A Contadora de Histórias escrita por lady_animedark


Capítulo 6
05




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“Não existem coincidências, mas existem coisas que simplesmente são inevitáveis.”

Sakura entrou receosa no consultório, tudo ali aparentava ser alegre demais para seu gosto. As paredes eram pintadas com um vermelho e um laranja bastante chamativos. Havia arranjos de flores em todas as partes e milhares de fotografias da tal doutora.

_É de seu gosto? _perguntou Tsunade, fechando a porta e postando-se numa poltrona de encosto alto.

A garota foi pega de surpresa, não sabia o que dizer. Estava chocada demais.

_É bem alegre. _murmurou Sakura, olhando abobalhada para todos os móveis da sala.

Cada cadeira havia um formato diferente: uma mão, um coração. O divã tinha o formato de um enorme sorriso. Sakura tinha que admitir, só havia visto um consultório como aquele uma vez: em sua cabeça.

_Oh, sim! Adoro essas cores quentes e vivas, me lembram o lugar onde nasci. _respondeu Tsunade, esboçando um sorriso simpático.

_E onde é? _perguntou Sakura, sentindo-se curiosa.

_Ora, não importa! Não estamos aqui para falar de mim. _disse Tsunade, cortando o assunto. _Sente-se, querida. Podem parecer estranhas, mas estas cadeiras são bastante confortáveis.

Seguindo a recomendação da loira, Sakura optou sentar-se na cadeira de coração. Ela tinha total razão, era como flutuar em uma pequena nuvem.

_Então, querida. Por que está aqui? _perguntou Tsunade, pegando um bloquinho de papel rosa e uma caneta lilás com plumas saindo na ponta.

_Porque minha mãe acha que sou louca. _disse Sakura, suspirando chateada.

_Oh, pobre criança tola. Se sua mãe achasse que é louca não teria lhe mandado até mim, teria lhe colocado em uma casa para pessoas especiais. _retrucou Tsunade, ignorando os resmungos vindos da garota. _Vou repetir a pergunta: Por que está aqui?

_Já disse, estou aqui porque minha mãe me obrigou. _respondeu Sakura, resmungando e assumindo um ar arrogante.

Sakura pode perceber um sorriso irônico brotar nos lábios da loira a sua frente, aquilo a assustou um pouco. Teria sido grossa demais? Pode notar também um brilho diferente nos olhos cor de mel de Tsunade, estaria chateada?

_Gomem... _murmurou Sakura, sem entender muito bem o motivo de estar se desculpando.

_Não se preocupe. Isso acontece. _disse Tsunade, voltando a assumir sua pose bondosa. _Querida, estou repetindo essa pergunta por que estou esperando uma resposta sincera de sua parte. Como posso ajudá-la se não me diz o que tens? _Tsunade, no intuito de demonstrar afeto, repousou a mão de forma maternal sobre os dedos trêmulos de Sakura.

Foi como se o mundo tivesse parado de girar por um momento. A Haruno foi dominada por uma sensação tão familiar. Era uma espécie de Dejavú, porém, não estava revivendo aquele momento, era apenas a mesma impressão.

Um sentimento de extrema felicidade e tranqüilidade havia tomado conta de todo o corpo de Sakura. Era como estar em casa, sentir-se querida. Já havia sentido aquilo, mas não saberia dizer quando.

_Está se sentindo bem? _perguntou Tsunade, com um olhar enigmático.

_Estou. _respondeu Sakura, com toda a sinceridade de seu coração.

_Que bom querida. _disse Tsunade, com um sorriso brilhante. _Agora, me responda: Por que está aqui?

Todas as lembranças da última semana começaram a passar como num filme na cabeça de Sakura. As dúvidas, toda a agonia e profunda tristeza, tudo estava ali novamente. Todos aqueles sentimentos que tanto lhe faziam mal. Estava se sentindo só novamente.

Sentiu algo molhar sua bochecha, era algo quente e parecia brotar do fundo de sua alma. Estava chorando? Por que estava chorando?

_Não tranque esse mal dentro de você, Sakura! _disse Tsunade, sentando-se ao lado de Sakura. _Está na hora de você libertar essa dor, essa mágoa. LIBERE ESSA TRISTEZA QUE HÁ DENTRO DE VOCÊ!

Sakura, sem entender como, começou a chorar como nunca havia feito em toda a sua vida. Os soluços pareciam ficar engasgados e não paravam de sair descontrolados de sua boca. As lágrimas desciam de forma que aparentavam ser infindáveis.

_Eu não agüento mais. _disse Sakura, sendo acalentada pelos braços da psicóloga.

_Você não precisa agüentar. Desabafe. _disse a mulher, acolhendo a adolescente em seus braços.

Como que por um passe de mágica, aquelas palavras agiram em Sakura como se fosse uma ordem. Todo o sofrimento havia se acumulado de forma insuportável em seu coração, era como carregar um pesado e fedorento saco de batatas. E tudo o que queria naquele momento, era se descarregar desse fardo.

Após alguns breves minutos, apenas umas poucas lágrimas restavam de todo aquele estouro. Tsunade estendia uma caixa de lenços para Sakura, que sem demora, aceitou.

_Gomem... Eu... Eu nem sei o que dizer. _falou Sakura, secando o rosto, sentindo-se mais aliviada. _Obrigada, minha mãe tinha razão sobre você.

_Fico feliz que pense assim. _disse Tsunade, com um leve sorriso no rosto. _Minha nossa! Já é tão tarde? Lamento, mas a nossa sessão acabou querida. _disse a loira, conferindo as horas.

_Posso marcar outra consulta? _perguntou Sakura, sentindo-se constrangida.

_Se for o que deseja. _disse Tsunade, abrindo a porta para a garota.

Sakura não tinha a menor dúvida daquilo que queria, assim que saiu, encaminhou-se para o balcão onde uma secretária rabugenta lhe aguardava.

Tsunade tinha um sentimento de missão cumprida, havia conquistado a confiança da garota Haruno. Fechou a porta atrás de si e com um sorriso triunfante, apertou com força uma pequena bola de cristal e falou.


_Está feito. Agora, resta apenas acertar os detalhes. _disse, caminhando até a janela. Observou atentamente um pequeno ponto rosa atravessar a avenida e entrar em um táxi. _Já está na hora de acabar com o inverno.

 


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