah falou gargalhando histericamente deixando Jane mais vermelha que a blusa da Alice.

– Cala boca Leah! – Ela brigou. – Vamos sair para nós conhecermos melhor.

– Você está certa Jane. – Disse me sentindo feliz por ela. – Você havia comentado que tinha gostado dele e trocaram telefone.

– Pois é, ainda bem que ele me ligou, demorou um pouco, mas ligou. – Jane sorriu animadamente. – Ele disse que vai passar lá em casa às sete horas.

– E você já sabe o que vai vestir? – Alice quis saber, sem conter a curiosidade e Jane riu levemente.

– Não Alice, ainda nem pensei nisso para ser sincera. – Ela respondeu dando os ombros.

– Como assim? A roupa para o primeiro encontro é o principal, você tem que estar muito bonita! – Alice falava animada e rapidamente. – Pode usar um vestido com a cintura marcada ou ainda uma saia de camadas e uma blusa bonita.

– Vou pensar nisso quando sair do banho, mas juro que vou pensar nessas opções. – Jane disse simpática, mas não havia gostado muito da idéia, ela não tinha um estilo bonequinha, gostava de peças mais despojadas. – Enfim, vou sair com ele hoje e se ele comentar alguma coisa sobre o final de semana, acho que não vou poder ir com vocês.

– Tudo bem dessa vez passa. – Leah sorriu.

Estava feliz pela Jane, fazia um tempo que ela não saia com alguém, apenas tinha rolos de uma noite que não ligavam no dia seguinte. E pelo o que ela contou esse garoto parecia ser um bom rapaz e sinceramente depois do ex-namorado dela, Jane merecia um príncipe.

– E você e meu irmão Bella? – Alice me perguntou sem conter a animação. Ela nunca fazia isso.

– Eu e seu irmão? – Repeti a pergunta recebendo um olhar estreito dela. – O Edward é meu amigo.

– Amigo? – Ela juntou as sobrancelhas sem acreditar. – Só isso?

Respirei fundo pensando a respeito, passei praticamente a semana inteira com o Edward e cheguei a conclusão que ele é apenas um amigo, um ótimo amigo. Ele é querido, fofo, atencioso, gentil, simpático, educado e mais mil qualidades, mas falta alguma coisa nele, falta o sorriso malicioso, a pele bronzeada, os olhos amenados e o perfume amadeirado. Não tem como gostar de uma pessoa estando apaixonada por outra e por isso que ele fica com o posto de amigo.

Apesar de todas as gracinhas e cantadas ele não toma nenhuma atitude, não me pega pela cintura e me lasga um beijo de tirar o fôlego. Ele me trata como se eu fosse uma bonequinha de porcelana, delicada e meiga, mas eu estou longe assumir esse papel... Não quero ser tratada como boneca, quero ser tratada como mulher. Eu quero ação, quero beijos roubados e atitudes que me façam tremer as penas.

– Sim Alice, seu irmão é só meu amigo. – Disse sincera e ela percebeu isso, pelo olhar triste que fez. – Eu o adoro, de verdade, mas ele é apenas só meu amigo, um ótimo amigo na verdade.

– Uma pena Bella, ele parece gostar mesmo de você. – Ela comentou e eu me senti mal por isso, será que eu estava dando esperanças para ele? – Mas se você não quer nada com ele, deixe isso bem claro, ok?

– Juro que não quero magoar seu irmão Ali. – Sorri para ela que fez o mesmo.

– Eu sei que não. – Ela concordou. – Só explica isso para ele.

Eu assenti e ficamos em um clima um pouco chato no ambiente. A garagem ficou em silêncio, Jane não comentou nada a respeito, mas é o jeito reservado dela de ser. Agora me espantou a Leah ficar de boca fechada, ainda mais quando eu quero que ela fale.

– Bom, se você me permite falar Cullen. – Leah começou e eu agradeci mentalmente por isso.

– Desde quando você precisa de permissão? – Alice perguntou e eu ri.

– É que o assunto envolve seu irmão e nós não somos tão intimas assim, mesmo que você tenha quase pulado a janela do meu quarto. – Ela disse séria. Quis rir novamente, mas me segurei, esse papel de séria não combinava com a Lee, ela nunca fica séria, o máximo que acontece é ela ficar nervosa ou brava.

– Ai meu Deus. – Lamentou Alice. – Pode falar Leah.

– Seu irmão é um frouxo, ele poderia ter qualquer mulher que ele quisesse já que a maioria das garotas suspiram por ele, e eu nem sei o motivo, porque ele nem é tão bonito assim. – Ela falava num tom meio indignado. – Só que falta uma dose grande de atitude nele! Se a garota não gostar do que o cara fizer, ela dizer, isso acontece com todo mundo, menos com o seu irmão já que ele não parte para a ação.

Alice encarava Leah de boca aberta. Olhei rapidamente para Jane que se segurava para não gargalhar enquanto eu estava passada demais pela situação. Mas a Lee estava completamente certa, não tenho como negar isso.

– Eu sei, concordo com você. – Alice finalmente falou e nesse momento foi o meu queixo que caiu.

– Como? – Leah indagou bestificada.

– Disse que concordo com você. – Ela repetiu e continuou. – Meu irmão às vezes não tem atitude, mas é o jeito dele, ele não quer forçar a garota ou pressioná-la, gosta que as coisas corram ao natural sem aquela pressão de te conheci hoje e já tenho que te levar para cama. O Edward é a moda antiga.

Eu até concordo com a Alice de que hoje em dia os caras muitas vezes não respeitam as mulheres, mas nós deixamos que isso aconteça, por exemplo, se a garota tem seu primeiro encontro e não rola nada, nem um beijinho de boa noite, ela fala que o cara é lerdo. Mas o fato é que o Edward é muito a moda antiga, não ia fazer mal algum se ele pegasse na minha mão ou roçasse o braço no meu.

– Ali não fica chateada comigo por causa disso. – Eu pedi, quase implorei. – O fato é que eu não gosto do seu irmão dessa maneira, no começo eu até achei ele interessante e até poderia ter tomado alguma atitude, já que ele não fez isso, mas eu não quis. – Expliquei me sentindo envergonhada e mal por estar tão grudada no Edward mesmo sem querer nada.

– Não vou ficar chateada com você por causa disso, você tem o direito de gostar ou não gostar de alguém Bellita. – Ela sorriu. – Gostaria que você e meu irmão ficassem juntos porque aí nós seriamos cunhadas, mas se isso não é possível eu me contento com a sua amizade.

Sorri largamente e eu peso saiu imediatamente das minhas costas depois de ouvir as palavras dela. E depois dessa situação amanhã a primeira coisa que eu vou fazer quando chegar ao colégio é pedir desculpas e explicar para o Edward que não quero nada além da amizade dele.

– Depois dessa eu até ia falar “abraço coletivo”, mas acabaria apanhando da Leah. – Jane comentou num tom de brincadeira arrancando risadas de nós três.

– E por falar em Leah, o que deu entre você e o Embry? – Perguntei e ela torceu a boca.

– Não deu nada, nós não estamos mais juntos, ou melhor, nós nunca estivemos juntos. – Ela respondeu seca.

– Eu pensei que você gostasse dele. – Alice comentou simplesmente e Leah rodou os olhos sem paciência.

– Existe uma grande diferente entre gostar dele e gostar de transar com ele. – Leah disse ácida e Alice exclamou um “oh”.

– Certo, vamos mudar de assunto. – Jane interviu. – O que você tem para nos contar Alice? Você foi a única que não comentou nada da sua vida amorosa.

Alice não conseguiu esconder o sorriso de felicidade e um brilho passou pelos olhos dela, parecia que ela ia explodir em alegria a qualquer momento.

– Eu fiquei com o Jasper! – Ela praticamente gritou dando um salto de cima da caixa que estava sentada. Meu queixo caiu com a confidência e eu sorri feliz para ela também, assim como Jane, já Leah a olhou espantada.

– Nossa Ali, isso é maravilhoso! – Eu comemorei enquanto ela pulava de felicidade.

– Eu sei, eu sei, eu sei!

– Explica isso direito Cullen. – Leah pediu tentando esconder a curiosidade.

Alice, então, nos explicou tudo que havia acontecida na terça-feira, o encontro ao acaso com Jasper no parque, o convite para ir até a casa dele, os sanduíches e o beijo que rolou entre eles. A cada instante que ela narrava os fatos ficava impossível de não perceber e sentir a felicidade dela era quase palpável. Nos contou também que depois do primeiro beijo vieram outros, que ficou até o final da tarde na casa dele e que ele era “lindo, fofo e muito atencioso” com ela.

Nós ficamos conversando, ou melhor, ouvindo a Alice suspirar pelo Jasper, mas logo as meninas foram embora. Assim que entrei em casa, encontrei minha mãe na cozinha preparar o jantar e tratei de ajudá-la a terminar, Reneé não era muito experiente na cozinha, assim como o meu pai. O jantar foi tranqüilo, mas eu só estava de corpo presente, porque minha mente vagava então assim que terminei subi para o meu quarto tomando um banho rápido e caindo na cama em seguida.

A conversa com as meninas me fez ficar pensativa e o que é pior ficar pensando no Jacob. Ele tinha se mostrado uma pessoa tão diferente do que normalmente ele aparenta no colégio, ou seja, um idiota metido. Mas a atitude dele na sala de música de querer me ver só porque eu já tinha combinado de me encontrar com o Edward me deixou possessa, eu me senti um troféu que a pessoa mostra para as outras falando “é meu, eu ganhei”.

Comentei com Jane o que havia acontecido e ela por incrível que pareça achou legal da parte dele me procurar ainda mais por se tratar dele. Resmunguei falando que ele só tinha ido lá para brigar com o Edward e ela me deu uma resposta que me deixou sem fala “se fosse só por isso ele não estaria correndo atrás de você ainda” e fato, já perdi as contas de quantas vezes ele me ligou e mandou mensagem e eu não retornei e muito menos respondi a princípio de raiva e depois de pura birra.

Meu celular tocou me fazendo voltar para realidade, peguei o aparelho e a tela piscava mostrando o nome do Jacob. Sorri abertamente com isso, como sempre acontecia quando ele me ligava e eu ignorava. De supetão aceitei a chamada não demostrando felicidade na voz.

– Não cansa de me ligar? – Perguntei num tom sério, mas por dentro esta feliz em ouvir a voz dele.

– Não reparou que ainda não? – Ele devolveu a pergunta e eu quis rir. – Abre a janela para mim.

– Como é? – Me segurei para não gritar e corri para a janela, meu queixo caiu alguns centimentros.

Jacob estava lá em baixo segurando o celular e olhando para cima, assim que me viu desligou o telefone e sorriu para mim, aquele famoso sorriso de lado que mesmo não admitindo eu estava com saudade.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Helloooo :DD
Demorou um pouco, mas chegou o novo capítulo! Um presente de Natal para as leitoras mais lindas e queridas do ano hohohoh.
O que vocês acharam do capítulo? E sim, lógico que eu tinha que terminar na melhor parte hahahah. O que será que vai rolar entre o nosso casal? Um dica: tirem as crianças da sala! Alice e Jasper voltaram, eu estava morrendo de saudade dos dois! Ficamos sabendo do passado da Lee, o que acharam? E essa nova relação com o parceiro de biologia o que será que vai rolar? Seth, meu lindo! Venha ouvir e resolver meus problemas! E ele nesse triângulo quase-amoroso, como vai se sair?
Quero agradecer, lógico, pq o que eu mais faço é agradacer a vocês hahahah. Muito obrigada pelos lindos comentários, vocês são incríveis! Mesmo com o meu sumiço, vocês me receberam muito bem de volta, eu fiquei radiante!
Espero sinceramente que vocês tenham gostado do capítulo! E não deixem de comentar (:
Ahhh, já ia esquecendo! Quero desejar a vocês um excelente Natal! Com lobos, amor, paz e felicidade! E que 2012 seja um ano de muitas realizações e conquistas para todos de coração.
Beeijo!