- Ah não! To atrasada!

Sinos eram ouvidos pelas redondezas significando que a missa na catedral estava para começar. Aos poucos os fiéis se acomodavam por entre as várias fileiras de bancos de madeira, enquanto o padre lentamente, segurando uma bíblia de cor avermelha, caminhava em direção ao altar da igreja seguido por dois coroinhas com vestes amarelas claras.

- Irmã, você a viu por aqui? – perguntou a freira arqueando uma das sombracelhas.

- Ela já deve estar vindo. – respondeu a outra.

 O dia estava ensolarado, os pássaros cantavam, flores desabrochavam e algumas nuvens passeavam preguiçosamente pelo vasto céu, naquele momento, tão azul. Tudo apontava para um dia agradável exceto pelo fato de uma desengonçada figura de estatura baixa correndo desesperadamente em direção à catedral. Sua vestimenta, muito semelhante à de uma freira, com exceção de ser de uma tonalidade clara de azul não era a mais apropriada para uma corrida, fazendo-a dar apressados passos curtos.

Estava um tanto cansada e já não queria correr. Pensou em voltar ao dormitório, mas sabia que isso não agradaria em nada a freira por quem tinha tanto respeito e amizade. Parando um pouco com a intenção de recuperar o pouco fôlego que parecia estar se esvaindo mais rápido que o normal, tomou impulso e pôs-se novamente a correr.

- Já está quase na hora! – gritou um dos vários staffs que apressadamente terminavam de arrumar o palco e acertar detalhes de som e iluminação.

- Shizune, vá chamá-los! – apontou outro staff para uma mulher que testava um dos microfones enquanto ele recolhia alguns cabos espalhados pelo chão. – Entraremos ao vivo em dois minutos.

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Estava aliviada. A cansada garota de alguma forma conseguira chegar com um pequeno tempo de atraso decorrido de missa. Parando para respirar fundo e limpar o suor em sua testa, estampou um grande sorriso no rosto e adentrou ao local, entrando discretamente, fazendo o máximo possível para não ser notada.

- Ufa... – suspirou aliviadamente após se sentar na última fileira. Ao seu lado, uma garotinha de cabelos castanhos usando fones de ouvido continuava a prestar a atenção na pequena tela de seu ipod que parecia estar transmitindo algum tipo de show. Indignada, a jovem continuou a olhar a garotinha entretida que balançava levemente a cabeça parecendo acompanhar o ritmo da música tocada pelo aparelho.

- Psiu! – chamou a garota fazendo a menina virar em sua direção – Des-li-gue. – pediu sorrindo gentilmente.

A menina a olhou por um instante e apontou para o aparelho como se estivesse lhe fazendo uma pergunta.

- Sim! – sorriu em resposta. A pequenina a encarou por alguns segundos e virou a face. Esperando que desligasse, a noviça mudou a expressão sorridente para uma de completa surpresa após o gesto que a menina fez depois de encará-la e aumentar ainda mais o volume lhe mostrando um sorriso malicioso – Acho que ela não esta me ouvindo direito... – pensou ingenuamente erguendo ambas as sobrancelhas. Após algum tempo de reflexão, esticando ambos os braços, passou o esquerdo por de trás das costas da garotinha colocando cada uma das mãos próximas aos fones.

            Percebendo o que a jovem estava para fazer, a garotinha segurou os fones o mais forte possível, fazendo-a se irritar e acidentalmente fazer com que o objeto caísse no chão deslizando até o meio da igreja. Como os fones de ouvido haviam saído, a música do vídeo incrivelmente alta e barulhenta chamou a atenção de todos na igreja, fazendo com que o padre interrompesse a missa.

- E agora o que eu faço!? – pensou desesperadamente a garota com os olhos perolados marejados de lágrimas e impensadamente se atirou sobre o aparelho tentando inutilmente abafar o som. Vendo que não adiantaria em nada, muito envergonhada, acabou desmaiando pelo nervosismo. A madre-superiora vendo toda a cena lhe olhou reprovadamente colocando a mão direita sobre a testa.

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O show já havia começado e no palco a banda formada por três lindos garotos fazia sua apresentação enquanto arrancavam suspiros da platéia composta na maioria por garotas que animadamente balançavam bandeirinhas com o slogan do grupo.

O grupo era composto pelo vocalista principal e baixista, loiro e de lindos olhos azuis, por um guitarrista, moreno charmoso de cabelos negros e um baterista, moreno de cabelos castanhos de um sorriso maroto e brincalhão.   

Os três eram muito conhecidos por serem parte de uma das bandas de maior sucesso do país, sendo sempre assediados pelas fãs desde sua estréia muito bem sucedida em um dos programas de maior sucesso de audiência, mostrando desde o início uma carreira promissora.

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O clima estava agradável e no meio de um jardim repleto de plantas e várias estátuas de santos, carregando um pequeno balde azulado com água estava ela, a noviça atrapalhada que passeava por entre as esculturas alegremente mesmo sendo a responsável pela limpeza delas.

- Acho que vou começar com o Davi hoje – andando em direção a uma das estátuas.

- Ainda com a garganta doendo? – perguntou a voz sentada no banco da frente do veículo.

- Eu to bem – respondeu emburrado.

- Parece que ninguém percebeu que o Naruto não cantou muito bem hoje – disse o moreno com descaso.

- Sério? – espantou-se – Eu nem percebi... – disse Kiba olhando pensativo para Sasuke, cruzando os braços encarou o loiro calado desde o fim do show.

- Parece que terá que cantar usando o playback – virou-se um homem bem vestido, trajando um terno cinza claro sentado no banco da frente da vã encarando o garoto emburrado - Está proibido de cantar.

- E que será de um cantor que não canta? – rebateu.

– Você ouviu o que o médico disse Naruto, não force demais suas cordas vocais e como disse antes, logo irei trazer um novo membro para o grupo a fim de resolvermos esse problema.

- Mas ninguém consegue cantar minhas músicas – encarou o garoto.

- Ele não é um ninguém Naruto... Ele é muito bom e irá conhecê-lo em breve.

- Espero ansiosamente por isso.

- Não se preocupe com isso! Pois você ficará muito satisfeito após vê-lo cantar, afinal fui eu mesmo que o escolhi entre vários outros! – confiante, o empresário fez ok com umas das mãos que não pareceu agradar em nada os membros da banda e muito menos a Naruto, insatisfeito com a decisão de seu empresário.

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- Sabe Davi... Hoje não fiz uma coisa boa... – continuou a conversar com a estátua enquanto passava um pano umedecido na mesma – Acabei causando um acidente... – disse descontente – Sem querer, fiz tocar uma música desrespeitosa na catedral no meio da missa... – começando a cantar inconscientemente a canção causadora de todo o tumulto – Sinto muito Senhor!!! – disse ajoelhando-se.

Após algum tempo, a garota voltou a sua função de limpeza desanimadamente.

A alguns metros de distância, um indivíduo de aparência suspeita de cabelos prateados e óculos escuros continuava a observá-la atentamente.

- Hum... Então um dos primos é uma freira... Mas por que logo uma freira? – indagou.

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