By The Way escrita por Ducta


Capítulo 38
Don't Surrender


Notas iniciais do capítulo

Don't surrender - Joan Jett and the BlackHearts



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Já se passavam das três da manhã e Thalia estava se revirando na cama, pensando no telefonema de Annabeth.

Ela já havia trancado sua matrícula e já tinha comprado a passagem para Louisiana, mas seu vôo só sairia pela manhã.

Agora ela sentia o corpo todo tremer de raiva. Raiva de Percy. Como ele pudera fazer aquilo com Annabeth? A garota sentiu vontade de comprar a passagem para Miami, para ir matar Percy, mas priorizou Annabeth e se conteve um pouco.

A garota já estava finalmente quase sendo dominada pelo sono quando seu celular tocou.

- Mike? – Ela indagou ao ver o nome piscando na tela.

Mas quando ela atendeu, a ligação caiu. Ela retornou, mas ninguém atendeu. Acabou por deixar pra lá.

 

Annabeth ainda tinha os olhos inchados e o rosto marcado por lágrimas secas quando parou o carro na frente de casa. Por um longo momento ela fitou a porta da casa e disse a si mesma: “Você não deveria ter saído daqui. Nunca.” E suspirou longamente antes de sair do carro para pegar Leah no banco de trás.

A garota assustou-se ao abrir a porta de casa e dar de cara com Nico sentado no sofá da sala, a casa mergulhada em total escuridão apesar do dia claro lá fora.

Annabeth colocou Leah no chão onde a pequena logo começou a engatinha na direção de Nico, mas Annabeth chegou primeiro.

- Você... É... Um idiota... Nico! Você... Arruinou... Minha vida! – Ela disse pontuando cada palavra com um soco no rapaz.

Nico segurou os dois pulsos de Annabeth os afastando de si. Leah os observava com a expressão curiosa, quase temerosa, mas nenhum dos dois viu.

- Eu fiz o que eu achei certo Annabeth, ele precisava saber a verdade!

- E porque você não me deixou cuidar disso?

- Porque você não ia contar!

- Não mesmo! Nico é a minha vida e você não precisava se meter!

- Annabeth você está sofrendo agora, mas depois você vai me agradecer!

- Eu deveria te agradecer por arruinar minha vida é?

- Se ele seguiu em frente com isso é porque ele sabe que não é bom pra você e isso já não é culpa minha!

- Claro que é culpa sua! Você só fez isso pra ter chance de ficar comigo, você estava mordido de ciúmes!

- Sim eu estava! Mas não foi por isso que eu falei com ele. Eu só quero o melhor pra você e...

- O melhor pra mim? Annabeth o cortou. – Porque todo mundo diz que é o melhor pra mim? EU SEI O QUE É MELHOR PRA MIM DROGA!

- Você não ia ser feliz com ele Annabeth, como você não pode ver isso?

- Para! Você só diz isso porque gosta de mim, mas é mentira, eu seria feliz com ele sim!

- Annabeth olha pra mim! Você sabe que você me pertence! Você e a Leah!

- NÃO! Eu não pertenço a você! Nem a Leah! E graças a sua estupidez nós estamos sozinhas outra vez!

- Eu vou estar sempre com vocês.

- Não vai não! Eu não quero mais saber de você! Some da minha casa Nico.

Eles se encararam por um longo momento.

A dor estava evidente no rosto de Nico e a decepção no de Annabeth. Leah tinha voltado ao colo da mãe e agora brincava com uma mecha do cabelo de Annabeth.

- Me deixe pelo menos ficar com Leah um pouco. – Nico pediu.

- Não. Vai embora de uma vez e, por favor, não olhe pra trás.

Nico esticou seu olhar até o de Annabeth, mas ela não o retribuiu então ele saiu da casa e, seguindo as ordens de Annabeth, ele não olhou para trás.

Naquele momento ela se arrependeu do que fez. Teve vontade de correr atrás dele, pedir pra que esquece e ficasse, mas não o fez porque os grandes olhos verdes de Leah alcançaram o dela.

Ela não podia continuar com aquilo, precisava resolver sua vida. Apesar de ser nova, ela era uma mãe e não podia deixar Leah crescer no meio daquelas brigas, tanto com Percy quanto com Nico.

 

Depois da conversa que teve com seu pai, Percy passou a noite no parapeito da janela e lembrou, pensou e remoeu toda a sua vida até agora e o que aconteceria daqui pra frente.

Acabou por desistir da faculdade, escola nunca fora algo que o agradava e ultimamente já não tinha mais paciência pra isso.

Sua cabeça ainda estava confusa e ele se sentia enjoado quando pensava que Annabeth poderia estar nos braços de Nico agora, talvez agora o esquecendo. Suspirou, não podia reclamar se isso estivesse acontecendo, ele dissera a ela pra fazer isso.

Mas e se ela não estivesse feliz? E se tivesse voltado a sofrer? E se dessa vez ela tentasse algo insano? Mas Percy evitava pensar nesse lado da história. Ele tinha Leah para lhe garantir que Annabeth não faria nada estúpido não é?

Mas a mãe de Annabeth também a tinha e mesmo assim se matou...” Persistia uma voz em sua cabeça e essa, ele não conseguia ignorar, pois não era apenas em sua mente que ele a ouvia, mas também em seu coração e principalmente em sua alma o fazendo sempre se perguntar, porque simplesmente não podia ser tudo diferente.

 

E assim Janeiro finalmente se foi, mas o frio não. E o frio persistia no coração de Annabeth que decidira esquecer a qualquer custo Percy e Nico e no Percy que desistira da vida. Não, ele não voltara a se drogar, nem beber. Apenas não vivia mais. Nas horas que não estava trabalhando estava largado a frente da televisão, raramente comendo e não se importando com a cor que se esvairia de seu rosto.

 

E mais uma vez era o meio da noite quando o celular de Thalia tocou, era Mike outra vez.

- Oi. – ele disse em um tom baixo.

- Que aconteceu?

- Onde você está?

- Na casa da Annie, por quê?

- Deixa pra lá.

- Que aconteceu Mike?

- Me promete que não vai contar pra Annabeth?

- Quê? Mike o que você fez?

- Eu... Eu...

- Fala logo Mike!

- Eu fui preso.

Thalia se surpreendeu por meio segundo.

- Demorou não acha?

- Não foi pra isso que eu liguei.

- Pra quê então? Fiança?

- Tráfico de drogas não tem fiança.*

- Tráfico de drogas, Mike?

- Não foi porque eu quis.

- Imagino. – Thalia disse com sarcasmo.

- Vem aqui me ver? – Mike suplicou.

E dessa vez, Thalia ficou um minuto completo surpresa.

- Ok, mas o que eu vou dizer pra Annie?

- Inventa qualquer coisa, mas vem, por favor.

Thalia se levantou da cama e arrumou uma pequena mala, tomou um banho rápido e, antes de sair, rabiscou um bilhete para Annabeth dizendo que depois a explicava e partiu no carro que seu pai havia lhe dado de aniversário uma semana atrás.

A viagem foi cansativa e quando ela finalmente parou o carro na porta da delegacia, Thalia se sentia pronta para deitar e dormir fevereiro inteiro.

Depois da demorada espera comum em delegacias, Thalia o viu pela primeira vez em anos e se surpreendeu ao ver que já não lembrava realmente como Mike era.

Seu cabelo já não era mais arrepiado, estavam caídos sob seus olhos, sem brilho, um loiro opaco. Seus olhos castanhos estavam marcados por olheiras escuras e havia um pequeno corte em seu lábio inferior que se encontrava inchado e ressecado. O corpo já não era tão evidente. Mike estava começando a sofrer as conseqüências que o uso excessivo de drogas trazia.

Mike tentou sorrir ao ver a expressão de Thalia, mas a dor em seu lábio não o permitiu ampliar o movimento.

Thalia também já não era exatamente o que Mike se lembrava, mas os principais pontos ainda estavam lá: a jeans rasgada e desbotada, o all star preto, a jaqueta de couro com AM anga dobrada em ¾ cobrindo uma camiseta do AC/DC , a maquiagem forte ressaltando seus olhos tão elétricos que agora pareciam atravessar a alma do rapaz. A única diferença talvez fosse a tatuagem que os buracos da jeans insinuavam na coxa direita dela. Provavelmente um dragão ou um tigre, Mike não conseguia decifrá-la dali.

- Oi. – Ela disse finalmente se mexendo.

Thalia se sentou na cadeira de frente a Mike e depositou as mãos no tampo da mesa, mas Mike logo as colocou entre as suas.

- Obrigado por vir. – Ele disse fixando seu olhar no dela.

Thalia assentiu.

- Eu senti tanto a sua falta. – Mike prosseguiu.

- Eu também.

- Porque você não voltou?

- Porque eu não queria ter a história da Annabeth pra mim.

- A dela talvez tenha um final um feliz.

- E a nossa?

- Eu não vejo um final feliz. Eu estou definhando Thalia. – Mike lamentou-se. – Olha pra mim.

  Mas Thalia não moveu seu olhar.

- Porque você não saiu disso enquanto tinha tempo?

- Porque eu sempre soube que não ia conseguir, então eu não tentei.

- Você não conviveu muito com a Annabeth pelo visto.

- Com certeza não.

- Quanto tempo você vai ficar aqui?

- Cinco ou sete anos, não sei.

Thalia suspirou pesadamente.

- Sabe, eu gosto de você. – Mike disse reparando nas bochechas de Thalia que enrubesceram levemente.

- Eu também gosto de você.

- Acho que você não me entendeu.

- Então explique-se.

Mike sorriu de canto.

- Eu te amo.

- Me ama? – Thalia indagou surpresa. – Mas...

- Você vai falar do tempo não vai?

Thalia assentiu.

- Isso importa? Thalia quando a gente ama, o tempo que a gente conviveu com a pessoa não é nada importante se for comparado com o sentimento que a gente tem, entende?

Thalia não sabia o que dizer então produziu o único som que conseguiu.

- Hm.

- Provavelmente você está me achando um imbecil. Confesso que estou me sentindo mesmo.

- Não. Olha... Eu estou confusa agora, mas acredite, o que você disse vai me deixar sem dormir essa noite.

Os dois sorriram.

- Melhor você esquecer.

- Porque eu deveria?

- Eu vou morrer aqui dentro, Thalia.

- Você acha?

- Tenho certeza.

- Talvez não.

- Porque não?

- Porque eu estou aqui com você. – Thalia disse apertando as mãos de Mike.

 

 


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