By The Way escrita por Ducta


Capítulo 39
This Velvet Glove


Notas iniciais do capítulo

This Velvet Glove - Red Hor Chili Peppers



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Thalia voltou pra casa de Annabeth na madrugada de domingo, mas não contou pra amiga que Mike estava preso. Annabeth já tinha muita coisa na cabeça. Esta tentou convencer Thalia a voltar à faculdade, mas a amiga não queria ouvi-la e disse que ficaria o tempo que fosse preciso.

Hoje era uma noite calma de final de fevereiro. Thalia havia ido visitar os pais e Annabeth havia ficado sozinha com Leah. Eram pouco mais de dez da noite e Annabeth havia acabado de sentar de frente à televisão desligada, quando deixou seu último momento com Nico invadir sua mente e suspirou. Inconseqüentemente seu olhar vagou até a estante onde tinha uma foto da pequena família em um parque no verão passado, Annabeth suspirou outra vez.

Ela havia sido injusta com Nico e sabia disso, e foi nesse ponto que uma conversa se iniciou em sua cabeça.

“Mas você estava de cabeça quente.”

Isso não é desculpa

“Mas ele que provocou!”

Você devia ser mais compreensiva, afinal ele te ama

“Mas ele sempre soube que não era recíproco.”

Mas isso não impede ninguém de amar outra pessoa

Annabeth sacudiu a cabeça, parando a falação.

Seja quem fosse, estava certo, ela devia ter sido mais compreensiva.

Pegou seu celular em cima do sofá e discou o número de Nico, mas assim como todo o mês anterior, ele não atendeu.

Annabeth passou as mãos pelos cabelos os afastando do rosto e começou a listar todos os lugares que Nico gostava de freqüentar no bloco de anotações ao lado do telefone, não demorou muito para que terminasse. Ligou para os amigos de Nico pela terceira vez desde que eles haviam brigado, mas apenas David havia visto Nico nesse meio tempo.

- Ele não me disse exatamente pra onde iria, só disse “para o leste é o mais propício agora” – Foi o que ele disse.

Voltando sua atenção para a lista que fizera, Annabeth procurou os lugares que ficavam ao leste da casa de David e acabou chegando a Tennessee Street onde ficava a casa que Nico morara quando era pequeno. Pelo o que Annabeth sabia a casa não havia sido vendida, apenas fechada. Com uma última olhada ao pequeno mapa que desenhara no bloco, ela tomou uma decisão e ligou para Thalia.

- Thata você vai voltar pra cá ainda hoje?

- Sim, por quê?

 - Eu vou atrás do Nico, mas a Leah já está dormindo.

- Você sabe onde ele esta?

- Só especulação por enquanto.

- Ok, estou indo então.

- Obrigada.

Assim, ela trocou o pijama por jeans e jaqueta e esperou Thalia na sala.

Logo que a amiga pisou na sala, ela se levantou.

- Caramba porque toda essa pressa? – Thalia perguntou quando elas se cruzaram na porta e Annabeth pregou um beijo na testa da amiga.

- Já esperei tempo demais.

- Mas e toda aquela história de “eles que se danem”? – Thalia disse aumentando o tom, pois Annabeth já havia corrido até seu carro, um Sedan preto.

- Como se eu conseguisse viver sem eles. – Annabeth gritou antes de entrar no carro e bater a porta.

Annabeth já havia passado o quarteirão de sua casa e mais por ansiedade do que por qualquer coisa, ela ligou o rádio e se arrependeu quando notou a música que passava.

 

Standing in line to see the show tonight and there's a light on. Heavy glow, by the way…

 

- Droga. Quem diabos toca “By The Way” há essa hora? – Ela disse apertando o pequeno botão no rádio, ativando o cd.

Se Annabeth tentava fugir das músicas do Red Hot Chili Peppers, não obteve sucesso, pois aquele era o único cd que havia ficado no carro depois da lavagem.

Apertou o botão várias vezes até achar uma música que ela ouvia com muita freqüência agora: “This Velvet Glove”. Aquela era uma das poucas músicas que a lembrava apenas uma pessoa no mundo inteiro. Ela mesma. E ela sentia-se bem de alguma forma então deixou sua emoção aflorar e cantou o refrão o mais alto que pode enquanto dirigia pelas ruas escuras:

- It's such a waste to be wasted in the first place, taste the woman, taste, taste of being face to face with common grace. To meditate on the warmest dream and when I walk alone I listen to our secret theme.

Your solar eyes are like nothing I have ever seen. Somebody close that I can see right through. I'd take a fall at you now and I'll do anything, I will for you!

Ela sorriu enquanto elevava sua voz com o refrão. Aquele foi um momento nostálgico e por um único e breve momento ela se esqueceu de realmente tudo.

Não demorou mais que quinze minutos para ela chegar a seu destino. Estacionou o carro no começo da rua e caminhou o resto do percurso até parar na frente de uma casa simples, branca, com varanda de madeira.

Annabeth podia ver a luz da sala acessa e se aproximou da varanda com cuidado e apertou a campainha.

Seu coração acelerou quando Nico, trajando apenas sua jeans apareceu na porta.

O rapaz ficou tão surpreso que recuou um passo para dentro da casa.

- An-Annabeth? – Ele indagou em voz baixa.

- Achei você. – Ela disse depois de engolir seco.

- Ãn... Hm... Droga. – Nico balbuciou. – Quer entrar?

- Não.

Nico continuou a olhando enquanto ela tomava coragem para dizer o que há muito queria ter dito.

- Olha, eu quero te pedir desculpas por aquele dia eu... Eu estava completamente fora de mim, fui injusta com você e estou me sentindo culpada desde quando você bateu a porta. – Annabeth disse de um fôlego e só depois de terminar ela buscou o olhar de Nico e encontrou sua expressão vazia, como costumava ser.

- Você sabe que por mais que você mereça, eu não consigo ficar zangado com você.

Annabeth sorriu timidamente e Nico a puxou para um abraço.

A garota descansou a cabeça no peito nu de Nico que apesar da noite fria estava quente. E estando ali, com os braços fortes de Nico em volta de seu corpo a mantendo perto e a esquentando, ela percebeu o quanto sentiu saudade dele, o quanto ele fazia falta.

Mas Nico não era exatamente quem ela queria, ele era apenas a pessoa com quem ela tinha que estar esta noite...

 

Percy estava deitado sobre o carpete da sala apenas ouvindo o som do jogo que era exibido essa noite quando a porta de seu apartamento foi aberta de supetão e por ela passaram Grover e uma garota que Percy reconheceu como sendo Rachele, uma das amigas de Ashley. Percy resmungou alguma coisa como “amigos inconvenientes” e deitou de barriga escondendo o rosto.

- Ah, qual é Percy. Levanta daí maninho! – Grover disse enquanto puxava um braço de Percy.

- Não.

- Percy, para com isso. Você vai morrer nesse carpete! – Rachele disse se apossando do sofá e deitando nele, sem a menor cerimônia.

- Você está com a Rachele agora Grover? – Percy murmurou lutando contra os puxões do amigo.

- Não. Trouxe ela pra te fazer companhia.

- Pode levar embora.

- Me dê um motivo. – Grover pediu.

- Ela era amiga da Ashley.

- Isso é um bom argumento. Me dê outro.

- Eu não saio transando com qualquer uma.

- Não mais. – Rachele disse indiferente.

- É. Não faço mais isso.

- E quem disse que eu trouxe ela aqui pra vocês transarem?

- Grover tá achando que eu sou burro? – Percy indagou levantando a cabeça. – Pra que mais você traria uma vadia na minha casa?

- Hey! – A garota protestou.

- Cala boca, você sabe que você é. – Percy disse.

Rachele o ignorou e ele voltou-se para Grover outra vez:

- E se você está afim de orgia, procure outro, é.

- Credo Percy, pelo amor de Deus levanta desse chão.

- Porque deveria?

- Porque eu tenho uma coisa pra você.

Percy o encarou.

- Red Hot Chili Peppers em Atlanta daqui a duas semanas. – Grover disse tirando dois ingressos do bolso.

Percy sentou-se no carpete ainda encarando o amigo. Ele estivera atrás desses ingressos havia semanas, mas nunca teve ânimo para sair de casa e comprá-los.

- Pra mim? – Ele indagou com as sobrancelhas arqueadas.

- Pra nós. Topa?

- Quê? Claro! – Percy disse se levantando imediatamente e abraçando o amigo.

Grover logo o soltou por ter notado o corpo magro do amigo por baixo das roupas largas.

- Faz quanto tempo que você não come? – Grover indagou preocupado.

Percy desviou o olhar.

 

E foi assim que fevereiro se foi, a semana se passou e o aniversário de Leah chegou.

Annabeth, Thalia e Nico organizaram uma festa para a pequena e convidaram todos os amigos de Leah na creche, bem como os filhos dos vizinhos. No final das contas tiveram que alugar um salão e algumas atrações para entreter tantas crianças. A festa aconteceria no sábado apesar do aniversário de Leah ser na quinta.

E na quinta-feira à tarde, Annabeth e Thalia observavam Leah brincar no carpete com Nico.

- Você não vai convidar o Percy mesmo? – Thalia sussurrou se aproximando mais da amiga.

- Sei que é egoísmo, mas não, não vou. – Annabeth respondeu olhando a filha.

Foi nesse momento que o telefone tocou. Thalia atendeu.

- Alô? – Percy chamou inseguro.

- Oh. Thalia fez devido a surpresa. - Hm, oi é a Thalia.

- Ah Thalia que bom que é você. – Percy disse aliviado.

- Aconteceu alguma coisa?

- Hoje é aniversário da Leah não é? – ele perguntou franzindo o cenho.

- É.

- Hm, ela já entende?

- Um pouco. Ela estava cantando “Parabéns pra você” com o Nico agorinha.

- Nico?

- Longa história.

- Hm. Queria falar com a Leah, mas por telefone ela não ia entender.

- Tenta pelo menos. Ela é boa ouvinte.

- Ok, vou tentar.

- Espere aí que eu vou pegá-la então. – Thalia disse e colocou o telefone ao lado do gancho.

- Quem é? – Annabeth indagou.

- Percy. – Thalia disse enquanto chamava Leah a seu colo.

- O que ele quer? – Nico perguntou.

- Falar com a filha dele oras.

Thalia sentou Leah na mesa, colocou o telefone no alto-falante e o entregou a Leah quando Nico e Annabeth se aproximaram.

- Percy? – Thalia chamou.

- Oi.

- O telefone está no auto-falante ok? A Leah não fica muito tempo com ele na orelha.

- Tudo bem.

- Quem é? – Leah perguntou com seu jeito meigo. Seu vocabulário havia evoluído nas últimas semanas.

- Papai. – Annabeth respondeu cruzando os braços a frente do corpo.

- Papai! – a pequena gritou alegre.

Percy sorriu.

- Hm Leah? Oi é o papai.

- Papai. – Leah repetiu procurando Percy pelos cômodos.

- No telefone. – Nico disse apontando para o aparelho e Leah voltou sua atenção para ele.

- Minha princesinha eu só queria desejar feliz aniversário pra você e dizer que eu te amo muito, tá bom?

- Amo muitão papai. – Leah disse jogando suas marias-chiquinhas para trás com um aceno de cabeça.

Percy riu.

Annabeth que ate então estivera tensa, sorriu. Ela se lembrava da risada dele e ouvi-la agora fez seu coração se inundar ainda mais de saudade do rapaz.

 - Eu te amo mais, minha bonequinha! – Percy disse.

- Papai vem festa neném? – Leah indagou.

- Festa? Oh, desculpe meu amor, papai não pode.

Leah fez um biquinho de choro e logo que seus olhos se encheram de lágrimas, Annabeth se aproximou da filha.

- Filha não chora! – Ela disse. – Pede pro papai cantar parabéns pro neném.

Leah olhou para Thalia e a madrinha sorriu.

- Canta parabéns pro neném papai. – Annabeth disse.

Percy ficou rígido por um momento ao ouvir Annabeth, mas logo se desfez perguntando-se como seria o “parabéns pro neném”.

- Hm...

Mas Leah o começara:

- Parabéns pro neném nessa data querida... – ela cantou batendo as pequenas mãozinhas e logo todos a acompanharam para a felicidade da pequena.

- Hora de desligar o telefone Leah. – Annabeth disse. – Fala tchau pro papai.

Leah pegou o telefone a contragosto.

- Tchau papai. – ela disse acenando a pequena mãozinha sem saber que Percy não podia ver seu movimento.

- Oh, tchau minha linda. – Ele disse triste.

Mesmo por telefone Leah era tão fofa e doce que ele sabia que poderia passar a eternidade ali, ouvindo a voz fina e melodiosa de sua pequena.

 


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora imensa para postar, filha recém-nascida não é fácil...
E euq eria pedir pra vocês lerem minha nova one shoot "From The Bottom Of My Broken Heart"
É sobre o Percy e a Rachel. Peço que vocês não tenham preconceito por ser sobre a Rachel e leiam. Obrigada.