O Escritor: Wizard Ressignificação escrita por Luah Nova, Ewalin, Phoenix M Marques W MWU 27
Notas iniciais do capítulo
Bem-vindos. Este é o prólogo da história.
Luah Nova
Ewalin
Phoenix M Marques
Depois de uma tarde inteira de estudos na Escola de Medicina da Universidade de São Paulo, Henry recebe a ligação de Mônica, aluna do curso de psicologia. Mônica tem sido importante ouvinte e apoiadora de Henry nas questões internas que inquietam os sentimentos do jovem rapaz:
— Oi, Mônica!
— Oi, Henry. Ainda na universidade?
— Sim! Acabei de sair do laboratório.
— Como você está se sentindo?
— Me sinto um pouco melhor. É sempre bom conversar com você.
— Se sente um pouco melhor mesmo?
— Para ser sincero, não sei exatamente.
— Resume o que você está sentindo?
— O que estou sentindo? Eu tenho sentido o desejo de conhecer um pouco mais da minha história. É estranho, olhar para minha vida e perceber que não tenho resposta para perguntas simples, básicas. Assim como alguns órfãos das histórias que acompanho por longa data, eu carrego em meu peito esse desejo de saber um pouco mais da minha origem.
— Qual sua origem, senhor Henry Medeiros?
— Qual a minha origem? – Essa pergunta se torna a mais fácil e também a mais difícil de responder. – Se for para satisfazer sua curiosidade, posso dizer que minha origem é..., é.... Não é tão fácil como eu imaginei.
— Fala o que você sente no seu coração?
— Desde pequeno escuto meus pais contarem minha história a partir do momento em que foi encerrado meu processo de adoção, iniciando então meu convívio com eles e posteriormente com minha irmã. Temos um pequeno cachorro que possui oito anos de idade e nessa altura posso considera-lo um mini membro da família. Desculpa, foi apenas uma brincadeira para quebrar a tensão do momento.
— Brincadeira são bem vindas, desde que você não perca seu foco. O que você escuta desde a sua infância?
— Desde pequeno escuto histórias que narram meu processo de adoção, histórias do período o qual morei no orfanato, histórias do amor genuíno que nasceu no peito da minha mãe de criação, desde o primeiro dia em que ela disse sim para um bebê desconhecido deitado em um dos berços do católico orfanato São Miguel.
— Posso notar que você já conhece parte da sua origem.
— Não é fácil administrar uma mente órfã. Nos últimos meses desde que ingressei na Universidade venho sentindo uma inquietação na minha mente, no meu peito, no meu coração. Não um incomodo de dor, que machuca ou sufoca, pelo contrário, esse incomodo me impulsiona a querer conhecer mais da minha origem, minha história.
— Sua história e origem referente aos seus pais biológicos?
— Sim. Meus pais nunca esconderam que sou órfão, não me sinto órfão. Afinal, eu tenho uma família amorosa, verdadeira, companheira. Minha mãe do coração Cristina, diz que minha progenitora merece ser honrada, principalmente por ter tido a coragem de me entregar em um local onde eu teria os cuidados básicos necessários. Me pergunto em alguns momentos o que realmente a levou em tomar essa decisão? Acho que a verdadeira razão, eu nunca saberei.
Mônica percebendo o tom cabisbaixo na voz do amigo, muda o rumo da conversa ainda que por um breve momento; como futura profissional que atuará na área da saúde mental, Mônica tem pleno conhecimento de que algumas conversas não podem ser tratadas de qualquer maneira, evitando, assim, possíveis gatilhos ou comportamentos agitados por parte de quem desabafa sobre determinados problemas pessoais.
— Talvez seja muita responsabilidade com a faculdade de medicina.
— Pode ser. Na verdade, eu abri mão da faculdade de letras para cursar medicina. Desde moleque eu escrevo histórias, dou vida a diversos personagens, construo universos e cenários. Entretanto, a decisão de ser médico aflorou como uma forma de cuidar dos idosos.
— Eu não conheço essa parte da sua história. Você queria cursar Português/Literatura e mudou para Medicina, por qual motivo?
— Exatamente, minha vontade é cursar em breve a especialização em geriatria, posso dizer que talvez seja uma forma de cuidar dos meus pais, para que eles vivam um pouco mais. A faculdade de literatura pode ficar para um outro momento, como a realização de um sonho antigo, um hobby, uma aventura para quando eu estiver mais velho. No momento atual são os cuidados com meus pais a minha prioridade.
— Entendo que você se preocupe com seus pais, mas isso não é certeza de que eles irão viver mais. Vida e morte é algo não podemos controlar.
— Eu sei que não temos controle da vida, eu entendo. Você está correta.
— Henry, você precisa cuidar de você primeiro.
— Eu sei. Permita-me dizer apenas o que sinto.
— Vamos procurar um profissional que possa ajudar com suas questões.
— Farei isso.
— Eu já te aconselhei tantas vezes, meu amor.
— Eu prometo que seguirei seu conselho. Tudo bem, tudo bem!
— Converse com sua mãe. Ela é a melhor pessoa para tirar suas dúvidas quanto a adoção.
— Perguntarei para minha mãe mais alguns detalhes referentes a minha origem. Farei isso hoje, depois do jantar, nós sempre conversamos no meu quarto enquanto ela me aguarda arrumar o material das aulas. Tenho que ir, agradeço por me ouvir.
— Te ligo mais tarde para saber como foi a conversa. Estou sempre com você.
— Até breve!
Henry encerra a ligação, se sentindo igualmente vazio, sentindo que suas inquietações são como enigmas tanto para ele, quanto para quem escuta suas palavras.
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