E se Fosse Diferente? escrita por Rosalie_McCarty, Hayley_Voorhees


Capítulo 6
I Caught Myself


Notas iniciais do capítulo

Acabei de ver os novos capítulos traduzidos do mangá e, com toda a sinceridade do meu coração, me senti um pouco traída pelo Kaname.

Não que eu esperasse que ele não amasse ninguém em toda sua enorme existência. Mas, não sei. Eu meio que me coloquei no lugar da Yuuki e estou me sentindo uma namorada traída.

Amém?



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Vampire Knight - And if it were different?



Capítulo 6



I Caught Myself


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Aos seus pés
Você está me puxando
e arrastando para seu pés
Mas eu não sei o que eu...

 

 

Kuran Yuuki

 

Terminei de fechar a minha última mala, colocando algumas mechas do meu cabelo atrás da orelha e olhando no espelho para ver se meu rabo-de-cavalo ainda continuava no lugar.


Sorri para o meu reflexo, já fazia quase três anos desde que meu corpo sofreu o 'surto de crescimento' dos Kuran e agora eu aparentava ser uma garota de 16 anos. Era tudo tão diferente, como se de repente eu tivesse pulado a minha infância e o mais estranho era que não fazia falta.


Voltei meus olhos para as malas, me perguntando mentalmente se eu tinha esquecido de algo. Aparentemente não. Corri para o banheiro com a minha grande necessaire para recolher meus cremes para o cabelo, além de maquiagem e objetos para higiene matinal.


Quando abri a porta do banheiro - depois de alguns minutos lutando para fazer tudo entrar na minha bolsa que, por algum motivo, apesar de ser enorme, não parecia ter espaço para tudo - levei um susto ao ver meu Onii-sama sentado na beira da minha cama.


Apesar de ter sido pega de surpresa, não consegui impedir um sorriso de se formar em meu rosto ao vê-lo. Mas, algo na expressão dele me fez ficar tensa. Seu rosto não era o tranquilo e quente que eu estava acostumada a ver.


- Onii-sama? - chameio-o hesitante, trocando o peso do meu corpo de um pé para o outro. - Algum problema? Tem algo errado?


- Yuuki... - ele ergueu um dos braços me atraindo para seu colo. Mesmo sem entender eu atendi seu pedido. - Só estava me perguntando como vou dizer algo pra você.


Engoli seco, milhões de idéias passando pela minha cabeça. Nós não iriamos mais pra Academia Cross? Otoo-sama e Okaa-sama não me consideravam confiável o suficiente para isso? Será que eu ia passar por mais alguma coisa estranha?


Inconscientemente, minhas mãos apertaram sua camisa preta fazendo riscos perfeitos como garras de um gato. Quando tomei consciência do que estava fazendo, parei imediatamente murmurando um 'desculpe' enquanto alisava os rasgos  como se isso fosse arrumar o estrago.


- Hum... - resmungei lambendo meu lábio inferior. - É algo sobre a Academia Cross, Onii-sama?


- Bom, em parte sim. - eu nunca tinha visto meu irmãos hesitar tanto em dizer algo, isso era assustador pra mim. - Existem coisas sobre mim que você precisa saber antes de... Antes de seguirmos em frente.


Eu só conseguia encará-lo esperando que continuasse. Algo dentro de mim dizia que eu não iria gostar nada do que eu ia descobrir.


- Yuuki, - Deus, rezei como nunca tinha feito antes. Por favor, por favor faça com que não seja sobre nós. - Eu falei Juuri e Haruka antes, eles acham que já está na hora de você saber... Porque você não é mais uma criança.


Meus olhos se encheram de lágrimas. Ele estava terminando o nosso compromisso agora que eu não era mais uma criança precisando de proteção?


- Eu não sou o seu irmão.

 

 

Agora quando me dei conta
Tive que me fazer parar
De dizer alguma coisa
Que eu nunca deveria ter pensado
De você...

 

 

Meu coração estava martelando dolorosamente nas minhas costelas enquanto as palavras dele corroíam meu cérebro como lava quente. Destruíndo, desfazendo, matando.


"Eu não sou seu irmão."


As lágrimas que eu tanto lutei para não derramar agora escorriam livremente pelo meu rosto. Isso não podia estar acontecendo, ele tinha que estar brincando. E essa brincadeira não tinha a mínima graça.


- Isso não é engraçado! - vociferei pulando do colo dele e me afastando aturdida. - Essa é a brincadeira mais idiota e estúpida que você já fez! Kaname, isso não é engraçado!


- Não é brincadeira. - seu rosto era uma máscara fria, a face que eu tanto odiava ver. Aquela que nunca me dizia nada. - Venha, Yuuki. Pare de agir como uma criança e me escute até o fim.


Mesmo estando irritada e confusa, meu corpo traidor quase se contorceu animado ao voltar para os braços dele enquanto com apenas um braço ele nos levava para o meio da cama, desabotoando os três primeiros botões e oferecendo seu pescoço para mim.


Sem hesitar, cravei meus dentes no pescoço dele e fui levada para um lugar escuro e sinistro do subconsciente dele, arrastada para o centro de tudo o que era escondido de mim...


Era como se eu fosse uma espectadora, assistiando o tio Rido se aproximar de um enorme caixão com algo envolto num pano branco em seus braços.


"Levante, Kuran Kaname." sua voz ainda trazia arrepios à minha espinha, mesmo sabendo que ele estava morto. "Acorde novamente e atenda ao seu mestre."


Minha atenção foi tomada por um movimento no caixão e, em seguida, eu vi um vampiro se levantar. Seus olhos vermelhos ferozes com a sede e seus longos cabelos castanhos cobrindo parcialmente sua nudez.


'Isso é o que eu sou.' escutei a voz do meu Onii-sama na minha cabeça. 'Sou o ancestral do nosso clã, ressucitado por Kuran Rido e assassino do seu irmão.' mesmo em uma espécie de transe, eu conseguia sentir as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.


Eu vi, Rido tinha ido visitar meus pais e, dando a desculpa de que iria trocar a frauda do meu irmão, ele o roubou. Levando-o para ser o sacrifício que resultaria no despertar do Kuran mais poderoso.


'Eu não tinha sangue o suficiente para poder manter meu corpo, mesmo tendo bebido do sangue puro daquele bebê e do Rido.' ouvi atentamente sua narrativa. 'Então, o único modo de sobreviver era regredir meu corpo até eu voltar à idade daquele que eu matei.' engoli um pouco mais de seu sangue. 'Tranquei minhas próprias memórias, entregando meu destino à Juuri e Haruka que me receberam como seu filho morto.'


Ainda não conseguia aceitar isso, era como se eu estivesse presa num pesadelo e não conseguisse acordar. Como meu mundo de repente ruiu? Como a coisa mais sólida pra mim virou uma corda bamba onde eu não sei se poderia chegar ao fim?


Levei um susto quando outra memória se materializou na minha frente, Kaname era um adulto agora. O ancestral. Ele estava num lugar coberto de neve e eu podia sentir seus sentimento em relação aos outros presentes, ele os odiava.


Então, apareceu uma garota. E os sentimentos dele mudaram. Agora eu podia sentir o apelo de proteção, a vontade de abraçar a garota e não deixar nada acontecer com ela.


Meu monstro interior rugiu furioso, deixando meus olhos escarlate. Porque não era eu, ele amava alguém e essa pessoa não era eu.


O que eu significava pra ele, então?


Eu era apenas... Uma substituta?


Ele não te ama. uma voz suave e cintilante cantarolou no meu ouvido. Consegue ver, menina estúpida? Quando ele te vê, é ela quem ele deseja. Você não significa nada pra ele. Você está sozinha.


Sozinha...


Eu. Estou. Sozinha.

 

 

Você está me puxando
E arrastando para seus pés
Mas eu não sei o que eu quero.

 

 

Separei-me dele limpando o sangue dos meus lábios, a dor da traição era ainda pior do que eu esperava. Ele era tudo pra mim, e tudo o que nós tinhamos era uma mentira.


Então, o que era real?


O que eu sabia, era que a minha dor era bem real.


A transformação? Eu suportaria aquela dor por tuda a eternidade se pudesse escolher. Não era nem um pouco doloroso se comparar com a dor que eu estou sentindo agora.


Porque, de repente, tudo o que eu acreditava ruiu na minha frente.


O irmão que eu amava, aquele que eu escolhi para ter por toda a aternidade era uma mentira. Só um personagem que um ancestral poderoso criou para manter-se.


Eu não significava nada.


Tudo, cada momento, cada vez que ele disse que me amava...


Pobrezinha. a voz odiosa cantarolou novamente. A verdade doi, não é? Não era bem melhor ter continuado no seu lindo mundinho cor-de-rosa?


Não tinha resposta.


O que seria pior? Saber toda a verdade ou continuar sendo a garotinha burra e idiota que acredita cegamente no que seu Onii-sama diz?


Um soluço escapou de meus lábios, me trazendo de volta ao presente.


Ele continuava sentado na cama, seu rosto neutro como se estivesse esperando que eu entendesse tudo o que ele me amostrou.


'O que você quer de mim?' minha Yuuki interior gritou furiosa, a falta de movimento dele me deixava irritada.


Sinceramente, nem eu não sabia o que eu queria.


Poderia pedir que ele abrisse os braços e me pedisse desculpas por tudo, mas ao mesmo tempo nada seria mais humilhante que aquilo.


Talvez fosse minha culpa. Eu sempre soube que não era boa o bastante para ele e agora eu sabia a verdade.


Não era por mim, era uma dívida que ele tinha com meus pais.


Eu nunca importei pra ele.

 

 

Você tem
Algum tipo de mágica
Hipnótica
Você está me deixando sem ar
Eu odeio isso
Você não é aquele em quem acredito
Bem, Deus é minha testemunha

 

 

Kaname se levantou, seus gestos suaves e elegantes enquanto abotoava a camisa novamente. Apesar da raiva que eu sentia, era impossível não me sentir atraída por cada movimento seu.


Porque mesmo que não tenha significado nada pra ele, eu o amava.


Mais do que tudo.


E eu me odeio por isso.


Simplesmente porque eu tenho certeza de que a metade de mim queria se jogar aos pés dele e implorar que esquecesse tudo. Que nós continuassemos juntos e que eu não me importava com mais nada.


Não... Eu não podia me sentir assim! Eu sabia a verdade, aquele que eu amava não existia.


Então, quem era ele?


Mais rápido que eu poderia prever, ele se agachou na minha frente.


Quando eu caí?


Só sei que agora eu estava encostada na parede, encarando aqueles lindos olhos castanho-avermelhado me encarando de um jeito que eu não entendia.


No fim, eu nunca o entendi. Só conseguia ver aquilo que ele me amostrava.


Isso era doloroso. Porque ele me entendia como ninguém no mundo.


- Yuuki. - fiz um movimento com a mão para ele se calar. Não queria escutar aquela voz que me fazia querer me jogar em seus braços e pedir para fazer a dor passar.


Porque ele não faria mais isso, eu tinha que crescer e resolver meus problemas por mim mesma.


- Só... - engoli seco, ainda era difícil dizer. - Só vá embora. - solucei. - Por favor, vá embora.


Ele não protestou, levantando-se suavemente e fechando a porta atrás de si.


Como isso foi acontecer? O que o fez mudar de idéia? Porque me contar agora?


Oh, acho que eu entendia. Nós iriamos sair de casa e, estando fora, eu seria um estorvo pra ele se tivesse que continuar me protegendo para nossos... Não, meus pais.


- Você não é meu irmão. - sussurrei para a parede à minha frente como se isso fosse fazer as palavras entrarem na minha cabeça.


Apoiei minha testa em meus joelhos, abraçando minhas pernas o mais apertado que eu podia.

 

 

Não sei o que eu quero
Mas eu sei que não é você.
Continue me puxando
e arrastando pra baixo
Mas no meu coração eu sei
Que não é você
Eu sabia,
Sei que no meu coração
não é você.
Eu sei,
Mas agora eu sei
O que eu quero.
Eu quero...
Oh, não
Eu nunca deveria
ter pensado em você.

 

 

Kuran Juuri

 

Abri a porta do quarto do meu bebê e a encontrei dormindo encolhida junto à parede, onde Kaname disse que ela se encontrava quando a deixou sozinha.


Meus olhos se encheram de lágrimas ao ver a dor em seu pequeno e delicado rosto. Porque alguém tão nova tinha que passar por essas coisas?


Peguei-a no colo com cuidado, depositando-a na sua cama. Acariciei seus longos cabelos castanhos com carinho, pedindo silenciosamente que toda a sua dor sumisse.


A porta se abriu novamente, me virei para Haruka que entrava junto com Kaname. Meu marido me deu um olhar meio frenético, preocupado com o estado da nossa filha. Dei-lhe um pequeno sorriso tranquilizador.


Kaname se ajoelhou na beirada da cama, pegando algo que chamou sua atenção.

 

Meus olhos se arregalaram ao ver a aliança de compromisso que ele havia dado à ela no seu aniversário de 6 anos.


E, então, pela primeira vez na minha vida, eu vi Kuran Kaname chorar.


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Notas finais do capítulo

Cara, quando eu li esse capítulo (depois de pronto), fiquei meio chocada com a depressão nele!

Quer dizer, eu estava super chateada com o lance do Kaname mas não achei que fosse tanto.

Mesmo assim, espero que gostem!

Enjoy!