By The Way escrita por Ducta


Capítulo 25
Hearing Damage


Notas iniciais do capítulo

Hearing Damage - Thom York



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/83532/chapter/25

Annabeth acordara com os braços de Percy ao redor de seu corpo. O Sol ainda estava nascendo como ela pôde ver pela janela aberta, sorriu e se levantou com cuidado pra não acordar o rapaz, pegou seu celular a muito esquecido no chão junto com a camiseta de Percy e viu várias chamadas perdidas de Mike e de Thalia.

Arrumou-se o mais silenciosamente possível, caminhando pela casa nas pontas dos pés e rabiscou um aviso para Percy no bloquinho que agora estava ao seu lado na cama.

Deixou a casa logo em seguida, agradecendo que ainda estava cedo.

 

--------------------------------------------------------

 

Percy acordou com o barulho da porta da sala batendo. Olhou ao seu lado e viu que Annabeth não estava lá, então só podia ser ela saindo, já que estava cedo pra Sally chegar. Ele sorriu bobamente enquanto passava as mãos pelos cabelos tentando colocá-los de volta no lugar, mas sem sucesso.

Ao se espreguiçar, derrubou seu bloquinho de papel e quando se virou para pegá-lo viu que havia algo escrito:

- “Não me ligue.” – Percy murmurou e riu.

Levantou-se e foi direto pro banho pesando a conversa que tivera com Annie aquela noite e decidiu que iria visitar seu pai hoje.

Deixou um recado pra sua mãe em cima da mesa e saiu depois de tomar uma xícara de café forte.

Havia pelo menos dois anos que ele não via seu pai, não que Sally já não tivesse pedido pra que ele fosse e ela já havia passado vários pedidos de Kevin, mas Percy não foi por decisão própria.

Já na cadeia, ele passou pela tradicional revista, o que foi quase ilógico já que Percy havia saído de casa com apenas seu celular no bolso.

- Quem você quer ver rapaz? – O homem que o revistara perguntou.

- Kevin Jackson.

Foi doloroso dizer o nome de seu pai agora que a saudade ameaçava o tomar.

Pediram pra que ele esperasse em uma sala onde havia apenas uma mesa e quatro cadeiras sob uma luz fluorescente que estava apagada. Percy se apoiou na mesa e esperou impacientemente, seu coração acelerando a cada batida, incomodando o rapaz que tentava se manter calmo.

Foi quando seu pai entrou na sala acompanhado por um funcionário, as mãos algemadas nas costas, mas um sorriso no rosto.

Agora o coração de Percy desacelerara consideravelmente e ameaça parar a qualquer momento. Enquanto o tal funcionário tirava as algemas de seu pai, várias lembranças passaram pelos olhos de Percy. Desde aquele dia que foram a praia soltar pipa quando Percy tinha quatro anos até o dia em que Kevin fora declarado culpado naquele julgamento.

Kevin estava exatamente como Percy lembrava. Os olhos tão verdes quanto o seus, a barba por fazer, o sorriso que nunca deixava seu rosto nas lembranças do rapaz... A única diferença eram as rugas pouco mais atenuadas nos cantos dos olhos.

Lágrimas rolaram pelo rosto de Percy antes que ele pudesse alcançar os braços do pai, o qual também tinha os olhos aguados.

O abraço foi apertado, demorado e molhado devido as lágrimas que manchavam as camisas de ambos. Kevin sussurrava coisas que Percy não conseguia entender.

- Porque você não veio antes? – Kevin perguntou se separando do filho, mantendo as mãos no rosto do filho.

- Porque eu estava com vergonha.

- Como assim?

Percy apenas fungou e indicou a mesa com a cabeça.

Eles se sentaram à mesa e Percy contou ao pai tudo aquilo que sempre pedira a mãe pra que não contasse.

 

--------------------------------------------------------------

 

Annabeth chegara em casa e verificou os quartos, Mike não havia dormido em casa. A garota decidiu tomar um banho quente pra ver se a dores no corpo se amenizavam. Embaixo da água quente, fechou os olhos apreciando aquela sensação e lembrou de cada momento da noite passada. Ela estava feliz, extremamente feliz... Não, felicidade não era o suficiente, nem o certo pra expressar esse sentimento. Annabeth era de Percy.

Annabeth desligou o chuveiro e saiu do banheiro enrolada na toalha rosa e vagou pela casa a procura do celular. Ligou para Thalia. Novamente acordara a amiga.

- Fala. – Thalia disse sonolenta.

- Dormi com o Percy. – Annabeth disse sorrindo.

- Hm... Que bom... – Thalia disse no mesmo tom.

- Quê? Só isso?!

- Que foi? Você já dormiu com ele antes esqueceu?

- Ok, não me expressei corretamente.

- Então se expresse.

- Eu transei com o Percy.

- QUÊ?! – Thalia gritou se levantando abruptamente e quase derrubou o celular.

- Assim está melhor.

- OH MY GOD! MAS QUÊ? COMO ASSIM? COMO?!

- Quer que eu desenhe Thalia?

- Para com isso, eu estou mais pálida que o normal aqui!

Annabeth riu.

- Qual é? Quem é você e o que fez com a minha amiga?

- Porque Thalia?

- Annabeth Jennifer você está bem? Qual é? Você – logo você – sempre com aquele discurso anti viciados e tudo mais transou com um drogado, viciado em cigarro e em bebida pra completar! AH MEU DEUS! Eu estou mais pálida que o normal. Me conte tudo! Não se atreva a me esconder nenhum detalhe! – Thalia gritava alternando o tom de surpreso para eufórico.

- Ok. Daquela hora que você foi embora... – Annabeth começou enquanto andava de volta a seu quarto. Mas já não era a única dentro da casa.

Seu grito parou na garganta enquanto o celular escorregou das mãos agora trêmulas se separando em duas partes.

- Marshall, que você está fazendo aqui? – Ela perguntou pra figura parada no meio de seu quarto, segurando a camiseta que ela havia acabado de tirar.

- Sua blusa está com o cheiro do Percy. Você estava com ele? – Marshall perguntou dando alguns passos na direção da garota. Haviam várias feridas por seu corpo e ele usava a mesma roupa do dia da briga de gangues. Ele cheirava fortemente a cachaça e seu olhar era vago apesar da expressão raivosa.

- Estava. – Annabeth disse de um fôlego.

Marshall terminou a aproximação e começou a deslizar os dedos pelo colo nu de Annabeth.

- Não quero você com ele.

- Marshall, que aconteceu com você? Porque você sumiu? O Mike ficou que nem doido atrás de você. – Annabeth disse afastando lentamente a mão do rapaz.

- Eu sei. – Marshall disse e depois sorriu debilmente. – Eu vi a hora que você chegou. Você estava sorrindo satisfeita. Você dormiu com o Percy, não foi? – Ele disse a última frase de maneira agressiva assustando Annabeth.

- Dormi. – Ela respondeu seca. – Marshall é melhor você ir pra sua casa, sua mãe está preocupada com você!

- NÃO! – Marshall gritou ainda violento, mas Annabeth não temeu.

- Que você quer aqui? – Ela perguntou calma.

- Aqui nada. – Marshall respondeu voltando ao seu tom sonhador.

- Então?

- Eu quero com você.

- Quê?

- Annabeth, eu preciso te dizer uma coisa.

- Diga.

- Eu te amo.

Annabeth não se chocou com a afirmação.

- Eu tenho ficado de olho em você desde aquele dia na praia e...

- Então é você o vulto que eu estou vendo?

- Sim. Desculpa se te assustei.

- Marshall vá embora.

- Não.

- Agora! – Annabeth vociferou.

- NÃO! – Marshall gritou de volta, deixando de lado seu tom amável e sonhador.

- Porque você estava me seguindo?

- Precisava saber de você.

- Porque você está aqui agora?

- Cansei de esperar.

- E o que você quer de mim?

- Quero você pra mim, Annabeth. – Marshall disse tirando uma arma da cintura.

Annabeth apenas suspirou, não estava realmente amedrontada com a situação. Ela convivera com esquizofrênicos por bastante tempo, até fora tratada como um.

- Ok, Marshall. Só me dê licença pra eu me trocar e nós conversamos, me espere na sala.

Marshall saiu do quarto, mas antes pegou as partes do celular de Annabeth.

Ela se trocou rapidamente e foi pra sala apesar de que poderia ter saído pela janela, assim como Marshall entrou, mas era capaz dele fazer alguma besteira depois.

- Você e o Percy estão juntos? – Marshall perguntou em voz baixa, olhando para a arma em suas mãos quando Annabeth adentrou o cômodo em silêncio.

- Sim. Nós nascemos um pro outro e nem você, nem ninguém pode mudar isso. – Ela disse seca, agora temendo a reação de Marshall.

- NÃO! – o rapaz gritara se levantando do sofá.

Caminhou até Annabeth e sua mão livre foi logo pros cabelos úmidos da garota enquanto a arma fora colocada em sua têmpora.

Annabeth engoliu seco.

- Você é minha, entendeu? – Marshall gritou puxando os cabelos da garota. – MINHA E DE MAIS NINGUÉM!

- Não! Eu não sou sua!

Marshall puxou seus cabelos até que Annabeth caísse de joelhos o puxando consigo. Apesar da dor, a garota mantinha a expressão firme.

- Eu mato você e ele... Eu mato.

- Marshall você está me machucando! – Annabeth disse deixando os olhos se encherem de lágrimas.

O rapaz entrou em pânico ao olhar para Annabeth e se afastou dela para se encolher em um canto da sala murmurando desculpas para Annabeth, seu olhar como o de uma criança perdida.

A garota se levantou e se aproximou de Marshall com cautela.

- Marshall, vá embora. Me deixa em paz.

- NÃO! Você não entende? EU TE AMO!

- NÃO! Você não me ama! Para com isso, vai embora, segue sua vida, me esquece!

- NÃO! NÃO! – Ele voltou a gritar, a raiva o dominando mais uma vez.

Marshall iria atacar Annabeth de novo quando o telefone tocou.

Annabeth apenas olhou para Marshall, que de susto, voltou a arma pro coração da garota.

- Não se mexa. – ele sussurrou e tirou o fone do gancho.

Annabeth suspirou.

O silêncio se fez em volta dos dois.

Marshall acabou por abaixar a arma e se aproximou de Annabeth.

- Me beija. – Era uma ordem.

- Não.

- Por quê?

- Eu não te amo.

- Não diz isso.

- É a verdade.

- Você está me machucando.

- Marshall entenda...

Então, alguém começou a bater na porta insistentemente.

- Quem é? – Annabeth gritou.

- Thalia. Annie está tudo bem? Porque você desligou? Porque você não me atendeu mais?

- Manda ela embora! – Marshall disse apontando a arma para a cabeça de Annabeth outra vez.

Era ela, Thalia era sua única esperança agora.

- Thalia vá embora! E se ver o Percy ou o Mike pelo caminho, diga que eu estou com o Marshall e conte a eles a história daquele garoto com esquizofrenia que eu conheci no acampamento. – ela gritou, implorando aos céus pra que a amiga entendesse a mensagem.

- Você está bem?

- Estou. Agora vai!

Quando se fez silêncio outra vez, Marshall arrastou o sofá até a porta e puxou Annabeth pelo braço de volta a seu quarto.

- Me solta!

Marshall a jogou com violência dentro do quarto e bateu a porta atrás de sim ao entrar.

Annabeth sentara em sua cama e abraçara seu travesseiro, pensando em um plano de fuga, mas Marshall tinha uma arma apontada para sua cabeça e ela sabia que ele tinha boa mira.

- Levanta. – ele ordenou.

Annabeth o fez lentamente.

Marshall voltou a segurá-la pelo braço e puxou contra seu corpo e prendeu suas mãos em suas costas. Annabeth virou o rosto para o lado na tentativa de afastar o cheiro horrível de Marshall enquanto se retorcia com toda a sua força para se livrar dos braços do rapaz. Mas Marshall virou seu rosto para frente com violência, a obrigando a olhá-lo.

Annabeth comprimiu os lábios o transformando em uma linha fina, estava com raiva de Marshall agora.

Sem dizer nada, Marshall pressionou seus lábios nos de Annabeth e ela comprimiu os lábios com mais força enquanto balançava a cabeça pros lados tentando desviar-se do beijo.

Marshall acabou por jogá-la em sua cama e se sentou ao lado da garota, a arma mais uma vez em sua cabeça.

- Eu sei que você pode fazer melhor que aquilo. – ele sussurrou ameaçadoramente.

 Annabeth o encarou duramente e nada disse.

Marshall preparou o gatilho. O coração de Annabeth acelerou e seu olhar caiu fazendo Marshall perceber que ela não fugiria do beijo outra vez. Ele passou a arma ainda engatada para o pescoço da garota e mais uma vez ele pegou os lábios dela. E assim o beijo começou. Não que Annabeth estivesse se importando em sequer mover a língua, apenas estava deixando a de Marshall vagar por sua boca. Lágrimas de arrependimento começaram a cair por seu rosto quando a mão livre do rapaz começou a deslizar por seu corpo. Ela deveria ter ficado com Percy. Queria que ele estivesse ali com ela, queria que Marshall fosse embora. Lágrimas mais grossas caíram por seu rosto quando a mão de Marshall alcançou sua virilha.

Ela tentou quebrar o beijo, mas Marshall não deixou, tentou tirar sua mão de sua intimidade, mas ele sempre a colocava lá de novo.

Foi quando novas batidas na porta foram ouvidas. Essas eram fortes, desesperadas e constantes.

Marshall saiu de cima de Annabeth e ela agradeceu mentalmente por quem quer que fosse. O rapaz voltou a puxá-la pelo braço até a sala, a arma sempre lá, engatada, pronta.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

MARSHALL SEU FILHO DA PUTA! (desculpa aí gente)