Baile de Halloween escrita por alsakura


Capítulo 6
Capítulo VI




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Acordei cedo no sábado de manhã, tomei um banho quente tentando não pensar no que acontecera na tarde anterior e fui para o Salão Comunal tomar café. Fiquei levemente surpresa ao notar tanta gente no salão àquela hora. Era cedo e o relógio não havia batido sete horas. Foi então que entendi. Era sábado e dia de visita ao pequeno povoado bruxo de Hogsmead. Estava explicado o motivo de tanta gente acordada tão cedo.

Gina e Harry já estavam à mesa da Grifinória, um ao lado do outro. Sentei-me de frente para eles e desejei:

– Bom dia.

– Bom dia - responderam em coro.

– Cadê o Rony? – perguntei olhando ao longo da mesa.

– Ainda não levantou. Disse que não ia para Hogsmead se fosse para ficar segurando vela – respondeu Harry.

– Segurando vela? – perguntei sem entender.

– É. Para a Gina e para mim. A verdade é que ele ainda não aceita muito bem o fato de que estamos juntos.

– Sim, isso eu entendi. Mas e eu? Não sou ninguém? – argumentei, indignada.

– Foi exatamente o que eu disse para ele! Mas ele disse que ainda está te achando louca pelo que aconteceu ontem no café da manhã.

– Meu Merlin, mas aquilo foi só uma brincadeira! Eu não queria contar o que estava escrito na carta! Você entendeu isso e se calou, mas ele insistiu. A culpa não foi minha.

– Eu sei, Hermione. Mas quem entende o Rony?

– É, você está certo. Mas agora quem vai ficar sozinha sou eu! – retruquei.

Eles se entreolharam e Gina tomou a palavra:

– Bom, você fica com a gente, é claro.

– Não, eu também não quero segurar vela. E depois disso, hoje é um dia para vocês aproveitarem juntos, sem ninguém para perturbar.

– Obrigada pela consideração, Hermione. Mas o que você vai fazer, então?

– Perturbar o Rony até ele mudar de ideia, é claro.

Eu e Gina começamos a rir, mas Harry nos censurou:

– Acredito que isso não vá ser tão fácil. Ele estava com um péssimo humor quando fui falar com ele hoje de manhã.

Paramos de rir instantaneamente.

– Gina, me desculpa, mas o seu irmão é uma pessoa totalmente imprevisível – eu disse.

– Tudo bem, Hermione. Eu sei disso.

– Bom, vou tentar a sorte grande – disse me levantando.

– Boa sorte – me desejaram em coro.

– Acho que vou precisar.

Saí do Salão Principal e fui correndo até o Salão Comunal da Grifinória. Este estava vazio e segui meu caminho até o dormitório masculino. Abri a porta devagar e constatei que só Rony ainda o ocupava. Entrei cautelosa e silenciosamente e fechei a porta por trás de mim. Fui até a cama de Rony e me ajoelhei ao seu lado.

– Rony! – berrei em seu ouvido.

Ele caiu pelo outro lado da cama e se apoiou no cotovelo para me olhar.

– O que foi isso, Hermione? – ele perguntou, nervoso. – Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu – eu disfarcei minha voz, para que essa parecesse amedrontada.

– O que foi?

Ele se levantou e se sentou ao meu lado.

– Como assim você não vai para Hogsmead? Vai me deixar sozinha? – questionei-o

– O que? Você fez todo esse estardalhaço porque eu não vou para Hogsmead? – ele perguntou irritado.

– É claro!

– Isso não vai me fazer mudar de ideia. Eu ainda não vou, Hermione – ele se acalmou.

– Por favor – implorei, unindo as mãos como quem reza.

– Não, Hermione. Nem adianta insistir – ele cruzou os braços, e isso era sinal de jogo perdido.

Desisti. Peguei o travesseiro e bati no braço do Rony com ele.

– Chato! – desisti e deixei o dormitório.

Fui para o Salão Comunal, onde Harry e Gina estavam sentados nas poltronas em frente à lareira.

– Deu sorte? – perguntou Harry quando me viu.

– Não – respondi.

Cruzei os braços e sentei em um sofazinho ao lado das poltronas.

– Bom, nós estávamos te esperando. Afinal, você vai ou não? – perguntou Gina.

– Não. Realmente não quero atrapalhar vocês e também não quero ficar sozinha.

– Tudo bem. Bom, nós já vamos indo, então.

– Tchau, vejo vocês mais tarde.

– Tchau – responderam em coro.

Eles se levantaram e saíram pelo buraco do retrato. Suspirei e fui até o dormitório feminino. Abri meu malão e peguei o livro de Transfiguração. Saí do Salão Comunal e andei pelos corredores quase vazios do castelo. Saí do mesmo e fui até a orla da Floresta Proibida onde, no dia anterior, havia me encontrado com Malfoy.

Sentei encostada em uma velha árvore gorda e abri o livro em um capítulo aleatório. Quando estava absorta na matéria, senti uma voz sussurrar em meu ouvido:

– Também não foi à Hogsmead, Granger?

Me assustei, mas não precisei me virar para ver quem era. A voz calma e aveludada o entregou.

– O que você quer, Malfoy? – perguntei com os olhos fixos no livro.

– Conversar – ele se sentou ao meu lado.

– Você tem dez minutos – fechei o livro, apoiei-o na grama e me virei para encará-lo.

– Sobre o que aconteceu ontem...

– Se esse for o assunto, seu tempo acabou – cortei-o.

– Eu sei que já tivemos nossas discórdias, mas o tempo passou. Eu cresci e amadureci. Não sou mais aquele garotinho idiota que vive brigando com uns e desrespeitando outros. Admita que eu mudei.

Era verdade. Ele realmente tinha mudado. Já não era mais comum vê-lo brigando, ou chamando alguém de sangue-ruim.

– Mesmo que eu admitisse que você mudou, isso não mudaria as coisas entre nós – afirmei.

– Não, mas seria meio caminho andado.

– Tudo bem, eu admito que você mudou. Mas como eu disse, isso não muda as coisas entre nós.

– O próximo passo é admitir que está apaixonada por mim – ele disse com um tom de certeza.

– O que? Alguma vez eu já dei sinal de que estava apaixonada por você? – perguntei, indignada, me levantando.

Ele se levantou também e ficou de frente para mim.

– Um homem sabe quando um beijo é correspondido.

– Eu não estou apaixonada por você, Malfoy!

– Prova.

– Como? – cruzei os braços.

– Me beija – ele deu um sorriso maroto.

Descruzei os braços, dei um passo na direção dele e toquei os lábios dele com os meus suavemente. Durou menos de cinco segundos, até que me separei dele, peguei meu livro na grama e perguntei:

– Satisfeito?

Me virei para sair dali, mas ele segurou meu braço e me virou para ele. Com a mão livre, pegou meu livro e colocou-o de volta na grama. Aproximou-se mais de mim, a boca perigosamente perto da minha.

– Ainda não – ele respondeu.

Tocou meus lábios com os seus e, depois de alguns segundos, soltou meu braço. Minha parte consciente dizia para que eu me afastasse imediatamente. Mas a inconsciente dizia para que cedesse e correspondesse. Não tive tempo para pensar. Minhas mãos seguiram instintivamente até o pescoço dele e meus dedos se entrelaçaram ao seu cabelo. As mão dele seguiram pelas minhas costas e o beijo se intensificou.

Era um beijo calmo, carinhoso e delicado. Nos deliciávamos a cada segundo. Não sei quanto tempo ficamos ali, mas só nos separamos quando o ar faltou. Nos encaramos em silêncio, mas ele foi o primeiro a quebrá-lo.

– Agora me diga, olhando nos meus olhos, que não está apaixonada por mim e eu não insisto.

Abri a boca, mas tornei a fechá-la. Abri-a de novo, mas nada saiu. Suspirei.

– Não posso dizer isso – foi tudo que consegui falar.

– Foi o que pensei – ele segurou minha mão e se aproximou novamente de mim.

Sua outra mão subiu pelo meu ombro e parou no meu pescoço. Ele aproximou seu rosto do meu, sem tirar os olhos dos meus, um segundo sequer. Nos beijamos novamente e dessa vez ignorei minha parte consciente.

Quando nos separamos, eu precisava admitir. Não só para mim mesma, mas para ele também. Repassei a conversa que tive com Gina dias atrás e isso me deu certeza do que fazer.

– Talvez eu esteja sim, apaixonada por você. Mas você sabe o que aconteceria se ficássemos juntos – fiz uma pausa dramática. – Seríamos julgados por todos.

– A menos que ninguém soubesse – ele disse.

Pensei por um instante e concordei:

– A menos que ninguém soubesse.

Nos fitamos e ele segurou minhas mãos.

– Quer namorar comigo sem que ninguém saiba, Hermione? – perguntou.

– Quero – admiti.

Ele deu um sorriso sincero e nos beijamos.

Ficamos na floresta até a hora do almoço, quando entramos um de cada vez no castelo, para que ninguém notasse nada. Almoçamos no salão quase vazio, evitando trocar olhares. Rony foi falar comigo durante o almoço e resolvemos fazer os deveres depois desse. Passamos a tarde inteira no Salão Comunal, mas meus pensamentos estavam bem longe dali. Por volta das cinco horas, os alunos começaram a voltar de Hogsmead. E com estes, Harry e Gina. Ficamos os quatro sentados no Salão Comunal, conversando até de noite. Depois do jantar, chamei Gina até o dormitório e contei tudo o que acontecera.

– Nossa! Vocês dois são o casal mais improvável de toda a Hogwarts – ela disse, sem esconder a surpresa, quando terminei.

– Por Merlin, Gina. Você não pode contar isso a ninguém! Nem para o Harry. Ou melhor, muito menos para o Harry – eu disse.

– Tudo bem, não se preocupe.

Voltamos para o Salão Comunal e nos sentamos novamente com os meninos. Voltamos a conversar, como se não tivéssemos parado. A noite passou calma, mas minha mente vagava longe.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando, leitores. Adorei escrever esse capítulo, em especial. Reviews, por favor. Preciso deles porque estou louca para postar mais! Obrigada por lerem.