Among Other Kingdoms - Quinta Temporada escrita por Lady Lupin Valdez, Break


Capítulo 5
Labirinto de Conclusões


Notas iniciais do capítulo

Ora, ora, ora... A Enel me deu uma relaxada. Não fez mais a obrigação dela. Se mantenha assim. Eu pago imposto e conta pra isso!!

~Enjoy♥



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—Então... – Ethan olhou continuou. – Se William engravidou a Rainha Auterpe; porque meu pai não tentou fazer um acordo com Ruphira? – Do jeito que as coisas estavam, era muito mais proveitoso ter uma aliança com Ruphira do que com Saphiral. Mandrik deu uma risada baixa.

—Seu pai tentou, bastante até. Dizia que o ouro de Ruphira seria muito valioso, como as frutas e sei lá mais o que...

—Então...?

—William dizia que “os acordos de Perseu eram de Perseu, e os acordos de Auterpe, eram apenas dela e não se misturavam.” – Ethan ficou pensativo, talvez agora ela reconsiderasse já que casou com William. Como se lesse seus pensamentos Mandrik levou um dedo. – Ela não mudará de ideia. Auterpe pode se parecer fisicamente como sua mãe, mas, ela foi louca o suficiente para casar-se com William. – Ethan concordou; mesmo se fosse uma coincidência ou uma verdade sobre ele ser um bastardo, aquela Rainha era louca de se casar com William.

Depois de mais um dia cansativo, mas, promissor ensinando os comandos para a Ordem do Dragão, Elisa só queria relaxar e esquecer por um momento por que estavam fazendo aquilo, era bom, mas, também exigia muito, e mesmo com o clima de um lar não tão perfeito, mas, tranquilo, Annie recebeu a Rainha com um sorriso largo, sempre que via a dama de companhia, ela sempre estava cada vez mais feliz; Max a fazia se sentir bem, então harmoniosamente a Rainha se sentia bem também.

—Como foi treinar com os dragões hoje? – Era uma pergunta genuína de curiosidade e entusiasmo.

—Estamos no caminho certo, a Ordem do Dragão é atenta e bem cuidadosa. – Elisa dizia com um sorriso harmonioso. – Alguma preocupação? – Annie se inclinou perto do rosto de Elisa.

—Max é tão compreensível e cuidadoso. Vi ele fazendo uma lista... – As duas se afastaram rindo de forma animada, ambas sentiam cheiro de casamento.

—Precisamos falar sobre isso! – Elisa exclamou entrando no castelo animada. – O que acha de um chá? Como será? Sei que será incrível, seja o que for... – A Rainha de Calasir começou a procurar chás para fazer para as duas, ela tinha sua biblioteca, seria uma conversa animadora e fantástica, ia chamar Elora também, pois, não queria deixar sua irmã afastada, principalmente no momento que todos deviam estar mais unidos.

Enquanto Annie terminava de assar alguns bolinhos e biscoitos, Elisa começou a procurar em algumas gavetas quando encontrou um frasco de tamanho médio, o líquido era avermelhado, parecia vinho, ela escolheu aquele para ela e Annie.

—Esse chá parece diferente, vamos experimentar esse. – A dama de companhia inclinou a cabeça, parecia muita comemoração.

—Rainha, não precisa de algo tão pomposo. Não tem nada decidido...

—Mas, já seria um começo... – Elisa disse sorrindo preparando o chá que ela nunca tinha visto antes, já para Elora pediria para fazerem um suco para ela.

~*~

Um Príncipe surdo; foi o que disseram quando lhe entregaram Rigel. Auterpe segurou o filho com lágrimas nos olhos, ela não entendia, fez tudo extremamente certo, a seu ver. Não tudo. Os sacrifícios eram de mortais, por culpa do seu irmão e uma mulher, fraca com alguns dragões. Ela apertou o filho contra o peito por um longo tempo, não importava o que ela falou para ele, o que disseram para ele, ele nunca ouviu. Ela estava além de abalada, seu filho reconhecia cheiros, aromas, mas, não ouvia. Enquanto havia a celebração do lado de fora, ela se trancou na sala das taças, até quando uma das sacerdotisas, Miztla sempre estava por perto na época dos sacrifícios das virgens, ela cuidava da maioria delas. Quando ela ouviu o choro doloroso da Rainha de Ruphira, se aproximou do local e da Rainha.

Indefesa, era como podia descrever. Afogando em suas próprias lágrimas e soluços, derrotada, quando ela achou que sua vida estava melhorando, mas, aos poucos, seu belo castelo de ouro derreteu sobre o fogo ardente de um vulcão e a queimou. Poderia ser o fogo de um vulcão, ou dos dragões de Estela, sua cunhada doce, amável, preferível, adorável, e todo o blá, blá, blá. Ela olhava para seu bebê de forma dolorida. Como ela contaria aos outros sobre isso? Quando a sacerdotisa de cabelos castanhos se aproximou, imaginou que era por causa da escolha exagerada do Príncipe, desafiando as regras. Tudo o que Auterpe tinha naquele momento era sua tolerância contra dor, algo que ela já se acostumara, mas, pensava que poderia ser feliz.

—Majestade? – Auterpe levou um susto e se virou para a Sacerdotisa, que ficou surpresa, nunca viu a Rainha chorando, em alguns momentos, nunca em uma comemoração. – Posso ajudar em algo? Precisa de alguma coisa? – Auterpe olhou para Rigel que sorria, ele era tão lindo, independente da situação ele era lindo. Então ela limpou as lágrimas e se ajeitou. Ela deu um sorriso tentando se convencer que tudo ficaria bem.

—Pode me ajudar sim... – Ela se aproximou da mulher com cuidado, Rigel era atento, sentia vibrações pelos dedos, pelas palmas, e ela com certeza estava o assustando.

—Os avós dele estão lá fora, acho que seria adequado eles verem o neto. – Ela beijou o filho por alguns instantes antes de entrar ao colo da Sacerdotisa. – Me ajudaria bastante Miztla. – A mulher pegou o bebê no colo e passou a mão pelas suas costas notando como ele era calmo.

—Ele não vai se incomodar com o barulho? – Auterpe ficou um tempo em silêncio, seu coração disparou, então, ela olhou para o lado desconfortável, mas disfarçou da maneira que podia. Ela negou. – Devo entregar ele para quem?

—Para alguém sóbrio. – Ela respirou fundo. – Eu duvido um pouco que o pai dele esteja... – Ela revirou os olhos, desde o dia anterior, William e seu tio Lincan bebiam, riam e fofocavam. Ter trago ele para esse lado a faria se arrepender pelo resto de sua vida.

—E está tudo bem com o... – Ela não sabia se era certo chamar William de Rei, ele não tinha porte de um. – Vossa Alteza William? – Auterpe deu ombros. – Quer que eu o chame?

—Não, não precisa... – Auterpe acariciou os cabelos de Rigel e fechou um pouco os olhos, era muita coisa acontecendo, e tudo de uma vez. – Obrigada Miztla.

—Vossa Alteza deseja conversar? – Houve um momento de silêncio. – Posso chamar Lennus ou seu irmão. Ou então... – Auterpe negou e fez um sinal de que agradecia a oferta, mas, na verdade, queria ficar sozinha.

Ela já estava com ciúmes de Estela por fazer seu irmão sorrir, se sentir amado, ela conseguiu deixa-lo frágil; agora estava com inveja da cunhada, com ódio e raiva, agora as conversas faziam sentido, as reclamações de Orion ao “primo” faziam sentido. Aquela mulher era além de selvagem, ela era egoísta, gostava do poder, era uma hipócrita, suas crenças não acreditavam em Reis e se tornou Rainha de dois Reinos, e se desejasse Perseu a faria Rainha de quantos Reinos ela quisesse; Estela também era orgulhosa, pelos deuses, era uma adultera sem culpa, sem nem pensar. Como estava com ódio da situação.
 Primeiro Orion descumpriu as regras gravemente, o que se passava na cabeça dele? Quando Estela “tentou” conforta-la, foi a maior afronta da sua vida, por alguns segundos, Huitzlopochtli consegui segurar a mão dela, ou a adaga teria perfurado a veia perfeita, não a mataria, mas, a deixaria em coma. O que seria bom e ruim e simultaneamente; bom porque não a veria minimamente, o ruim é que ouviria as frases de comoção, o que era péssimo. Porém, era tão inútil imaginar isso, não queria pensar que seu marido estava com ela, porque ela lembrava a nova Rainha de Saphiral, pois, se ele estivesse com ela por causa disso ela não poderia fazer nada. Ela não queria aceitar que William ficou com ela por grandes semelhanças, era muito humilhante ser aceita por ser parecida com uma Rainha tão fraca, que mal conseguia lutar sem dragões. Ás vezes ela se cansava de ser forte o tempo todo, mas, se ela não fosse forte, o que mais ela poderia ser? Acontece que ela não estava mais aguentando, o único outro filho seu que vingou era surdo, o que a fazia chorar mais ainda, como venenos Estela paria filhos exatamente como Estevão queria? Que maldição era aquela?

Seu dia piorou quando encontrou seu marido se masturbando, na cama que eles dividiam, era como se uma chama tivesse sido acessa no seu interior, porque por um momento não parecia que ele estava pensando nela, porque quando ele queria, ele se entregava, não fazia escondido. Era como se todos estivessem zombando da cara dela, os mortais, os Subimortais, os deuses, sua própria pedra. Ela parou de frente a um enorme espelho na sala de reuniões do subsolo, ela o tocou e encarou seu reflexo.

—Você é forte, você é inteligente, você é importante, você odeia, você mata, você destrona, você aprisiona, você escolhe quem vive e qual morre. Você é Auterpe, Auterpe Archi. – Auterpe encostou a testa na superfície do espelho e chorou, enquanto Perseu oferecia hospitalidade, Auterpe oferecia facas e venenos, e nos dois casos os dois se machucavam.

Naquela noite ela não dormiu com William, alegando que só conversaria com ele quando ele estivesse sóbrio o suficiente, ela queria pensar, queria se acalmar, não queria se descontrolar e causar dores desnecessárias, mesmo que seu marido insinuou que “ela estava furiosa com a pessoa errada”, em seu intimo ela sabia que estava furiosa com a pessoa certa. Após o café, os convidados foram conhecer o Reino ao qual Estevão havia feito um acordo; Auterpe pela primeira vez pediu a companhia de Lennus para ir junto. Enquanto trocava de roupa, William entrou no quarto da esposa e abaixou a cabeça antes de mostrar dois adornos de cabeça.

—Qual eu uso? – Ela o olhou de canto e aponto para o mais simples, o de prata com três Rubis, depois voltou sua atenção para o seu penteado. O que fez o marido suspirar frustrado foi quando ele se aproximou dela. – Me perdoe por ontem... Eu... – Ele a abraçou com força na qual ela fechou os olhos sentindo o abraço. – Fui indelicado, eu não devia ter bebido tanto... Devia ter te dado apoio e.

—Chega William. – Disse séria. – Você acha mesmo que Rigel ficará bem? Perfeito?! Ele é imperfeito!

—Auterpe... – Ele segurou nos ombros dela que deu um passo para trás. – Meu amor, ele será um ótimo Príncipe, ele não é imperfeito, ele apenas não ouve... – Ele engoliu em seco. – Talvez algumas luas á mais, ele ouça... Tenha um pouco de esperança... – Auterpe sentiu os lábios dele sobre sua pele do seu ombro á sua nuca, foi quando ela estralou o pescoço.

—Disse que estamos juntos tempo suficiente para provar que me ama, e que não está comigo por parecer com Estela. – Os beijos cessaram e ele respirou fundo. – Me tire uma dúvida, estaria comigo se meus cabelos fossem pretos? Ruivos? Loiros? – O coração de William disparou, mas, ele se recompôs da melhor forma que conseguia.

—Você estaria comigo se eu fosse um Rei?

—Responda a pergunta!

—A minha ou a sua?

—William!

—Talvez... – Auterpe se virou furiosa para ele, que levantou os ombros. – Se você tivesse os cabelos comuns, com certeza outros lordes estariam caindo aos seus pés quando você pisou em Calasir. Digo por experiência própria. – Houve um longo momento de silêncio. – Sinto muito por te dar um filho imperfeito. – Auterpe inclinou a cabeça, não queria chorar, mas, não conseguia aguentar, sabia que seu sobrinho nasceria saudável, e aquilo era tão injusto. William a consolou queria jogar a culpa para ele, Orion e Ethan eram perfeitos, porque Rigel não poderia ter sido também?

 Artemisa estava furiosa com Orion, ele era além de um hipócrita, ele era um vagabundo e idiota. A fez terminar com Max, dizendo que era proibido e tal, que ia contra as leis, mas, ele foi lá e descumpriu a regra. Ela estava no lado oposto do navio que chegou de Saphiral para leva-los, escamas de kraken realmente faziam a viagem ser muito mais rápida e tranquila, antes de passarem os mares de Ruphira Orion tocou no ombro da prima.

—Eu sei que você está irritada comigo. – Artemisa deu um tapa na mão do primo que riu do reflexo dela.

—Mas, é muita cara de pau a sua não é?! – Ela disse brava. – Você foi contra as regras no cru e.

—De fato. – Ele disse tentando aliviar a tensão com um sorriso. – Mas, você entendeu que ela é minha noiva? – Artemisa ergueu a sobrancelha, havia entendido seu primo, não precisava esfregar a felicidade dele na cara dela. – Ela não será minha esposa.

—Como é? – Artemisa perguntou surpresa.

—Eu não vou fazê-la desistir da magia. Eu gosto do jeito mágico dela. E ela sabe qual seria a exceção á se fazer... – Houve uma pausa enquanto ele olhava para Galatéia se apresentando formalmente para Connor, ignorando os comentários de Lincan e as exigências de Joice. – Eu preciso me casar com outra.

—Você vai ter duas esposas? E ela aceitou? – Ela perguntou meio desacreditada, ele tampou a boca dela. – Galatéia sabe?— Ela sussurrou ele acenou.

—O povo pode desconfiar de mim se eu casar primeiramente com uma bruxa, mas, jamais iria poder questionar se eu casasse com outra pessoa. – Artemisa trincou os dentes, aquilo era cruel. – Sim, é cruel, mas, foi ela que sugeriu isso, eu sou o Príncipe dela. – Ela revirou os olhos, Orion se debruçou na beirada do navio. – Minha mãe machucou meu pai.  – Sua voz soava preocupada, sua mãe parecia que estava com algo engasgado na garganta.

—Machucou como?

—O lábio dele está cortado, o queixo machucado, aposto que foi um soco. Ou um chute. Eles nem dormiram juntos. – Artemisa olhou para o mar.

—É normal um casal brigar, principalmente quando um tem mais poder que o outro... – Ela se lembrava das vezes que Estevão deixava sua mãe impotente apenas com um toque físico e um olhar frio. – São coisas de casados.

—Faria isso com Ben? – Ele perguntou sorrindo, um pouco mais aliviado. Artemisa olhou para os pés, ainda estava em conflito quanto a Ben, foi quando Auterpe deu dois toques no ombro do filho.

—Estou atrapalhando! – Auterpe exclamou. – Quero conversar com a futura Princesa de Saphiral. – Orion olhou para a mãe por um momento e depois desviou o olhar. – Rigel está com Lennus. – Ela ainda não havia contado a mais ninguém que Rigel era surdo, queria que ele passasse por um bebê calmo até quanto pudesse. Quando o Príncipe saiu Auterpe olhou para o vasto mar. – Está nervosa?

—Um pouco... – Ela disse entrelaçando os dedos respirando fundo, não sabia nada sobre Saphiral, nem agia como uma Princesa, nem chegava perto. Artemisa se sentou no chão, e sua tia sentou ao seu lado. – Eu só queria ser como a Elisa, bonita, fluente, amável, venerável, desejável, querida... Só isso. – Aquilo estava a consumindo, mesmo que não soubesse por que realmente seus irmãos não quiseram vir á sua coroação, para ela, acreditava que eles não acreditavam que ela era capaz de ser uma futura Rainha, para eles, ela sempre foi um erro, desonras. Eles não estarem presentes era uma confirmação.

Auterpe respirou fundo e tentou se manter calma.

—Querida... Você duvida do seu valor. Não fuja de quem você é. – Artemisa a olhou com atenção, entendia o que ela estava sentindo. – Você não nasceu para aquele lado... Normalidade é uma ilusão, o que é normal para uma aranha, é caos para uma mosca. – Auterpe passou a mão sobre os cabelos da sobrinha. – Você é linda, seu sorriso é majestoso; talvez não seja a pior coisa do mundo querer ser amada, mesmo quando não se é. Mesmo se doer. Ser Subimortal signifique que mesmo sendo fraco, você é poderoso.

—E se o povo me rejeitar? Eu nem pareço uma Princesa. Como diziam... Eu sou uma “selvagem”. – Ela fez aspas, sua tia riu.

—Não é isso Artemisa. – Ela juntou as mãos com cuidado. – Você queria mesmo ser como Elisa? Que não sabe lutar por si só? Precisa de um dragão para protegê-la? Não sabe reclamar? Aceita tudo? – Artemisa negou devagar, ela era bem reclamona na verdade, nada para ela estava bom, a rejeição ao longo da sua vida a deixou assim, independente de tudo. – Saphiral não é Calasir, Perseu não é Estevão e Sísifo não será como Eilon. Sua personalidade é contagiante e sinceramente, seu jeito é de Saphiral, é Subimortal, você vai ter que aprender a agir como uma Subimortal.

 -Eu sei... – Ela desviou o olhar. – Está zangada com Orion por ele estar noivo de uma bruxa? – Auterpe arfou.

—Furiosa. Ele foi além de impulsivo, foi vergonhoso e desrespeitoso... Ele quebrou as regras!

—Mas, a senhora e meu pai também quebraram. – Auterpe cruzou os braços e deu um meio sorriso para ela.

—Claro, mas, não quebramos regras com Bruxos ou Conselheiros. – Ela tentava se sentir menos boba por ter aceitado casar com William, era como o arrependimento batendo á porta. – Eu não sei o que Orion estava pensando quando fez isso, mas, sei que ele vai ficar um tempo de castigo. – Artemisa riu, era irônico ele ficar sempre de castigo.

 Estela nunca gostou de navios, o navio do Reino de Ruphira era luxuoso, confortável, era um palácio sobre mar, ela não ficou no mesmo quarto que esteve com Estevão quando foi para Ruphira vez. A cabine de Perseu era diferente, em vez de pequenas janelas, era possível ver o fundo do mar, os peixes e as criaturas marinhas; era indescritível. O navio do Reino de Saphiral era diferente, a cor mais usada era rosa escuro, havia bordados de ouro e prata sobre algumas vigas, os acentos das cabines eram de veludo e havia mais espaço pelo convés. Mas, Estela queria ficar no quarto, o que Auterpe lhe falou parecia além de uma dor, parecia pessoal, mas, sinceramente ela não sabia do por que. Perseu bateu duas vezes na porta antes de entrar na cabine com uma massa em mãos, ele estava preocupado, primeiro, porque Auterpe estava sendo excessivamente grossa e desrespeitosa com sua esposa; além dela mal olhar para ele, podia ser tanta coisa, Orion, Joice, Lincan...

—Como você está meu amor? – Ele se inclinou e beijou a testa de Estela com carinho, ela sorriu e colocou a cabeça sobre o corpo do homem que deitou na beirada da cama e ofereceu a massa para ela. – Isso é biscoito de mel. – Ela olhou confusa.

—Não parece um biscoito. – Perseu riu.

—Eu sei, mas, o gosto é melhor que a aparência. Eu prometo. – Estela aceitou o biscoito e quando mordeu, o sabor crocante e o mel escorrendo pelo canto da sua boca a surpreenderam. Precisou se recompor para não se sujar.

—Hmm. – Ela sorriu sem graça, mas feliz. – Isso é bom... – Perseu acariciou a barriga dela sentindo aos poucos o ventre de Estela ir esquentando, foi quando ele tirou a mão de súbito.

—Droga! (...) Desculpe. – Estela jogou a cabeça para trás devagar respirando fundo e se preparando para a mexida do filho. – Me desculpe. – Ela fez um sinal para ele se acalmar e riu da expressão dele.

—Esqueço como ele é forte. – Ele riu apertando a mão de Perseu. – Não estou reclamando, eu estou disposta a lhe dar quantos filhos você quiser. – Perseu fez uma expressão de confusão, negação e preocupação, o que surpreendeu Estela; sempre que mencionava para Estevão que ela estava gestando, a expressão dele era luminosa, nem dava tempo de um nascer, ele já estava pensando no próximo.

—O que? – Perseu olhou nos olhos dela. – Não... Eu não quero que você sofra em cada gestação, meu amor... – Ele segurou o rosto dela com as mãos. – Já falei sobre isso, várias vezes, se tivermos apenas Artemisa e Sísifo, eu serei o pai mais feliz do mundo. – Ele acariciou o rosto dela com os polegares. – Não é uma competição...

—Eu sei. – Houve um instante de silêncio antes de ela dar mais uma mordida no biscoito. – Não queria comentar dos outros, mas, parece que a Auterpe não está sendo ela mesma... – Perseu deu um pequeno sorriso.

—Ela é minha irmã, estamos juntos desde o nascimento. – O tom dele era de brincalhão. – Talvez ela esteja brava com Orion, ou com ciúmes do irmão não precisar mais tanto dela... – Era o oposto, mas, ele queria ser positivo. Estela sorriu por esse lado dele. – Joice deve estar incomodando ela, coisa assim.

—Auterpe não me parece bem... – Perseu respirou fundo e concordou. – Eu até pensei que poderia ser o fato da decisão brusca de Orion, ela pareceu desesperada, ou até o fato da surdez de Rigel, acredito que.

—O que? – Perseu franziu o cenho, ficou em choque. – Rigel é surdo?! Como assim? – Estela tampou a boca sutilmente surpresa, Auterpe não contou para ele.

—Eu... – Ela pressionou os lábios e tentou desviar o olhar. Mas, Perseu se aproximou dela segurando sua mão dando força para ela não ter medo de falar. – Bem... Ela disse algo como eu ficar exibindo meus filhos perfeitos... – Ela ocultou a adaga, a agressividade, Perseu bagunçou os cabelos.

—Que droga... – Ele colocou a mão sobre a boca. – Foi ela que te contou isso? – Estela assentiu, para ele fazia sentido a voz raivosa da irmã durante o café. – Eu não fazia ideia. Eu... – Perseu virou o rosto. – Se ela te tratou mal, eu peço desculpas; eu nunca vi William bebendo tanto. – Estela olhou para o lado, ele estava bem bêbado no dia anterior.

—Tenho certeza que ela está com muitos conflitos em mente... – Ela fez um gesto para Perseu não se preocupar, queria acreditar que a cunhada estava despedaçada internamente. Até porque, anos atrás, quando ela perguntou se William seria um bom pai, ela não soube responder, e naquele momento, talvez ele não faça ideia de como ser um pai. – Você acha que William não aceitou bem a notícia?

—Eu tenho mais medo dele ter tentado amenizar a situação... – Ele passou a mão na nuca.

—Não diga á ela que eu te falei, deixe ela te falar... – Ela pediu de maneira doce, o que fez Perseu se lembrar do porque desceu ao convés.

—Não direi, prometo...  Mas, como você está? Se sente melhor? – Estela respirou fundo. – Já estamos chegando, eu quero te mostrar como seu novo Reino está...

Perseu estendeu a mão para ajudar Estela se levantar para leva-la para o convés, queria que ela visse o quanto ele dedicou para fazer o Reino e o Castelo majestoso para Artemisa, e agora para sua esposa, mesmo que essa parte fosse uma surpresa para ele.

Artemisa estava sentada em um banco do convés, a vista sobre as montanhas e estátuas enormes prendia a sua atenção, ela estava chegando a Saphiral.

—Artemisa... – Ela ainda estava segurando o colar que Hermes havia dado para ela, se recordava da sua empolgação e da expressão de Max ao falar que sua coroa de Princesa iria se tornar a sua coroa de Rainha, no dia que eles se perderam, no dia que ele segurou em suas mãos pela primeira vez. Ele havia dito que queria ver a sua coroação, mas, ele não veio junto, ele preferiu brincar do jogo do poder com Eilon; era algo que eles tinham combinado, eles estariam juntos em Saphiral naquele momento, mas, ele ficou do outro lado com Annie. – Artemisa? – Ela fechou os olhos devagar e tentou não se lembrar disso, muitas memórias vinham a seguir. – Artemisa... – A garota se virou para Ben, que se mantinha atento as expressões dela mesmo que não estivesse tão perto.

—Desculpa, Ben. Diga.  – Ela passou a mão sobre os cabelos presos em um penteado longo.

—Apenas queria saber... Como está se sentindo. Está nervosa em voltar para Saphiral, com medo... – Ela inclinou a cabeça. – Da sua coroação, de tudo...  – Artemisa estava bastante nervosa, e assentiu. – Vai precisar matar alguém para ser coroada? – Aquilo arrancou uma risada inusitada dela, não tinha pensado nisso, nem passou pela sua mente. Ele era único, mas, não era a mesma sensação que ela tinha antes.

—Espero que não. – Disse sorrindo. Foi quando ela se virou para Ben quando ele sentou. – Você conheceu Eveline não foi? – Ele prestava atenção. – E agora conhece Artemisa; das duas qual você escolheria? – Ben pressionou os lábios, por essa ele não esperava.

—O que?!

—Para você, qual é a melhor? – Ele riu de nervoso e depois começou a rir baixinho, o que fez Artemisa ficar envergonhada.

—Você é as duas. – Ben segurou carinhosamente na mão dela. – Eu gosto da sua personalidade forte, intensa, diferente, do seu olhar. Como Eveline você não tinha medo de nada e nem de ninguém. Como Artemisa, você é radiante como o sol, e a sua risada ecoa como as marés. Mas, você é feita com um toque diferente, que não é possível de comparar do ninguém, porque você tem opinião própria, compartilha o que sente e não esconde, você até tenta mais não consegue... Você fica linda fazendo o que gosta. – Ele se aproximou devagar da curva do pescoço dela lhe causando um arrepio, para sussurrar. – Não vou mentir, gosto muito de como você é por fora, mas gosto muito mais como você é por dentro, porque independente de Eveline ou Artemisa, você é única.

Artemisa engoliu em seco, eram elogios demais para ela se acostumar, todos ditos de uma vez em palavras que ela nunca ouviu. Ela ofegou quando os lábios quentes de Ben tocaram sua pele com uma pequena mordida, foi um momento rápido, porém, ambos ouviram um barulho.
 Foi quando Nêmesis o dragão marinho de Perseu saltou sobre o barco mostrando suas cores vibrantes, púrpura e azul, as gotas d’água molharam os que estavam no convés, misturando surpresa e encantamento. Lincan nunca havia visto um monstro marinho tão colorido e dócil, Evan deu um grito animado ao ver o animal e correu até Artemisa segurando em suas mãos a levando até a outra parte do barco.

—Você viu? Você viu?! – Artemisa riu e assentiu.

—Nêmesis, é o dragão do meu pai. – Evan ficou surpreso, principalmente quando outros dois dragões marinhos colocaram a cabeça para fora do mar, um verde-água e o outro carmim, eles só observavam o que deixou o irmão mais animado.

—Ele tem mais! Tem mais! – Foi quando Galatéia se aproximou da borda e esticou a mão para Evan. Ele olhou para Artemisa que deu um passo para trás, a garota assobiou três vezes, o de cor carmim se aproximou mais do navio e Galatéia pulou no dragão junto com Evan que começou a rir, enquanto todos se mantinham fixos na imagem dos dois. Orion deu uma risada, porém, foi quando Estela viu seu filho sobre o mar.

—O que... – Perseu a acalmou segurando na sua mão e a acalmou tocando levemente sobre seus braços. Foi quando ela olhou para a vista, Saphiral estava diferente.

Havia mais montes verdes, árvores floridas e diferentes; junto com uma série de cinturões circulares com estátuas dos deuses. O Castelo estava belíssimo parecia novo, havia mais cor, brilho, vida. Evan ficou surpreso com a variedade de animais existiam. Perseu desembarcou do navio acompanhado de Estela, o que causou uma surpresa nos guardas e nas guerreiras que ficavam próximo ao porto. Foi quando ele respirou fundo e fez um sinal para Artemisa desceu do navio. Quando ela se aproximou do pai todos os olhares pareciam que tinham se multiplicado. Havia mais habitantes do que antes. Houve um silêncio felicidade, o Rei casou. Hera simplesmente apareceu como penas de pavão o que fez quem estar no barco ficar de boca aberta. Perseu fez uma reverência com um sorriso.

—Hera... – A deusa se aproximou de Artemisa e segurou suas mãos como as lesse.

—Artemisa, não é? – A garota assentiu um pouco nervosa, ela era uma deusa perigosa. – A Princesa desaparecida regressou... – Ela sussurrou para ela, em seguida Hermes apareceu, para Estela aquele homem não envelheceu e nem mudou nada. A deusa deu espaço para o outro falar.

—Tragam o Pégasus Real, e contem á todos os cantos do Reino, a Primogênita Herdeira de Perseu será coroada Princesa, nossa Princesa de Gelo e Neve!

 Artemisa juntou as mãos, eram frases que ela não entendia, via a felicidade no rosto deles. Era estranho. ela era apenas uma Princesa, uma Princesa com poderes, ainda assustada, mas, estranhamente feliz, era incomum ela estar tão feliz. Evan estava animado com o Hipogrifo que veio receber Perseu, era uma mistura estranha, mas era tão divertido.

—Queria que meus irmãos estivessem aqui também! – Evan dizia para Connor que concordou com o neto, estava atento, nunca tinha visto um animal como aquele. Lincan observava a diferença gritante entre Ruphira e Saphiral; um Reino era uma zona de sobrevivência, o outro era uma abundante felicidade.

Quando a realeza de Ruphira desceu, houve uma reverência respeitosa para a Rainha. Auterpe ainda era Princesa de Saphiral, mas, passaria seu título para a sobrinha, mesmo que estivesse furiosa com Estela por praticamente enfeitiçar o seu irmão, ela o amava, e mesmo que sua decisão foi prejudicial, sentia no seu intimo, a Rainha ambiciosa, tinha segredos, com William. Ela tinha que arriscar com uma pessoa: Lincan. 


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Notas finais do capítulo

Consegui♥
~♥Beijos da Autora♥~



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