Sakura piscou várias vezes, ela ouviu mesmo aquilo?

- Mentira… - sussurrou para si mesma, tentando encontrar forças para se manter de pé. – Mentira… Mentiroso! – berrou andando em direção a ele com os punhos cerrados. Estava prestes a lhe dar um soco, quando ele pegou seu pulso e fitou seus olhos.

Imediatamente Sakura olhou para o chão e ficou sem reação, enquanto o toque de Sasuke a fazia estremecer. Ela estava certa de que aquilo era mentira, Uchiha Sasuke não era capaz de amar, ela sabia bem disso.

- Para… - sussurrou com a voz fraca. – De mentir.

Ele continuou fitando os olhos verdes e suspirou. Soltou seu pulso e colocou a mão em seu rosto, acariciando a cicatriz de sua bochecha. Nunca mais deixaria alguém machucá-la novamente.

- Não é mentira. – ele afirmou erguendo o rosto de Sakura, que tentava conter a tremedeira e os soluços.

- Então… - ela soluçou. – Aquilo que você falou no hotel…

- Era tudo verdade, menos a parte que se referia a você, eu não te usei, eu só estava tentando te proteger… - Sasuke começou, se surpreendendo com suas palavras, desde quando falava de seus sentimentos abertamente?

Sakura finalmente fitou seus olhos e deixou o braço cair ao seu lado. A única coisa que ela queira naquele momento era congelar a cena e pensar nas três palavras que ele tinha dito. Ainda parecia um sonho.

Alguma coisa nos olhos dele fez com que ela acreditasse, que soubesse que era verdade. Sabia que não deveria acreditar, que o certo seria mandá-lo ir embora e nunca mais vê-lo novamente, afinal, já tinha aprendido da pior maneira que sempre deveria seguir a razão e não o coração.

– Me desculpe, Sakura. - Sasuke disse sério, tirando a mão do rosto dela. – Eu tentei ficar longe de você. Eu sei que seria o melhor e que assim você ficaria protegida, mas eu não consegui. Me desculpe.

Os dois não se moveram. Sakura sabia que se se mexesse, poderia acordar. E Sasuke não conseguiria se afastar mesmo se quisesse. Ele ainda não se conformava com o sentimento que tinha tomado posse de si, como ele se deixou levar pelo amor?

A última semana tinha sido uma tortura para ele. Ficara tentando entender o que estava acontecendo em sua mente e, ao mesmo tempo, se focar no caos da organização. Quando finalmente se convenceu de que sentia algo por Sakura que nunca havia sentido, percebeu que não conseguiria ficar mais tempo sem vê-la.

E naquele momento, depois de tanta confusão, não poderia simplesmente ir embora.

– Eu não deveria acreditar em você. – Sakura informou com a voz fraca. Finalmente tinha conseguido conter seus soluços e manter-se firme. – Mas eu acredito.

Sasuke deu seu meio sorriso típico que fez com que ela sorrisse também, era impressionante o efeito que ele fazia nela.

- E eu também não deveria te amar. Mas eu amo. – completou ela com um sorriso, satisfeita por finalmente ter a oportunidade de falar a verdade.

Aquelas palavras fizeram Sasuke sorrir de um jeito que ela nunca tinha visto. Não era um meio sorriso contido e sim um sincero, que ele não soltava fazia muito tempo. Aquilo foi o bastante para que Sakura abandonasse completamente a pequena parte de si que ainda não acreditava nele.

Sem pensar mais, porque sabia que se pensasse mudaria de idéia, envolveu os braços no pescoço dele e o beijou como se nunca tivesse o beijado na vida.

A princípio, foi um beijo suave e doce como se apenas estivessem experimentando a ideia de estarem juntos novamente, mas, aos poucos, Sasuke puxava Sakura para si e o beijo foi se aprofundando, assim como as carícias incontroláveis.

O êxtase subia pelo corpo de ambos e a cada segundo que passava, tinham mais certeza do que queriam fazer. Assim que se beijaram até alcançar o quarto, Sakura sabia que aquela seria uma longa e perfeita tarde.

E assim foi, pela primeira vez ela soube o que era fazer amor com alguém que realmente gostasse e era infinitivamente mais prazeroso, ainda mais sabendo que Sasuke sentia o mesmo. Ela nunca o vira mais feliz e vice-versa.

Os dois unidos eram como se fossem as últimas peças de um quebra-cabeça perfeitamente complexo.

Depois de algum tempo, desconhecido para ambos, Sasuke, ainda encantado com tudo, finalmente disse:

- Eu preciso ir.

– Por que? – Sakura perguntou manhosa, enquanto se cobria com o lençol. Aquilo era bom demais para ser verdade, não queria deixá-lo ir com medo de nunca mais voltar.

- Estão me esperando na mansão. – ele respondeu virando o rosto e acordando do transe.

Ela acenou com a cabeça e o observou colocar suas roupas. Piscou várias vezes esperando que tudo sumisse e ela acordasse, mas nada aconteceu, estava realmente acordada.

– Ah… Enquanto isso eu ligo para People Magazine e conto como Uchiha Sasuke é na cama. – ela falou brincando, fazendo-o sorrir.

Ele soltou um olhar zombateio e continou a se arrumar, tentando pegar as roupas mais rápido que Sakura.

– Sakura, é sério, eles estão me esperando. – Sasuke finalmente disse quando ela o puxou de volta para a cama.

Ela fez um bico emburrado e o deixou levantar-se, nunca se imaginaria nessa situação com Uchiha Sasuke, era simplesmente surreal. Ainda mais depois de tudo que haviam passado juntos.

– Falando nisso, o que aconteceu com a Akatsuki? – ela perguntou depois de sorrir abertamente por causa de seus pensamentos.

Sasuke não respondeu, ela ainda não podia saber e ele não iria estragar aquele momento sublime com explicações.

- Certo, não me responda. – Sakura falou achando graça, já estava acostumada com o silêncio do Uchiha.

Ele saiu do quarto e a deixou extremamente feliz sentada na cama. Ela ainda não acreditava no que tinha acabado de acontecer e como as coisas se resolveram tão rápido.

Sorriu sozinha e, depois de alguns suspiros apaixonados, levantou-se e vestiu-se, perguntando-se como seria namorar um cara como Uchiha Sasuke, o solteiro mais cobiçado da cidade.

Era engraçado como tudo aquilo tinha se formado, alguns dias atrás apenas o julgava pela capa de revistas e agora já o tinha visto sem roupas.

Sakura corou e pegou o telefone, precisava falar com Ino, mesmo sabendo que ela ainda estava brava.

- Ino?! – a rosada perguntou quando o telefone parou de chamar.

- Sakura? Quantas vezes eu vou ter que te dizer que…

- Uchiha Sasuke acabou de sair da minha cama. – Sakura informou, ignorando a amiga, que imediatamente começou a gritar.

- O QUÊ?! – Ino berrou do outro lado. Sakura sabia que ela iria baixar a guarda se o assunto fosse alguma fofoca. 

– É verdade! Então você pode, por favor, fazer as pazes comigo e vir aqui em casa pra eu te contar tudo?

- Eu já estou com a bolsa na mão! Você não pode me falar uma coisa dessas por telefone, testuda! Mas não pense que isso muda alguma coisa, quando eu chegar ai você vai ouvir.

Sakura sorriu feliz, finalmente poderia ter uma chance de fazer as pazes com a amiga. No momento, com tudo tão perfeito, aquilo era a única coisa que faltava para a sua felicidade completa.

- Até daqui a pouco. – ela disse tentando não parecer tão feliz.

- Até. – Ino respondeu, eufórica.

A rosada sentou-se no sofá satisfeita, o dia não podia ficar melhor. Após algum tempo perdido em pensamentos, a campanhia finalmente tocou e ela atendeu dendo um abraço apertado em Ino, que não teve tempo para reagir.

- Até que enfim! – Sakura exclamou soltando a loira e a fitando, com saudades. – Você não sabe o quanto você fez falta, porquinha.

Ino forçou uma cara feia, apesar de tudo, também estava com saudades.

– Você também, mas mesmo assim, Sakura, você vai me contar o que aconteceu ou não? Se não eu nem entro. – ela disse mantendo a pose.

- Entre, eu vou te contar tudo. – a outra respondeu depois de um suspiro. Teria que inventar alguma mentira bem bolada que não desse abertura para perguntas. Aquilo a deixava mal, mas não tinha escolha.

Ignorou o enorme sorriso que Ino deu e sentou-se no sofá ao lado da amiga.

– O que você quer saber primeiro? – perguntou, receosa.