O sábado finalmente chegou. Percy acordara junto com o sol, o coração já acelerado, imaginando se ela apareceria ou não.

 Annabeth meia hora mais tarde ainda se perguntando se apareceria no porto ou não. Pensou no assunto por dois dias inteiros e não conseguiu tomar nenhuma decisão.

Percy passou a manhã inteira limpando o quarto pra distrair a mente, achou algumas agulhas escondidas pelo quarto, juntas com alguns saquinhos vazios de heroína. Percy olhou-as por vários minutos depois que as jogou no lixo e, por fim, colocou fogo na lixeira a fim de queimá-las.

Annabeth passou a manhã inteira cozinhando para poder se distrair. Fez diversos bolos e tortas, cremes e sorvete, mas nada a distraia, nada parecia difícil de fazer. Ela acabou sentada em uma cadeira se martirizando por não ter tomado logo a decisão.

E assim a tarde se arrastou pra ambos.

As três e meia da tarde Percy já tinha terminado de limpar seu quarto, a cozinha, já tinha tomado banho e arrumado a mochila, agora estava andando de uma lado pro outro da casa debatendo mentalmente se ligava pra Annabeth ou não.

As quatro e dezessete Annabeth já tinha tomado dois banhos pra poder esfriar a cabeça, já tinha enjoado do sorvete de creme, já tinha limpado a casa e se encontrava olhando para a mochila vazia que ela largara em cima da cama ao lado de uma toalha e algumas mudas de roupas. Ela pensou em ligar pra Percy, Thalia, Rachel e sua avó, mas não ligou pra ninguém.

As quinze pra cinco Percy já estava no porto, a mochila nas costas, batendo o pé no chão impacientemente.

Às cinco e cinco Annabeth estava batendo a cabeça contra a parede.

As cinco e seis Percy já havia perdido as esperanças que Annabeth fosse.

As cinco e sete Annabeth decidiu-se.

Colocou tudo o que precisaria dentro da mochila e correu porta sem dizer nada a ninguém, a fora com os tênis em uma das mãos e o celular na outra, a mochila jogada no ombro e os pés descalços.

O porto não era longe, uns dez minutos a pé. Ela deveria levar uns cinco já que estava correndo. Mas o chão quente não ajudava, nem a mochila que insistia em cair de seu ombro. Ligou pra Thalia enquanto corria, mal olhando pros lados quando atravessava a rua.

- Thalia eu to sem tempo... Preciso que você faça suas malas e venha pra cá ainda hoje!

- Quê...?

- Me ouve! Eu to sem tempo nenhum... Ai droga... Preciso de você aqui amanhã. Me liga quando você chegar pra... Desculpa!... Pra saber se eu já estou em casa.

- Porque?

- Te conto mais tarde. Beijos. – Annabeth disse continuou a correr.

Ela já não conseguia mais respirar direito quando avistou o porto.

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- Senhor, nós já passamos do horário de saída. O senhor vai ou não?

Percy olhou pra balsa, pro atendente e pro mar a sua frente.

- Eu acho que ela não vem. Eu não...

- Percy! – Gritou alguém à suas costas.

 Lá estava ela, Annabeth. Ele sorriu e foi de encontro a ela na passarela. Annabeth se jogou nos braços de Percy quando se aproximou suficiente. Ela arfava muito e tinha a respiração descompassada.

Percy ajudou Annabeth a sustentar o próprio peso e juntos, caminharam em direção a balsa.

Annabeth logo se jogou em um banco, feliz por ter conseguido chegar a tempo. Suas pernas doíam e sua garganta estava seca, mas mesmo assim ela sorria.

Percy se ofereceu pra buscar algo pra Annabeth beber enquanto ela recuperava o fôlego.

- Não acredito que você veio. – Disse Percy sorrindo, sentando-se ao seu lado, lhe oferecendo uma lata de Coca-Cola.

- Nem eu. – ela disse pegando a lata de sua mão. – Por isso é bom valer a pena, entendeu?

Percy apenas riu.

Annabeth encostou a cabeça no ombro de Percy e ele passou o braço pelas costas dela.

- Quanto tempo vai demorar pra chegarmos? – Annabeth perguntou.

- Acho que uns quarenta minutos.

- Legal.

- hm, você gosta do crepúsculo?

- Hm?

- crepúsculo sabe... O sol se pondo e tal.

- Ah sim, eu gosto. Por quê?

- Olha pra frente.

Lá era a proa da balsa e o sol estava começando a se por, deixando o céu em um tom leve de laranja.

- Uau, que lindo.

- Vem cá. – Percy disse se levantando e estendendo a mão pra Annabeth.

- Espera. – Annabeth disse e colocou os tênis.

- Depois você vai me explicar porque veio descalça.

- Ok. – Annie disse com um sorriso e pegou a mão de Percy.

Eles foram até a proa, que estava vazia. Percy não parou até eles chegarem a ponta da balsa.

- Que lindo. – Annie disse.

- Pois é.

- Annie, fecha os olhos?

- Como eu vou ver o pôr-do-sol com os olhos fechados?

- Para de ser teimosa e fecha os olhos.

- Pra quê?

- Fecha os olhos!

- Tá bom.

Foi com certa relutância que Annabeth fechou os olhos.

- Mais uns dois passos pra frente. – Percy instruiu ainda segurando a mão de Annabeth.

Annabeth esticou a mão a frente do corpo e sentiu que estava na grade de proteção da balsa. Perguntou-se o que Percy pretendia.

- Se você abrir os olhos, eu vou te jogar lá em baixo. – Percy ameaçou se postando atrás de Annabeth. Suas mãos tremiam levemente.

Percy olhou para a cabine dos funcionários com quem já tinha combinado tudo e acenou com a cabeça.

Logo “My heart Will go on” da Celine Dion começou a tocar.

Annabeth não podia acreditar no que Percy estava fazendo.

- Percy, eu não acredito que você...

- Qual é seu filme favorito mesmo? – ele perguntou meio sarcástico.

- Titanic. – ela respondeu sorrindo, ainda de olhos fechados.

- Então você já sabe o que fazer.

Com a ajuda de Percy, Annabeth subiu na grade de proteção. Percy subiu atrás de Annabeth.

Todos olhavam pra eles agora.

Percy posicionou os braços de Annabeth exatamente como no filme.

Annabeth mal podia conter a risada, aquilo era estranho pra ela. Ela jamais imaginara que alguém iria fazer aquilo com ela.

- Abre os olhos. – Percy disse.

Annabeth se surpreendeu com a vista. O sol parecia estar entrando no mar, o céu cada segundo mais alaranjado, o vento em seu rosto, seu corpo colado ao de Percy e os braços dele em sua cintura.

- Eu preciso dizer “Percy eu estou voando”?

- Precisava, mas seu sarcasmo não vai deixar você fazer direito e nós vamos começar a rir e cair lá em baixo. – Percy disse fazendo Annabeth rir. – Não ri, Annabeth!

- Você tá com medo?

- Claro que não, mas se você cair e a balsa passar por cima de você e você se afogar, o Mike me mata.

Os dois riram.

Annabeth mirou o horizonte outra vez e suspirou.

- Isso é lindo.

- É... Annie?

- hm.

- Agora é sério. Me desculpa por ter gritado com você aquele dia. Eu não tinha o direito.

- Me desculpa por ter forçado algumas situações. Eu devia ir devagar.

- Tudo bem. – Ele disse e Annabeth sabia que ele estava sorrindo.

Annabeth abaixou os braços até apoiá-los sobre os de Percy que estavam enlaçando sua cintura. Os dois ficaram em silêncio até o final da música.

- Qual a sua perspectiva de mim agora? – Percy perguntou quebrando o silêncio.

- Hm, eu nunca pensei que você poderia ter um lado romântico... Mas você tem e sabe usá-lo muito bem! – Annabeth disse sorrindo.

Percy riu.