A Contadora de Histórias escrita por lady_animedark


Capítulo 21
19




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- O que você está tentando dizer? _Perguntou Sakura, completamente confusa.

Tsunade não pode deixar de sorrir, era óbvio que a menina não fazia ideia do que estava acontecendo, muito menos de que o principal motivo era ela.

_Sakura, essa história... É sobre você. _Disse a loira, servindo-se de um pouco de saquê.

_Sobre mim? _A mulher bebericava o líquido transparente, sem se preocupar com a presença da garota de cabelos róseos.

_Exatamente. Você é Yin, a profetisa que teve a alma levada. _Disse Tsunade, voltando a encher o pequeno copo. _Quer dizer, você era ela. Agora você é Sakura Haruno.

A Haruno sentiu seu estômago revirar. Não havia comido nada e, naquele instante, sentia sua cabeça rodando com tantas informações. Apoiou as mãos na mesa, tentando conter aquelas sensações desagradáveis dentro de si.

_Não... Não! Você está enganada. _Disse Sakura, respirando ofegante. _Nunca estive em Wonderland antes, não sei nada sobre isso que está falando.

_Oras, para de mentir para si mesma! _Disse Tsunade, exaltando-se. _Os pesadelos, as imagens repentinas que surgem na sua mente, essa habilidade em inventar fatos... Isso não são invenções suas, são visões do passado, presente e futuro. São seus poderes retornando aos poucos e, acredite em mim mocinha, se não aprender a controla-los... Será o seu fim!

_O... O que está dizendo? Meu fim? _Sakura tremia descontroladamente, havia perdido completamente o controle de suas mãos.

_Seus poderes irão consumi-la até que você exploda. _Explicou Tsunade, olhando atentamente a garota. _Acalme-se, tudo ficará bem. Isto é, se fizer o que eu lhe disser.

Sakura não sabia se devia confiar em Tsunade, mas naquele momento, a loira era a única, além de Ino, que conhecia naquele lugar estranho. Respirou fundo, mantendo as mãos no colo.

_Como tem certeza que sou essa garota? _Perguntou Sakura, esperando uma resposta coerente para aquela pergunta.

_Ah, foi muito difícil chegar nessa resposta. Não sabíamos para que mundo a alma de Yin havia sido levada...

A garota de cabelos prateados corria desesperada por entre as casas humildes do vilarejo. Ouvia ao longe o som dos gritos amedrontados e das explosões, o cheiro de sangue se misturava com o cheiro da madeira queimada, tentava ignorar aquele cenário, mas era impossível se manter indiferente. Parou ofegante no centro da praça, precisava encontrar Nana e seu amado, mas não sabia onde poderiam estar, só sabia que tinha que acha-los e salva-los.

_Que ironia! Veja só com quem me deparo.

Yin não precisou se virar para saber de quem se tratava, afinal, quem não sabia quem era o causador de todo aquele tumulto!

_Não tema querida. _Disse o homem, observando ela dar passos para trás, receosa. _Não vou machuca-la, estava lhe procurando.

_O que quer? _Perguntou Yin, preparando-se para fugir, mesmo que para isso tivesse que lutar.

_Você e sua doce essência. _Disse, atirando-se sobre ela.

Porém, antes que lhe tocasse, Yin pegou a pequena caixinha de música que estava escondida dentro de suas vestes longas. O homem olhou para o pequeno objeto, não conteve o sorriso de sarcasmo.

_Acredita mesmo que isso irá salva-la?

A garota apenas deixou que suas lágrimas escorressem, pensou pela última vez em seu amado e rezou silenciosamente pela alma deles. Deixou que a caixa escorregasse por entre seus dedos e despedaçando em mil pedaços ao atingir o chão.

- Nem você e nem ninguém possuirá minha alma, pois esta já não me pertence. _Disse Yin, com um sorriso fraco nos lábios. _Deste dia em diante, você está condenado a uma subvida, onde jamais poderá morrer ou viver, será apenas uma sombra em Wonderland.

O homem não conseguia acreditar no que acontecia diante de seus olhos. Seu corpo estava perdendo sua forma e tornando-se acinzentada, desfoque. Tentou gritar, mas apenas um gemido rouco saiu pela fina linha de seus lábios.

Estava feito, o homem não possuía mais corpo, era apenas uma massa cinza deformada. Ninguém mais o reconheceria como um ser humano. Yin compreendia o que havia feito, vendera sua alma por uma maldição. Trocara tudo que havia de si para parar com as maldades daquele ser. E, chegara a vez dela.

Sentiu-se sonolenta, entrando em um estado de sono profundo. Todo seu corpo estava tornando-se dormente e já não tinha o menor controle de seus membros. Em seu último suspiro, pediu silenciosamente que pudesse ver novamente aquele que amou, mesmo que fosse só por um momento.

...

_São verdadeiros os boatos? _Perguntou Tsunade, tentando atravessar a multidão.

_Pelo número de aldeões, acredito que sim. _Respondeu o homem ao seu lado.

Assim que chegara ao centro da atenção de todos, a loira não pode conter um gemido de surpresa. Formara-se um bolo em sua garganta e sentia as lágrimas queimarem seus olhos.

_Contenha-se Tsunade. _Disse o homem, olhando fixamente para o corpo jogado no chão.

_Estou tentando, Sarutobi. _Disse a loira, respirando fundo.

Não esperavam que a cena fosse tão bizarra. Yin estava jogada no chão, em uma posição geometricamente desconfortável.  Seus cabelos prateados haviam perdido o brilho e seus olhos multicoloridos haviam atingido uma única coloração.

_Ela estava pensando nele. _Disse Sarutobi, fechando os olhos da garota inerte no chão.

_Como sabe? _Perguntou Tsunade, secando algumas lágrimas.

_Os olhos dela... Estavam rosa.

_Eu não entendo... Ela não estava morta? _Perguntou Sakura, interrompendo a narrativa da loira.

_Estava, mas... _Tsunade fungou, não conseguia controlar as lágrimas.

_Mas?

_Eu fiz algo a respeito. _Disse a loira, virando-se de costas para a Haruno. _Eu senti tanta pena por ela, eu realmente lamentei tudo o que havia acontecido. E eu me sentia culpada, não pensei duas vezes e fiz o que tinha que ser feito!

_O que você fez?

Tsunade levantou-se, começou a andar em círculos pelo cômodo. Sabia que a garota ficaria curiosa sobre o caso, mas não estava preparada para contar o segredo que há tantos anos carregava dentro de si.

_Neste mundo Sakura, sou a Fada Mestra, tenho alguns poderes. Mas, poder algum pode criar ou fazer algo sem nada em troca. _Disse Tsunade, parando diante da janela. _Eu fiz uma escolha e não me arrependo. O destino traria a alma de Yin e de seu amado de volta, mas eles teriam que ficar juntos eternamente, não importando em que forma ou tempo fosse isso.

_Como assim? _Sakura sentiu seu sangue congelar.

_A alma de Yin e de seu amado, Hideo, teriam que se encontrar assim que reencarnassem e, a partir do momento que se encontrarem, jamais deixarem o outro.

_Eu não entendo... O que aconteceria se eles amassem outras pessoas?

_Isso não pode acontecer! Um castigo terrível cairia sobre eles. _Disse Tsunade, olhando aflita para a garota. _Da última vez, Akemi perdera a vida.

Sakura tremeu. Ainda lembrava-se da última vez que ouvira aquele nome, toda Wonderland sofrera com a morte dela.

_Se eu sou Yin... _Murmurou Sakura, incerta sobre o que dizer. _Quem é Hideo?

_O príncipe herdeiro, Sasuke Uchiha.

Sakura achou que fosse sufocar. Levantou-se com a mão no peito, tentando conter a agitação em seu estômago. Aquilo era inviável na cabeça da rosada.

_Está me dizendo que... Eu ter vindo para cá é obra do destino? E que tenho que ficar ao lado do príncipe para sempre? _Perguntou Sakura, apoiando-se no encosto da cadeira onde estava sentada.

_Exatamente. _Respondeu Tsunade, caminhando até ela. _Eu sei que nesse momento isso possa parecer loucura, mas, tudo fará sentido quando se conhecerem.

Sentiu as lágrimas escorrerem pelas suas esmeraldas, estava mais tremula do que antes e mal conseguia se manter de pé.

_Então... Eu nunca mais voltarei para casa?

_Mas, você está em casa. _Disse Tsunade, abraçando-a pelos ombros. _Yin, não imagina a falta que nos fez.

Afastou-se da loira assustada.

_Eu não sou Yin e está não é a minha casa. _Disse Sakura, caminhando até a porta. _Eu não quero fazer parte disso e não quero conhece-lo. Não podem decidir a minha vida!

Dizendo isso, a garota abriu a porta abruptamente, atraindo o olhar de todos para si. Seus olhos direcionaram-se diretamente no moreno. Sentiu amargura e infelicidade, tudo aquilo não passava de uma fantasia para si. Lançou-lhe um olhar triste e subiu as escadarias correndo, sem olhar para trás.


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