Baile de Halloween escrita por alsakura
Acordei cedo no sábado de manhã, tomei um banho quente tentando não pensar no que acontecera na tarde anterior e fui para o Salão Comunal tomar café. Fiquei levemente surpresa ao notar tanta gente no salão àquela hora. Era cedo e o relógio não havia batido sete horas. Foi então que entendi. Era sábado e dia de visita ao pequeno povoado bruxo de Hogsmead. Estava explicado o motivo de tanta gente acordada tão cedo.
Gina e Harry já estavam à mesa da Grifinória, um ao lado do outro. Sentei-me de frente para eles e desejei:
– Bom dia.
– Bom dia - responderam em coro.
– Cadê o Rony? – perguntei olhando ao longo da mesa.
– Ainda não levantou. Disse que não ia para Hogsmead se fosse para ficar segurando vela – respondeu Harry.
– Segurando vela? – perguntei sem entender.
– É. Para a Gina e para mim. A verdade é que ele ainda não aceita muito bem o fato de que estamos juntos.
– Sim, isso eu entendi. Mas e eu? Não sou ninguém? – argumentei, indignada.
– Foi exatamente o que eu disse para ele! Mas ele disse que ainda está te achando louca pelo que aconteceu ontem no café da manhã.
– Meu Merlin, mas aquilo foi só uma brincadeira! Eu não queria contar o que estava escrito na carta! Você entendeu isso e se calou, mas ele insistiu. A culpa não foi minha.
– Eu sei, Hermione. Mas quem entende o Rony?
– É, você está certo. Mas agora quem vai ficar sozinha sou eu! – retruquei.
Eles se entreolharam e Gina tomou a palavra:
– Bom, você fica com a gente, é claro.
– Não, eu também não quero segurar vela. E depois disso, hoje é um dia para vocês aproveitarem juntos, sem ninguém para perturbar.
– Obrigada pela consideração, Hermione. Mas o que você vai fazer, então?
– Perturbar o Rony até ele mudar de ideia, é claro.
Eu e Gina começamos a rir, mas Harry nos censurou:
– Acredito que isso não vá ser tão fácil. Ele estava com um péssimo humor quando fui falar com ele hoje de manhã.
Paramos de rir instantaneamente.
– Gina, me desculpa, mas o seu irmão é uma pessoa totalmente imprevisível – eu disse.
– Tudo bem, Hermione. Eu sei disso.
– Bom, vou tentar a sorte grande – disse me levantando.
– Boa sorte – me desejaram em coro.
– Acho que vou precisar.
Saí do Salão Principal e fui correndo até o Salão Comunal da Grifinória. Este estava vazio e segui meu caminho até o dormitório masculino. Abri a porta devagar e constatei que só Rony ainda o ocupava. Entrei cautelosa e silenciosamente e fechei a porta por trás de mim. Fui até a cama de Rony e me ajoelhei ao seu lado.
– Rony! – berrei em seu ouvido.
Ele caiu pelo outro lado da cama e se apoiou no cotovelo para me olhar.
– O que foi isso, Hermione? – ele perguntou, nervoso. – Aconteceu alguma coisa?
– Aconteceu – eu disfarcei minha voz, para que essa parecesse amedrontada.
– O que foi?
Ele se levantou e se sentou ao meu lado.
– Como assim você não vai para Hogsmead? Vai me deixar sozinha? – questionei-o
– O que? Você fez todo esse estardalhaço porque eu não vou para Hogsmead? – ele perguntou irritado.
– É claro!
– Isso não vai me fazer mudar de ideia. Eu ainda não vou, Hermione – ele se acalmou.
– Por favor – implorei, unindo as mãos como quem reza.
– Não, Hermione. Nem adianta insistir – ele cruzou os braços, e isso era sinal de jogo perdido.
Desisti. Peguei o travesseiro e bati no braço do Rony com ele.
– Chato! – desisti e deixei o dormitório.
Fui para o Salão Comunal, onde Harry e Gina estavam sentados nas poltronas em frente à lareira.
– Deu sorte? – perguntou Harry quando me viu.
– Não – respondi.
Cruzei os braços e sentei em um sofazinho ao lado das poltronas.
– Bom, nós estávamos te esperando. Afinal, você vai ou não? – perguntou Gina.
– Não. Realmente não quero atrapalhar vocês e também não quero ficar sozinha.
– Tudo bem. Bom, nós já vamos indo, então.
– Tchau, vejo vocês mais tarde.
– Tchau – responderam em coro.
Eles se levantaram e saíram pelo buraco do retrato. Suspirei e fui até o dormitório feminino. Abri meu malão e peguei o livro de Transfiguração. Saí do Salão Comunal e andei pelos corredores quase vazios do castelo. Saí do mesmo e fui até a orla da Floresta Proibida onde, no dia anterior, havia me encontrado com Malfoy.
Sentei encostada em uma velha árvore gorda e abri o livro em um capítulo aleatório. Quando estava absorta na matéria, senti uma voz sussurrar em meu ouvido:
– Também não foi à Hogsmead, Granger?
Me assustei, mas não precisei me virar para ver quem era. A voz calma e aveludada o entregou.
– O que você quer, Malfoy? – perguntei com os olhos fixos no livro.
– Conversar – ele se sentou ao meu lado.
– Você tem dez minutos – fechei o livro, apoiei-o na grama e me virei para encará-lo.
– Sobre o que aconteceu ontem...
– Se esse for o assunto, seu tempo acabou – cortei-o.
– Eu sei que já tivemos nossas discórdias, mas o tempo passou. Eu cresci e amadureci. Não sou mais aquele garotinho idiota que vive brigando com uns e desrespeitando outros. Admita que eu mudei.
Era verdade. Ele realmente tinha mudado. Já não era mais comum vê-lo brigando, ou chamando alguém de sangue-ruim.
– Mesmo que eu admitisse que você mudou, isso não mudaria as coisas entre nós – afirmei.
– Não, mas seria meio caminho andado.
– Tudo bem, eu admito que você mudou. Mas como eu disse, isso não muda as coisas entre nós.
– O próximo passo é admitir que está apaixonada por mim – ele disse com um tom de certeza.
– O que? Alguma vez eu já dei sinal de que estava apaixonada por você? – perguntei, indignada, me levantando.
Ele se levantou também e ficou de frente para mim.
– Um homem sabe quando um beijo é correspondido.
– Eu não estou apaixonada por você, Malfoy!
– Prova.
– Como? – cruzei os braços.
– Me beija – ele deu um sorriso maroto.
Descruzei os braços, dei um passo na direção dele e toquei os lábios dele com os meus suavemente. Durou menos de cinco segundos, até que me separei dele, peguei meu livro na grama e perguntei:
– Satisfeito?
Me virei para sair dali, mas ele segurou meu braço e me virou para ele. Com a mão livre, pegou meu livro e colocou-o de volta na grama. Aproximou-se mais de mim, a boca perigosamente perto da minha.
– Ainda não – ele respondeu.
Tocou meus lábios com os seus e, depois de alguns segundos, soltou meu braço. Minha parte consciente dizia para que eu me afastasse imediatamente. Mas a inconsciente dizia para que cedesse e correspondesse. Não tive tempo para pensar. Minhas mãos seguiram instintivamente até o pescoço dele e meus dedos se entrelaçaram ao seu cabelo. As mão dele seguiram pelas minhas costas e o beijo se intensificou.
Era um beijo calmo, carinhoso e delicado. Nos deliciávamos a cada segundo. Não sei quanto tempo ficamos ali, mas só nos separamos quando o ar faltou. Nos encaramos em silêncio, mas ele foi o primeiro a quebrá-lo.
– Agora me diga, olhando nos meus olhos, que não está apaixonada por mim e eu não insisto.
Abri a boca, mas tornei a fechá-la. Abri-a de novo, mas nada saiu. Suspirei.
– Não posso dizer isso – foi tudo que consegui falar.
– Foi o que pensei – ele segurou minha mão e se aproximou novamente de mim.
Sua outra mão subiu pelo meu ombro e parou no meu pescoço. Ele aproximou seu rosto do meu, sem tirar os olhos dos meus, um segundo sequer. Nos beijamos novamente e dessa vez ignorei minha parte consciente.
Quando nos separamos, eu precisava admitir. Não só para mim mesma, mas para ele também. Repassei a conversa que tive com Gina dias atrás e isso me deu certeza do que fazer.
– Talvez eu esteja sim, apaixonada por você. Mas você sabe o que aconteceria se ficássemos juntos – fiz uma pausa dramática. – Seríamos julgados por todos.
– A menos que ninguém soubesse – ele disse.
Pensei por um instante e concordei:
– A menos que ninguém soubesse.
Nos fitamos e ele segurou minhas mãos.
– Quer namorar comigo sem que ninguém saiba, Hermione? – perguntou.
– Quero – admiti.
Ele deu um sorriso sincero e nos beijamos.
Ficamos na floresta até a hora do almoço, quando entramos um de cada vez no castelo, para que ninguém notasse nada. Almoçamos no salão quase vazio, evitando trocar olhares. Rony foi falar comigo durante o almoço e resolvemos fazer os deveres depois desse. Passamos a tarde inteira no Salão Comunal, mas meus pensamentos estavam bem longe dali. Por volta das cinco horas, os alunos começaram a voltar de Hogsmead. E com estes, Harry e Gina. Ficamos os quatro sentados no Salão Comunal, conversando até de noite. Depois do jantar, chamei Gina até o dormitório e contei tudo o que acontecera.
– Nossa! Vocês dois são o casal mais improvável de toda a Hogwarts – ela disse, sem esconder a surpresa, quando terminei.
– Por Merlin, Gina. Você não pode contar isso a ninguém! Nem para o Harry. Ou melhor, muito menos para o Harry – eu disse.
– Tudo bem, não se preocupe.
Voltamos para o Salão Comunal e nos sentamos novamente com os meninos. Voltamos a conversar, como se não tivéssemos parado. A noite passou calma, mas minha mente vagava longe.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Espero que estejam gostando, leitores. Adorei escrever esse capítulo, em especial. Reviews, por favor. Preciso deles porque estou louca para postar mais! Obrigada por lerem.