A Vingança de Hermione Granger escrita por Tamara


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Voltei com mais um capítulo. ♥ Espero que gostem, vejo vocês nas Notas Finais. Boa leitura, lovelies!



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Capítulo 22

Obsessão

 

Dinheiro. Poder. Beleza. Em um mundo particular onde tudo era superficial e líquido, Draco Malfoy nunca pensou que se apaixonaria por aquela que representava tudo que deveria odiar.

Deveria. Mas nunca odiou, não de verdade, porque as palavras de seu pai nunca fizeram sentido, mas ele fingia. E fingir se tornou fácil, fácil demais, já não sabia mais o que era real ou não. Até ela aparecer e tomar um lugar maior em sua vida.

Por Salazar, ele não queria se apaixonar, mas não negaria aquele sentimento que o fazia transcender para patamares superiores do amor. Por mais que não merecesse, ela continuou ao seu lado, compartilhando de suas dores até então amortecidas, escondidas em sua vergonha.

Ele tocou em seus cabelos ondulados, observando-a dormir serenamente. Estava na hora de descerem, aproximou os lábios da face rosada da garota, distribuindo beijos suaves em sua testa, bochechas, queixo, e por fim, na ponta do seu nariz.

Aos poucos Hermione despertou do sono, um sorriso se fez presente em sua boca ao se dar conta de como era acordada.

— Bom dia, morena. – Desejou, beijando-a nos lábios com carinho.

— Bom dia, loiro. – Com esforço, ergueu o corpo para se sentar, jogando os cabelos volumosos para trás.

— Podíamos matar aula e ficar o dia todo na cama, o que acha? – Pela primeira vez, não havia malícia na fala do sonserino. Ele somente queria continuar naquele quarto, aproveitando da companhia da namorada, não queria tombar com Astória e relembrar da merda que ele julgava ser. E Hermione sabia disso, seu olhar denunciava compreensão.

— Era o que mais desejo, mas você sabe que não podemos. – Respondeu com pesar, afagando os cabelos loiros com carinho. – Vamos, está na hora de descer. – Ela se levantou e estendeu as mãos para ele, induzindo-o a fazer o mesmo.

Quando ele tocou na mão da grifinória, todos os temores pareceram pequenos. Ele estava pronto para tentar se perdoar, e ela preparada para ajudá-lo.

 

(...)

 

As gêmeas, ainda com seus vestidos pretos, andavam lado a lado. A única coisa que as diferenciava era os olhos vermelhos e inchados presentes em uma delas. As mãos estavam entrelaçadas, caminhando silenciosamente em direção aos portões de Hogwarts.

— Você sabia. – A voz de Padma saiu trêmula, amava demais seu avô, ainda sentia a perda dele. Além disso, diversos comentários inconvenientes foram despejados por seus familiares durante o enterro, as insinuações realizadas pela sua irmã no natal anterior ainda eram motivos de fofoca em seu ciclo familiar, ainda não sabia como a tinha perdoado, mas Parvati era a sua metade, como não a perdoaria?

— O que eu sabia? – A gêmea perguntou sem entender onde a outra queria chegar, odiava velórios, estava exausta.

— Que Harry iria terminar com você, Lilá ouviu a conversa dele com Ronald. – Ela teceu o comentário cuidadosamente, sabia que sua irmã tinha problemas emocionais, sempre tomava cuidado com as suas falas. – Você sabe que o ponto fraco de Harry é a família, e usou a perda do vovô ao seu favor. – Falou com calma, observando pelo canto dos olhos a reação da irmã.

Parvati continuou impassível, dando de ombros em seguida, como se nada daquilo importasse, e para ela realmente não importava, estava convicta em suas ideias deturbadas.

— Harry está confuso por causa daquela vadia, ele sabe que me ama, e por isso ficou ao meu lado.

— Você ao menos lamentou a morte do nosso avô? – Perguntou apertando a mão da irmã, esperando por uma reação de pesar que não veio.

— Claro que sim. Como ousa questionar isso? – Respondeu ultrajada, mas Padma a conhecia o suficiente para saber que as palavras eram mentirosas. Parvati não amava ninguém além de si mesma e sua obsessão doentia por Harry; mas ela a amava, e acreditava que seu amor seria o bastante para as duas.

— Parvati. – Chamou sua atenção, parando de andar, e fazendo-a parar a sua frente. – Minha irmã. – Sua voz saiu quase em uma súplica, tocando a face da irmã com carinho. – Depois de Harry você mudou, você sabe disso, não é? – Era visível a expressão furiosa na irmã, mas ela continuou: - Você era mais estável, era mais feliz, agora todo o seu mundo gira em torno dele. Você está obcecada por ele e pelo poder que adquiriu ao lado dele, pelos holofotes, pelo glamour de namorar o escolhido. Isso não é amor, Parv. Isso é obsessão, deixe-o em paz e siga sua vida. Você é linda, é inteligente, não precisa de um homem para alcançar o sucesso, não precisa machucar mais ninguém para isso...

A risada escandalosa de Parvati cortou a sua fala, sentiu as unhas pintadas de vermelho da irmã apertarem suas bochechas, o brilho em seu olhar denunciava sua diversão.

— Você é tão engraçada, irmãzinha. – Irmãzinha, sempre a chamava assim quando queria humilhá-la. – Eu amo o Harry, e ele me ama. Estamos destinados a ficar juntos, sempre seremos amados por todos, porque somos perfeitos unidos. – Sua fala foi sádica, doentia. – Ele é meu, e vou derrubar todos que se puserem em nosso caminho, inclusive você. – Destinou as palavras finais com veneno, antes de continuar o seu caminho, sem se importar em deixar Padma com os olhos lacrimejantes para trás.

Engolindo as lágrimas, Padma caminhou logo atrás da irmã. Assim que adentraram os portões de Hogwarts, Elisa e Lilá vieram eufóricas ao encontro delas, sentiu os braços das amigas a envolver, mas ainda estava estática pelas palavras da irmã.

— Parvati, tenho notícias quentes para você. – Lilá falou com malícia, retendo todo o interesse da mais velha das gêmeas. – Eu peguei uma conversa do Harry com a Hermione, acho que ela não vai ser mais problema para você...

Lilá contou em detalhes a conversa de Harry e Hermione na noite anterior. Padma escutou com atenção aquela fofoca, mas seus olhos estavam fixos nas reações da irmã.

— Isso é ótimo, não é? – Elisa perguntou entusiasmada. – Hermione está apaixonada pelo sonserino gostoso, agora não vai mais se intrometer entre você e o Harry, no máximo serão amigos. – Padma revirou os olhos com a fala inconveniente de Elisa, estava visível que Parvati não estava satisfeita com a notícia.

— Como pode ser tão burra, Elisa? – Parvati vociferou, bufando em seguida. – Hermione me humilhou, ela não merece viver seu conto de fadas feliz com o príncipe da Sonserina, ela merece sofrer, eu vou fazê-la pagar pelas suas ameaças...

— Que ameaças? – Lilá perguntou com interesse, mas Parvati apenas desconversou, mudando de assunto imediatamente, foi quando seus olhos focaram em uma figura feminina próxima em uma das árvores.

— Quem é aquela? – Perguntou com interesse, nunca a tinha reparado realmente.

— Astória Greengrass, ela voltou para Hogwarts um pouco antes da festa de Hermione. Ela é ex de Draco Malfoy, saiu de Beauxbatons por causa de uma vergonha, você não vai acreditar no que vou falar... – Lilá teceu suas fofocas com maldade, sua irmã mais velha era melhor amiga de Daphne Greengrass, sabia tudo da vida das duas.

Padma notou o interesse de Parvati por cada palavra que Lilá proferia, e a gêmea se perguntou quando foi que a sua irmã se tornou tão cruel?

 

(...)

 

Blaise Zabini estava visivelmente transtornado, ainda desacreditado das palavras daquela louca. Por Merlin, onde foi se meter? 

 

— Eu perdoei você, Blaise. – Elisa falou com naturalidade, sentando-se em frente ao moreno. – Por ter me abandonado em Hogsmead, eu o perdoo, ainda somos namorados. – O sorriso da garota era sincero, e as palavras o assustaram terrivelmente. Ele? Blaise Zabini namorando? Nunca.

— Acho que você está equivocada, querida. Não somos namorados. – Nunca foi grosso com nenhuma de suas garotas, mas não se importou em ser duro com as palavras naquela vez.

— Claro que estamos! Você me beijou várias vezes – Praticamente gritou aquelas palavras, mas logo diminuiu o timbre da voz, mantendo a calma. - Apertou os meus seios, por baixo da blusa. Você acha que sou o quê? Estamos sim namorando, e não ouse negar. – Ela depositou um beijo no rosto dele, e saiu saltitante. Saltitante? Sério?  

 

A reação de Elisa o assustou, e em pouco tempo a loira espalhara pelos quatro cantos que estavam namorando. Como assim? Naquele momento, ele andava a passos largos, praticamente correndo, para fugir da suposta “namorada”.  Por isso mal notou quando trombou com um corpo menor, segurou a garota pela cintura, impedindo-a de cair contra o chão. O moreno esboçou um meio sorriso assim que reconheceu a dona dos olhos castanhos que o observava assustada.

Em clara provocação, ele apertou suas mãos na cintura da ruiva, os corpos estavam cada vez mais próximos, as respirações cruzavam-se. Era vergonhoso para Gina admitir que uma corrente elétrica percorreu pelo seu corpo, mas não respondia pelos seus sentidos. Notou que os olhos negros do sonserino pairaram em seus lábios, e por um momento ela desejou que ele a beijasse. Ao se dar conta do seu pensamento, arregalou os olhos, e o afastou imediatamente.

— Olha por onde anda, Zabini. – Gina o advertiu com rispidez, sua grosseria era sua defesa para as sensações indesejadas que a acometia. E pelo sorriso malicioso de Blaise, a ruiva temeu que ele percebera isso.

— Desculpa, ruivinha. Mas é que... – Os olhos de Blaise se arregalaram, evidenciando sua surpresa, ao ver Elisa caminhando em direção aos dois. – Por Merlin, Gina. Você tem que me ajudar...

Gina voltou o olhar para trás, notando que Elisa se aproximava. Voltou o olhar indagador para ele, mas assim que entreabriu os lábios para protestar, sentiu as mãos firmes de Zabini levar o seu corpo contra o dele novamente. Repousou as mãos no peitoral largo do garoto para se afastar, mas antes que tivesse a oportunidade de fazer qualquer coisa, os lábios firmes de Blaise foram de encontro aos seus.

Ela queria se afastar, ela iria se afastar, mas aquela boca era tão macia. Quando deu por si, entreabriu os lábios, permitindo-o aprofundar o beijo. Intenso, avassalador, nunca antes havia sido beijada de tal maneira.

E nunca antes Blaise gostou tanto de beijar alguém. Ginevra tinha um quê de selvagem, seu beijo era ousado e suave ao mesmo tempo, os lábios da ruiva tinham gosto de framboesa, e nunca um doce lhe foi tão prazeroso. Aquele beijo. Ela. Parecia tão certo.

Mas quando o ar se fez necessário, e os corpos se afastaram, Blaise sentiu as marcas dos dedos em sua face. Foi tudo tão rápido que mal teve tempo de processar, ainda estava anestesiado pelo beijo quente com a garota, mas agora a ruiva estava mais vermelha do que nunca. Seria de desejo ou de raiva? Talvez os dois.

— Nunca mais ouse fazer isso. – Gina praticamente vociferou, e antes que Blaise pudesse se explicar, ela já não estava mais ali.

E desde quando Blaise Zabini precisava se explicar para alguém? E desde quando um beijo foi tão avassalador para ele? As dúvidas o tomavam com força, e pela primeira, em muito tempo, não sabia o que fazer ou dizer.

Voltaria para o seu quarto, dormiria e fingiria que nada daquilo estava acontecendo. Afinal, só poderia ser um pesadelo, certo? E assim que ele virou o corpo para fazer exatamente isso, uma mão pesada acertou seu outro lado do rosto.

— Você é um cretino, Zabini! Acabou! Estou terminando com você. – A loira grifinória falou com raiva, alto o bastante para todos que estavam por perto escutarem. Quando o moreno olhou para os lados, notou que uma “pequena” plateia o assistia com curiosidade. 

— Eu...

— Não fala nada, Zabini. É tarde para arrependimentos. – Elisa o interrompeu, jogou seus longos cabelos loiros para trás teatralmente, e deu-lhe as costas.

Sozinho, com marcas em ambos os lados de seu rosto, e com uma plateia rindo dele. Aquilo, definitivamente, só poderia ser um pesadelo.

“Por Merlin, que aconteceu com essas mulheres?!”

 

(....)

 

Suas amigas eram seu alicerce, disso Hermione não tinha dúvidas. Quando se uniam, esquecia de qualquer problema que a cercava, e a carga emocional pesada que carregava consigo desde a noite anterior, tornou-se mais leve, pelo menos naqueles instantes.

— Ron foi tão romântico! – Luna se deleitava enquanto compartilhava om Hermione, Tereza e Gina detalhes do seu último encontro romântico com o namorado. – E tem mais...

— Ginevra Weasley! – A voz aguda de Pamela, fez com que a ruiva voltasse o olhar para trás assustada. – Sua safada, você beijou Blaise Zabini e pensou que não descobriríamos? – Indagou entusiasmada, bagunçando os longos cabelos ruivos e sentando-se ao lado da amiga.

— Você o quê?! – As demais perguntaram no mesmo instante.

Gina queria abrir um buraco para se enterrar com todos os olhares para cima de si. Não era inocente ao ponto de crer que o beijo com o sonserino passaria despercebido, mas por um momento quis esquecer o quão rápido as notícias se espalhavam em Hogwarts. Malditos fofoqueiros. Ela mordiscou o lábio inferior, hesitante, antes de começar a detalhar os últimos acontecimentos.

— E então o cretino me beijou, sem pedir permissão, apenas para afastar a amiga da Parvati. Sonserino estúpido. Acha que sou o quê? Uma das “garotas” dele, por favor... – Gina terminou seu discurso revirando os olhos, ainda sentia a fúria exalando pelos seus poros. Negaria terminantemente para as amigas, mas a verdade é que o beijou balançou o coração da grifinória, e saber que ele somente fez aquilo para afastar Elisa a deixava mais triste do que gostaria de admitir.

Então suas adoráveis amigas começaram a rir, a ruiva arregalou os olhos com a reação inesperada das amigas.

— O que foi? Não vejo motivos para risos, não é nada engraçado. – Em uma atitude involuntária, cruzou os braços, demonstrando sua insatisfação.

— Desculpe, Gina. – Ao notar que a ruiva estava perturbada, forçou-se a parar de rir, mas não pôde conter o meio sorriso malicioso em seus lábios. – Mas a verdade é que você sentiu algo pelo Blaise...

— O quê?! Claro que não... – Por pouco não gritou, nunca antes escutou tamanha besteira.

— Hermione está certa. – Pamela, que até então observava as amigas com divertimento, interveio. - O beijo foi recíproco, certo? –  A Weasley anuiu, mas assim que entreabriu os lábios para protestar, Pamela continuou: - Ele pode ter a surpreendido e tomado a iniciativa de uma maneira imprudente, mas você retribuiu ao beijo. E a verdade é que você gostou, gostou até demais, por isso está tão irritada.

— Vocês estão loucas! Luna?! Me defenda. – A ruiva olhou com terror para a amiga corvina.

— Parem de atormentar a pobrezinha. Não veem que ela está confusa? Até ontem ela tinha essa paixão completamente platônica pelo Nate, então descobriu que ele está namorando o Neville, passou a tarde de Hogsmeade inteira com Blaise, somente para descobrir que ele não é uma pessoa tão ruim assim, mas sentiu-se usada por ele tê-la beijado somente para fugir de uma garota louca. O que ela ainda não percebeu é que desde a festa da Hermione, o Blaise tenta se aproximar dela, passa longos minutos olhando para Gina e disfarça muito mal, e ele tê-la beijado foi muito mais do que para fugir de alguém, aquele garoto tem uma queda gigantesca pela nossa ruiva. – Luna falou com sua tão habitual tranquilidade, enquanto servia seu copo com leite. Ao terminar sua fala, bebeu um longo gole do leite com mel, saboreando o gosto doce. – Querem um pouco? – Ofereceu ao notar que elas a olhavam com surpresa. – O que foi?

— Vocês são inacreditáveis. – Gina largou o guardanapo sobre a mesa e se levantou sem se importar com os chamados.

— Você foi sincera demais, Luna. – Hermione comentou, franzindo as sobrancelhas com a atitude da amiga.

— O que eu fiz? – A loira realmente não fez por mal, não viu maldade em falar tais palavras, eram verdadeiras afinal.

— Não se preocupe, Luna. Gina não ficará irritada com você. – Pamela a tranquilizou, piscando para a loira em seguida, concordou com cada palavra dita por ela.

— Eu preciso ir. – Tereza se manifestou pela primeira vez, recebendo olhares curiosos das amigas. 

Pamela voltou o olhar indagador para Hermione, que somente deu de ombros. Tereza estava quieta demais, o que era atípico da morena, não era daquele dia que vinha observando o comportamento estranho da amiga americana.

Tomada pela preocupação, Hermione foi impulsiva em levantar e seguir discretamente Tereza. Quando estava prestes a alcança-la, porém, a sonserina adentrou em uma das salas de aula. Ela pôs-se em frente à sala, não sabia se deveria entrar ou não. Sua dúvida estendeu-se por alguns instantes, até que decidiu bater à porta, abrindo-a em seguida.

— Com licença... – Sua voz se perdeu mediante a cena presenciada.

Tereza estava de costas para si, arrumando sua saia discretamente, enquanto o professor Murray jogava os cabelos negros para trás, claramente sem graça.

— O que deseja, Srta. Granger? – Apesar do desconforto, sua voz estava grave e formal.

— E-eu... – Hermione não sabia o que dizer, ao voltar o olhar para Tereza, a mesma fitava-a com os olhos repletos de culpa.

— Hermione veio me procurar, temos trabalhos a fazer. Obrigada pelos esclarecimentos, Professor Murray. – Sentiu a mão feminina envolver seu braço, acompanhando-a pela porta a fora.

— Tereza...

— Por favor, Hermione. Não comenta nada. – A sonserina pediu em um tom de voz baixo, não querendo chamar a atenção, voltando o olhar suplicante para ela.

— Vou guardar seu segredo, Tereza. Mas você sabe que pode confiar em mim, não sabe? Pode confiar em nós. – Hermione emendou, referindo-se às amigas.

Tereza acenou em sinal de concordância, desviando o olhar para os seus sapatos por alguns instantes.

— É mais complicado do que eu gostaria, Mi... – Sua voz por pouco não saiu em um sussurro.

Hermione a envolveu em seus braços, abraçando-a ternamente. Não insistiu com perguntas, e embora estivesse surpresa e a ideia de um professor com uma aluna fosse completamente antiético, não seria ela a julgar. Sabia melhor do que ninguém que não conseguíamos mandar no coração.

 

(...)

 

Releu pelo o que deveria ser a milésima vez a carta em suas mãos. Praguejou mil palavrões, antes de descer as escadas de Hogwarts. Não poderia postergar, e sabia que inventar desculpas para adiar o inevitável não adiantariam, precisava falar com ela primeiro e depois decidiria o que fazer.

Encontrou Hermione nos jardins com a prima, estavam com livros no colo, provavelmente estudavam juntas. Hermione esboçou um dos seus belos sorrisos assim que o avistou, por um momento esqueceu do porquê precisava falar com ela.

— Draco, está tudo bem? – A grifinória perguntou ao notar a tensão crescente no namorado.

— Preciso falar com você. – Não tremeu nas palavras, mas o nervosismo era quase palpável.

— Vou deixar vocês sozinhos. – Pamela interveio, pegando os livros e se afastando para dar privacidade ao casal.

Draco se sentou em frente à garota, estendendo a carta parda para ela. Hermione voltou o olhar de Draco para a carta, visivelmente confusa.

— É melhor você ler... – Falou em um sussurro.

Ela abriu a carta, e na medida em que captava as palavras escritas no papel, sentiu a respiração abandoná-la por alguns instantes.

— Hermione, fala alguma coisa... – O nervosismo presente na fala do loiro, acordou-a para a realidade, quanto tempo permaneceu em silêncio?

— Draco... eu... você não tem como inventar uma desculpa? – A coragem grifinória a abandonou por completo com a perspectiva de encarar seus sogros preconceituosos.

— Narcisa é irredutível, ela sabe que estamos juntos, então não vai descansar até que eu a apresente. – Draco não sabia a reação dos seus pais quando o vissem ao lado de uma nascida-trouxa, não era daquela maneira que imaginou contar a eles, queria estar preparado antes de levar Hermione até o covil das cobras.

— Você contou para a sua mãe sobre nós? – A grifinória perguntou com curiosidade. Em seu íntimo, desejava que a resposta fosse positiva, que ele a tivesse assumido para os seus pais, embora soubesse o quanto aquilo era complicado.

— Não, eu não tinha pensado nisso ainda... – Confessou, desviando o olhar para o gramado.

— Você tem vergonha de mim, Draco? – Sua voz saiu levemente embargada, mas sufocaria se guardasse aquela pergunta para si.

— Vergonha? Jamais! – Draco foi firme em suas palavras, voltando o olhar ao dela com surpresa. Como aquela dúvida poderia passar pela mente dela? – Como eu poderia ter vergonha da melhor coisa que já me aconteceu? – Suavizou seu tom de voz, tocando no queixo da namorada e voltando seus olhos cinzas aos dela. – Eu sou completamente louco por você, Hermione.

Ela sentiu a sinceridade presente em cada palavra dele, e um sorriso tomou forma em seus lábios, a pequena dúvida e pesar já não a atormentava mais.

— Então acho que estou preparada para “conhecer” os seus pais. – Hermione deixou toda a insegurança para trás.

—  Só me prometa que não vai se deixar intimidar por eles? – Draco perguntou com preocupação, enquanto deslizava os seus dedos pela face da morena, aproximando os corpos lentamente.

— Contanto que você esteja ao meu lado, nada irá abalar o nosso relacionamento. – Hermione o tranquilizou, mas logo em seguida fechou os olhos ao sentir o polegar do namorado contornar os seus lábios.

— Como pode uma pessoa ser tão perfeita? – Ele perguntou em um sussurro, um pensamento que se verbalizou.

E sem mais conter o desejo, embrenhou seus dedos nos cabelos cacheados, segurando-a pela nuca, enquanto a outra mão apertava a cintura fina. Os lábios se encontraram, e o beijo ansiado selava o acordo sem palavras. Naquele beijo apaixonado e calmo, prometeram que nada os separaria.

Ao longe, Astória Greengrass os observava insatisfeita. Conhecia Hermione Granger e toda a virtude que a acompanhava, imaginou que quando ela descobrisse o que Draco fez no passado, iria abalar o relacionamento dos dois. Mas, pela primeira vez em sua vida, estava enganada. Por sorte, escreveu uma carta para Narcisa contando dos últimos acontecimentos, mencionando inocentemente que seu filho estava namorando a nascida-trouxa, Hermione Granger.

Lucius e Narcisa sempre a adoraram como uma filha, eles quem incentivaram o relacionamento dos dois, e soube que puniram Draco pelo que fez a ela. Também tinha ciência de que iriam fazer o possível para separar Draco da grifinória, afinal aquilo seria uma vergonha para a tão tradicional família Malfoy.

— Admirando o casal feliz? – Uma voz desconhecida a tirou dos seus pensamentos, Astória voltou o olhar friamente para a garota que se sentava ao seu lado.

— Quem é você? – Arqueou uma das sobrancelhas, analisando-a de cima a baixo.

— Como você... – Como ela poderia não a conhecer? Em que mundo Astória Greengrass vive? Ela engoliu seu orgulho em seco. – Parvati Patil.

— Ah, a Patil... – Astória sabia da história, e não tentou esconder o seu sorriso debochado. – O que você quer? – Completou com desconfiança.

— Eu sei o seu passado, Greengrass. – Parvati foi direta, e sorriu divertida ao ver o horror nos olhos da sonserina. – Não se preocupe, querida. Eu estou no seu lado, sei que quer vingança e quero ajuda-la....

— Eu não preciso da ajuda de ninguém. – Cortou-a, estava sem paciência.

— Você acha mesmo que vai conseguir separá-los? – Parvati riu sem humor, cruzando as pernas e voltando o olhar para o casal apaixonado. – Não, você não vai conseguir isso, não sozinha. Para a sua sorte, eu sei exatamente o que fazer...


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? O que mais gostaram? E o que acham que vai acontecer?
No esboço inicial, era para acontecer mais coisas nesse capítulo, mas já estava ficando grande demais; de toda forma, espero que tenham gostado. Estou tentando dar uma acelerada para chegar no ponto que quero, mas como temos muitos personagens secundários, quero deixar o plot de cada um "redondinho", então isso pode se estender um pouquinho mais. Espero, de verdade, que não estejam achando chato; porém, se estiver, pode falar.

Beijos, e até o próximo capítulo! Espero vê-los antes disso nos comentários ♥



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