O Escritor: Wizard Ressignificação escrita por Luah Nova, Ewalin, Phoenix M Marques W MWU 27
Notas iniciais do capítulo
Terceiro capítulo.
Não se esqueçam de conferir a arte referente a este capítulo.
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Arte feita no Canva
A movimentação por parte dos encantadores, também conhecidos como velocistas, seguida da agitação entre os farejadores, despertou a atenção de Gamarra, principal informante de Juliano Eros. Ela era uma mulher de pele preta com diversas e pequenas manchas escurecidas de melasma espalhadas em seu rosto, e seu corpo possui algumas escamas semelhantes às dos répteis. Seus cabelos são compostos por longas tranças, enfeitadas com pequenos ossos. Gamarra habita no universo dos Encantos, se esgueirando pelos cantos das paredes coletando informações importantes para preencher os relatórios depositados nas muitas caixas empoeiradas do cômodo úmido e mal arejado onde vive.
Tomando nota do real alvoroço que fazia com que os farejadores esquadrinhassem cada canto dos universos dominados, Gamarra escuta alguns velocistas conversarem a respeito do cheiro de tinta liberado por Emilinhas.
Úrsula Eros, após percorrer parte do universo, retorna para casa junto do seu cavalo Tempestuoso. A líder dos Encantadores grita a plenos pulmões por Gamarra que, prontamente, atende o chamado da senhora Eros.
Visivelmente atordoada com as palavras de Juliano, Úrsula ordena que Gamarra verifique em seus relatórios se existe alguma informação atual a respeito da caneta e do pequeno Agostini. Gamarra, a Víbora como gosta de ser chamada, informa que não há novidades referentes a Emilinhas e ao bebê. Induzindo Úrsula a detalhar mais, Víbora se coloca ouvinte e disposta para ajudar, fazendo com que Úrsula revelasse ter sentido o cheiro de sangue extremamente familiar ao sangue dos Agostini misturado ao cheiro de tinta.
A chegada de Juliano Eros, sendo anunciado aos urros pelos velocistas, faz com que Úrsula interrompa sua conversa com Víbora que rapidamente se retira do alcance dos olhos da escuderia senhora dos Encantados.
Os conselheiros se agrupam próximos ao herdeiro e principal conselheiro para obterem respostas convincentes, diante do burburinho exagerado, no sistema do antigo rei Philipe Eros. Juliano informa com tamanho entusiasmo que ao contrário do que muitos achavam, a morte de seu pai finalmente seria vingada com glória. Parte dos conselheiros saudavam copiosamente seu líder, outros escutavam com certo temor as palavras do príncipe.
Víbora, que após conseguir retirar de Úrsula informações preciosas, retorna para os seus aposentados, retirando de um dos seus esconderijos, uma caixa de madeira desgastada e mal cuidada. Do interior da caixa Gamarra retira alguns pedaços de papéis amassados sem valor informacional, os quais serviam apenas para despistar possíveis curiosos. No fundo da caixa existe uma tampa; uma espécie de fundo falso que esconde duas pastas que Víbora cuida de longa data.
Retirando as pastas do interior da caixa, Víbora caminha em direção a uma mesa circular, que possui em seu tampo um enorme mapa representativo dos universos, cosmos e galáxias próximos e também os universos além da fronteira do sistema dos velocistas. Com sorriso em timbre infesto, Víbora folheia calmamente as páginas de uma das pastas acomodada sobre a mesa, até encontrar um registro de nascimento contendo a impressão digital de um pequeno pezinho e uma pequena lâmina com três gotas de sangue preservada pela película de lamínula.
Víbora arranca uma de suas tranças, levando-a até a altura de sua boca, ciciando primeiro a frase: “revela-me”. Sua trança chacoalha em sua mão, transformando-se em uma cobra; depois disso Víbora a libera sobre o mapa. Em seguida, Víbora retira a lamínula de uma das gotas de sangue, arregalando o máximo um dos seus olhos até que uma pequena lágrima se formasse, caindo sobre a mostra de sangue seco. Imediatamente o sangue reage com a lágrima, e a cobra que passeia sobre a mesa toca no sangue com sua língua. Víbora, certificando-se que a pequena cobra havia experimentado o sangue da lâmina, mais uma vez, cicia a segunda frase: “leva-me”. A pequena cobra arrasta seu corpo sobre o tampo da mesa percorrendo cada centímetro de cada sistema representado no mapa, até repousar em um determinado ponto, onde morre em cinzas, sobre um universo distante que possui no centro um gigantesco astro semelhante a uma bola de fogo, com diversos planetas que giram ao seu redor. Víbora debruça seu corpo sobre o mapa, lambendo as cinzas do que antes era uma de suas tranças. Seus olhos se voltam para local indicado por sua cobra, fazendo com que Víbora sussurrasse: “Vinde a mim Agostini”.
...
A luz do sol ilumina por completo o quarto de Henry que permanece deitado em sua cama, após um rápido cochilo. Seu olhar estático observa o caminhar de uma aranha que passeia pelo teto em direção a um pequeno inseto, pousado próximo ao plafon. A anormalidade vivida na noite passada levou Henry a imaginar que a aranha pendurada liberaria sua teia descendo de ponta-cabeça, recriando a clássica cena das histórias do Spider-man, onde o estudante secundarista Peter Parker é acidentalmente picado pelo aracnídeo que o transforma em um super-herói. Henry sorri do seu pensamento infantil, enquanto aguarda inutilmente o despertador do celular tocar.
Sua mente repete sucessivas vezes os diálogos com Lia e Clarice, ao mesmo tempo em que ele insiste em contra argumentar tais pensamentos delirantes na visão dele. Girando seu pescoço em direção à escrivaninha, Henry observa com olhar duvidoso a gaveta do móvel, decidindo então se levantar da cama, retirando a chave de um dos bolsos de sua mochila. Abrindo a gaveta delicadamente para se certificar que a caneta bailarina estava no mesmo lugar o qual ele havia deixado.
Agindo como quem estivesse enlouquecido, Henry inclina seu corpo colocando seu rosto dentro do móvel, sussurrando baixinho o nome de Emilinhas. Não percebendo nenhum movimento por parte da caneta, Henry retira seu rosto, para desligar o alarme do celular que finalmente anuncia que o dia para o rapaz estava iniciando. Assim que percebe a claridade, Emilinhas prende seu clipe em um guardanapo de divulgação de uma pizzaria local, realizando um giro onde enrola todo o seu corpo no pedaço de papel. Henry fecha a gaveta, não percebendo o movimento feito pelo mágico objeto.
Tentando permanecer acordado da maneira que pode, Henry esfrega as mãos nos cabelos, notando sua aparência no vidro do monitor da televisão, pendurada na parede em cima da escrivaninha, que reflete os desgrenhados cabelos do rapaz. Sua atenção se volta para as estantes de livros, onde Henry apoia seu dedo indicador no guia de turismo, o qual na noite anterior serviu de passagem para Lia e Clarice. Por alguns segundos Henry desejou retirar o livro do lugar, mas desistiu por temer o que poderia acontecer.
Marcela bate na porta do quarto informando que aproveitaria sua companhia durante o trajeto até o estágio; Henry abre a porta para que pudesse falar melhor com a irmã:
— Bom dia! Vou me aprontar e tomar café, para sairmos.
— Henry, tá tudo bem? – Disse Marcela observando a cara mal dormida do irmão mais velho. – Você está horrível!
Sua mãe Cristina, que passava pelo corredor no momento exato que o filho deixa o quarto, realiza uma pequena parada em sua frente, reparando em suas olheiras levemente marcadas. Henry estende sua mão, empurrando com leveza o corpo da mãe para que conseguisse passar. Com passos lentos e arrastados, ele segue em direção ao banheiro:
— Está vendo, mãe? Henry assiste tanto filme de zumbi que se transformou em um.
Cristina repreende as palavras da filha apenas com o olhar, enquanto Henry levanta seu braço, cerrando o punho, esticando apenas o dedo do meio. Marcela ao ver o gesto feito pelo irmão, manifesta uma expressão de indignação, arremessando seu chinelo que bate nas costas de Henry:
— Marcela, seu irmão pode ter tido uma noite difícil. Não se lembra de como ele ficou mexido quando recebeu a caneta que pertenceu à mãe biológica dele?
— É verdade mãe, me desculpe!
— Controle suas palavras e principalmente suas piadinhas.
— Não foi minha intenção.
— Depois quer chamar a atenção do seu pai dizendo que ele não sabe falar. – Cristina dá de costas para Marcela durante a comparação feita entre a filha e o esposo.
Após o café da manhã, os irmãos Medeiros seguem para a parada de ônibus. Mônica telefona para o celular de Henry avisando que devido à ocorrência de uma pequena colisão entre dois carros e uma moto, o trânsito em direção à universidade estava complicado. Henry agradece a gentileza, dizendo que gostaria de conversar com a moça, que concorda, aproveitando para explicar que devido à falta de um dos professores, ela estaria com os dois primeiros tempos de aula disponíveis. O rapaz agradece, encerrando a ligação. Uma notificação do Whatsapp na tela indica o recebimento de novas mensagens. Ao abrir o aplicativo Henry visualiza as várias mensagens, em especial uma enviada por sua mãe, contendo os detalhes acerca do sepultamento de Isadora. Em seguida Henry solicita um carro por aplicativo, informando sua irmã a respeito do acidente que dificultava o trânsito em uma das principais avenidas da capital.
Minutos depois, os irmãos embarcam em um carro, onde conversam alguns assuntos soltos com o motorista que escuta uma estação de rádio de cunho informativo, destacando em um dos boletins, detalhes do acidente mencionado por Mônica minutos antes, o qual vitimou um dos condutores envolvidos.
Henry desembarca juntamente com Marcela, deixando-a na entrada do prédio onde realiza seu estágio em Arquitetura. Enquanto observa os passos da irmã que se afasta, ele se lembra com o olhar de carinho o dia em que aquela menina, hoje uma bela mulher, entrou em sua vida depois de um longo processo de adoção enfrentado por seus pais.
Seguindo em frente rumo ao campus da Universidade, ele encontra pelo caminho alguns colegas da graduação. Ricardo, seu colega mais antigo de curso, o qual Henry adquiriu tamanho orgulho e admiração principalmente pelo fato de o colega, assumidamente homossexual e morador de um dos locais mais desamparados do Estado, vencer os preconceitos de determinados grupos de alunos e alguns professores, se tornando então o aluno mais novo a conquistar uma vaga em assistência médica em um dos hospitais mais renomados do Brasil.
A amizade honesta entre eles permite espaço para “piadas” e leves brincadeiras, fazendo com que Ricardo não perdesse a oportunidade de caçoar da aparência do amigo:
— Ainda bem que não temos aula no laboratório de necropsia. Você seria facilmente dissecado para estudarmos.
Antônio, que integra o quadros dos alunos mais antigos do curso, possui grandes chances de ser jubilado por estar quase alcançando o período máximo de permanência permitido pelo Ministério da Educação, e faz piadas com o amigo calouro:
— Nem eu que vivo nas festas promovidas pelos estudantes de diversos cursos, chego tão amassado na faculdade. Viva o álcool!
Lorraine, a única mulher do grupo, ingressou na universidade no mesmo ano que Henry, se sente um pouco sem graça com a situação, tentando amenizar as brincadeiras dos colegas:
— O seu desafio, Antônio, não é chegar, mas sim sair da Universidade. Você deveria pedir transferência para o curso de cervejalogia ou chopadologia.
Os amigos riem das indicações profissionais ditas por Lorraine, enquanto Antônio concorda, afirmando que se os cursos fossem realmente criados pelo Ministério, seriam dos mais concorridos das instituições de ensino superior. Lorraine balança sua cabeça negativamente, expressando outra opinião que justificasse a aparência do amigo:
— Eu acho que Henry está com esse rostinho cansado por ter iniciado os estudos, para conquistar uma das vagas em assistência médica. – Henry sorri para amiga, envolvendo um de seus braços no ombro da menina para que pudessem caminhar juntos.
Os quatro amigos caminham pelas ruas, chegando finalmente na universidade. Henry se lembra das palavras de Mônica, e verifica seu relógio; despedindo-se temporariamente dos amigos, seguindo então em direção ao prédio onde fica localizado a escola de psicologia. Após passar por algumas salas, Henry avista Mônica que conversava com um vários colegas de classe. A moça dos olhos mel, que possui o cabelo no estilo arrumado desarrumado, recebe Henry com um sorriso farto, enquanto realiza um pequena corrida em sua direção, abraçando-o:
— Chegou até rápido pelo tempo que nos falamos.
— Eu dividi uma corrida de Uber com minha irmã.
— O pessoal tá avisando nos grupos que o trânsito pela principal tá complicado ainda... Me conta as novidades!
— Eu estou um pouco atrasado para aula, passei somente para te ver ainda que rápido.
Mônica sorri, pedindo para que Henry falasse um pouquinho como quem fizesse um resumo. Henry desliza suas mãos pelas alças da mochila que está nas suas costas, torcendo levemente os lábios:
— Nem sei por onde começar.
— Faz um resumão. – Mônica corta as palavras do amigo.
— Bom! Soubemos ontem que a esposa do nosso primo faleceu durante uma tentativa de assalto.
— Meus pêsames. - Responde Mônica levando sua mão na altura do peito do rapaz.
— Minha mãe avisou o horário do enterro, eu vou falar com o professor que não ficarei até o final da aula para consegui ir ao cemitério. Paulo é um primo muito próximo e querido, eu quero demonstrar apoio a ele nesse momento.
— Eu irei com você. Não te deixarei sozinho.
— Depois do jantar minha mãe me entregou a caneta que foi deixada comigo no orfanato São Miguel. Aconteceram tantas coisas depois que é até complicado explicar.
— Assista sua aula. Depois conversamos, conversamos no seu tempo. – Aconselha Mônica, diante da expressão abatida do amigo.
Mônica e Henry se abraçam por tempo suficiente para que o rapaz pudesse sentir o cheiro suave do hidratante perfumando a pele da futura psicóloga de cabelos rebeldes. Antes de se despedirem, eles combinam de se encontrarem em frente à lanchonete, de onde seguiriam para o velório de Isadora.
....
Henry telefona para Mônica, encontrando a moça que o aguarda com duas sacolas de lanche nas mãos. Os dois partem em direção ao estacionamento onde Mônica havia deixado seu carro. Os lanches chegam em boa hora; Henry estava tão faminto que não expressa uma palavra enquanto a amiga dirige rumo ao cemitério da cidade.
No trajeto, Mônica questiona Henry sobre alguns acontecimentos que ele já havia resumido. O rapaz sorri, respirando tão profundamente e deixando a moça encucada:
— Eu tive uma noite com um misto de sensações que, sinceramente, nem sei por onde começar.
— Vamos por partes. – Sugeriu Mônica na intenção de ajudar a organizar os pensamentos de Henry. – O ocorrido com a esposa do seu primo é algo que infelizmente não podemos mudar.
— Sim, eu sei. Confesso que fiquei mais sentido pelo filho deles, do que pelo Paulo.
— O luto, meu amigo, é uma realidade que não passa nunca. Nós aprendemos a conviver.
Henry se cala, seu olhar se perde na paisagem, suas mãos se esfregam uma na outra, enquanto um dos seus pés bate levemente no assoalho do carro:
— Me desculpe! Me diga como você está se sentindo? – Questiona Mônica diante da postura de Henry.
— Confuso. Você não tem que se desculpar, eu preciso aprender a lidar com esse vazio que sinto.
— Nada do que eu fale para você agora irá amenizar a dor.
— Entendo. Ontem quando eu recebi a herança da minha mãe biológica, minha mente simulou tantas situações.
— Me fala uma dessas situações?
— Largar medicina e cursar literatura.
— É seu desejo real ou é apenas a sua fase escritor infanto juvenil chamando em seu coração?
Henry faz um pausa longa olhando os carros à frente. Mônica não estende a pergunta, apenas mantém sua atenção no trânsito e, com olhares periféricos, repara nos gestos corporais do rapaz:
— Eu não sei. Batalhei muito para encarar o vestibular, meus pais estão envelhecendo e eu sinceramente não sei lidar com a situação de perder alguém.
Mônica fica em silêncio respeitando o momento e a agitação nas palavras de Henry.
— Vamos retomar esse assunto em outro momento, em outro ambiente. Você precisa organizar tudo o que aconteceu.
— Eu não consigo entender ainda muita coisa. São minhas inquietações, é minha família adotiva, minha mãe biológica, minha história, aquelas... – Henry engole as palavras, descendo as mãos pelas bochechas.
— Aquelas, o quê? – Questiona Mônica depois da fala interrompida de Henry
— Nada urgente. Apenas coisas da minha cabeça.
— Eu estou com você. Lembre-se sempre disso.
Henry volta seu olhar em direção a Mônica tocando seu ombro, acariciando-o até o final do trajeto. Ambos desejavam prosseguir com a conversa. Ela, gostaria de ajudá-lo mais nos assuntos que tangem suas inquietações. Ele, gostaria de não parecer louco ao contar que está vendo e ouvindo vozes em sua cabeça.
Os amigos se aproximam do cemitério; a rua estreita possui diversas floriculturas que vendem desde enormes coroas, buquês, arranjos, até as mais simples flores unitárias naturais e artificiais. Os semblantes de tristeza estampados no rosto de alguns transeuntes resume a dor da despedida eterna. Henry observa a palma de sua mão, percebendo o contorno avermelhado que se concentra ao redor do pequeno corte. Por um momento, ele acredita que a vermelhidão fosse devido ao longo tempo que ficou com o braço estendido, enquanto acarinhava o ombro de Mônica.
O incômodo vai ficando cada vez mais forte, fazendo com que Henry prendesse sua mão entre suas coxas. Mônica tenta manter o amigo calmo, estacionando em uma vaga qualquer, para que pudesse acenar para um vendedor ambulante que carrega em seu ombro uma grande caixa de isopor contendo diversas bebidas e gelo. A moça, reparando que Henry aperta os lábios com certa força, solicita rapidamente uma garrafa d’água para o vendedor que revira as bebidas e o gelo em busca da garrafa que estivesse mais gelada. Mônica deixa o interior do automóvel, dando a volta no carro para retirar o amigo do banco do carona.
O corpo de Henry fica totalmente paralisado, o suor frio desce por seu rosto, suas palavras são cada vez mais confusas. O vendedor ambulante, vendo o desespero de Mônica, abre rapidamente a garrafa de água para molhar os rostos e punhos do rapaz. Ao sentir a água gelada em sua mão, Henry se contorce de dor. Em sua mente uma voz sussurrante: “Vinde a mim Agostini”. Mônica abra a porta traseira do carro, fazendo da mochila de Henry um travesseiro. Ao deitar o rapaz no banco, ele informa que os cursores dos zíperes estavam machucando sua cabeça. Mônica rapidamente retira o jaleco para usar como encosto para Henry repousar a cabeça. O vendedor sugere que Mônica coloque os seus livros da faculdade embaixo do jaleco para que o pescoço do rapaz ficasse um pouco mais elevado. Novamente a voz em sua cabeça sussurra: “Vinde a mim Agostini”.
Ao sentir o livro servindo de suporte para sua cabeça, Henry escuta uma voz conhecida em seu ouvido:
— Labirinto. Apenas diga essa palavra, levante e bata rapidamente sua cabeça no livro.
— Henry, por favor! Me diga o que está sentindo. – Pergunta Mônica com certo pavor.
— O que está acontecendo, Lia?
— Lia? Quem é Lia? – Mônica questiona mais uma vez.
— Rápido Henry. Levante um pouco sua cabeça, diga Labirinto e bata a cabeça nos livros.
— Labirinto.
— Labirinto? O que você está dizendo? Pelo amor de Deus, Henry, diga alguma coisa que faça sentido.
— Ele desmaiou. – Diz o vendedor ambulante ao ver Henry bater a cabeça no livro.
Entre letras desconhecidas de um dos livros, Víbora se sente perdida tentando entender o significado das palavras. Lia, que observa os olhos negros vagarem apressadamente nas linhas e longos parágrafos, sussurra “embaralhem-se”; imediatamente as palavras de ambos os livros se tornam em uma grande confusão de letras. Víbora reconhece a magia:
— Somente um bibliotecário tem a capacidade de criar tal magia.
Lia fica em silêncio, observando os negros olhos passearem rapidamente entre o emaranhado de letras:
— Apareça. – Víbora grita em alta voz.
— Refletir. – As palavras ditas por Lia criaram um espelho nas letras dos livros que refletiam os olhos de víbora que se espanta
—--
Mônica arrumou o corpo de Henry no banco, seguindo para a emergência mais próxima. Lia sentiu um forte arrepio por descobrir que Henry estava sendo caçado; no entanto, a bibliotecária não reconheceu os olhos, apenas confirmou que a voz sussurrante não era a de nenhuma velocista do sistema de Juliano Eros.
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Abraços de Ewalin, Luah Nova e Phoenix