A Vingança de Hermione Granger escrita por Tamara


Capítulo 26
Capítulo 26




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Capítulo 26

Consequências

Sentiu a parede fria contra as costas, deixou-se deslizar por ela, e quando deu por si estava acolhida abraçando os joelhos. As lágrimas ainda faziam trilhas em suas bochechas, mas já não sentia mais vontade de chorar.

Seus sentidos estavam adormecidos, e sua mente revivia os minutos finais, a cena que presenciou. Era um pesadelo? Deveria ser um pesadelo, assemelhava-se a um. Mas por que não conseguia acordar? Por que a dor em seu peito era tão pesada? Por que era tão difícil respirar?

Novamente, entregou o seu coração a alguém que o quebrou. Porém, naquela vez era diferente, muito pior, porque ela o amava intensamente...

Harry foi seu primeiro amor, platônico e infantil, soube disso naquele momento. Com Draco foi diferente, foi muito mais intenso e real, real o bastante para se entregar por completo, para sentir-se plena.

— Hermione?

Sabia estar em pedaços, completamente destruída, naquele chão frio de um corredor qualquer. E, o mínimo de orgulho que mantinha, negou-se a olhar para o dono daquela voz, por isso escondeu o rosto entre os braços.

— Hermione, o que aconteceu? – O homem perguntou aproximando-se cautelosamente, ousando se sentar ao lado dela e tocar em seu ombro.

O toque foi decisivo para fazê-la se afastar um pouco, ela não queria que justamente ele a visse assim, e muito menos queria que o primeiro que quebrou o seu coração a tentasse consolar.

— Não toque em mim, Potter. – Repreendeu-o, erguendo o queixo e voltando o olhar lacrimejante aos verdes do antigo amigo.

— Hermione... – Sua voz saiu em um suplico, Harry se espantou ao vê-la naquele estado, não pensou duas vezes em se aproximar. Era Hermione, a sua Hermione, e ela estava tão devastada que sentiu seu coração apertar.

— Vá embora, por favor... – Desviou o olhar, manteve o queixo erguido, esperando que ele se afastasse.

— Não vou embora.

E antes que ela pudesse protestar, sentiu os braços do ex-namorado a envolver em um abraço apertado. Tentou se desvencilhar, bateu em seu peitoral, mas ele somente a abraçou mais forte.

Então rendeu-se, porque realmente precisava de um abraço, e ele foi o seu melhor amigo em um tempo que parecia tão distante.

Hermione permitiu-se derramar as últimas lágrimas no ombro de Harry, deixou-se ser consolada pela pessoa mais improvável. Ainda assim, não conseguia deixar que o emaranhado de sentimentos negativos a tomassem, estava tão difícil manter a calma novamente.

— Dói demais, Harry... está tão difícil respirar... – Confessou, enquanto sentia os dedos dele em seus cachos.

Harry sabia que não era somente a dor, ela deve ter tomado algo na festa em que a deixou ainda mais ansiosa e aturdida. 

— Tome isso, vai te ajudar... – Pegou um frasco do seu casaco, abriu-o e levou até os lábios de Hermione.

A grifinória sabia do que se tratava, era uma poção calmante, Harry sempre a tomou quando tinha crises de ansiedade. Bebeu todo o conteúdo, e quase que instantaneamente sentiu-se um pouco melhor, embora ainda doesse, a racionalidade dava sinais de vida outra vez.

— Quer me contar o que aconteceu?

Não, ela não queria contar. Porém, quando deu por si, estava falando da cena que presenciou há alguns minutos atrás. Para a sua surpresa, Harry não fez nenhum escândalo.

— Eu sempre soube que o Malfoy iria te magoar...

Harry foi interrompido pelo riso sarcástico de Hermione, afinal ele a magoou primeiro, apesar disso já não parecer mais tão relevante.

— Como eu disse, eu sempre soube que o Malfoy não presta. – Continuou, permanecia sentado ao lado de Hermione, e ousou tomar a mão da garota nas suas, ela não repeliu o toque. – Mas por que ele iria te trair na festa da Parvati? Além disso...

Harry desviou o olhar, engolindo em seco. A atitude foi percebida por Hermione imediatamente.

— Além disso o quê? – Insistiu.

— Parvati sempre distribui poções alucinógenas para todos em suas festas, em algumas pessoas causam ansiedade, em outras delírios, por isso sempre fui contra... – Ele não queria entregar a namorada, mas em seu íntimo sabia que a indiana tinha algo a ver com a dor em Hermione.

Para a surpresa do moreno, Hermione começou a rir alto, uma risada sem humor. Levantou-se com pressa, e começou a praguejar diversos palavrões, fazendo-o arregalar os olhos.

— Hermione, calma...

E quando Hermione voltou o olhar ao dele, notou que havia uma raiva nunca antes vista nos âmbares da ex-namorada.

— Foi ela, Harry... – Falou em um suspiro, jogando a cabeça para trás. – Elas o drogaram, devem ter feito algo a mais... Draco realmente estava diferente, parecia perdido quando me viu, como se não estivesse ali... está tão óbvio... eu vou matar a sua namorada, juro por Morgana que vou matá-la...

E com uma determinação nunca antes presenciada, ela caminhou em passos duros em direção ao Salão Comunal da Grifinória. Mas antes que pudesse dar mais de quatro passos, sentiu os braços de Harry a envolver.

— Hermione, por favor, você não tem certeza se Parvati está envolvida, mantenha a calma. – Mentiu, era óbvio que ela tinha algo a ver com aquilo. Mas a última coisa que Hermione precisava era de uma expulsão por agressão.

Novamente, ela tentou se desvencilhar, mas se sentia tão fraca. E a tristeza a acometeu novamente, não sabia que estava chorando novamente quando sentiu o gosto salgado das lágrimas.

— Drogado ou não, como vou conseguir tirar aquela cena da memória, Harry? Como? – E em seu momento de fraqueza, voltou a abraça-lo.

Naquele momento, era o antigo Harry que estava ao seu lado, o Harry que era o seu melhor amigo, não o cretino que havia se transformado, e sim o verdadeiro...

— Tudo vai ficar bem, Mione. – Chamou-a pelo apelido que lhe era tão querido. – Vem, vou levar você para o seu quarto...

— Não, eu preciso encontrar o Draco...

— Acho melhor você tomar um banho e descansar um pouco, eu procuro por ele. – Ao notar o olhar surpreso de Hermione, continuou: - Vamos, vou chamar umas das suas amigas, e vou atrás do Malfoy.

— Não acho ideal... – Sentiu as mãos de Harry em seu rosto, e um beijo em sua testa.

— Por favor, confie em mim, deixe-me fazer isso por você.

Ele pareceu tão sincero e ela estava tão frágil, permitiu-se acreditar em suas palavras.

(...)

— Então ele vomitou de novo... sério, eu desisto dos homens.

— Desculpa..., mas isso é muito engraçado... – Pansy não segurou as risadas, não pensou que fugiria daquela festa sem graça com a prima da Granger, tampouco queria rir da falta de sorte da garota, mas não conseguiu se conter.

— Não tem graça. Eu vou dormir na Sonserina hoje, não volto para o Salão da Grifinória, os meus sapatos eram novos, que vergonha... – Will havia vomitado em seus sapatos caros quando ela estava fazendo uma dança sensual em cima de uma das mesas. Duas vergonhas em uma só noite eram demais para se suportar.

Pansy estagnou ao notar o casal a frente, Harry estava abraçado com... a Granger? Como a cretina tinha coragem de fazer isso com o seu melhor amigo? Draco iria surtar.

— Hermione?!

A tentativa de observar e constatar o que estava acontecendo foi por água abaixo quando Pamela gritou. Porém, na medida em que se aproximaram, o estado de Hermione assustou a sonserina.

— Hermione, o que aconteceu? – Pamela perguntou enquanto corria em direção à prima.

— Por favor, cuide dela. – Harry instruiu Pamela, voltando o olhar para Pansy. – Você vem comigo.

Pansy não teve tempo de protestar, Potter segurou em seu braço e a arrastou junto a ele.

— O que está acontecendo, Potter?! – Indagou exasperada enquanto se esforçava para o acompanhar.

— Acho que Malfoy foi drogado, mas se ele não foi, sou capaz de mata-lo, então por isso estou a levando comigo. Não quero ser expulso, você sabe.

Iria fazer mil perguntas, mas Harry começou a responde-las antes que as proferisse. Enquanto subiam os lances de escada que levavam à Torre de Astronomia, ele contou o que estava acontecendo. Aquilo pareceu surreal demais para a sonserina, quem faria algo assim?

E ao chegar na Torre, a morena avistou o corpo seminu do amigo estirado no chão, e as roupas dele espalhadas pelo local. Nenhum sinal de Astória.

— Draco... por Merlin... – Caminhou em direção ao amigo, ajoelhando-se no chão e segurando em sua cabeça.

A voz da amiga o despertou.

— Pansy? Está tudo tão confuso... – Balbuciou enquanto tentava mantes os olhos abertos, mas estava tão exausto.

— Ele não está bem... – Ela voltou os olhos para o grifinório que somente observava com as sobrancelhas franzidas. – O que foi, Potter?

— Nada... – E com a ajuda da varinha recolheu as roupas de Malfoy, e Pansy o vestiu.

Levitaram o corpo em direção ao Salão da Sonserina, onde Pansy deu uma poção para limpar o organismo, seguida de um revigorante. Julgaram ser melhor do que o levar naquele estado para Madame Pomfrey, as consequências cairiam para todos que estavam na festa. De qualquer forma, havia poções o suficiente para Draco conseguir acordar do transe, e se necessário, iriam até a enfermaria.

— O que ele está fazendo aqui? – Praticamente pulou no sofá, sentiu-se tonto com o ato, mas não deu importância àquilo.

Afinal, o que Harry Potter fazia no Salão da Sonserina? E por que estava ali?

— Draco, Harry ajudou, você estava desacordado... – Pansy interveio, segurando nos ombros do amigo. – Você não se lembra?

O olhar perdido de Draco denunciava sua falta de memória, sentia-se confuso e pedaços das suas lembranças estavam escondidas em algum distante da sua mente.

— Tente se lembrar...

Fechou os olhos, forçando-se a lembrar. Sentiu pontadas na sua cabeça quando flashes o invadiu.

Foi pegar a bebida, encontrou Blaise, e então tudo ficou confuso...

Luzes.

Hermione.

Torre de Astronomia.

Não queria estar ali, mas Hermione pediu... sua Hermione.

Beijou-a.

Por que haviam duas Hermione?

E por que o olhar da segunda Hermione parecia tão triste?

Não se lembrou de mais nada.

— Acreditamos que você estava sob efeito de uma poção alucinógena... –  Pansy respondeu, alisando seu ombro em um sinal de afeto.

— Eu estava com Hermione, nada faz sentido...

— Não era a Hermione. – A sonserina falou com certo pesar. – Acredito que usaram um feitiço ilusório também.

— Então quem era? – Estava aturdido demais, se não era Hermione quem beijava...

— Astória.

Merda. Sabia que ela se vingaria.

— Hermione... – Ela o viu. A verdadeira Hermione o viu...

— Ela está bem. – Foi Harry quem respondeu, por que ele o ajudou? Por que ele estava ali? Nada fazia sentido.

— Eu preciso vê-la... – Estava prestes a ir ao encontro dela, mas a amiga o barrou.

— Hermione está com Pamela, acho melhor dar um tempo para ela digerir tudo isso, é ideal que durmam um pouco...

— Como vou dormir sem vê-la antes? – Ainda estava aturdido, completamente perdido. Mas precisava vê-la, necessitava dizer e reforçar que jamais a machucaria de tal modo.

— Draco, vocês têm que descansar...

Ela estava certa, além disso precisava tomar um bom banho, tirar do seu corpo qualquer sinal de Astória.

— Tome uma das minhas poções de dormir, sim? – Pansy instruiu com delicadeza.

Ainda em estado de torpor, ele somente anuiu e caminhou em direção ao banheiro coletivo. Precisava organizar seus pensamentos, tentar se lembrar de tudo o que aconteceu. Além disso, sentiu-se enjoado, precisava tirar aquele cheiro do seu corpo.

Pansy voltou a atenção para Harry, que somente observava o entrosamento dos dois em silêncio. Sentou-se ao lado dele, mantendo uma certa distância segura.

— Por que Astória faria algo assim? – Harry quebrou o silêncio.

Ele viu o estado de Draco, sabia que ele realmente estava sob influência de alucinógenos. Ele não traiu Hermione, ao menos não propositalmente. Porém, por que querer separar o casal?

— Por vingança. – Ela o respondeu, porém não falaria mais nada além daquilo. – A questão é: por que Parvati teve algo a ver com isso? – Pansy sabia o efeito que aquelas palavras teriam, notou o suspiro de pesar do moreno.

— Talvez ela não sabia, talvez... - Procurou justificativas que não existiam, não fazia sentido aquilo acontecer no dia da festa da indiana, muito menos ser ocasionado pelas poções ilegais dela.

— Potter, não começa. – Pansy revirou os olhos.

— Ela não era assim, ela era boa e gentil. – Não soube o porquê estava defendendo-a, mas em parte sentia que a transformação da indiana era sua culpa.

— Talvez você só não a conhecia o suficiente... – Pansy não o julgou, não naquela vez. Um dia também pensou amar alguém que nunca realmente chegou a conhecer.

— Parvati sabe que tem muito tempo que eu não a amo mais. – Confessou, sem se importar em estar contando assuntos íntimos para alguém que dizia o odiar. – E ela põe a culpa em Hermione.

— Por que ela colocaria a culpa em Hermione? – Indagou em um tom de voz baixo, voltando a fita-lo novamente, notou os olhos verdes carregados de tristeza.

— Porque eu fiz a escolha errada em voltar com a Parvati e magoar a Hermione. Porque, apesar de tudo, ainda amo a Hermione. – Esboçou um sorriso triste, ajeitando os óculos. – Não me entenda mal, não é como se eu quisesse reatar meu romance com ela, sei que a perdi para sempre, e nem ao menos acho que daria certo. É muito além de atração, o que eu sinto por ela... não sei explicar, ela é minha família, mas eu perdi o amor que ela tinha por mim. E a culpa é inteiramente minha, da minha imaturidade, egoísmo e ego. – Esboçou um meio sorriso sarcástico, tentando disfarçar a dor em suas palavras.

Era a primeira vez que estava sendo sincero consigo mesmo, suas palavras surpreenderam-no porque sabia aquela ser a verdade, por mais que tenha tentado negar.

— Ninguém é perfeito, Potter. Além disso, você fez o certo hoje. – E, em um gesto amigável, tocou no ombro do garoto de ouro.

Não negaria, o toque gentil o assustou, afinal era Pansy Parkinson ao seu lado. O moreno esboçou um leve sorriso, sentiu-se melhor, embora que minimamente, ao desabafar para a sonserina suas angústias. Todavia, apesar da vontade de consertar as coisas, não tinha a mínima ideia de como lidaria com Parvati Patil.

(...)

Seu reflexo denunciava sua exaustão, apesar do banho demorado. Sentiu as cerdas macias da escova em seus cachos, deixou-se ser mimada pela prima, enquanto tomava um chá de camomila. Pamela penteava seus cabelos, ao passo que os secava com a varinha.

Por meio de um bilhete encantado da Parkinson, sua prima havia dado a notícia de que Harry e Pansy encontraram Draco desacordado e sozinho, afirmaram seu estado delirante, mas já havia tomado poções para sua melhoria.  

— Você está melhor? – A outra Granger perguntou, deixando a escova de lado, e depositando um beijo em seu rosto.

Hermione apenas anuiu, sorrindo verdadeiramente para a prima.

— O que acha que devo fazer? – Tão logo seu sorriso sumiu, e ao notar a confusão de Pamela, continuou: – Com a Patil. Eu quero que ela sofra como estou sofrendo.

Pamela arregalou os olhos perante a inexpressividade de Hermione, o sentimento de raiva era muito compreensível, mas sua doce prima não deveria fazer nada precipitado. E foi isso que disse para ela, mas notou a insatisfação com o suspiro resignado.

— Não quero que faça nada que se arrependa mais tarde. Vá descansar, sim? Vou tomar um banho, comer algo, e volto para dormir com você. – Pamela completou com um certo receio em deixa-la sozinha.

— Você está certa. – Sorriu docemente, sabia que a prima estava certa. Não deveria fazer nada com a raiva borbulhando em cada poro do seu corpo.

Porém, assim que Pamela saiu do quarto, o sorriso se desfez. Sabia que estava sendo precipitada, mas Patil merecia sofrer. E por isso pegou o pergaminho e a pena. Com destreza, passou escrever as palavras certas.

Tentou realmente ser uma boa garota, deixar tudo para trás e seguir sua vida tranquila ao lado do homem que ama. Mas Parvati Patil não poderia descer do seu pedestal e seguir sua vida patética, poderia? Ela tinha que envolver a sedenta por vingança – Astória Greengrass – naquilo. Mas de Astória, cuidaria depois, e já sabia o que fazer.

Em seus sonhos, a cena de horas atrás repetia-se em sua mente, despertando-a, somente para pegar no sono outra e novamente se deparar com aquela traição. Julgou não ter dormido mais do que três horas, ao contrário de Pamela, que roncava baixinho ao seu lado.

Amou ainda mais a prima por ter cuidado dela, lembrou-se também de Harry e como ele devolveu a sua lucidez. Naquele momento se deu conta de como sentia falta do seu melhor amigo, não sabia se algum dia retornariam a amizade que um dia tiveram, mas se ele continuasse a ser aquele Harry poderiam tentar. Não naquele dia, nem naquela semana, mas aos poucos e gradativamente.

Vestiu o seu robe antes de deixar o quarto, precisava de um copo de café e outro banho demorado. Porém, assim que saiu do seu quarto, deparou-se com o loiro sentado sobre o sofá da sala. Seu coração perdeu uma batida, ao mesmo tempo em que estava ansiosa para falar com o namorado, não se sentia pronta.

— Hermione...

Draco denunciou sua ansiedade ao se levantar rapidamente do sofá assim que a viu parada a poucos metros. Caminhou um passo em direção à Hermione, mas parou imediatamente. Passou as últimas duas horas preparando um discurso em seus pensamentos para quando a visse, mas tudo nublou-se ao vê-la tão próximo.

— Eu... eu trouxe café, está quente... – Apontou para os copos térmicos de café. – Ia bater na sua porta, mas não quis a acordar...

Draco não ficava nervoso com facilidade, nem ao menos se lembrava a última vez em que demonstrou qualquer sinal de nervosismo, isso antes de Hermione. Tinha um medo irracional de perde-la, e aquilo era assustador.

— Obrigada... – Sua voz saiu baixa, mas forçou-se a esboçar um meio sorriso e o tranquilizar minimamente.

Na medida em que Hermione avançava, Draco voltou a se sentar, esperando que ela tomasse o lugar ao seu lado. Ficou aliviado ao ver que ela o fez, embora mantivesse uma pequena distância entre eles.

O silêncio incômodo se instalou enquanto tomavam o café, os olhares perdidos em suas próprias xícaras e dedos.

— Por Salazar, não aguento mais... – Draco deixou a xícara de lado, voltando o olhar para a sua Hermione. – Eu não sabia, você sabe, não é? Não estava lúcido, fui pegar aquela bebida e tudo se nublou ao meu redor. Era você, Hermione... juro que era você, eu jamais a trairia...

Sabia estar agindo como um desesperado, mas não se importou. Aproximou os corpos, segurando o rosto dela entre as suas mãos, fixando os seus azuis nos adoráveis castanhos. Ela precisava acreditar nele, precisava.

Hermione mordiscou o próprio lábio inferior, uma pequena mania que denunciava o seu nervosismo. Sentiu os olhos marejarem com o modo como ele a fitava, sabia ser verdade, mas a maldita cena ainda martelava em sua mente.

— Eu acredito em você, Draco.

E ao proferir essas palavras, deixou-se ser envolvida pelos braços do sonserino. Apoiou sua cabeça no ombro dele, retribuindo ao abraço.

— Fiquei com medo de te perder... – Confessou visivelmente aliviado, enquanto a aninhava em seus braços.

— Draco... – Afastou-se o suficiente para fita-lo. – Do que você se lembra? – Não queria fazer perguntas, mas precisava fazê-las. Precisava saber de tudo que aconteceu.

— Eu não sei... – Suspirou consternado, jogando os cabelos para trás em claro sinal de nervosismo. – São apenas flashes, lembro de ter pegado a bebida, alguém esbarrou em mim, conversei com Zabini, então tudo ficou confuso... eu vi você, estava tão inerte que deixei que me guiasse, e...

— Mas não era eu. – Cortou-o, não escondeu a amargura em suas palavras.

— Eu juro que não sabia, estava tão confuso...

— Vocês fizeram sexo? – O mais sensato teria sido esquecer, tentar seguir em frente, mas não conseguiria seguir em frente com as dúvidas.

— Não. – Respondeu de imediato, mas sua mente estava tão turva, não poderia dar certeza absoluta. 

— Merda... – Hermione suspirou, apertando as têmporas em seguida. Havia percebido a confusão do loiro. – Draco, o que você vai fazer? – Perguntou em seguida, tentando deixar suas emoções de lado por alguns instantes.

— Como assim?

— Com Astória. Isso foi um crime, drogaram você, e... por Merlin, isso é inadmissível, abominável...

— Eu sei, Hermione. – Segurou as mãos da namorada, apertando-as entre as suas. – Eu não tive relações sexuais com ela, sei que lembraria se tivesse. A última coisa que recordo é ter visto duas de você, uma em meus braços, e a verdadeira com um olhar de pura decepção. Depois apaguei.

— Ainda assim, deveria haver consequências. – Hermione insistiu, embora tivesse se sentindo mais aliviada com a informação, não somente por ela, mas por ele principalmente.

— Eu destruí a vida de Astória. – Draco confessou com um suspiro pesaroso. – Ela quer me destruir, quer que eu sofra e por isso fez o que fez. – Naquela altura já havia soltado as mãos dela e desviado o olhar.

— Isso não justifica, mas compreendo seu ponto de vista. – E realmente compreendia, ele se sentia culpado por Astória ser quem se tornou, mas não quer dizer que concordava.

O silêncio predominou entre ambos, continuaram sentados e apoiados no sofá, seus pensamentos envoltos em toda aquela confusão.

— Estamos bem, não estamos? – Foi Draco quem quebrou o silêncio, tocando no rosto de Hermione outra vez.

A grifinória esboçou um sorriso triste, antes de tocar a face do sonserino com as pontas dos dedos. Queriam separá-los, mas não permitiria, embora soubesse que haveriam sequelas.

— Sim, não vou deixar que vençam. – Ergueu o corpo, aproximando os lábios dos dele, roçando-os suavemente. – Você é meu, Draco Malfoy. – Sussurrou, antes de selar os lábios.

Foi Hermione quem tomou a iniciativa, mas foi Draco quem aprofundou o beijo. Amava aquela garota, e embora não houvesse proferido aquelas exatas palavras até então, demonstrou no beijo todo o seu amor.

Foi calmo, lento, explorador. Estava tão aliviado que mal percebeu que lágrimas se fundiam ao beijo, suas e dela. Com a mão na cintura de Hermione, aproximou os corpos ainda mais, queria sentir cada pedacinho da mulher, garantir que não se afastasse.

Assim que o beijo se findou, ela repousou a cabeça no ombro dele, sendo envolvida por outro abraço. Foi impossível conter as lágrimas, porque há algum tempo não era somente paixão, amava-o. E por isso doía tanto a imagem dele com outra ainda estar tão vívida em suas lembranças.  

— Eu sou seu, Hermione. Só seu... – Beijou o topo da cabeça dela, acariciando as suas costas por cima das vestes.  

Draco Malfoy não era uma pessoa carinhosa, exceto com ela. Hermione sabia disso, assim como sabia de que as palavras dele eram verdadeiras, e por isso permitiu-se relaxar. Estava na hora de esquecer a madrugada anterior, ao menos por alguns instantes.

Draco era seu, e ela era dele. E, apesar de já não ter mais tanta certeza, gostava de pensar que nada os separaria. 

Faltaram às aulas naquele dia, não estavam em condições, mas não foram os únicos alunos faltantes. A festinha de Patil gerou consequências, e se asseguraria de que fossem negativas para a indiana.

— Você parece melhor. – Sentiu os braços dele a envolver por trás, permitiu o abraço e deixou escapar um meio sorriso malicioso.

— E eu estou. – Beijou-o brevemente nos lábios.

Fez questão de segurar em sua mão enquanto andava pelos corredores de Hogwarts. A verdade é que ainda se sentia mal, mas não permitiria parecer fraca, e por isso se arrumou como de costume e pôs seu melhor sorriso.

Ficou surpresa ao ver todos tão agitados no hall de entrada, não precisou perguntar o que estava acontecendo, em questão de segundos Luna apareceu com o Profeta Diário.

— Hermione, você viu isso?

Ela soltou a mão de Draco para ler a capa do Profeta Diário, sentiu-se cruel quando sorriu com malícia, mas não se importou nem um pouco.

— Uou, isso vai ser interessante... – Draco exclamou com surpresa.

E assim que entreabriu os lábios para responder, sentiu um clarão em sua direção. Por sorte, o reflexo de Draco foi rápido o suficiente para lançar um protego.

Quando se virou para trás, viu Parvati caminhar a passos duros em sua direção.

— Você... sua miserável... – Gritava para todos ouvirem, estava completamente fora do controle.

“É, aquilo realmente seria muito interessante...” constatou curiosamente divertida.

Hermione sempre foi uma boa garota, mas até para as boas garotas haviam limites que quando ultrapassados gerariam consequências.

E as consequências chegaram antes mesmo do café da manhã.


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