Pase lo que pase - VONDY escrita por beanunees
P.O.V DULCE MARIA
Um mês transcorreu desde aquele jantar, e ainda não consigo afastar os pensamentos sobre como me senti ao beijar Christopher. Sim, fui eu quem tomou a iniciativa, e isso me atormenta, pois a culpa me consome a ponto de me fazer perder o equilíbrio.
Me sinto culpada? Sim.
Me arrependo? De forma alguma.
Naquele instante, uma chama foi acesa dentro de mim, e quando ele expressou seus sentimentos, o beijo pareceu ser a única coisa certa a se fazer. Quando nossos lábios se encontraram, o mundo ao nosso redor silenciou; eu não ouvia nada além das batidas aceleradas do meu coração, prestes a explodir. O toque dele incendiava minha pele, e eu me sentia como um vulcão em erupção. Christopher, por sua vez, não faz ideia do efeito que exerce sobre mim, o que torna tudo isso extremamente perigoso para nós dois.
Questionei-me inúmeras vezes sobre o que deveria fazer: renunciar ao meu casamento, à minha família, e arriscar tudo por ele? Não que isso fosse uma escolha indesejável; na verdade, era algo que sempre almejei—ter uma família ao lado de Christopher.
No entanto, como enfrentaríamos a mídia mexicana ao descobrirem nosso possível relacionamento? Eles já nos atormentaram no passado, e, se suspeitarem de um vínculo entre nós, nossa vida se transformará em um caos perpétuo. Minha maior preocupação, contudo, continua sendo Maria Paula. Como ela reagiria ao divórcio e ao distanciamento do pai?
Minha mente estava prestes a explodir com todos esses pensamentos, e eu já não suportava mais o modo como minha própria consciência me torturava.
— Meu amor, o que acha de viajarmos no fim de semana para escaparmos do caos da capital? Podemos ir para o interior — sugere Paco, deitando-se ao meu lado e selando a proposta com um beijo suave.
— Pode ser, querido. Acredito que Mapi adoraria estar em contato com a natureza.
Paco vinha chegando cada vez mais tarde do estúdio e, ao chegar, dirigia-se imediatamente ao banho. Eu gostaria de pensar que isso era apenas fruto da minha paranoia, especialmente após o que fiz, mas estava exausta demais para refletir sobre o assunto.
— Está tudo bem, meu amor? — ele pergunta, enquanto me puxa para aninhar-me em seu peito e começa a acariciar meus cabelos.
— Sim, só estou cansada. Tive várias reuniões hoje. Ariel está decidido a me tirar da aposentadoria a qualquer custo. Ele se manteve muito ocupado enquanto estávamos de férias, e agora estamos ajustando a agenda com tudo o que parece interessante para minha carreira. Terei muito trabalho nos próximos meses.
— Nem me fale em trabalho. Estamos na fase final do filme, e estou enlouquecendo com a quantidade de tarefas que tenho.
— Tenho certeza de que o resultado será perfeito; você é um diretor incrível.
— Você é que é incrível. Eu te amo.
— Também te amo — respondo, por fim.
Ele se vira, acomodando-se em seu lado da cama, apaga a luz do abajur e, em poucos minutos, já está completamente adormecido. Eu, no entanto, permaneço acordada, pois minha mente se recusa a desligar.
Depois de meia hora se revirando na cama, pego meu telefone, saio do quarto e entro no de Mapi. Ela é tão preciosa, tão perfeita que ainda me custa acreditar que dei à luz uma criança tão perfeita e tão parecida comigo. Deito-me ao seu lado, pego meu telefone e envio uma mensagem para Christopher.
"Você pode falar?"
"Claro que sim, está tudo bem?"
"Se eu te disser que não consigo parar de pensar no nosso beijo, você me julgaria?"
"Jamais te julgaria. A não ser pelo seu péssimo gosto na escolha de um marido. Mas, quanto ao beijo, só posso concordar: também não consigo tirá-lo da cabeça."
"Você não muda, Chris. Minha mente tem me torturado tanto neste último mês. Imagine o caos que a imprensa mexicana faria em nossas vidas se voltássemos a namorar."
"Eles já nos perturbam por muito menos; um relacionamento seria apenas mais um motivo."
"A possibilidade de pedir o divórcio não me incomoda tanto; o que me preocupa é como Mapi lidaria com tudo isso. Ela é tão pequena, e eu não suportaria vê-la sofrer por causa dessa situação."
"Eu entendo, mas não quero que pense nisso agora. Eu te disse que te esperaria, e farei isso, leve o tempo que for necessário."
"Obrigada por tudo, Chris. Eu te amo."
"Eu também te amo, Dul."
Bloqueio o telefone e me aconchego ao lado da minha princesa. Não demoro a adormecer, pois o cheiro dela é como um sonífero para mim, e, sem perceber, adormeço enquanto acaricio sua cabeça.
— Acorde, mamãe, acorde — diz Mapi, pulando na cama.
— Bom dia, querida. Dormiu bem, princesa? — pergunto, enquanto a abraço e a cubro de beijos.
— Sim, mamãe. Vamos tomar café da manhã?
— Claro, meu amor.
Levantamos da cama e fomos para a cozinha, seguindo a nossa rotina diária de mãe e filha, que, sem dúvida, é o ponto alto do meu dia. Eu adoro ser mãe, adoro ser mãe da Maria Paula. Ela sempre será a razão da minha felicidade.
Fomos para o interior, conforme sugerido por Paco, e o final de semana foi maravilhoso. Mapi aproveitou tanto quanto nós. Visitamos uma fazenda, onde ela andou a cavalo, tomou banho de cachoeira, alimentou alguns animais tão fofos quanto ela mesma e ficou bastante chateada ao saber que não poderíamos ter uma cabra em casa.
Ao retornarmos para casa, encontrei um jarro com um enorme buquê das minhas flores favoritas. Isso era relativamente estranho, pois Paco não sabia qual era o meu tipo preferido de flores; ele costumava me presentear apenas com rosas vermelhas. Decidi não procurar um cartão para evitar complicações caso ele perguntasse, mas, durante a madrugada, quando desci para beber água, encontrei um cartão escondido sob o jarro. Abri-o e, ao ler a mensagem, quase não acreditei no que estava escrito:
"Pase lo que pase, siempre estaré aquí para ti.
Te amo con todo mi corazón
Con amor, tu Chris"
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