Pase lo que pase - VONDY escrita por beanunees
P.O.V DULCE MARIA
Desde que Paco se mudou para o quarto de hóspedes, nossa convivência tem sido um pouco mais tranquila. Ele, de fato, diminuiu o ritmo no trabalho, ficando mais presente em casa com a Mapi e seus outros filhos. Talvez ele acreditasse que isso poderia salvar o nosso casamento, mas eu já havia conversado com a minha advogada. Estávamos buscando a melhor maneira de seguir em frente sem causar tanto estrago, ao menos tentando diminuir o impacto do que já estava feito.
Eu agradecia todos os dias por minha princesa não ter tido mais aquelas febres. Ela tinha o pai de volta, e isso a fazia feliz. No entanto, eu sabia que não podia mais continuar adiando o inadiável. Já havia passado um mês desde que fui ao apartamento em La Condesa e conversei com o Christopher. E, embora ele tenha me dito que esperaria o tempo que fosse, eu não podia me permitir fazer com que ele pausasse sua vida por minha causa.
Apesar de toda a turbulência na minha mente, eu não parei de trabalhar. Ariel estava sério quando disse que me tiraria da aposentadoria. Agora, mais do que nunca, eu estampava capas de revistas e trazia à tona discussões importantes sobre saúde mental. Isso havia me rendido frutos, e, para minha surpresa, eu comecei a considerar a ideia de ter meu próprio podcast, onde eu poderia abordar esses e outros temas importantes. Era uma forma de transformar todo o caos em algo produtivo.
Neste fim de semana, Paco trouxe os filhos dele para passar o tempo com Mapi. Ver a felicidade dela enquanto brincava com a irmãzinha me arrancava um suspiro de alívio. Ela sempre foi muito apegada, e, por um momento, aquilo me deu a esperança de que, mesmo separados, poderíamos encontrar um equilíbrio. Um meio termo onde nossa filha pudesse ser feliz e onde nós pudéssemos, pelo menos, conviver em paz.
No entanto, eu sabia que esse período de trégua era temporário. Paco e eu combinamos de conversar sobre nossa situação hoje, mesmo que ele tivesse tentado adiar para a próxima semana. Eu não podia mais prolongar isso. Precisava encerrar essa história de uma vez por todas.
Eu sentia que a decisão de seguir em frente, por mais dolorosa que fosse, era o caminho certo. E, por mais que a nostalgia ainda pairasse no ar cada vez que eu pensava no que éramos no passado, agora, o foco era no futuro. Tanto o meu, quanto o de Mapi.
O fim de uma era também trazia o começo de algo novo, e eu sabia que, mesmo com todas as incertezas, estava pronta para enfrentar o que viesse a seguir.
Enquanto organizava os pensamentos, me preparei para a conversa inevitável com Paco. A tensão ainda pairava no ar, mas o alívio de finalmente poder colocar um ponto final naquilo me deu a força que eu precisava. Hoje, essa história terminaria, e eu poderia, finalmente, seguir meu caminho.
Depois de um longo suspiro, terminei de organizar o quarto da Mapi e desci as escadas. Paco estava na sala, distraído com o celular, enquanto as crianças brincavam no quintal. Havia uma leveza no ambiente, mas eu sabia que logo aquela calma seria substituída por algo mais denso, mais definitivo. Não havia mais volta. Caminhei até ele, tentando disfarçar o peso da situação.
— Podemos conversar agora? — perguntei, cruzando os braços, num gesto quase involuntário de proteção.
Ele levantou o olhar, meio relutante, mas concordou com um aceno.
— Claro. Acho que já adiamos o suficiente, né? — Paco guardou o celular no bolso e se levantou. Ele parecia tranquilo, talvez resignado. Sentamo-nos no sofá, e o silêncio entre nós era palpável.
— Eu vou ser direta, Paco. As coisas entre nós não têm mais conserto. Você sabe disso. Nós tentamos, fizemos o que podíamos, mas terminamos.
Ele respirou fundo, apoiando os cotovelos nos joelhos e entrelaçando os dedos.
— Eu sei... — murmurou, desviando o olhar para a janela. — Eu estava esperando que, talvez, com o tempo, as coisas melhorassem. Que a gente conseguisse encontrar um jeito de fazer isso dar certo, mas você tem razão. Não dá mais.
O peso daquelas palavras, por mais que esperadas, ainda caía com força. O fim de um casamento, mesmo que inevitável, traz consigo uma dor que nenhum de nós queria carregar.
— O que realmente importa agora é a Mapi — continuei tentando manter o foco naquilo que realmente importava. — Nós precisamos pensar nela em primeiro lugar. Fazer isso da forma mais saudável possível para ela. Eu quero que ela continue vendo o pai, como sempre foi. Não quero que a nossa separação afete essa relação, e você tem sido mais presente ultimamente, o que tem feito bem a ela. Mas eu preciso que você entenda que o que tínhamos, o que fomos, isso acabou.
Ele finalmente me encarou, os olhos pesados de cansaço e talvez arrependimento.
— Eu entendo, Dulce. Eu queria que as coisas fossem diferentes, mas sei que cometi muitos erros. Me afastei de você e da nossa filha, me deixei consumir pelo trabalho e pelas inseguranças... e quando percebi, já era tarde demais.
O silêncio que se seguiu foi cheio de significados. Não havia mais o que dizer sobre o passado. Estava feito.
— Posso perguntar algo? — ele perguntou de repente.
— Claro, estamos conversando. Pode me perguntar qualquer coisa.
— Mesmo que o motivo do nosso término não tenha sido culpa dele, você pretende tentar algo com o Christopher, não é?
Fiquei surpresa ao ouvir o assunto levantado, mas respirei fundo e respondi com sinceridade.
— Eu ainda não sei o que vai acontecer. Só posso dizer que ele esteve ao meu lado quando eu mais precisei e que nossa conexão nunca desapareceu. Mas... há muitas questões a serem resolvidas antes de tomar qualquer decisão. — Olhei para minhas mãos, tentando manter a calma.
— Se ele faz você feliz, Dulce... talvez essa seja a resposta que você precisa. Não é necessário ser um gênio para perceber que vocês têm uma história mal resolvida. Se os fãs não perderiam o tempo fazendo inúmeros vídeos atoa, eles fazem isso pois algo significativo aconteceu entre vocês. — Paco se levantou, visivelmente exausto, mas estranhamente em paz com a situação. — Eu quero o melhor para você. E se for com ele, quem sou eu para impedir? Mas antes de qualquer coisa, gostaria de te agradecer por tudo.
Aquelas palavras me pegaram de surpresa, mas de certa forma, proporcionaram um alívio. Sabíamos que o fim era inevitável, mas ouvir aquilo de Paco foi como uma permissão silenciosa, um reconhecimento de que nossas vidas seguiam por direções diferentes.
— Sou eu quem tem que te agradecer. Você tornou meu sonho realidade e me deu a Maria Paula como presente. Serei eternamente grata por isso e por tudo o que vivemos — sussurrei.
Ele acenou com um gesto simples e saiu da sala. Fiquei ali por um momento, absorvendo tudo o que acabara de acontecer. Sentia um misto de tristeza e alívio. Finalmente, o ponto final estava sendo colocado. Agora, só restava seguir em frente. O que viria a seguir era incerto, mas eu estava pronta para enfrentar o futuro.
Respiro fundo e caminho em direção ao meu escritório. Lá, entre paredes que guardavam inúmeros sinais do nosso amor, eu encontrava lembranças de um tempo que não voltaria mais. As pessoas podem não acreditar, mas eu realmente amei o Paco. Amei tanto que tivemos uma filha juntos. Contudo, alguns relacionamentos têm uma data de validade, e o nosso chegou ao fim.
Meu escritório tinha uma janela que dava para o jardim, e eu podia ver claramente o Paco brincando com as crianças, soltando bolhas de sabão. O sorriso de orelha a orelha de Mapi era uma prova incontestável do quanto ela estava se divertindo. Em meu subconsciente, eu pedia a Deus que as coisas permanecessem assim. Afinal, ela era apenas uma criança que precisava de amor e carinho.
Decidi ocupar minha mente e abri o TikTok. Depois de assistir a alguns vídeos, uma música chamada "Already Gone" apareceu e imediatamente chamou minha atenção, não apenas pela melodia, mas pela letra. Era como se o universo estivesse conspirando para que eu a ouvisse naquele momento.
"Remember all the things we wanted, now all our memories, they're haunted
We were always meant to say goodbye, even without fists held high
It never would've worked out right, we were never meant for do or die"
•••
"I didn't want us to burn out, I didn't come here to hurt you now, I can't stop"
•••
"I want you to know, that it doesn't matter where we take this road, but someone's gotta go. And I want you to know, you couldn't have loved me better, but I want you to move on. So, I'm already gone"
A letra ressoava profundamente dentro de mim, ecoando o que eu estava tentando processar. A sensação de um ciclo que se completa, a necessidade de aceitar que o melhor para ambos era seguir em frente, mesmo que isso significasse deixar tudo para trás.
Fechei os olhos por um momento, permitindo que a música preenchesse o vazio. A dor e a clareza se misturavam, mas havia uma sensação crescente de que, finalmente, eu estava aceitando o que precisava ser feito. O fim de um capítulo não precisava ser um ato de tragédia, mas uma oportunidade para novos começos. Eu me levantei, com um sentimento de determinação renovada. Estava pronta para enfrentar o futuro, para reescrever minha história, e para dar a mim mesma a chance de encontrar a felicidade que eu merecia.
Com um último olhar para o jardim, onde a alegria de Mapi e a presença de Paco eram evidentes, deixei o escritório e dei um passo em direção ao que viria a seguir, abraçando a esperança de que cada nova página seria uma oportunidade para crescer e transformar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Hi everyone, como estão?
Bem amigos, terminou... Chegou ao fim de Pacandy. Para alegria de vocês e da minha, não é mesmo?
Eu irei abortar com calma essa transição de relacionamento entre a Dul e o Ucker, não podemos colocar a carroça na frente dos bois, né?
Eu escrevi alguns capítulos enormes, pois eu me empolguei. Se vocês estão achando que eu sou uma desocupada, acertaram, pois esse semestre eu só peguei matéria on-line na faculdade.
Caso eu suma, é em prol da minha religião, mas espero deixar alguns capítulos progamados para vocês não me abandonarem.
É isso, agradeço a todos, por cada comentário e por cada voto. Vocês são tão doidas como eu hahaha.
Beijinhoooos...