Já havia se passado uma hora, um silêncio reconfortante tomara conta do ambiente, poder-se-ia ouvir o bater de asas de uma mosca. Sakura tremia de ansiedade, mal esperava o momento de poder fazer perguntas para Tsunade. Até aquele momento, a loira tinha sido o único rosto conhecido naquela terra estranha.

                Olhava atentamente para as mãos que repousavam em seu colo, não queria encarar ninguém, pois sabia que todos a estavam olhando, de forma atenta, como se quisessem ler seus pensamentos. O único que sequer lhe dirigia o olhar era Sasuke Uchiha, o príncipe herdeiro. Ele parecia ignorar completamente a sua presença.

                Permitiu-se olhá-lo por um momento, o moreno estava de pé observando a paisagem pela janela. Tinha o rosto tenso e pensativo, estava tão distante de todos naquela sala. Sakura não entendia o que estava acontecendo, sentia como se fosse culpada pela aflição daquele homem.

_Sakura? Pode vim. _Disse Tsunade, abrindo a porta.

                Antes de entrar no aposento, a rosada teve que desviar de Ino, que passara desorientada e subia as escadas o mais rápido que aquele vestido permitia, permanecendo de cabeça baixa o tempo todo.

_Ela está bem? _Perguntou, passando por Tsunade.

_Ficará em breve. _Disse, fechando a porta atrás de si. _Sente-se, temos muito que conversar.

                Sakura sentou-se na cadeira almofadada diante de uma enorme mesa de mogno, a loira ocupou a poltrona de couro, ficando ambas cara a cara.  Tsunade levara um breve momento para analisar a jovem que estava na sua frente, era evidente que ela estava nervosa. Um sorriso de canto dominou seus lábios, aquilo seria muito interessante.

_Vejo que está ansiosa para me perguntar algo. _Disse, quebrando o silêncio. _Mas, aconselho que me escute primeiro, tenho certeza que tudo ficará mais claro quando ouvir o que tenho para lhe dizer.

Sakura apenas meneou a cabeça, mostrando que estava prestando atenção na fala da outra mulher.

“Há muitos anos atrás... Há mais tempo  do que possa imaginar, nasceram duas crianças nessa terra, elas eram muito especiais, juntas iriam fazer algo grandioso. No momento que choraram pela primeira vez todos perceberam que eram predestinadas a ficarem juntas, porém, algo inesperado aconteceu...

_Esta criança não poderá viver. _Disse um homem, arrancando o pequeno embrulho dos braços da mãe.

_Padre... Por favor, poupe-a. _Implorava a mulher, agarrando as vestes do homem. _Não tem certeza se ela realmente é uma profetisa.

_MULHER TOLA! Não vê os sinais? _Disse o padre, afastando-se da mulher. _ESTÁ AQUI, BASTA OLHÁ-LA PARA VEREM COMO ESTOU CERTO.

No instante seguinte, o pequeno embrulho foi erguido revelando uma pequena garota. Todos os expectadores soltaram um grito de horror, diante deles estava uma menininha de ralos cabelos brancos e seus olhos não possuíam uma cor definida, alternava entre verde-amarelo-vermelho-rosa-roxo-azul.

As profetisas eram mulheres que eram capazes de visualizar acontecimentos que virão acontecer futuramente. Eram temidas pela sua tremenda beleza e sabedoria, eram poderosas demais para ficarem a solta.

A criança foi trancafiada em um castelo distante, nas colinas. Esperariam que ela crescesse para sacrificá-la. A outra criança se tornara um belo rapaz que lutou para encontrar sua predestinada.

Corria silenciosamente pelos corredores de pedra, se fosse pego naquele lugar, seria morte certa. Subiu as escadarias com o coração na mão, a cada degrau sentia-se mais ansioso para vê-la.

Ao deparar-se com a porta de ferro, não hesitou. Abriu-a com um empurrão e encontrou aquilo que tanto procurou, o que tanto lhe fazia falta.

_Te encontrei. _Disse, exibindo um sorriso brilhante.

A garota olhou assustada para a porta, lá estava ele... O homem que povoava seus sonhos. Ele tinha cabelos castanhos que lhe atingiam os ombros, seus olhos eram azuis-celestes e brilhavam de felicidade.

Ele conhecia os boatos sobre as profetisas, que eram belas ao ponto de enlouquecer qualquer um, mas, ela era além do imaginado. Tinha longos cabelos brancos e seus olhos multicoloridos eram extremamente sedutores.

_Eu sempre estive esperando por você. _Disse ela, olhando-o afetuosamente.

Sem que dissesse mais uma palavra, ambos se abraçaram com saudade e desejo. Nunca haviam se conhecido, mas havia uma conexão intensa presente entre eles. Porém, aquele momento foi interrompido pelos sons de passos que se aproximavam.

_Você precisa ir. _Disse, separando-se dele.

_Não, eu jamais sairei do seu lado novamente. _Disse ele, agarrando suas mãos.

_Por favor, se te pegarem aqui... _Disse ela, abaixando o rosto, temerosa.

Não queria que ele fosse, mas não suportaria saber que ele havia se machucado por ela.

_Eu voltarei e te levarei comigo. _Disse, levantando o rosto dela. _Não tire os olhos do horizonte.

Dizendo isso, ele saltou pela janela do quarto dela. No instante seguinte, a porta foi aberta por diversos guardas confusos que examinavam todo o ambiente. Ela apenas sorriu percebendo os rostos perplexos deles. Retiraram-se, deixando-a sozinha novamente.

Sentou-se em sua cama, porém sentiu algo tocar a sua perna. Era uma pequena caixa de madeira que ao ser aberta tocava uma doce melodia. Só podia pertencer a ele.

_Por favor... Volte logo. _Pediu, enquanto ouvia aquela triste canção.

O destino já havia previsto que se apaixonariam no instante que se olhassem, e foi o que ocorreu. Ele estava decidido a salvá-la do que fosse, e ela jurou olhar somente para ele.”

_O que aconteceu com eles? _Perguntou Sakura, sentindo a aflição queimar em sua alma.

_Bem, a partir desse ponto há diversos boatos, não se sabe qual é o correto. _Disse Tsunade, pensativa. _Eles jamais voltaram a se encontra, houve um ataque terrível de uma besta que destruiu Wonderland. Ninguém sabe de onde ela veio ou por que.

_E ela? O que aconteceu com ela?

_Sua alma foi levada para longe e nunca mais retornara. _Disse Tsunade, voltando seus olhos atentos para a rosada a sua frente. _Pelo menos, até ontem.