By The Way escrita por Ducta


Capítulo 36
Tick Tick Boom


Notas iniciais do capítulo

Tick Tick Boom - The Hives

sei que a música não tem nada haver com o capítulo, mas acreditem, eu escrevi ele todo ouvindo essa música.



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Percy e Annabeth mal se olharam até Leah dormir nos braços da mãe.

Depois de deixá-la do quarto de Percy, Annabeth voltou à sala e encontrou Percy de braços cruzados, sentado no braço do sofá.

- Porque você está assim? – Ela perguntou se aproximando.

- Porque eu estou mordido, Annabeth!  - Percy disparou se levantando. – Eu tive que engolir meu orgulho pra não revidar o soco que ele me deu...

- O Nico te bateu? – Annabeth perguntou exasperada, pronta para socar Nico também.

- Bateu.

- E porque você não revidou?

- Porque ele estava certo! Você e a Leah são mais deles do que minha.

- Quê? Que história é essa agora? – Annabeth perguntou apreensiva.

- Ele te conhece e conhece a Leah também, ele é melhor pra vocês do que eu. – Percy disse encarando os olhos de Annabeth pela primeira vez.

Arrependeu-se de ter feito quando viu a dor perpassar os olhos da garota.

Annabeth suspirou longamente e engoliu o nó que se formou em sua garganta acompanho da ardência em seus olhos.

- Você... Você está terminando comigo?

- É melhor assim. – Percy disse sem conter a lágrima que rolou silenciosamente por sua face.

Annabeth vestiu o casaco e pegou Leah no quarto e não olhou Percy ao sair, talvez para esconder as lágrimas ou talvez porque se o olhasse não conseguiria partir.

Percy continuou a encarar as costas de Annabeth mesmo depois de ela ter fechado a porta atrás de si. As lágrimas rolavam continuamente enquanto ele suspirava.

“Então vai ser assim?” – Perguntou uma voz em sua cabeça, talvez sua consciência que há muito não se manifestava – “Você vai deixar ela ir embora só porque você ainda é fraco? Não agüenta verdades não é? Então você merece perdê-la, você merece essa dor, Percy, não a Annabeth. Você está deixando ela partir sendo que você está errado outra vez. Sempre errado.”

Aquela dor de anos atrás quando ele a viu partir pela primeira vez, voltou. Maior, mais forte, mais arrasadora. Percy tentou levantar-se, mas há essa hora ela devia estar longe. Ele sabia que devia ir atrás dela, mas não conseguia. Talvez ela estivesse nos braços de Nico agora...

Seus pensamentos foram interrompidos pelo toque de seu celular.

- Mike? – ele chamou choroso.

- Que aconteceu Percy?

- Deixa pra lá. Você vai sair hoje?

- Festa no mirante, você sabe. Por quê?

- Eu vou com você.

- Quê? Mas e todo o seu tratamento e tal?

- Eu não quero saber.

Mike sabia que não devia incentivar. Até se sentia feliz por Percy ter conseguido sair daquela vida, mas ele nunca foi um bom exemplo e era a última pessoa do planeta que poderia negar aquilo a Percy sendo que ele o levara pela primeira vez.

- As cinco então.

Percy desligou o telefone e viu que já eram quase três da tarde, perguntou-se pra onde fora sua manhã. Remoer a saída de Annabeth não pareceu levar tanto tempo.

Nas horas seguintes Percy fez uma coisa que ele se lembrava muito bem como fazer: não pensou.

Ainda sentia o coração bater dolorosamente dentro do peito, mas não perguntou-se porque. Não queria trazer o nome de Annabeth de volta a sua mente.

Pouco depois das quatro ele se arrastou até o chuveiro quente e demorado. Enquanto a água caia por seu corpo, queimando sua pele devido a quentura, parecia entrar em sua alma. Por um momento ele teve consciência de que o que ele iria fazer era errado, mas desculpou-se com sua consciência dizendo que só precisava esquecer...

Quando ele chegou ao mirante tão vívido em sua mente, apertando o casaco contra o corpo devido ao vento cortante, ele suspirou e deixou que as lembranças invadissem sua mente, mas a dor era forte demais e ele tentou bloqueá-las outra vez, mas sem sucesso.

Enquanto arrastava-se escadas a cima atrás de Mike, ofereceram-lhe maconha, cocaína, crack, êxtase e heroína. Ele suspirou e recusou todas, mas ao chegar lá em cima, as luzes o cegaram e a música fez seus tímpanos doerem. Talvez estivesse “enferrujado” e devesse voltar para casa e dormir. Não.

Ele se arrastou até o meio da pista de dança sempre improvisada e quando alguém pisou em seu pé ele teve de se lembrar de que muitos ali já estavam alterados. Reconheceu alguns rostos dos tempos de escola, mas ninguém que ele conseguisse se lembrar o nome.

Logo seus olhos e seus ouvidos já estavam acostumados outra vez com a música e as luzes. Logo ele já estava dançando com uma garota de cabelos castanhos, deixando a música entrar em seu corpo e se soltando aos poucos, executando os passos de dança que já achava que tinha esquecido.  A garota lhe ofereceu a garrafa de Smirnoff que tinha nas mãos e ele não recusou, atendendo ao pedido da sua garganta seca, mas ele sabia que não era apenas Smirnoff que tinha na garrafa.

Não demorou muito até o êxtase fazer efeito e Percy perdeu o bom senso, não se importou mais. Entregou-se a música e a todas as drogas que o ofereceram engolindo todas com boas doses de álcool. Beijou garota que ele mal via o rosto graças a visão já turva, sua cabeça martelava, mas isso ele conseguia ignorar. Quando deu por si, estava sem camisa, o corpo definido e extremamente quente marcado pelo suor.

Ao olhar para a porta jurou vê-la. Ela, o motivo pelo qual ele estava ali. Mas no momento seguinte ela já não estava mais. Mas quem era ela? Porque ela era o motivo daquilo tudo? Onde ele estava afinal? Quem era aquela garota que deslizava as mãos por seu corpo enquanto outra tentava puxar seu braço? E quem era ele? Percy já não se lembrava, não pensava, só agia por reflexos. Mexia o corpo pelo reflexo da batida incessante e contínua, aceitava agulhas de heroína, pedras de crack, drinks com êxtase e cigarros de pessoas que ele nunca viu e usava todas aquelas drogas por reflexo, porque seu cérebro e seu corpo pediam.

Em um certo momento Percy sentiu o corpo se sobrecarregar e ele conteve um tremor quando duas mãos geladas encostaram em seu corpo cada vez mais quente. Depois de uma latejada particularmente forte o rapaz sentiu o corpo parar de responder e a última coisa de que se deu conta foi seu corpo batendo contra o chão frio.

 

Annabeth estava pronta para pegar suas coisas e deixar Miami imediatamente, mas não o fez. Andava pelas ruas xingando-se mentalmente enquanto lágrimas caíam, desejando ter ouvido Nico e ter seguido sua vida sem ele. Erros. Era só aquilo que Percy a fizera cometer.

Passou na casa de Mike, mas ele não estava lá. Ligou pra Nico, mas ele não atendeu, assim como Thalia e Rachel. Quando de por si, já tinha batido à porta de Sally. A mulher pareceu fascinada ao ver Annabeth e surpreendeu-se ao notar a criança nos braços da garota.

- Sua filha? – Sally perguntou sentando-se ao lado delas no sofá.

- Sua neta. – Annabeth disse mordendo o lábio.

Contou a Sally tudo o que tinha acontecido desde que ela havia ido embora e chorou ao relembrar seu noivado de apenas algumas horas com Percy.

- Percy sempre foi muito cabeça dura. – Sally disse segurando a mão de Annabeth. – Mas eu sei que ele te ama de verdade. Ele não parou de falar em você e nunca tentou te esquecer.

“Não deixe a teimosia dele estragar a vida de vocês, mostre pra ele que o que importa é o que vocês sentem no coração, não o tempo de convívio.”

Annabeth considerou a questão e depois perguntou-se com quem ela aprendeu a desistir tão fácil.

- Você está certa, Sally.

- Vai atrás do seu amor, Annabeth. Eu fico com a Leah.

Annabeth agradeceu e saiu em disparada para o apartamento de Percy, mas ele não estava lá. Tentou o celular dele, mas ele não atendeu. Ela o procurou nos lugares que ela sabia que ele gostava, mas ele não estava. Caminhou pela orla da praia, apesar do frio e não o achou.

Já era fim de tarde quando uma música alta começou a tocar e chamou a atenção de Annabeth, olhou ao redor e encontrou a festa. Suspirou ao olhar o mirante, mas sentiu o coração diminuir algumas batidas ao reconhecer Percy entre os muitos que se aglomeravam na escada.

- Droga.

Sem pesar duas vezes, ela o seguiu, mas logo o perdeu de vista. Não desistiu de procurá-lo, mas não foi rápida o suficiente. Quando o encontrou ele dançava com uma garota de cabelos castanhos e podia ver claramente que ele já estava sob o efeito de alguma coisa. Sua respiração ficou desigual quando ela foi tomada por aquela sensação de déjà-vu a consumiu.

Ela se aproximou e tentou puxá-lo, chamá-lo, mas ele a ignorava ou talvez não ouvisse. Ela tentou fazer com que ele não se drogasse, mas ele simplesmente a ignorava e era ajudado por outras pessoas. Então Annabeth sabia que já não tinha o que fazer. Encostou-se próxima a saída e ficou observando Percy noite a dentro, sem esconder as lágrimas de decepção e medo.

Doeu vê-los com outras garotas, doeu vê-lo se drogar outra vez.

Mas a pior cena da noite foi, talvez, quando de repente ele perdeu os sentidos e caiu sendo escondido pela multidão a sua volta. Annabeth sentiu um aperto tão forte no coração que por um longo momento ela não conseguiu se mover. “Ele morreu” foi a primeira frase a se formar em sua cabeça e foi isso que deu impulso pra que ela corresse até ele.

 


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Notas finais do capítulo

Pois é...
*saiu correndo das leitoras que provavelmente vão querer arrancar meu pâncreas*