A Contadora de Histórias escrita por lady_animedark


Capítulo 8
07


Notas iniciais do capítulo

Adorei os reviews e agradeço bastante por eles. Isso só aumenta minha inspiração.
Esse capítulo ficou um pouco curto e pode parecer que estou enrolando com a história. Mas, ele serviu para que vocês tomassem conhecimento sobre a realção entre a Sakura e o Toshio. Ela é muito profunda.
A partir do próximo capítulo a história começa a pegar fogo e um novo caminho vai surgir na vida da nossa heroína. Não percam e aproveitem o capítulo.



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A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo.”

                                               Friedrich Nietzche

Sakura observou sua imagem pelo espelho. Via uma garota de longos cabelos róseos, com um rosto calmo, jovem e com feições alegres. Porém, tudo aquilo não passava de mera ilusão.

Estava confusa e agoniada, não sabia o que pensar ou o que fazer de sua vida. Estava tudo tão diferente e tão estranho. Tantas coisas estavam acontecendo e não tinha o menor controle sobre os fatores que governavam seu destino, e isso a assustava.

Aquele pequeno conjunto de moletom lhe lembrava o quão cruel pode ser a vida. Yushi poderia estar viva ainda se não fosse pelo acidente. Mas, como prever algo assim? Está fora dos alcances humanos.

_A vida é assim, certo? _murmurou Sakura, tentando desviar o rumo de seus pensamentos.

Não gostava de pensar em Yushi. Já haviam se passado três anos, mas a dor da perda para todos ainda era muito presente. Uma jovem alegre e cheia de sentimentos que partira tão cedo.

_Vamos lá, anime-se. _disse Sakura, tentando um sorriso.

Quem estava tentando enganar? Estava escancarada a sua expressão de desgosto. Não estava bem, nem de longe.

Desceu as escadas respirando fundo, rezando para que sua mãe não viesse com um interrogatório. Não estava com paciência para as perguntas de Mayume Haruno.

_Credo! Quem morreu? _perguntou uma voz rouca.

Sakura, que até aquele momento olhava para seus pés, olhou para o final da escada onde se encontrava um jovem rapaz ruivo e de belos olhos verdes. Estava tendo alucinações?

_Toshio? _perguntou Sakura, parando chocada no meio da escada.

Lá estava ele, seu irmão mais velho, com aquele sorriso tão acolhedor. Estava com os braços abertos, pronto para recebê-la em um terno abraço.

_Não acredito! Senti tanta a sua falta. _disse Sakura, correndo para o aconchego do abraço do irmão.

_Soube que a minha rosinha estava tendo problemas. Vim para saber como está. _disse Toshio, beijando a testa da irmã.

A Haruno não sabia descrever a alegria que estava sentido, sua alma havia sido inundada por uma sensação de alívio inexplicável. Toshio Haruno era seu melhor amigo, seu conselheiro, o único capaz de compreendê-la.

_Tinha certeza que ia gostar da surpresa. _disse Mayume, saindo da sala de jantar e vendo a cena fraterna que acontecia aos pés da escada.

_Quando chegou? _perguntou Sakura, com os olhos embaçados pelas lágrimas.

_Já faz algumas horas. _disse Toshio, observando a face jovial da irmã.

_E cadê a Hana? _perguntou Sakura, soltando-se do irmão.

_Está dormindo com Kioko, as duas passaram a tarde brincando e desmaiaram de cansaço. _disse Toshio, com um sorriso brincalhão.

_Querida, acho que você e seu irmão têm muito que conversar. Por que não vão lá para a sala enquanto eu termino o jantar? _disse Mayume, voltando para a cozinha.

Os dois caminharam em silêncio até o cômodo, Toshio pôde perceber que algo estava atormentado sua irmã no momento em que a viu. Ainda estava surpreso com a ligação que recebera de sua mãe naquela manhã. Ela aparentava estar bastante aflita e quase implorava por ajuda.

Não precisou dizer muita coisa, assim que Toshio soube que Sakura estava com problemas, não pensara duas vezes. Arrumou as suas coisas e as de Hana e dirigiu-se para a casa dos pais.

_O que houve? _perguntou Toshio, sentado na poltrona preferida do pai.

Sakura sentou-se no tapete, apoiando as costas nas pernas do irmão. Sentia-se tão carente, tão solitária, que desejava apenas ser acalentada.

_Eu não sei. _murmurou Sakura, com o olhar perdido. _Não sei explicar o que tenho. Estou muito confusa.

_Mamãe me contou que você está gritando novamente. Pensei que essa fase havia passado. _disse Toshio, recordando-se de sua infância.

Toshio lembrava-se que quando Sakura completara dez anos de idade começa a ter pesadelos contínuos que faziam a jovem garota a gritar durante a noite. A pequena sempre aparentava estar desesperada, assustada, mas era só acordar que tudo passava.

Aquele havia sido um ano difícil, eram raras as noites de sossego. Até que finalmente Sakura completara onze anos, os pesadelos acabaram e ela não voltou a gritar. Pensavam que havia sido apenas um ciclo de transição na vida da Haruno, mas quando completara quinze anos, tudo voltara.

Acreditavam que quando completasse dezesseis isso passaria, o que não ocorreu. Pelo contrário, esses ataques se tornaram quase diários.

_Eu também pensei. _disse Sakura, mostrando o quanto estava chateada. _Eu nem se quer me lembro de ter gritado.

Após um longo suspiro, Sakura olhou para o irmão como se ele pudesse lhe dar todas as respostas.

_Acha que estou ficando louca? _perguntou Sakura, com um olhar tristonho.

Toshio conhecia Sakura melhor do que ninguém. Percebeu que aquela história estava abalando bastante os nervos da garota. Ela precisava de sua ajuda mais do que nunca.

_Sakura... Você não está louca. _disse Toshio, passando a mão pelos fios róseos do cabelo da irmã. _Um louco jamais reconhece a própria loucura.

_Toshio, estou tão angustiada. Eu não consigo entender o porque. _disse Sakura, com o olhar perdido no meio dos olhos verdes do irmão. _É tanta tristeza dentro de mim que me dá vontade de morrer.

A jovem Haruno refletiu sobre a própria fala. Tinha vontade de chorar e entregar-se ao deleito de sua dor. Mas, sabia que seria incapaz de provocar a própria morte.

_Disse um poeta, certa vez, que o céu torna-se mais escuro quando se aproxima o amanhecer. _Toshio levantou-se da poltrona e se sentou ao lado da irmã. _Não se desespere. Feche os olhos e espere, o Sol está prestes a aparecer.

Sakura encostou-se no ombro do irmão, deixando seu corpo ser abraçado pelos braços fortes dele. Absorveu aquele cheiro amadeirado do perfume que inalava do pescoço dele e pela primeira vez em muito tempo permitiu-se um momento de paz. Esperava ansiosa por um novo dia.

 


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