A Tia do Chouji escrita por miateixeira


Capítulo 1
A chegada e a persistência




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Capítulo 1: A chegada e a persistência 

 

 

A tarde já se estendia cansativa e a Hokage encerrava as últimas missões pendentes do dia.

 

- Kakashi voltou com os meninos hoje cedo. Depois desse tempo todo é melhor deixá-los uns dias de folga para eles se refazerem...

 

- Mas a Sakura está no meio do treinamento, Tsunade-sama... Ela só interrompeu para seguir na missão. Não convém que ela retome o treinamento de uma vez? - Shizune interveio nos planos da mulher.

 

- Ela deve estar muito cansada também, Shizune. Deixa ela descansar uns dois dias. Depois disso você a chama de volta.

 

- Genma e Anko também voltaram com as equipes. Está tudo certo com o relatório - Iruka Umino acrescentou os papéis ao montante sobre a mesa da Hokage, que faria uma última avaliação.

 

- Certo... - concordou a Godaime completamente desanimada, encarando a pilha de papéis. Iruka sorriu, trocando olhares divertidos com Shizune sobre a situação da mulher. - Ainda falta o Chouza Akimichi chegar com o relatório dele...

 

- Mas ele já voltou - a assistente consertou.

 

- Já, mas ele foi levar a irmã em casa. Ele a trouxe de férias para Konoha. Os pais morreram há um tempo já e ela estava sozinha, lá na Vila do Sol. Ela é professora lá, eu acho... Ele a trouxe para passar uns tempos com ele e o Chouji - explicou a Hokage.

 

- Ela é civil? - perguntou a outra.

 

- É sim. Ele me pediu, e eu não tive como negar. Ele é um homem excelente, está viúvo, só com o menino dele. Ele precisava um pouco da presença feminina da irmã em casa e queria protegê-la também, ele me falou; ela está precisando mudar de ares um pouco... Como ele é um dos nossos melhores ninjas, nem tinha por que lhe negar isso...

 

- Humpf! - Shizune bafejou. - Ele está querendo é uma cozinheira, isso sim!

 

Iruka riu da sinceridade da outra, e Tsunade ralhou:

 

- Shizune! Modere-se!

 

A moça se desculpou contrafeita, e eles terminaram por acertar os assuntos pendentes.

 

Já estavam quase saindo quando o ninja grandalhão entrou apressado no escritório, com o relatório da missão cumprida em mãos e um sorriso feliz no rosto.

 

- Ah, Chouza! Estava lhe esperando! Tudo certo na missão? E sua irmã? Trouxe-a com você?

 

- Sim, sim, Hokage-sama! Tudo certo! Conseguimos reverter a influência da Gangue Negra sobre o dirigente da vila na fronteira. Foi preciso alguma... er... "força de persuasão"... mas no fim tudo ficou acertado. Está no relatório, a senhora vai ver...

 

- E sua irmã? - a Hokage quis saber.

 

- Ah, sim! Está bem, senhora! Agora, aqui, ela vai ficar bem! Ela estava muito triste, sozinha lá na Vila do Sol. Ela é uma mulher protetora, precisa de gente para cuidar - Ele estranhou o muxoxo enviesado de Shizune, olhando-a surpreso, mas em seguida continuou: - Eu e o meu Chouji vamos dar muita atenção para ela.

 

- Que cara de pau! - a assistente da Kage despejou aborrecida, assim que o homem partiu, deixando-os a sós novamente. - Homem é tudo igual!

 

- Êpa, péra lá! - Iruka interveio. - Eu sou homem e nunca explorei mulher alguma!

 

- Ainda, Iruka, ainda... - a Hokage falou distraída, olhando os relatórios. - Você é um largado, Iruka. Está precisando achar uma boa mulher para tomar conta de você.

 

O rapaz franziu a testa em aborrecimento. Além de suas superioras, elas agora se davam ao desfrute de querer controlar sua vida e suas escolhas.

 

- Se é para ter alguém me dando ordens assim como vocês duas, prefiro ficar sozinho mesmo...

 

Tsunade riu.

 

Já na rua, mais um dia de expediente vencido, o rapaz se pôs a caminho do pequeno restaurante-bar nos arredores do seu apartamento para encerrar definitivamente aquele aborrecimento do trabalho, em alguns tragos ligeiros e numa refeição requentada.

 

~*~*~*~*~*~

 

- HEI! CHOUJI!

 

O garoto se virou para olhar o amigo espalhafatoso se aproximar trazendo consigo o maior sorriso que cabia em seu rosto.

 

- Hei, Naruto... - respondeu o outro acabrunhado, com as bochechas enormes amparadas nas mãos e nos joelhos dobrados. Sentado na escadaria da praça, Chouji Akimichi era uma imagem de desolação.

 

- O que foi, Chouji? - quis saber Naruto, preocupado com o amigo.

 

- Uns problemas aí, Naruto... Eu não consigo resolver...

 

- Huum...? Fala... O que é? Às vezes eu te ajudo! Eu te ajudo, dattebayo!

 

- Eu não sei se a gente pode fazer algo, Naruto. Meu pai trouxe minha tia pra passar uns tempos com a gente. Ela tá muito triste, vive chorando... É muito ruim ver ela assim... Sabe, ela é uma pessoa muito boa, muito legal... Merecia ser feliz... Mas eu não sei o que poso fazer pra alegrar ela...

 

- Sua tia, é...? - O garoto coçou a cabeleira loura. - E ela tá triste por quê? - ele perguntou.

 

- Ah... Os pais dela morreram há algum tempo... Ela tava sozinha lá na Vila do Sol. Ela ia se casar, mas parece que o cara lá, namorado dela, foi embora, abandonou ela...

 

- Assim, sem mais nem menos? - perguntou Naruto.

 

- Parece que ele trocou ela por outra...

 

- Ahnn... Complicado isso, né...

 

- Eu queria muito ajudar ela, mas não sei o que fazer...

 

Eles permaneceram ali na praça boa parte da tarde, encafifados em planos diversos para restabelecer a harmonia ao coração da nova moradora da casa Akimichi. A aproximação de Sakura Haruno, a colega ninja dos dois, deu-lhes a idéia da opinião feminina:

 

- Ah, não sei, meninos... Dizem que pra se esquecer um amor só um novo amor... Mas eu não sei...

 

Quando ficaram a sós novamente os dois se entreolharam, imaginando um no outro as mesmas cenas e idéias que lhes vinham à mente.

 

- Precisamos arrumar alguém pra sua tia!

 

- É sim! Ter alguém de novo vai fazer ela feliz! Seria ótimo se fosse alguém aqui da vila, assim ela não precisaria voltar pra Vila do Sol!

 

- Quantos anos tem sua tia, Chouji? - Naruto perguntou preocupado, dando-se conta de que nada sabia da mulher.

 

- Vinte e cinco, acho... É, vinte e cinco! - confirmou o garoto bochechudo, depois de vasculhar pela mente.

 

- E o que ela gosta de fazer? Do que ela gosta?

 

- Ah... Ela é professora lá, professora de crianças... Eu sei que ela cozinha muito bem! Acho que ela gosta disso... Pra cozinhar tanto quanto ela, tem que se gostar muito, eu acho. Eu sei que ela gosta de cuidar das pessoas, meu pai falou... Ele diz que ela é o tipo de mulher que precisa de uma família pra cuidar. Não sei bem o que ele quis dizer com isso, mas quando eu penso nela sinto isso também. Ela é muito carinhosa, tá sempre com peninha de tudo! Não pode ver alguém triste ou calado que tá sempre querendo fazer a pessoa rir... Ela adora dar comida pros outros...

 

- Ah, que bom isso... - Naruto ouvia o outro com atenção, o olhar um pouco vago, introspectivo.

 

Os dois ficaram sentados nos degraus da praça, analisando as pessoas que passavam, tentando achar alguém largado o suficiente que precisasse de cuidados e atenção.

 

Os olhos de Naruto se acenderam intensamente e um sorriso imenso se abriu no rosto dele, diante da visão tão desejada que passava apressada e distraída à sua frente. Ele olhou o Chouji, que imediatamente concordou, num sinal mudo que só seus olhos entendiam.

 

- IRUKA-SENSEI!!!!

 

~*~*~*~*~*~

 

- Que coisa absurda, Naruto! Como é que vocês podem imaginar uma coisa dessa? - Iruka engoliu em seco e olhou constrangido para Chouji, tentando consertar a investida frustrada. - Quero dizer, não é assim que duas pessoas se relacionam! Tem que haver sentimentos entre elas... Não é uma coisa que se arranja assim! Principalmente por dois garotos se fazendo de cupidos! Onde já se viu isso, Naruto?!

 

O garoto muxoxou, chateado.

 

- Ah, Iruka-sensei... As pessoas têm que se conhecer de alguma maneira, né?

 

- Mas não assim, Naruto! As pessoas têm que se ver, se interessar uma pela outra, essas coisas... Eu nem conheço a tia do Chouji!

 

- Ela se parece muito com meu pai, sensei! É irmã mais nova dele... Ela se parece com ele!

 

Iruka engoliu em seco, imaginando a mulher como uma figura igual ao enorme Chouza Akimichi, e seu coração deu uma falhada, perdendo uma batida.

 

- Ahm... S-sei... Muito bom, Chouji, mas mesmo assim... Vocês podem levá-la para sair, ver gente na praça... Ela vai acabar se interessando por alguém, vocês vão ver... - O rapaz suava ligeiramente, tentando demovê-los da empreitada romântica.

 

- Não adianta, Naruto, deixa pra lá... - Chouji se amuou, desconsolado, virando as costas para os dois e partindo cabisbaixo para a praça.

 

- Tá vendo, sensei, o que você fez?! A gente precisando de ajuda e você aí, magoando o Chouji!

 

Iruka revirou os olhos, exasperado.

 

- Naruto, entenda...

 

- Sensei, entenda você! Isso é uma missão! A gente tá te pedindo ajuda pra uma missão complicada, porque a gente ainda não entende dessas coisas de amor, e você é um homem, deve saber... A tia do Chouji tá sofrendo por amor, e uma distração pra cabeça dela iria fazer ela esquecer desse sofrimento... Nem que fosse um pouco... E você, sensei, você é um largado nessa vida. Você também precisa de alguém que se importe e tome conta de você!

 

Iruka teve vontade de socar o garoto à sua frente, mas considerou o tanto de atenção e preocupação que ele  lhe oferecia e o envolveu em paciências.

 

- Naruto, escuta... Eu não posso iludir a dona lá com falsa idéia de envolvimento amoroso. Eu não quero e nem vou me envolver com ninguém agora, principalmente assim, num encontro arranjado por vocês. Entenda isso, por favor! Chama o Chouji e levem a moça para passear e distrair a cabeça dela na praça, vai ser melhor.

 

- Puxa, sensei... Por mim, vai? Eu não te peço mais nada outra vez, nem ramen... Nada!

 

Iruka levantou os braços para o alto, revirando os olhos num sinal de derrota, e virou as costas para o garoto, seguindo apressado para o trabalho.

 

~*~*~*~*~*~

 

Aquela tarde foi repleta de aborrecimentos para Iruka. Naruto nunca se dava por vencido, e convenceu Chouji a perturbar o homem no trabalho, até arrancar dele uma afirmativa. Já estafado sobremaneira com o assédio dos dois garotos, que o colocava numa posição extremamente constrangedora, ventilando o assunto na frente dos companheiros de trabalho dele, Iruka não teve outra escolha a não ser concordar com os meninos, numa última tentativa de se ver livre daquela pressão e fazer morrer aquele assunto ali, antes que toda Konoha se pusesse a par da sua vida privada.

 

Em seu gabinete, Tsunade ria a pleno gozo. Por onde passava, dentro da Central de Comando da vila, Iruka sentia os olhares divertidos sobre ele e se amaldiçoava por ter cedido à pressão do Naruto. Mas estava feito. Era um homem, e homens não agem feito moleques que descumprem suas palavras. 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

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